sábado, 19 de dezembro de 2009

Blog II

Eu configurei meu Blogger para me mandar por e-mail todos os comentários feitos no meu Blog. Isso significa que qualquer comentário feito em qualquer post vai chegar em mim eficientemente. De modo geral eu acho que fazer comentários é como rabiscar alguma coisa na página de um livro, com a diferença de que nunca atrapalha a leitura, o espaço é ilimitado e várias pessoas podem ler. Comentário não é post — não é algo em si, para ser guardado e valorizado. Mas é alguma coisa que faz parte do post, e é uma resposta que dá sentido ao post. Eu acho importante.

On the same topic, o Haloscan resolveu se vender pra uma empresa de comentários pagos, e vários blogueiros estão tentando descobrir como importar seus comments para o Blogger. Eu estou esperando eles descobrirem porque eu sou uma folgada.

Eu cheguei à conclusão que escrever intensamente sobre coisas que importam no começo das férias foi uma ótima idéia! Tantas pessoas me deram tantas respostas que vou demorar uma semana só pra entender tudo o que está na minha mente agora! Volto a esse tópico depois, estou em dúvida se devo criar novos posts para responder ou se devo responder nos comentários. Acho que faz mais sentido responder nos comentários.

Bom, tenho que sair agora, embora eu quisesse escrever agora. Nos vemos mais tarde.

PS.: eu consegui estruturar mais ou menos um texto para ser meu trabalho final sobre sustentabilidade. Como ele repete amplamente os textos anteriores, com apenas algumas alterações no desenvolvimento, eu resolvi não postar, mas posso mandar se alguém quiser.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Blog

Hoje eu falei pra minha mãe que ela podia ler as coisas que eu estava escrevendo no blog, e ela falou "Não tem muito mais gente lendo seu blog, né?", eu respondi "tem umas cinco pessoas, eu acho, mas elas sempre comentam".

Isso me fez me sentir estranha, tem apenas cinco pessoas lendo isto, cinco não, ugo, márcio, yuri, bruno, charles, quiçá denise, quiçá outras pessoas que não sei, bem, são cinco mesmo que eu sei que lêem às vezes mas acho que são mais, de qualquer forma são muito poucas, minhas palavras não chegam longe, "eu antes tomava minha pena por espada", diz sartre no fundo da minha mente, e afinal, para quê eu escrevo num blog que quase ninguém lê?

No entanto, não desprezo o pequeno número dos meus leitores, são poucos, mas são bons, são pessoas que pensam, são pessoas com quem eu posso esperar verdadeira comunicação, em quem talvez minhas idéias e questões encontrem algum tipo de eco. Não posso mudar o mundo, mas talvez eu possa ter efeito sobre aqueles que vivem perto de mim, eu penso. Além do mais, eu gosto de escrever. Se uma só pessoa lesse cada um dos meus textos, isso seria motivo mais que suficiente para escrevê-los. Se uma pessoa parar para pensar nas minhas palavras, então a existência deste blog já estará plenamente justoficada.

É claro que a minha pena é uma espada.

E o que isso tem a ver com sustentabilidade?

Seguimento do trabalho, explicando a relação com o tema.

Sustentabilidade é um princípio que só faz sentido se aplicado ao modo de vida. Não se pode fazer uma coisa de modo sustentável, porque essa uma coisa só foi possível por causa das muitas outras coisas que fizemos antes, e se essas coisas foram feitas sem nenhuma preocupação com a sustentabilidade, então a nossa uma ação sustentável não é sustentável coisa nenhuma. Sustentabilidade é o princípio de viver e fazer as coisas de forma que possamos continuar vivendo e fazendo no futuro — por isso é que tanto nossas matérias primas como o destino de nosso lixo devem ser do tipo que se renova. Mas mesmo que tivéssemos uma fonte de matéria prima e um destino para o lixo que fossem inesgotáveis, ainda não poderíamos garantir que essa seria uma solução sustentável, Teríamos que garantir também que nossa ocupação do espaço é sustentável, e que nossa produção de barulho e bagunça e que nossos gastos energéticos são sustentáveis. Teríamos que ter relações sustentáveis com todas as outras coisas, vivas e inertes, do mundo. Na verdade, teríamos que conseguir enxergar o mundo em seu todo e em todos os seus detalhes para garantir que não estamos tornando o mundo menos sustentável. Na verdade, como fazemos parte do mundo, teríamos que garantir que o mundo fosse sustentável, e para isso teríamos que compensar todas as ações insustentáveis de todas as outras coisas no mundo; teríamos que garantir que inclusive todas as outras espécies estão se comportando de maneira sustentável. E mesmo que esse absurdo fosse possível ainda descobriríamos que apesar de todo o esforço o mundo não se sustentaria para sempre, porque alguma hora o sol vai se apagar ou a terra sairá de órbita ou, pensando mais longe, o crescimento inevitável da entropia levará a um universo sem grandes variações de energia, e portanto sem vida.
Então o que é a sustentabilidade? Por um lado, a sustentabilidade é o princípio do esforço que fazemos para continuar vivendo pelo máximo de tempo possível. Por outro lado, é o esforço que fazemos para manter as coisas mais ou menos do jeito que estão — quer dizer, evitar que espécies se extinguam, preservar os eco-sistemas que já existem, etc. Evitar que coisas como o trânsito, as impermeabilização do solo, o gasto energético e as emissões de poluentes cresçam é um princípio sustentável. Na verdade, evitar que as coisas mudem é uma idéia sustentável — poderíamos proteger o mundo se pudéssemos estagnar completamente o crescimento populacional, o crescimento econômico e todo tipo de movimento — mas não queremos apenas viver para sempre, ou viver sempre no mesmo mundo, queremos também continuar a sonhar, a construir, a progredir. Dessa oposição surge uma questão que é mais ou menos esta: como podemos fazer tudo o que queremos sem com isso causar a destruição do mundo? Essa questão tem duas sub-questões que são fundamentais: o que nós realmente queremos, e o que é, e como funciona, o mundo. Precisamos saber o que queremos, é claro, para que possamos decidir do que abrir mão para conseguir aquilo que queremos; e precisamos saber o que é e como funciona o mundo para saber diferenciar o que vai destruí-lo do que vai apenas alterá-lo. É importante entender que o mundo vai mudar, está mudando, e que o máximo que podemos fazer é tentar direcionar a mudança para alguma situação que nos agrade. Para saber que situações nos agradarão, é claro, precisamos entender como elas funcionam, suas implicações climáticas e biológicas, seus efeitos sobre as populações que interagem conosco e sobre nós mesmos. Para saber que mudanças levarão a uma situação que nos agrade, também precisamos entender como as mudanças acontecem e de que elas dependem. Por último, para que tudo isso faça sentido, precisamos conhecer a nós mesmos, qual o nosso papel nesse sistema, qual a nossa posição no mundo. Precisamos entender quem somos, onde estamos, o que fazemos e qual é a nossa relação com o meio ambiente. Por isso, em vez de falar sobre energia, poluição, matéria prima e descarte, escolhi parar para pensar nessas questões mais fundamentais, em compreender como as coisas funcionam.

Hoje vou falar mal do resto da blogofórumsfera

Às vezes eu vou procurar alguma coisa na internet e caio num fonte de blogs e fóruns discutindo o assunto, e eu fico impressionada com como as pessoas fazem discussões totalmente desinteressantes na internet.

À vezes eu passo pelo mesmo assunto dez vezes, e os assuntos são digamos polêmicos, como Deus, Destino, Homossexualidade, Liberdade, e eu me impressiono com como as opiniões são sempre as mesmas, com como os comentários são sempre pontuais e pouco elaborados, como se as pessoas sentissem necessidade de sempre expressar as opiniões contrárias mas nunca de realmente tentar convencer os outros, ou como se as pessoas argumentassem pelo simples dever de argumentar, mas nunca tivessem realmente parado para pensar.

Eu me impressiono com os assuntos também, como as pessoas discutem mil vezes os assuntos que eu já decidi mil vezes que não valia mais a pena discutir se não fosse para discutir muito sériamente, porque são assuntos que já foram discutidos mil vezes e que de certa forma nunca chegam em nenhuma resposta — mais que isso, não levam a nenhum engrandecimento pessoal. E as pessoas tiram postulados do cú, descrevem o mundo como se todo mundo concordasse com elas, fazem questionamentos mas na verdade nunca param para pensar de onde elas tiraram aqueles questionamentos, são perguntas clichés em relação a assuntos clichés.

Entendam, não estou falando que tudo o que dizem é bobagem. Muitas vezes uma coisa ou outra é muito interessante, ou é algo em que por acaso eu nunca havia pensado, mas é incrível como há gente que mesmo assim não desenvolve o assunto, que apenas pincela alguns assuntos e não articula aliás nem relaciona or argumentos dentro do próprio texto. E também é incrível como as respostas a esse tipo de texto quase sempre são no mesmo nível de profundidade do texto ou ainda mais raso, como questionam só as coisas mais óbvias, como às vezes sugerem coisas interessantes mas nunca sequer relacionam a idéia com o questionamento do texto.

Toda vez que eu faço isso eu me assusto, sinto um certo desprezo e me envergonho até da minha prepotência, em achar que os assuntos que eu discuto são mais fundamentais ou mais interessantes ou em achar que eu os discuto com mais profundidade e menos clichés. Mas eu com certeza discuto com menos clichés: a prova disso é justamente que eu me sinto mal com o excesso de pensamentos clichés.

