sexta-feira, 11 de agosto de 2006

Minha tristeza é inexata

Eu tenho vontade de escrever uma história como as que o Cham escreve às vezes... Aquelas que finjem que são apenas sobre os personagens, mas que na verdade são sobre ele mesmo. Aquelas que são nacos arrancados da alma e firmados nas palavras. Aquelas que são completas, e simples, e cheias de um sentimento indefinido que talvez só quem pões sentimentos em histórias possa perceber, porque acho que é esse o sentimento. Mas eu não tenho mais forças para isso. Ao menos não hoje.

Eu não tenho motivos para estar triste. Isso provavelmente significa que eu estou apenas cansada, e que amanhã vai fazer um lindo dia de sol e eu vou estar cantarolando. Mas nada disso adianta, porque eu estou numa jangadinha tão pequena, e tão perdida, que não consigo ver direito o amanhã. Acho que estou com amnésia: não sei direito o que vou fazer nem o que vai acontecer comigo.

Quando você foi embora, eu fiquei ali parrada alguns segundos, olhando pro nada, sem pensar, sem sentir nada. Então meu coração voltou a bater, devagar, e eu sorri de uma forma que não sorria antes. De repente o futuro não importa tanto, porque o presente já é pesado, denso e difícil. De repente, meu futuro não me preocupa muito; o futuro vai ser bom, vai ser diferente, vai ser uma aventura. Amanhã, quem sabe, possamos rir e brincar como crianças aprendendo a crescer. No fundo, ainda me sinto um pouco criança, preciso ser prtegida, preciso de ajuda, não entendo tudo o que me dizem. Ao mesmo tempo, me sinto forte o suficiente para ir em frente, para ir aonde for preciso e enfrentar os desafios que me aguardam. De certa forma ainda sinto uma chama ardendo pela vida em mim. Meus sonhos estão apenas um pouco apagados -- mas, se soprarmos, podem acender de novo.

eu já não me pergunto se eu não sei por quê
às vezes o que eu vejo quase ninguém vê
eu sei que você sabe, quase sem querer
que eu vejo o mesmo que você


Eu queria dar minha vida ao mundo, lutar ferozmente por aquilo em que acredito. Mas em que é que acredito? Vejo meus sonhos voando no vento, como cicatrizes abrindo-se no meu peito... Minhas personagens sempre foram difíceis de explicar, e o sentido de suas vidas fazia pouco sentido até pra mim. Akira, por exemplo, não conhece nenhum sentimento positivo além da Plenitude. Se não existe paz e satisfação, para ele, tudo se torna ódio, mêdo, raiva, dor, nervoso, desconfiança. Kyiuri, por outro lado, compreende todos os sentimentos, mas lentamente esquece-se de senti-los, passando a apenas saboreá-los. A Lôba não consegue controlar seus sentimentos, não consegue tomar decisões importantes porque todas as opções exigem sacrifício de sentimentos... acho que é por isso que ela foge, volta ao mundo dos homens onde tudo é indeciso...

Na verdade estou divagando, ou eu nunca compararia esses três personagens, já que eles praticamente não interagem... Eu devia comparar Akira com Aragorn, Jolyn, Evanael, Idael, Meranael, LA e Mara, porque todos estes estão relacionados muito mais proximamente. Afinal, Mara é praticamente o oposto da Lôba , mesmo que elas sejam praticamente a mesma personagem. Mara, vivendo num mundo muito mais áfero, controla suas emoções, e age conforme a necessidade... ao menos depois da morte de seus dois anjos...

Sabe, um dia você me fez acreditar em coisas impossíveis...

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