Às vezes me parece que de fato o mundo está cheio de figurantes.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O Todo e a Parte

Quando comecei a desenvolver este texto, percebi que podia argumentar por inúmeros caminhos — ciência, agricultura, trabalho, urbanismo, espiritualidade, preconceito, moralidade, arte, amor — diversas questões nosso universo podem ser abordadas pelo ponto de vista da divisão e classificação. O desenvolvimento de cada uma dessas abordagens levantou uma grande quantidade de outras questões, mas de modo geral reforçou minha convicção nessa tese: a de que há um perigo e um erro problemático em alguns tipos de classificação, que podem estar nos custando muito caro.
É claro que não posso falar contra a classificação em si. A vida seria muito diferente de não tentássemos sempre separar as coisas; pode-se dizer que sem classificação não há linguagem, pois o que é uma palavra senão um limite entre o que ela significa e tudo o que ela não significa? Na verdade todo signo é definido por seus limites — sem limites não há signos, e sem signos não há comunicação. Precisamos separar as coisas, o seco do molhado, o vivo do morto, o quente do frio, o verde do amarelo e do azul e do vermelho e do branco... Quando separamos criamos classes, fôrmas nas quais podemos encaixar o que percebemos do mundo. Associamos a essas classes tudo o que conhecemos sobre as coisas que se encaixam nela, e assim quando conhecemos uma coisa nova, se conseguimos encaixá-la em uma classe, passamos a saber imediatamente uma porção de coisas sobre ela. É claro que o sistema não é perfeito: sempre vão haver coisas que não se encaixam nas classes que conhecemos, para os quais temos que imaginar classes novas, e muitas coisas vão apenas parecer se encaixar, o que frequentemente vai fazer com que acreditemos saber coisas que depois se mostrarão erradas. Ou não — podemos continuar acreditando indefinidamente em algo que não está de acordo com a realidade. Essa insegurança na adequação das classes é um pilar fundamental na procura do conhecimento, especialmente no método científico. Podemos viver a vida inteira acreditando na coisa errada, mas precisamos estar prontos para que a qualquer momento nossas convicções sejam abaladas. Quando encontramos coisas que não se encaixam em nossa classificação, precisamos estar pronto para mudá-la, ou teremos erros e incoerências na nossa concepção do mundo; ou ainda, teremos que ignorar as informações que não se encaixam, limitando o aprendizado.
Ignorar as informações que recebemos, ou seja, impedir que adquiramos conhecimento, para manter a coerência do modelo, é um problema sério. Mas nós não somos apenas receptores desinteressados, como câmeras de segurança que apenas gravam tudo o que passar a sua frente e cujas imagens podem apenas ser interpretadas depois. Nós somos seres atuantes no mundo, e nosso olhar também é ativo. Quando temos fé demais em nosso modelos, somos capazes de deixar de enxergar qualquer coisa que não esteja classificada, e isso é um problema muito maior. E quando dependemos demais de nossos modelos, podemos acabar modificando o mundo ao nosso redor para que possamos compreendê-lo — e isso pode se tornar uma catástrofe.

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Isso é o que eu acho que vai ser o começo do meu texto final. Acho que as idéias já estão todas aí, só preciso convencer as pessoas delas e mostrar onde elas estão na nossa vida — ah, é, e juntar com sustentabilidade que é o tema do ensaio oO

introverted intuitive feeling perceiving

De tempos em tempos eu acho esse resultado de teste junguiano de internet guardado no meu hd e sempre, sempre me surpreendo com como ele me parece acertado. oO''





INFP
creative, smart, idealist, loner, attracted to sad things,

disorganized, avoidant, can be overwhelmed by unpleasant feelings,

prone to quitting, prone to feelings of loneliness, _ambivalent of the

rules_, solitary, *daydreams about people to maintain a sense of

closeness*, focus on fantasies, acts without planning, low self

confidence, emotionally moody, can feel defective, _prone to

lateness_, likes esoteric things, wounded at the core, feels shame,

frequently losing things, prone to sadness, prone to dreaming about a

rescuer, disorderly, observer, easily distracted, does not like

crowds, can act without thinking, private, can feel uncomfortable

around others, familiar with the darkside, hermit, more likely to

support marijuana legalization, can sabotage self, _likes the rain_,

sometimes can't control fearful thoughts, prone to crying, prone to

regret, attracted to the counter culture, can be submissive, prone to

feeling discouraged, frequently second guesses self, not punctual, not

always prepared, can feel victimized, prone to confusion, prone to

irresponsibility, can be pessimistic


Por outro lado me assusta um pouco como ele enfatiza só os lados negativos. Acho que esse é o retrato de mim adolescente e depressiva lol. Hoje em dia eu ainda sou tudo mas sob uma armadura de determinação e loucura O.o E amor, eu acho.

Droga

Me parece que postar minhas idéias neste blog foi inadequado. Não consegui nenhuma resposta e continuo com tanta dificuldade para escrever quanto antes. Eu nunca achei que fosse conseguir entregar no prazo, que foi hoje, mas estou ficando meio nervosa com a situação. Digo, muito nervosa.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Template III

Ao que parece eu não gosto muito de usar templates antigos.

LACKADAISY




Tive vontade de postar isto aqui basicamente porque eu ri em voz alta lendo essa hq... embora eu suspeite que seja muito mais engraçado quando se conhece os personagens... Mas esse olhar no final é simplesmente fantástico! Glare, baby, glare...

Outra leitura

Pensando bem, acho que o que nos leva a separar e dividir tanto as coisas não é a megalomania de querer controlar tudo, e sim a megalomania de tentar entender tudo. Ou talvez os dois.

Por que tem que haver diferença entre o que se deve fazer e o que se deve fazer? Por que a humanidade não pode fazer parte da natureza? Por que tem que haver divisão entre as ciências?

Não conseguimos entrar em acordo com o mundo. Uma hora é ele que nos agride, outra nós é que o agredimos. Mas será que não é assim mesmo? Nos limites da nossa capacidade de ver o mundo está a possibilidade de que sejamos apenas uma espécie animal, e também a possibilidade de que não seja necessário compreender o mundo em absoluto. Por que exigimos isso de nós mesmos?

Não consigo avançar no raciocínio, e isso está me deixando louca. Como vou Escrever um texto sobre isso?

No início eu queria apenas explicar que a separaçào entre as coisas, mesmo a própria divisão conceitual, gera um exagero de custos e danos para nós mesmos, para o meio ambiente, para nossa cultura. Mas não consigo parar de me perguntar por que isso acontece. Eu preciso parar pra pensar mas eu não tenho tempo.

Mas de fato a secessão gera custos, não? Porque como achamos que as coisas são diferentes, temos que criar modos diferentes de lidar com elas. Acho que é esse o coração do meu argumento. Não é como se estivéssemos tentando nos livrar das coisas que não nos são diretamente úteis, na verdade, estamos tentado colocá-las no que consideramos seus devidos lugares. Crescemos ouvindo de nossos pais que existe uma hora e um lugar para cada coisa. Mas colocar cada coisa em seu lugar significa que cada coisa tem que ser tratada de forma diferente. Assim, da mesma forma que não podemos ter um macaco de estimação, porque ele é um animal selvagem e não doméstico, não podemos ter plantas selvagens nas nossas praças nem hortas em nossos telhados?(*)

5. Cidade - Você já passou pela experiência de morar num bairro residencial, que não tem padarias nem supermercados? A organização urbana desta cidade funciona assim: há um lugar para se morar, um lugar para se consumir, um lugar para se produzir e um lugar para se trabalhar em escritórios. Se a sua empresa precisa de um prédio de escritórios e de uma fábrica, eles podem ficar a vários quilômetros de distância um do outro. Num bairro residencial, você pode ter que dirigir por dezenas de minutos ou pegar mais de um ônibus para ir ao trabalho ou comprar suprimentos para suas necessidades básicas. Isso significa gasto de dinheiro, tempo e combustível, aumento de stress, do trânsito, e da emissão de poluentes. Isso poderia ser facilmente resolvido se lotes de diferentes funções fossem dispostos próximos um ao outro, por exemplo, se houvessem padarias em todos os bairros residenciais.

A questão das fábricas é complicada porque elas produzem muita poluição e muito barulho, o que quer dizer que nada vai se dar bem perto delas. A solução usual é agrupá-las todas num lugar e deixar os funcionários, as famílias dos funcionários e tudo o mais que tiver tido o azar de viver perto dali sofrerem as conseqüências sozinhos. A idéia claramente é a de que podemos resolver o problema isolando ele e pondo um monte de espaço vazio, ou pelo menos espaço desvalorizado, em volta. Acreditamos que podemos fazer qualquer tipo de agressão se ela tiver espaço para se dispersar antes de atingir o ambiente em volta. Mas, se for assim, os industriais não deveriam ter que comprar toda a terra afetada em volta deles, já que estão assumindo responsabilidade pela poluição dela? Será que não faria mais sentido garantir que eles fizessem pouco barulho e pouca sujeira, da mesma forma que o comércio e a moradia?

Aliás, por que não podemos ter macacos de estimação? O que torna os cachorros, gatos, jabutis, pequenos roedores e passarinhos tão diferentes dos outros animais? Alguns animais não são adotados por famílias simplesmente proque são fortes e perigosos demais como onças e lobos. Outros porque são muito grandes, como elefantes e vacas. Mas outros simplesmente são considerados selvagens, e isso é motivo suficiente para que você não possa ter um em casa. Sabe, em alguns casos não tem nada a ver com o que é melhor para quem. É só a idéia que fazemos de qual é o lugar certo de cada coisa. Por exemplo, aqui em casa de tempos em tempos surgem mariposas de quinze a vinte centímetros de envergadura, e toda vez que elas surgem, fico paralisada, sem saber o que fazer com ela. Estou no meio de São Paulo, eu penso, não deveria haver mariposas desse tamanho! Também não deveria haver uma população de capivaras vivendo muito bem obrigado nas margens do Pinheiros. E aí? Nós lidamos com gatos e cachorros ora como se fossem animais adoráveis ora como pragas, mas ficamos apenas confusos com a existência de outros animais grandes na cidade. Eles estão em toda parte à nossa volta, pássaros de todo tipo, corujas, capivaras, ratos grandes e pequenos, insetos de todos os tamanhos, sapos, aranhas, esquilos, micos, mas na maior parte do tempo não os vemos, e quando os vemos é com aquela relutância de quem não pode compreender a existência dessas criaturas "selvagens" na nossa cidade. É claro, esperamos que eles fiquem restritos a parques, jardins, bosques, áreas abandonadas. Mas, da mesma forma que o barulho das fábricas, esses animais fazem parte da cidade. Porque a cidade, ao contrário do que dizemos, não é um reduto da civilização separado da "natureza". Nós não somos nada diferente deles. A cidade é parte do mundo, é também "natureza".

(*) Em Hong Kong, o problema da alimentação foi enfrentado com hortas nos telhados dos prédios. Foi uma solução muito eficiente, especialmente na parte de transporte, mas que parece inconcebível para a maior parte das pessoas no mundo.

If you steal from several...



Só estou postando porque pareceu-me que algumas pessoas nunca tinham visto essa imagem.

O que é inaceitável.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Template II

Este template tem um subtítulo bizarro.

Eu descobri rapidamente que não suporto aquele modelo da Toca por mais que ele seja lindo. Vi que tinha este outro guardado aqui e resolvi experimentar. Obviamente ele é muito, muito mais alegre que o anterior. Não lembro em que época da minha vida eu usei isto. É estranho.

O que eu gostava naquele template "ashkar zbol" (que é um template de luto, não se engane) é que os links visitados desapareciam. Eu achava isso extremamente bonito. Claro que era um problema se você quisesse acessar um mesmo site duas vezes, mas acho que era um problema fútil que se compensava pela beleza dos links entremeados de vazios. Durante algum tempo eu inclusive escrevi em preto sobre preto. Foi uma época triste, mas bela. Fiquei feliz quando acabou, quando pude mudar de blog, de nome, de vida. Por algum tempo tudo foi muito diferente.

Sonho revelador

Tive um sonho hoje. Quer dizer, tive muitos sonhos, mas quero falar sobre um só. Os outros sonhos, bem, não escolhi lembrar deles, sabe? Não foram especialmente relevantes, foram só... sonhos. Desses que a gente tem à noite.

O que quero contar do meu sonho foi uma parte em que nos deparamos com um monstro mecânico, um clank ou um robô. Ele tinha a forma e o comportamento de um animal (eu acho) e era tão interessante quanto um animal verdadeiro. Eu não conseguia tirar os olhos dele: queria decifrá-lo, entender como suas peças se encaixavam, ler seu código-fonte, entender como ele fora feito! Enquanto todas as outras pessoas (eram meus amigos/família, ou seja, Ugo, Marco, Poro, Mãe, não sei bem quem porque tinha muita gente) queriam seguir em frente naquela espécie de Dungeon Sci-Fi de onde estávamos tentando sair (acho que tirei a imagem de Tales of Symphonia), eu queria parar e estudar aquela criatura mecânica. Então, alguém me disse que, se aquilo era tão importante assim pra mim, eu deveria largar o design e ir estudar Engenharia Mecatrônica, que tem como subárea a Robótica. Na hora isso foi uma revelação, todas as minhas dúvidas desapareceram e eu fiquei feliz de saber que eu tinha uma vocação a buscar.

Enfim. Eu detesto sonhos-revelação porque na hora eles são extasiantes mas quando você acorda e pensa direito, vê que nenhuma das suas dúvidas foi sequer comentada no sonho. O que parece óbvio no sonho em geral parece estúpido no Mundo Acordado. Eu realmente prefiro realidade-revelação. Epifanias reais. Daquele tipo que não existe.

Mas, como diria o Ringo, "nothing ever happens to me".



PS.: Eu realmente estava considerando fazer engenharia mecatrônica. É claro! Combinar mecânica e eletrônica, que são coisas que eu sempre quis dominar apesar da minha ignorância total em relação a ambas, com programação, que é uma coisa que me apaixonou instantâneamente? Não parece uma resposta de sonho? Bem, justamente, parece o tipo de coisa que é feita de sonhos mesmo, e eu tenho mêdo de que uma carreira nessa área envolveria um conhecimento porco de mecânica, um conhecimento porco de eletrônica, um conhecimento porco de (controle e automação) programação (eu conheço a Poli, eu sei como as coisas podem ser porcas por lá) e muitas, mas muitas horas mesmo de trabalho ingrato, provavelmente sem nenhum apoio moral ou intelectual bem como é no Design. Eu não quero ter matérias ruins e muita exigência. Claro que parte de mim tem esperança de que eles sigam o mesmo preceito daquele curso absurdo e robado que o Diogo faz: pra aprender sobre várias áreas e não virar um generalista porco, você tem que ter três vezes mais matéria no total que uma pessoa normal. Outra coisa que me ocorre é que talvez o fato de eu me interessar por mecânica, eletrônica e computação seja um bom motivo pra eu fazer um curso técnico mas um mai motivo pra fazer uma faculdade.

Mas como qualquer coisa me parece melhor que o meu curso, eu provavelmente vou mudar pra uma dessas áreas.

Natureza, Conflito, Diferença de potencial

Aquela discussão acabou se desvirtuando um pouco, então vou tentar começar de novo.



Como eu estava dizendo, muito do nosso conflito interno vem da dificuldade em encontrar limites entre nosso poder e nossa impotência. Individualmente, isso é uma questão de análise psicológica, frustrações pessoais e inspiranção para blogueiros. Na escala social, isso tem implicações políticas.

Diversas sociedades tiveram bem menos problemas em relação a isso que a nossa. Algumas pessoas simplesmente esperaram menos da vida. Outras esperaram menos de si mesmas. Outras acreditaram fervorosamente no Destino, nas Regras e nas Funções Sociais. Um grande número delas foi prepotante o suficiente para achar que deveriam resolver o problema definindo que podiam tudo, e tentando controlar todas as variáveis do sistema. Isso é de uma estupidez sem tamanho, é claro, e também é o que tentamos fazer, como um grupo, na maior parte dos casos.

O coração dessa tática é desenvolver uma Ordem meticulosa. Se tudo estiver organizado e indexado, então pode ser controlado. Nós podemos lidar com coisas indexadas e organizadas, não importa o quão terríveis pareçam. O trovão é uma coisa terrível, mas se temos um artigo na enciclopédia explicando como ele funciona e pra que ele serve, não precisamos ter mêdo dele. A Ordem serve para nos proteger do Desconhecido. Conhecimento significa Segurança. Mas a verdade é que não podemos lutar contra a Entropia. Nós tentamos enfrentá-la dando um nome a ela, explicando-a inclusive fisicamente. Mas toda vez que pensamos nela ficamos desarmados. Sabemos que mesmo quando estamos organizando nosso sistema, nos bastidores estamos desorganizando o universo.

Péraí, eu estou ficando com sono e perdendo o foco.

A questão é...

As pessoas têm essa idéia de que organizar é separar as coisas. Juntar as coisas parecidas e separar as diferentes. Isso me lembra minha mãe arrumando meu quarto; ela empilha tudo o que tiver formato mais ou menos A4 e põe os copos de um lado, os livros de outro, os brinquedos em cima da estante, etc. O quarto fica parecendo arrumado (faz anos que ela não faz isso) mas não faz nenhum sentido prático. Eu não vou dizer que eu consigo usar meu quarto com eles do jeito que está, mas eu também não consigo usá-lo com as coisas todas empilhadas e agrupadas por formato. Acho que estou perdendo o foco de novo.

Vou dar uma série de exemplos sem pensar muito.

1. Carinho - uma divisão que é estremamente curiosa é entre os tipos de relações pessoais. Tenho discussões intermináveis com muita gente sobre esse assunto. Outro dia tive uma conversa mais ou menos assim (resumindo):
— Interesse romântico impede uma amizade. Não dá pra ser amigo de alguém que você quer pegar.
— No meu caso, acho mais fácil fazer amizade com alguém que eu queira pegar.
— Não dá. Sabe, com meus amigos eu posso dizer o que eu quiser e falar não pra eles sem problemas. Mas num namoro ou num flerte, cada coisa adquire um significado, tem um monte de outras questões, um monte de coisas que você espera e quer daquela pessoa e vice-versa, não dá pra ter uma amizade de verdade.
— Mas seus amigos também não exigem e esperam coisas de você? Talvez eu nunca tenha tido uma amizade como essas que você tem. Acabo tratando meus amigos da mesma forma que trato meu namorado, é quase a mesma coisa.
— Acho que você nunca teve, mesmo. E eu nunca tive um namoro como os seus.
Essas conversas me intrigam muito. Preciso pensar sério sobre isso. Nessa mesma conversa eu defini um namorado como "seu melhor amigo que você quer pegar". Parte de mim acha que todas essas divisões são fúteis, que os próprios relacionamentos são fúteis, mas parte de mim acha que eles facilitam algumas coisas.

2. Hobbies - Uma coisa problemática é a divisão entre Trabalho e Lazer. É contraproducente, não faz o menor sentido prático ou filosófico, é antiadaptativo, é estressante, entretanto está profundamente arraigada na nossa cultura. Admite-se a possibilidade de um trabalho que dê prazer, mas tem que ser o trabalho certo, a sua vocação, aquela coisa para a qual você foi feito ou na qual você pode usar todo o seu potencial, ou então alguma "profissão de viadinho", provavelmente alguma coisa da área de artes. Eu acho ridículo tanto imaginar que você vai ser infeliz trabalhando com algo que não seja seu Destino quanto que você vai ser feliz Quando Encontrar Sua Vocação. Sabe, eu não quero ser um personagem de Dungeons and Dragons, por mais interessantes que sejam as Classes no mundo real. Por que meu trabalho tem que ser fonte de dor e sofrimento? Porque meus deveres não podem ser também meus prazeres? Existe algo intrínseco a isso que impede? Outra derivação vil essa divisão é que se considera que uma coisa é ou útil, ou decorativa, ou um brinquedo. A bicibleta por exemplo em São Paulo não é respeitada porque é considerada um brinquedo, um veículo de lazer. É difícil encontrar bicicletas feitas para andar na rua. Algumas pessoas não conseguem conceber a idéia da bicicleta como meio de transporte.

3. Política - no banheiro da fau, em algum lugar, tem uma discussão muito velha e apagada; quando eu a li pela primeira vez o começo já fora totalmente apagado, mas dava para ler um trecho que dizia "... confundir conteúdo político com carência afetiva ...". Esse trecho estava sublinhado e alguém puxara uma flecha e escrevera: "então a felicidade individual está dissociada daquela que é coletiva!". Há muitos comentários ao redor ridicularizando essa ressalva, mas eu sempre achei essa particularmente inteligente. Por que não pensar a carência afetiva do ponto de vista político, sabe? Ok, eu não sei qual o contexto da frase, talvez fosse mesmo nada a ver, mas, do jeito que está hoje, me parece uma conclusão perfeitamente lógica! Se as reivindicações políticas de um indivíduo ou de um grupo são ridicularizadas só porque surgem de conflitos emocionais, então, certamente, o ridículo é considerar que os problemas pessoais são de importância coletiva. Mas por que não seriam? Se as pessoas sofrem com a situação em que estão, não é seu direito querer uma mudança?

4. Agricultura - E porque são necessários muros tão altos entre a Natureza e a Civilização? Só consigo ver absurdos nessa rixa. Existe uma série de plantas perfeitamente legais que a gente não só não cultiva como tenta confinar a "áreas de preservação", que são mais ou menos como guetos para plantas rejeitadas. O modelo dominante da agricultura é a monocultura intensiva-extensiva, cujo princípio é eliminar do sistema tudo o que não seja indispensável para o produto final e desenvolver a produção para que o máximo possa ser feito no mínimo de espaço, esgotando daquele espaço recursos muito específicos, e como segue o paradigma de que a diversificação é apenas uma divisão de esforços que tira potência, isso é replicado extensivamente, vide soja, cana, gado, café e eucalipto no Brasil. Aliás, vide hidrelétricas também — nosso método é sempre concentrar, potencializar, dividir e classificar. O natural (o que nós consideramos natural) é o oposto: misturar, competir, invadir, trocar. Nossa agricultura depende se um poderoso sistema de transporte de água, energia, produção, fertilização. De um lado tiramos da terra, de outro lado acrescentamos a ela, criamos com isso uma tensão constante, assim se produz trabalho, se gasta energia, se desorganiza o universo para organizar o sistema. O mundo estará sempre inevitavelmente tentando invadir nosso sistema, e nós estaremos lutando constra ele. Mas há outros modos. Há como aliviar a tensão diminuindo as distâncias, as diferenças e a agressão.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Potencial e Escolha

Um dos trabalhos que estou fazendo é um ensaio com tema Sustentabilidade. Eu detesto esse tema, detesto a forma como ele foi imposto a nós desde que inventaram o termo, como o estudamos na escola na época em que nossos pais nem haviam ouvido falar nisso, em como se prega, estúpida e acríticamente, que ele é mais importante que quase tudo o mais. Em como se fala merda sobre isso. Em como as discussões sobre isso são irritantemente hipócritas. Então eu resolvi falar sobre outra coisa, disfarçadamente. Estou, digamos, tentando elaborar o tema. Tenho muita dificuldade com isso. Vou deixar aqui alguns pensamentos preliminares.



Acho que o nosso problema com o mundo é... ok, esse é um jeito péssimo (péssimo, eu digo!) de começar uma discussão. Mas eu acho que há uma série de problemas na forma como a gente pensa o mundo. Sério. Nossa visão de mundo, como é natural, se estrutura sobre o conflito fundamental entre o nosso poder e a nossa impotência. Qualquer livro de auto-ajuda, dicionário de pérolas da sabedoria ou coleção de filosofia em algum momento passa por frases como:

"É preciso convicção para mudar o que está errado, paciência para se agüentar o que não se pode mudar e sabedoria para saber a diferença." (ok, eu inventei o é preciso pra cada coisa pq eu não me lembro do original — costumava receber dezenas de frases desse tipo naqueles ppts da época de ouro das correntes de e-mail (sim, aqueles com fotos bonitinhas e ditados espirituosos))

e

"O ser humano vive cavalgando com cada pé sobre um cavalo: um é o cavalo do Destino, outro do Livre-Arbítrio. A chave é saber diferenciá-los, saber em que devemos investir nossos esforços e contra o que devemos parar de lutar, pois está fora de nosso controle." (eu não me lembro da frase exata, mas juro que tem algo com esse sentido escrito num dos top 10 livros de auto-ajuda na matéria da Veja)

De fato existem coisas que podemos fazer e coisas que podemos não fazer. Mas o que define a diferença entre elas? Será que a maior diferença entre uma coisa e outra não é justamente o fato de querermos ou não fazê-las? Eu não acho que seja possível saber se uma coisa está ou não dentro de nossos limites enquanto não chegarmos nesses limites, e isso significaria se esforçar ao máximo para conseguir chegar a esse objetivo. O problema é que nossa avaliação de se devemos ou não fazer alguma coisa depende em parte de se nosso esforço vai gerar resultado ou não, e se esse resultado vai ser suficiente para compensar o esforço. Essa é uma informação que em um grande número de casos está muito, mas muito distante do nosso alcance (na maior parte dos outros casos ainda está um pouquinho além do nosso alcance) mas como somos todos naturalmente otimistas (eu posso usar como axioma que todo mundo é naturalmente otimista?) — ou talvez naturalmente orgulhosos — sempre achamos que se realmente nos empenhássemos em alguma empreitada, ela seria bem sucedida, com certeza. Eu vou reescrever esse parágrafo de uma forma mais organizada:

Não temos como saber com certeza se somos ou não capazes de realizar qualquer coisa. Na maior parte dos casos, não temos a menor idéia disso. Porém — talvez porque nossa cultura, a sociedade e nós mesmos exijamos sempre que sejamos o melhor que pudermos ser, e, considerando que não temos a menor idéia de quão bons podemos ser, isso significa grosso modo o melhor que podemos imaginar — nós tendemos a achar que podemos realizar qualquer coisa.

Mas é claro que não podemos. A contradição está logo dentro do raciocínio: poderíamos realizar qualquer coisa se nos dedicássemos intensivamente a isso e se tivéssemos a capacidade para isso. Consideremos que todo mundo tenha todas as capacidade básicas, ainda assim não poderíamos nos dedicar a todas as coisas que queiramos fazer. Tentar fazer todas as coisas que se quer levaria inevitavelmente ao fracasso, segundo esse raciocínio. Escolher um determinado caminho e abdicar dos outros também não é muito melhor porque, no fundo, cada um de nós sabe que poderia fazer muito melhor do que o que está sendo feito hoje em dia em quase qualquer situação (isso é a primeira decorrência lógica dos nossos axiomas), e isso significa que cada renúncia é um peso terrível, o de estar abdicando de uma façanha incrível que eu certamente poderia realizar.

Eu estou achando muito difícil me expressar hoje, estou repetindo as coisas como um bêbado. O que eu quero dizer, na verdade, é que faz todo sentido achar que você é capaz de salvar o mundo e resolver tudo o que está de errado. Mas isso não quer dizer que isso seja possível. As fronteiras entre o que podemos e o que não podemos fazer estão nas nossas escolhas e nas escolhas dos outros sobre nós — e naquelas coisas que chamamos de acaso e destino. Não são coisas que podemos ver, não são caminhos traçados na terra que podemos seguir ou não seguir. São mais picadas e trilhas que fazemos caminhando, e que podem dar em qualquer lugar. Não, é pior que isso: não existe um caminho, não existe ir, seguir, voltar. O que podemos fazer é o que fazemos, não podemos fazer nada até que façamos algo.

A questão é: eu devo achar que posso tudo, ou que não posso nada? Uma pessoa que se acha capaz de tudo, se for uma pessoa minimamente idealista, vai se afogar em culpa por não fazer todas as mil coisas que ela deve fazer e pode fazer bem; mas uma pessoa que se considera incapaz vai se sentir um merda e ficar deprimido, ou virar uma daquelas pessoas que riem amarelo de si mesmas e que fazem os outros se sentirem desconfortáveis com algo entre dó e desprezo. Na verdade, as pessoas mais felizes e agradáveis provavelmente são aquelas que não pensam nisso, não questionam suas escolhas, simplesmente são e fazem e pronto. As pessoas mais interessantes são aquelas que conseguem pensar nisso de vez em quando.

Template

Este template tem um subtítulo muito mais legal.


Eu estava editando umas coisas no meu blog e decidi ver o que acontece se eu retornar ao modelo antigo da Toca da Lôba. Foi uma esperiência muito estranha. O mais estranho foi reparar como o jeito como eu escrevo e a configuração dos meus textos não faz mais sentido com esse template antigo. Quando leio os textos antigos que ainda estão na Toca, acho tudo muito lindo. Até os nomes dos posts nos Ecos se encaixam de uma forma interessante. Mas quando aplico o template a este Blog, não faz sentido. Tenho notado que muitos dos meus posts antigos também só ficavam agradáveis de se ler no template original em que foram compostos. É curioso entender como essas coisas fazem diferença. Acho que eu entendo porque eu mudei de template.

Também é meio engraçado notar os links como estão diferentes! A maior parte desses lugares aí nem existem mais! Alguns deles já haviam deixado de fazer sentido havia muitos anos quando eu abandonei esse template. Curioso. Também é curioso que eu só tenha tido vontade de guardar dois dos muitos templates que criei para a Toca. Mostro o outro quem sabe semana que vem. Nem sei como ele é! E depois vou voltar ao que estava antes, que apesar de tudo faz muito mais sentido hoje em dia.

Nota: este template usa os comentários do haloscan, não do blogger. Preciso dar um jeito de fazer com que os dois apareçam num mesmo template, mas ainda não sei como. Agora, não dá para ler os comentários feitos ontem por exemplo. E quando eu voltar para o modelo normal não vou poder ler os comentários feitos hoje.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Denise (mas não só)

Sei às vezes que a melhor parte de nós é aquela que mesmo nós não conhecemos. Aquela parte oculta. Imaginamos durante toda vida uma forma de chegar até essa reserva de nós que está fora de nosso alcance. Tentamos tudo, procuramos resolutos o portão despercebido que nos leva ao jardim secreto de nós mesmos.
Imagina como seria esse jardim se fosse povoado e habitado como as nossas outras construções, se fosse limpo e asseado com manutenção constante? Imagino esse lugar drenado de todas as marcas de seu abandono, imagino esse lugar sendo apenas uma parte de mim pela qual eu passo sem olhar. A beleza mesmo está nessa vegetação selvagem que nasce sobre uma camada sedimentar de mistério. A beleza são os fantasmas, a vida que povoa o desconhecido. A beleza é os monstros marinhos que figuram nas bordas dos mapas das grandes navegações. Eu busco aquele lugar inseguro, aquele lugar invisito, um lugar onde Há Dragões.
E como chegar a ele, quando não pisamos num solo envolto nas pegadas de um Deus Desconhecido?

Eu o procuro através das pessoas. Das palavras também, mas nas palavras que vêm das pessoas. Porque no Outro encontro o que desconheço do Eu. O melhor de mim, sem dúvida, é aquilo que vejo quando conheço alguém novo — alguém que me toca e liberta, que me traz algo verdadeiramente novo. Estou tão desgastada pelo tempo, entretanto quando olho em olhos novos vejo tudo outra vez: o barulho das árvores no vento, o cheiro das folhas molhadas, a textura peculiar do líquem et cetera. O novo é a minha memória. A experiência é o meu passado. Sei às vezes que o que mais espero de mim é o meu futuro que é também meu passado, Ou talvez os sonhos do passado que só podem existir num botão de esperança. É tudo assim; se esperarmos demais, tudo vira literatura e música, mas se lutarmos demais, nos tornamos... como dizer? Nos tornamos apenas lutadores. E na luta da vida esquecemos talvez que o que realmente nos move são as raízes daquele Eu desconhecido. Esquecemos que temos sob a superfície uma cidade de construções abandonadas. É impossível viver sempre no presente, é impossível dar manutenção a tudo isso. Mais que isso — é falso, é inútil. A beleza pra mim é percorrer esses salões vazios. É ouvir o canto dos pássaros que embalaram civilizações passadas.

Nas pessoas encontro as passagens secretas que levam ao outro lado do Eu. Nas experiência novas me crio e recrio e descubro mundos além dos que eu já vivia. Ergo torres sobre torres, torres sobre descampados, castelos sobre florestas em homenagem a reinos que se fazem num átimo quando uma frase me descreve. Queria poder dar a devida importância a essa cidade-palavra; levar seus inocentes fundadores a conhecer as vielas, os mirantes, os pombais. Toda vez que alguém me conhece queria... queria poder abrir as portas de mim! Mas não queria mostrar o tosco, o sujo, sabe? os fios elétricos os auditórios os dvds piratas nas calçadas os carros branco-preto-pratas as locadoras o bilhete único o telemarketing os filmes b os joguinhos de flash os romancetes júlia-sabrina os efeitos especiais o congestionamento o sabor artificial idêntico ao original as embalagens de biscoito as pessoas que correm os trabalhadores de escritório engravatados sozinhos em carros quatro-portas na hora do rush a comida da cantina os prédios provisórios sem manutenção cheios de pessoas a burocracia as matérias em que não aprendemos nada e a iluminação noturna fluorescente que deixa a noite parecida com shopping-center. Não!, eu queria mostrar as florestas, as grandes obras arquitetônicas, os lugares desabitados, o Mar! Eu queria poder tirar tudo o que é tolo e passageiro, e deixar só o âmago pulsante da poesia viva. Eu queria poder mostrar só o que realmente vale a pena em mim. Só as melhores músicas. Só palavras verdadeiras, escritas na Língua Antiga.

Mas eu não posso. Na verdade não posso tanto que nem consigo mostrar a reverberação que nossas conversas têm no meu passado. Não posso porque tudo se cobre por um véu de trivialidade. Mas nada é trivial. Nada é. Ouço dedos dançando numa rapsódia húngara, minha vida toda eu procurava sem saber algumas notas de Liszt, mas quando as encontro nos dedos de uma conversa banal eu sei de repende que tudo de vazio que acontece tem um significado profundo nesse mundo abaixo do meu mundo, esse río-abajo-río de mim. Coisas idiotas como uma barata de repente se tornam estranhas e sagradas e assustadoras. O mundo dentro de mim tem constantes revoluções. E eu, que mal as vejo, que as sinto mas não as noto, tão cheios estão meus olhos das mil coisas que vejo sobre o mundo, eu que percorro a vida a contra-pêlo, não posso ser uma boa guia para essa viagem.

Eu queria poder ir além disso. Ir aos melhores filmes e aos melhores livros. Construir um templo que revele quem eu deveria ser respeitosamente. Dançar como dedos no início da Sonata ao Luar. Deslizar sobre uma paisagem de inverno. Haver comunicação verdadeira entre eu e você. Trocarmos os nomes dos nossos amantes junto com passagens de Cortázar. Queria chegar mais perto da magia de tudo isso.

Queria chegar com você ao lugar de La Loba.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Pergunta.

Tenho uma pergunta para quem leu as últimas partes dessas Histórias: quem é a Velha da Pedra, e quem é a donzela Fælyn?

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O Primeiro Dragão de Roder - versão da Velha



Roder não era apenas um guerreiro corajoso, hábil e incansável. Ele também era jovem e bonito. Mal chegou à vila, todas as moças se apaixonaram por ele. Mas Roder não estava interessado em garotas; estava interessado em monstros. Queria a emoção da batalha e a aclamação de uma vitória! Assim, a única garota que chamou sua atenção foi a que conseguiu ser capturada pelo dragão das redondezas. Chamava-se Fælyn, tinha quinze anos e tudo o que sabia fazer era cantar e encantar os garotos, mas o que queria mesmo era ser resgatada por um grande herói. Roder veio assim que ouviu a história pela primeira vez. Trazia só sua espada e sua coragem. Entrou na caverna sozinho, e percorreu inúmeras câmaras antes de encontrar a câmara do tesouro, onde a donzela estava amarrada com correntes de ouro num trono cravejado de rubis. Roder não reparou nos rubis nem na beleza da garota, porque não tinha olhos capazes de enxergar belezas, mas viu uma donzela em perigo e jurou que iria salvá-la e punir seu raptor, o dragão. Primeiro quebrou as correntes de ouro, depois gritou pelos túneis da caverna clamando o desafio do dragão. O dragão não veio. Roder era paciente e esperou três dias na sala do tesouro, gritando e chamando. Não passaram fome porque entre os tesouros do dragão havia fruteiras que nunca se esvaziavam e taças que estavam sempre cheias, e dormiram bem sobre cobertores trançados com fios de ouro. Fælyn era uma moça astuta e durante todo o primeiro dia reuniu tesouros e provisões para sair da caverna e viver ricamente no mundo de fora. Dizia que iriam viver em um palácio imenso, viajariam em elefantes, teriam panteras e tigres num grande jardim, e todos os príncipes viriam jantar em seus banquetes. Como o herói ignorasse suas fantasias, a donzela perdeu o ânimo, deixou de acreditar na alegria do seu imenso sonho, e no segundo dia tentava atrai-lo para fora da caverna com outra proposta: se estabeleceriam numa vila nas montanhas, teriam terras para cultivar e protager, defenderiam a vila de ataques de monstros e dragões e seriam recompensados com o amor dos vilãos e com fartos banquetes. Roder, na sua obcessão pelo inimigo que não aparecia, não dava ouvidos às fantasias da donzela. No terceiro dia, Fælyn decidira que iria embora sozinha, com o ouro que pudesse carregar, e procuraria um homem mais sensato, junto ao qual pudesse comprar terrar, construir uma casa e viver em paz e conforto, rodeada de servos. Foi só quando já saía da imensa galeria que se deu conta de que o tesouro que realmente a atraía não era o ouro, nem as pedras preciosas, mas o homem destemido que viera resgatá-la. Então largou o ouro e as pedras e chamou-o outra vez, agora dizendo que iriam juntos resgatar donzelas e lutar contra monstros, que juntos salvariam vilas e reinos, que todo o mundo conheceria Roder o matador de dragões, que ela contaria como ele a salvara das garras do monstro cruel, e que ele ainda a salvaria muitas outras vezes. A isso Roder finalmente cedeu. A imagem dos muitos dragões que ainda ia enfrentar o fez esquecer momentaneamente o que não tinha enfrentado, e ele aceitou sair acompanhado da moça. Os dois estavam felizes com a perspectiva de sua vida futura. Saíram da caverna fazendo planos e discutindo rotas. Roder se animara com a visão de seu futuro, e agora contava incríveis histórias de todos os feitos que pretendia realizar. Porém, mal chegaram à vila, ouviu-se um urro bestial vindo da cova atrás deles.
O sonho de Roder e Fælyn não era tão forte quanto aquele urro.
— Voltarei para te buscar, — ele disse, e então mergulhou novamente na caverna.
Fælyn esperou por ele, aqui onde nós estamos, por dias, semanas, meses. O herói não voltou. As pessoas na cidade diziam que ele havia derrotado o dragão, e que partira para enfrentar outro. Mas algumas poucas pessoas, nesta vila ou em outras, inclusive a própria donzela, sabiam que isso era mentira. Algumas pessoas, notadamente a donzela, sabiam que naquela caverna não havia um dragão, não havia um Inimigo: havia apenas uma garota chamada Fælyn.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Desânimo

Mas não é só isso. Quer dizer, não é só a frustração dos trabalhos que não dão mais prazer, das aulas em que não se faz nada nem se aprende, da rotina que gira em falso, que não significa nada, nem a dificuldade filha da puta de se ter amigos que no mínimo apareçam numa festa de aniversário (uma vez por ano, porra, com garantia de diversão), nem a resistência interna cada vez maior de se considerar uma designer que é cada vez mais parecida com dor, nem apenas também o horário noturno que que torna o sacrifício muito maior. É tudo isso, sempre foi, ainda é, mas eu sei agora que é algo mais, algo que vem não apenas da vontade de realizar os sonhos de infância mas também do outro lado, do lado que quer vencer, do lado que quer chegar ao fim de alguma coisa, que não agüenta mais estar alheio a tudo isso. Não é só isso — é que agora cada vez que eu vejo uma pessoa feliz com suas conquistas, uma pessoa se formando, uma pessoa fazendo iniciação, uma pessoa estudando ou trabalhando (na verdade, mesmo se a pessoa não estiver feliz) eu sinto uma dor no peito, um desejo de ser assim também, de estudar, de trabalhar, de ir em frente, de fazer grandes coisas.

Mas eu não posso ser assim na FAU. Eu não sei ser assim. Eu não posso trabalhar sozinha e eu também não tenho o pique para acompanhar o ritmo do resto da turma. Eu não posso vencer na FAU. Eu nunca vou vencer. Eu continuo me perguntando por que eu escolhi justamente um dos poucos cursos que ia me fazer me sentir amarrada ao mesmo tempo que ofereceria os maiores de todos os desafios. Não há como eu honestamente acreditar que eu vou conseguir me formar nesse curso. Mesmo se eu conseguisse fazer umas sete ou oito matérias por semestre (sem optativas) eu me formaria em no mínimo seis anos. Ou talvez o mínimo, contando os conflitos de horário e whatnot, já tenha chegado em sete. E aí, mesmo me esforçando ao máximo ou desistindo de todas as optativas, eu teria que pedir por favor pra comissão não me jubilar. Mas eu não quero mais me esforçar ao máximo para aprender quase nada, eu não quero ter que convencer a comissão de nada. Eu quero estudar mecânica, programação, didática, arte, história; eu quero conseguir tirar um sentido disso tudo. O design na verdade faz sentido. O que não faz sentido é este curso de design.

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PS.:
Meus sonhos de infância são:
. viver na selva
. ser um animal selvagem
. lutar muito bem
. construir brinquedos
. fazer brinquedos de controle remoto
. escrever livros
. fazer histórias em quadrinhos
. fazer jogos de videogame
. saber muitas coisas
. ensinar
. velejar
. viajar
. viver com muitos bichos e muitas plantas
. andar a cavalo
. jogar bola bem

Acho que o design é uma boa forma de amarrar tudo, sem problemas.
Bem, o problema é que eu não tenho nada pra amarrar.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

buuh

Eu tentei colocar aqueles marcadorezinhos no fim do post e não consegui. Ou pelo menos eu não tô vendo. Que droga.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Cinco Músicas dos Beatles

I am the Walrus
A Day in the Life
Strawberry Fields
While My Guitar Gently Weeps
Come Togheter

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Resumindo

Talvez eu te deva uma explicação sobre o que escrevi antes, Ugo. Talvez eu me deva uma promessa de voltar a Escrever.

Fuck-it. Vou passar na seção de graduação e trancar metade das minhas matérias. Se eu parar de mentir pra mim mesma e pros meus colegas, atlvez eu ainda tenha uma chance.

Digam "longas noites e belos dias" pra mim.
Me digam que um dia eu terei dias longos e noites belas. Um dia...


(quando eu escrevo este tipo de post, eu realmente me pergunto porque alguém leria)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Vício

Ah, não que eu seja digna de flara qualquer porra, mas eu vou tentar.

Em primeiro lugar, é uma merda se viciar em coisas que são necessárias pra sua sobrevivência cultural e social. Eu detesto me viciar em livros, quadrinhos, histórias. Entretanto não posso evitar. Será que eu detesto a minha vida tanto assim que a ficção seja realmente a única coisa que eu faço que faz sentido? Tive a sensação recentemente que tinha acabado de acabar um melhor-ano pra mim. Um ano de amor, aventura e descoberta. Um ano de Verdade. Mas agora só restam migalhas, molho esparramado na toalha de mesa, copinhos de plástico amassados, essa merda toda. Um salão de festas vazio, é o que estou dizendo. Cacos de vidro em algum lugar.

Muito pouco e estamos no Inferno de novo. É muito fácil se tornar um tolo.

Em segundo lugar, eu fico pensando se eu devia parar de ler a droga do blog do bruno porque cada vez que eu leio eu sinto que eu fico verdadeiramente com raiva. Me lembra um pouco o que aconteceu quando eu fui amiga (a parte mais dopada de mim quase disse ka-tet) do tu, eu sentia cada vez mais raiva dele, raiva da sua dor, raiva por sob um oceano de amor, sim, mas raiva nonetheless. A diferença entre os dois, provavelmente, é a idade. E que o bruno não está apaixonado. Parte de mim geme porque eu também não tenho nenhuma resposta, nem pra mim. Aliás

acho que vocês são amigos bastante bons. Também acho que ninguém ousa me mostrar o pior dentro de si.

Um me disse o pior, ié, me rejeitou como um cara rejeita uma cadela vadia, e eu gani em resposta um vômito de todas as minhas ânsias. MAS O mundo é um lugar ridículo! Nada tem importância! Nossa dor virou sopa, nossas questões existenciais foram simplesmente desprezadas! O mundo real é completamente covarde!

Eu me lembro de ter dito pra ele (naquele dia que fomos passear na chuva, vocês dizem) algo como não seja ridículo! porque eu e ele partilhamos o khef, e não há segredos dentro do ka-tet (eu desisti de lutar contra essas palavras - maldito stephen king). "Eu devia ter percebido que você tinha um problema com segredos", foi a resposta. (vai se fuder, respondeu minha mente, subitamente revelada sua máxima covardia) Essa conversa ainda me devora por dentro. Por isso a necessidade estúpida de revelá-la.

Mas sabe, também estou sozinha. Isso dói por dentro, e eu não tenho vontade nenhuma de continuar em frente. Foda-se a minha vida. Só mais quinze páginas. Só mais um capítulo. Não consigo pensar em nada enquanto espero chegar em casa e pegar o próximo livro. Pensando bem, que bom, não quero mais pensar em nada mesmo.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Resposta

Eu não quero ser você.

Por que não?

Porque dói. É só isso. Me pesa sobre os ombros. Por que eu tenho que ser algo que não me é naturalmente? Porque seguir em frente tem que ser um sofrimento? Eu quero poder andar com os meus próprios pés.

Mas eu não sou Dor. Eu sou o Mundo. Eu sou o Humano dentro de você. Eu quero ser você. Você é poder, você me alimenta, me permite ir em frente um passo de cada vez, me permite resistir às interpéries. Você é a minha esperança. Se você desistir de mim, eu morro. Não, não morro, pior: eu perco. Se você resistir a mim, eu serei derrotada. Você não precisa sofrer. Você só precisa ser forte. Forte para ag"uentar as infindáveis batalhas que temos pela frente. Se formor fortes e rápidas, venceremos uma guerra! Sairemos vitoriosas, eu prometo. Nós podemos ser grandes. Nós podemos fazer tudo. Nós podemos inclusive ser as melhores de todas. Nós só precisamos persistir. Você precisa persistir. Precisa ter disciplina, ter força de vontade, ter coragem. E você vai se tornar Humana no final. No final, sem dúvida você fará parte dessa massa. Você não precisa estar sozinha. Eu não preciso estar sozinha. Vamos vencer!

Mas eu não quero vencer. Vencer o quê? Quem é o inimigo? Eu não estou sozinha — eu tenho amigos. Eu tenho quem morreria por mim, se eu precisasse. Eu tenho quem se divertiria comigo. Eu tenho amigos.

Mas não tem quem possa contar com você. Isso é o que eu posso te dar. Confiança. Reconhecimento. Eu também só quero ter bons amigos, como você. Em verdade eu te invejo. Eu invejo suas amizades, suas felicidades. Eu também só quero ser feliz. Eu preciso da sua força para ser feliz. Eu preciso da sua vida. Você poderia me permitir chegar às alturas, chegar à vitória final sobre as nossas fraquezas. Entretanto você prefere ser fraca. Fraca, incompleta e pouco confiável. É isso o que você é!

Não! Eu sou Forte. Se apenas eu não quiser vencer, eu posso ser forte. Você quer sugar minha vida para dentro de você, transformar minha magia em técnica, minha imaginação em criatividade, mas eu não preciso deixar. Eu posso morrer se eu quiser, eu posso pular no poço do esquecimento, eu posso abandonar você, e você morre, mas eu não preciso deixar você me matar. Eu não vou virar mão de obra para a sua guerra pelo mundo. Eu tenho planostambém! Eu posso ser Pequena. Se você me deixasse, eu chegaria a um sucesso próprio pelas minhas mãos. Mas você não quer só felicidade, você quer sentar na pilha de ossos, você quer reinar sobre a minha libernade. Não. Eu quero mais que ser escrava das suas ambições. A dor que eu sinto toda vez que você me monta é muito maior que a satisfação que vem depois. Nunca vem verdadeira satisfação depois! Você me diz que estamos construindo algo, mas estamos construindo só a sua pilha de ossos. São os meus ossos, os ossos dos meus sonhos. Você pode travar suas batalhas em outro lugar.

Não é uma pilha de ossos, é uma pilha de trabalhos. Os deveres que você quer esquecer é que fazem a sua pessoa. Eu quero montar um portfólio, uma cara com que se mostrar ao mundo. Ou vão dizer: aí vai aquela que nunca fez nada. Eu quero fazer alguma coisa, não é tão horrível. Eu quero fazer uma reputação também.

Foda-se a sua reputação. Vou me jogar num buraco e fazer os meus próprios trabalhos. Eu posso esquecer de você, dos deveres, até dos amigos, e aí Eu vou poder fazer alguma coisa, como você diz. Longe das suas guerras, eu posso construir um mundo de verdade.

Você precisa dos amigos, e eles nunca te acompanhariam aonde você quer ir. Admita, você precisa de mim. Precisa de mim porque eu posso te dar esse sabor da construção sem que você tenha que abandonar seus amigos. Tudo o que eu preciso é que você abandone a sua liberdade. Que prostitua sua alma sim, seus desejos e tudo mais, mas você certamente consegue lidar com isso. Afinal a magia não é tudo — o que se faz em vida é que realmente determina o seu destino.

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Estou lendo Lirael... : será que eu posso simplesmente não ser uma Clayr?

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Ei!!!

Hoje eu entrei no Casa de Algodão e descobri que o cara misterioso havia feito um comentário que comentava o meu comentário. Aquele comentário me deixou extremamente embaraçada! Que direito tinha ele de comentar tão abrintemente meu comentário? Se eu comento, e você comenta o que eu comento, então você me comenta. Você me come; você come meu comentário. Você me engole. Eu viro matéria prima, e você, o argilista. Eu viro títere. Eu viro massa amorfa. Eu deixo de ser gente para virar personagem. No final, como sempre, tudo vira literatura e música.

/* NOTA: Será que as pessoas se sentem assim massaamorfa quando eu falosobre elas neste blog? */

Acho que me senti tão usada e falada porque de fato aquele comentário que eu tinha escrito tinha sido especialmente emotivo. Acho que eu estava de TPM == hormônios causando e meio emocionada por estar saindo do estágio do qual eu gostava e de qualquer forma os escritos, aliás, os pensamentos do Bruno de modo geral sempre me revoltam. E quando as pessoas usam suas emoções pra construir seu argumento você naturalmente se sente usado, ou invadido. Afinal:

Como é possível que alguém se aproprie das minhas emoções? Se alguém se apropria delas, elas deixam de ser minhas. Mas que sentido têm minhas emoções se elas não são pessoalmente minhas? Isso quer dizer que elas não são pessoais — então, minhas emoções são gerais, são só um indício de que eu sou como todos os outros, não são um indício da minha individualidade! Você usa minhas emoções que são criadas pelo meu próprio âmago e prova que elas são a argila da população! O que tenho de mais íntimo é o que compõe igualmente toda a humanidade! Então, eu não sou eu por causa das minhas emoções. Então, se não sou o que sinto, o que sou eu? Sou o que penso? Sou como vejo? Sou o ver-através-dos-olhos? Mais que isso, se as emoções não são minhas, então nossa amizade, que é um sentimento tanto quanto uma relação, também não é minha. Então, eu não sou eu — porque não posso ser eu se não sou minhas amizades. Então eu inteira sou personagem, sou massa morfa, sou tipo. Isso é violento porque me descaracteriza. Você me descaracteriza toda vez que me compreende? Perceber o que estou sentindo é roubar de mim o sentimento? Viver em conjunto, então, que só é possível pela compreensão mútua das emoções, viver em conjunto é uma destruição sistemática da individualidade? Não, não é isso ainda. Minha revolta é porque quem falou de mim não me conhece (não importa se a pessoa real conhece; quem falou de mim era um personagem), e se não me conhece não compreende minhas emoções. Eu sou tipo porque sou a partir da fala de quem só conhece de mim o tipo. Se você não me conhece, se não me emociona, vê em mim as emoções listadas na sua compreensão vaga e sistêmica do rol das emoções humanas. As emoções humanas da sua lista servem para compôr a sua compreensão sistêmica dos humanos, são o barro ou a massa da sua concepção do humano, mas não são para absorver a compreensão das pessoas com quem você convive, as pessoas que você ama, as pessoas que são através das suas emoções. Assim através de você eu sou só uma concepção genérica do humano. Toda vez que um desconhecido fala do meu eu real, que só é conhecível através do contato real, ou melhor, toda vez que alguém me descreve a partir da generalização, eu me torno essa coisa barro, tipo, rosto inexpressivo do desconhecido sem rosto, elemento da massa.

Todas as pessoas têm uma individualidade, cuja complexidade esperamos que seja não-indexável. Toda vez que falamos sobre o desconhecido, estamos desconhecendo ele.

E desconhecer uma pessoa é perder a oportunidade de conhecê-la. A princípio. Porque também é, sempre, uma espécie de contato, capaz de criar novas interações.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Sobre o sonho que eu mencionei no twitter (e no blog do Bruno?)

O curioso foi que todo o sonho tinha, sim, um sentido geral. Assim: a espada, o projeto e a viagem são faces diferentes da mesma pulsão que é a luta pelo sentido da própria individualidade. O Dalprá é um símbolo, o Poro é um símbolo, o Renato e o Bruno são símbolos.

Nós estávamos sentados no escuro ao redor da mesa numa festa aqui em casa, e eu havia sentado na mesa dos amigos da Talita. Eu disse alguma coisa, eu havia feito alguma coisa e disse que o Dalprá me decapitaria por causa disso. O amigo dele (Homem Preto(cabelo curto, olhos, roupas)(pele bastante clara)) disse que eu entendera tudo errado, que ele não era o tipo de gente que arrancaria cabeças. A mesa estava na FAU, era noite e estava tudo apagado, a mesa ficava na cantina vazia e no balcão mais amigos da Talita conversavam enquanto o cara montava um rádio. Eles tinham equipamentos e logo descobri que estavam montando uma rádio (pirata) que era voltada para os jogadores de RPG. Me pareceu uma idéia fantástica! Mas então mais amigos meus chegaram, aconteceram coisas que eu não entendi direito, muitas coisas, tudo mudou, cresceu, sei lá. Ninguém agrediu ninguém, nem com motivo.

O plano era o seguinte: vinte pessoas, todas muito amigas, viajariam para outra cidade e se estabeleceriam lá, todas na mesma vizinhança, talvez até na mesma casa. Ficaríamos lá dois, três meses, trabalhando, pagando o aluguel, vivendo como as pessoas de lá, fazendo bicos, e então um belo dia levantaríamos acampamemto, todos os vinte, e iríamos para a próxima cidade. Repeat.

Eu quero muito:
perder o mêdo dessa espada que me ameaça
poder efetivamente te conhecer, depois do mêdo
assumir a tara e concretizar um projeto no que me empolga
assumir o amor e construir uma vida junto com meus amigos
expôr-nos ao risco (a partir daqui somos todos-um) e viver coisas novas
conhecer cada mundo com intensidade e entrega

É muito importante pra mim esse lance de conhecer a fundo um modo de viver a princípio desconhecido. Entrar na vida da cidade e viver como parte integrante por algum tempo. Ao mesmo tempo meus amigos são indispensáveis. Não é a primeira vez que eu sonho com algo desse tipo, mas só agora sou capaz de fazer essa interpretação. Antes os ônibus de viagem eram um elemento intrigante dos meus sonhos. Os sonhos eram mais investigativos. Os signos estavam mais confundidos. Ainda aqui os signos estão misturados. Qual a relação entre espada, Dalprá e RPG? (na verdade, eu sei qual a relação, mas não sei se posso admitir). Principalmente, qual a relação entre a viagem, a amizade, e o cenário de mêdo e insegurança que veio antes? E porque eu levava o Renato na viagem?

Na verdade essas perguntas não são difíceis de se responder, eu só me pergunto se as respostas óbvias dizem toda a verdade, ou se os símbolos estão um pouco mais pro fundo do que queremos admitir.

Ontem na aula Renato disse que como eu estava associada ao número 16 ele achava que eu devia ter importância pra vida dele. Eu sei que ele tem uma certa importância na minha vida. Por isso mesmo eu gostaria de carregá-lo com o resto do meu clã, mas. Há sempre um mas. O mas é a espada? Não, a espada é o mêdo puro, o mêdo que vem de algum lugar anterior, como o desconhecido. Se eu te conhecer, você não vai mais querer me matar. Mas e se eu não for o tipo de pessoa de quem você é capaz de gostar? É essa a questão no fundo, Não é? Quando conhecemos pessoas novas, corremos sempre o risco de sermos pessoas incrivelmente chatas.

Tive um sonho outro dia no qual eu encontrava a casa de uma Bruxa. Para que eu pudesse entrar, ela abria duas portas; uma invisível. Quando passava pela porta invisível podia ver o interior verdadeiro da casa, no qual as paredes haviam sido pintadas de outra cor. A casa era muito interessante e aconchegante e a velha era uma pessoa deliciosa, diria minha mãe. Do lado de fora dois moleques tentavam encontrar a entrada secreta na casa. Olhei pela porta e podia ver os olhos deles através das persianas. Um deles era um Poro muito jovem (mas com o cabelo que ele tem hoje). Me assustei (traição?) e me escondi das vistas deles. "Não se preocupe", disse a velha, "que eles não podem ver através da parede invisível." Nós estávamos dentro da casa invísivel e por isso éramos invisíveis para eles. Mesmo assim os deixamos entrar, e eles se sentaram para comer bolo de nozes e canela conosco. Qual o sentido de se ter uma casa invisível se você deixa todo mundo entrar?

Uma vez sonhei com o Bruno, foi uma coisa assim: nós ficávamos nos encarando. Foi um sonho muito longo, muita passagem de tempo, e só um olhar fixo. Acho que nossa amizade é um pouco assim. Menos perigosa que com o Dalprá ou o Renato, menos inquietante que com o Poro, mas, de certa forma, mais exigente.

Relatório de resultados do estágio na Unna Comunicação

Trabalhar com o Thio e o Fê me tornou mais "zen", como as pessoas dizem. Isso de ter um local de trabalho, um lugar específico pra fazer só aquilo, onde não dá pra fazer mais nada e justamente por isso eu posso não ter que fazer mais nada. Eu atrasei trabalhos, desisti de trabalhos e perdi muitas horas de sono, muito dinheiro (é claro que o pagamento compensou) e muito tempo da minha vida em ônibus, ou andando debaixo do sol, ou esperando o computador trabalhar, mas no final acho que o balanço é positivo, acho que eu sou uma pessoa mais feliz por ter vivido os últimos quarenta e quatro dias, por ter ido lá umas 18 vezes, por pegar todos aqueles ônibus, andar todas aquelas quadras, me perder, passar pela rua Balthazar, pela Baluarte, pela Avenida Pavão, pelas calçadas reformando e todos aqueles faróis.
Aprendi a mexer no Mac, aliás aprendi a detestar o Mac, aprendi a brincar no Illustrator, a assumir responsabilidade, a pedir ajuda, a viver um espaço recluso, com poucas pessoas, a conviver com quem é diferente de mim, a rir, a estar, a sair no horário, a trabalhar ininterruptamente até a hora de sair.

Foi muito divertido estar lá. Muito tranqüilo. E o Thio e o Fê foram muito legais comigo (ou talvez eles só sejam pessoas muito legais mesmo). Em muitos momentos eu até pensei que poderia trabalhar por muito tempo lá. Pena que é tão longe. E tão difícil chegar lá. E eu ando tão sem tempo. É uma pena mesmo.

Hoje quando estávamos saindo para o almoço eu me dei conta de que esse estágio foi a coisa mais desanuviante que eu fiz no último semestre. Que trabalhar ali seria mil vezes mais agradável do que estudar. Mas, ao mesmo tempo, tão menos futuro! Acho que é isso que a Universidade te dá: uma crença de que existe um futuro, um futuro radiante, no qual nós somos cada vez mais. Será que é verdade?

Novo post

Na verdade é só, tipo, que faz muito tempo que eu não escrevo. Eu sinto falta. Tenho pensado várias coisas ultimamente. Não sei bem o que dizer.

domingo, 27 de setembro de 2009

Alarara

Você me disse que era bom
Eu acreditei, por que não?
Vamos voar, vamos nos despedaçar
quando cairmos nos nossos braços
nos nossos passos vamos viajar
vamos desafiar a concorrência
Você me disse que valia a pena
agora eu só quero ir embora
vamos embora
Meus desejos são: ficar pra trás,
perder o trem e esperar na chuva
e o próximo nunca chegar
meus desejos são sofrer um acidente
pra ter uma desculpa pra parar
Você me disse que eu ia ser forte
agora que eu sou forte eu não quero lutar
dinheiro, sucesso, tudo isso é mentira
carreira, currículo, tudo isso é mentira
Eu tenho gatos manhosos e cães independentes
Aqueles que não estudam passam no vestibular
Se estressar pra quê? Tudo isso é mentira
Você vai vencer na vida, eu vou ficar pra viver
Você vai ser feliz, você vai ser genial
eu vou ser uma pessoa normal
vou viver cada dia do jeito que eu quiser
Vou viver o máximo que eu puder
no fim do dia a gente se encontra
Você diz que sente falta de mim
Mas eu que não sou urgente
Eu que não consto no currículo
Eu não sou uma prioridade
Eu sou secundária pra você
Você que vai ser uma profissional
Você que vai pagar os seus estudos
Você que não vê que nada disso é motivo pra esquecer
Você que quer ser o SuperHomem, você que quer ser Deus!
De vez em quando até esqueço de você.

sábado, 26 de setembro de 2009

Liberdade e Libertação II

— Eu te odeio
— Eu sei que você me ama
— Eu sou mau
— Não, você é bom

Eu não sei a resposta para minha pergunta

Libertação passa sempre pela destruição do eu? Ou é a destruição das coisas acessórias ao eu? Ou a libertação é justamente esse movimento de negar, de ultrapassar os limites impostos da vida mas também do ego? O eu é um limite, o eu pode ser preservado ou destruído, o meu eu está integrado a essa barreira, essa rede indissociável que me amarra, que me define, que me aprisiona. Liberdade é a ausência do eu?

Como você reage àquele beijo? Grita, se enfurece, agride, bate, machuca? Ou o mundo pára por um instante, aquele tipo de instante em que todas as lágrimas misteriosamente convertem-se em todos os sonhos reais? Abandona a dor e a raiva? Entrega-se, abandona-se, liberta-se da derrota mas também perde qualquer chance de vitória, isto é, se é que há um caminho para a vitória? Se é que há verdade? Será que há? Será que não é tudo uma rede de ilusões, de imagens, uma rede de apropriações que concebemos, que construímos? Imaginar é definir-se, falar é definir; As coisas sequer existem antes que as chamemos? Existe qualquer coisa anterior à nossa história? A narrativa não é o que define nossa trajetória? E se sim, então somos apenas personagens, que fazem isto ou aquilo dependendo basicamente do que aconteceu antes; tudo que é causa tem efeito, tudo o que é efeito tem causa? Mas então, o que é o eu? Existe eu? Ou somos apenas um apanhado de memórias, uma construção a partir de acontecimentos, somos personagens bem construídos mas certamente desprovidos de alma? Temos eu? Somos? Nesse caso libertar-se não é justamente fazer o inesperado? Agir como um louco? A liberdade não é em último caso a loucura? Então, que relevância têm as situações em que estamos? Qual a importância da forma como vivemos? Um personagem é melhor ou pior que o outro? Mas se nos libertamos das memórias, se largamos a máscara, então o que somos, e que diferença faz o que fazemos? Existe qualquer princípio que reja nossa verdade? Existe qualquer sentido para se dar à liberdade?

Liberdade e Libertação

Eu não sei mais o que estou fazendo.

Eu não sei mais o que estou fazendo, gritou Will puxando a espada e e batendo na mesa, Não tenho mais controle sobre nada, não sei mais para onde estamos indo! Então liberdade é isso, essa deserção, essa vida que se parece tanto com Morte?! — Júlia, Lúcia e Pedro olhavam pra ele assustados, os corações fracos para tanta ferocidade, as mentes nervosas diante do desespero — Não tenho mais parâmetros, metas, formas de saber se vou para frente ou para o lado; como posso imaginar se estou fazendo o Certo ou o Errado; como posso imaginar se estamos vencendo ou sendo mais uma vez derrotados, disse Will, chutando a cadeira, Me sinto tão derrotado agora, a cada nova vitória, como se o mar da derrota tivesse engolido nossa frágil corrente de vitória.

Estou tentando me libertar?

Estamos nos libertando, perguntou Will, estamos realmente nos libertando ou mergulhando mais fundo em uma nova prisão? Estamos nos libertando ou simplesmente fugindo para nos tornarmos peixes num mar de tubarões? O que você acha, Lúcia?
Will tinha se aproximado e seu rosto estava a dois centímetros dos olhos dela. Pedro e Júlia estavam apavorados. Nada disso parecia bom, nada disso parecia normal. Eles só queriam desamarrar as velas e percorrer o mar, aproveitando o vento, quem sabe vivendo algumas pequenas aventuras. O mundo não era um playground? Lúcia, confusa, deu um beijo na boca de Will. Esperava que isso cortasse o efeito do desespero? ou simplesmente estava cedendo a um impulso?

Entretanto sinto que mais que libertação estou causando minha própria destruição. Não é possível mais parar, não há mais espaço para descansar, e rir, e perder tempo. Estou me tornando um amontoado de fazeres. De impulsos. Estou cortando as relações com qualquer parte da minha tomada de decisões. Tenho os braços e mãos atados, tenho os olhos vendados, estou seguindo sem saber o quê, estou seguindo tudo, como uma brisa, Uma brisa se espalha por onde houver lugar. Ou isso é que é libertação? Esse viver tão parecido com sobreviver? Essa alegria tão parecida com morte? Libertação é destruição? Libertar-se é sempre abdicar?

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Cães e gatos vivendo juntos{`Ç>:

http://www.youtube.com/watch?v=-fAGzY9rnaA&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=L1BSvoz96po&feature=related

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O que é amor pra mim

(este post não é sobre amor)



Sábado eu encontrei a galera e (uau, como eu estava ensiosa para encontrá-los!) ainda, digamos, não parece que foi suficiente, quero conversar mais, jogar mais, sair talvez, ir andar no parque, ver filmes, fazer essas coisas que amigos fazem. Me sinto feliz, exuberante, isso é estar apaixonada. A paixão não requer que seu objeto seja uma só pessoa ou objetivo, que seja homem, que seja belo, mas que seja bom, que seja incrível, que seja difícil e delicioso. Porque os conheço tão pouco, ou porque nos reunimos tão pouco, me sinto como num começo de namoro. É sempre assim? Isso é amor? Acima de todas as outras coisas de que falamos, isso é amor? Podem regras de RPG e receitas de culinária com Pokémons serem tão românticos quanto beijos? A ponto de me fazer esquecer a inauguração da casa nova de mamãe, ignorar o sono e rir como uma idiota até horas estúpidas da noite? A ponto de eu já me sentir ansiosa pelo próximo sábado?

Por outro lado, de modo geral, me sinto exultantemente feliz! Tudo parece praticamente impossível mas nada é difícil demais. É isso que bons amigos fazem comigo? Ou é isso que a atitute experimentadora me permite viver? Sou uma borboleta recém saída da crisálida, um bebê de pássaro saindo do ninho! Praticamente em todos os lugares onde vou encontro alguém que quer estar ao meu lado ao menos por alguns segundos, alguém que ainda não conheço por inteiro, mas que posso conhecer, alguém com quem posso conversar, alguém cujas portas estão abertas se eu tiver vontade de entrar; Aliás, não sinto sequer o mêdo, mais, de encontrar essas pessoas novas! Sexta mesmo invadi o bandeijão à procura do cara com quem eu conversava na aula mas que de repente eu queria que fosse meu amigo! Tudo é tão divertido! Tem tantas exclamções neste texto! !!!!!!! !

Porque o Bruno está sempre perguntando qual é a do apaixonar-se, eu mais do que nunca tendo a estar sempre respondendo. Quando a gente se diverte muito, e enxerga no outro a possibilidade de viver muito mais coisas boas, isso é paixão? Quando a gente imagina que quanto mais conviver com uma pessoa, mais coisas boas acontecerão, isso é amor? Quando toda vez que nos encontramos nos divertimos mais do que se estivéssemos separados, isso não é motivo para vivermos juntos cada vez mais?

E se isso tudo acontecer com uma única pessoa, que sente o mesmo em relação a você, então, como viver afastado dessa pessoa? Seria sequer possível não construir com ela uma vida, uma existência, sem negar sua própria felicidade?

domingo, 23 de agosto de 2009

Nervoso

Eu fico nervosa porque não sei fazer algumas coisas. Muito nervosa. Meu /mundo está, não sei, chovendo em mim. Eu/ //olho ao redore, não sei , ão sei /o qu/e /fazer, e, que porra é essa de aparecerem barras em /tudo o que eu escrevo?

Por exemplo, eu gosto do Jack, meu personagem alegre, amigável e assassino do rpg, mas sinto cada vez mais que não tenho a força necessária para interpretá-lo. E de que adianta ter um bom personagem se não sei interpretá-lo? E de que adianta jogar se no fundo eu sempre me divirto mais com o que os outros fazem? Se nunca consigo realizar o que realmente quero? Se só depois percebo que deveria ter agido dessa ou daquela forma? Não me sinto uma jogadora de rpg, mais, não tenho vontade de fazer ficha. Me irrita isso. Hoje eu /estava pensando seriamente em começar a beber antes das sessões, para ver se eu começo a agir, não sei se melhor, mas pelo menos mais. Mas isso tudo é bem fútil . Não é?

Não sei como os outros blogueiros conseguem falar tanto de assuntos gerais se só os assuntos particulares me são sequer alcansáveis. Me pergunto coisas. As coisas que sei não me interessam. Talvez só o que me apavora me interesse. Tenho mêdo de perder o Jack, de transformá-lo num personagem vazio, sem futuro, que nunca muda.

E eu acho que eu nunca me irritaria com um personagem bom que fosse chato. Entende? Por ele ser bom. Se ele fosse ineteressante, eu ficaria interessada nele, e seria isso. Não me importa tanto o jogo. Me importa os personagens. Eu queria poder explorar mais esse lado dos personagens. Parece que num jogo de rpg o que importa mesmo é a história, não os personagens. Sei lá. Talvez eu nem goste de rpg, na verdade. Talvez eu só esteja aproveitando a mesa para ouvir algumas boas histórias. Se fosse para participar delas, eu faria tudo diferente.

Ou eu deveria fazer tudo diferente? Será que eu deveria fingir que estou numa história, jogando com meus próprios personagens? Será que deveria ser tão impulsiva e verdadeira quanto sou quando estou sozinha? Mesmo se isso me levasse à morte? Se eu adoro a morte, talvez fosse inclusive mais justo perder as estribeiras. Talvez fosse completamente justo eu correr grandes riscos.

Mas eu, jogadora, não adoro a morte.

Bem.

Talvez eu jogadora tenha que me render ao meu personagem.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A Morte (liberdade)

"Nós tínhamos essa idéia, e mesmo depois de tudo continuo achando que a liberdade é o mais fundamental para a formação de qualquer pessoa, inclusive a liberdade de morrer, sem esse risco não somos senhores, mas escravos."

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A Velha da Pedra

Andei quatro dias para chegar a Vilania, e quando cheguei sentei na areia quante da praça principal e ali fiquei. Podia ver logo à frente a famosa pedreira onde Roder entrara para enfrentar o dragão, fechada agora pelos blocos de rocha que desabaram depois que o herói partiu. Conhecia tão bem aquelas pedras das histórias que encontrá-las frente a frente era como rever um amigo de quem se tem saudades. Levantei-me e andei em direção à pedreira, mas meu caminho foi interrompido por uma voz bonita mas cansada que vinha de uma velha em cima de uma pedra. "A caverna está fechada", disse a voz. Ela tinha cabelos prateados e muito longos, e vestia uma capa verde desbotada por cima de um vestido velho. Não estava olhando para mim, e sim para o horizonte. Seus olhos cinzentos pareciam estranhamente opacos. O rosto não era enrugado, mas era cheio de manchas. Senti uma imensa vontade de falar com ela. Não poderia ir à pedreira antes disso. Então eu disse a ela que já sabia que a caverna estaria fechada; que entretanto ainda queria ver o lugar onde o grande Roder havia matado um dragão.
Ela riu das minhas palavras. Riu sem olhar para mim, riu uma risada cheia, rude, velha, sem tirar os olhos do horizonte. "Está procurando no lugar errado", ela disse, com a voz melodiosa quase num sussurro. "Aqui nenhum dragão morreu", ela disse. "Vá embora", ela disse, jogando os cabelos sobre os ombros.
Eu queria ir em frente mas não conseguia me afastar daquela mulher. Enfeitiçado, me ofereci para contar-lhe a maior história de todas, a história dos sete dragões de Roder e da salvação do mundo. A mulher explodiu numa risada que a derrubou da pedra, e caiu graciosamente no chão diante de mim. Agora ela estava de pé, os olhos muito abertos olhando nos meus olhos, um sorriso brincando nos lábios, e naquele momento seu feitiço sobre mim a tornou a mulher mais bela que já existiu. E então ela disse:

"Não. Deixa que eu te conto a história do grande herói, menino."

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A Morte (II)

(ou: a morte dos ritos)



Se fosse Jack, e não eu, naquele dia, teria ficado provavelmente louco e destruído tudo o que seus braços humanos pudessem. Se fosse a Lôhba, não eu, teria engolido o cemitério inteiro com o poder dos diamantes que purificam. Adulta, a Lôba teria convocado as plantas a consumirem toda aquela parte da cidade. Esse era o poder que eu mais queria ter.

Mas não era um personagem, porque não era ficção; mas era tão incrível quanto se fosse. Apenas mais estúpido. Menos significado.

Em São Paulo, quando uma pessoa morre, chamam-se os familiares e os familiares chamam os amigos. Todos se encontram no lugar da morte, vestindo as roupas de sempre, e falando coisas triviais como se fosse um dia trivial. O corpo é lavado e vestido por membros da comunidade que se dedicam a isso ou pelos familiares mais próximos. Vestem-no com suas roupas favoritas ou com roupas de festa, como a criar um personagem no qual fixar a imagem do morto. Escolhem um caixão entre os vários produzidos por outros membros dedicados da comunidade. Deitam o corpo, vestido e perfumado, dentro dele, e o cobrem com flores e véus, e o rodeiam com conjuntos enormes de flores com faixas onde estão pintadas as frases tradicionais. Alguns se despedem do morto beijando sua testa, outros o evitam. Põe-se a tampa no caixão e se a lacra com sete chaves, para evitar que algum dia seja aberta. Acredita-se que o morto está ali naquele corpo, que deve dormir seu sono eterno junto à sua família, e que deve dormir lacrado, trancado, cimentado, sob a terra. Guardemos os mortos. Temamos os mortos. Um grupo de pedreiros carrega o caixão sobre um veículo primitivo de rodas e tubos de ferro, pelas ruas da cidade miniatura, entre as plaquetas de bronze, entre caixas de pedra, até a que tem o nome da sua família. Abrem uma porta minúscula na caixa de pedra. Um pedreiro desce, joga para fora as ferramentas, recebe dos outros o caixão, eincaixa-o numa prateleira, pega de volta a colher-de-pedreiro, recebe uma porção de cimento, uma porção de tijolos. Outro pedreiro entra, juntos os dois controem uma parede entre o morto e os parentes junto aos quais ele deve permanecer. Conversam enquanto trabalham, sobre o trabalho, o cimento, a chuva. Quando terminam, devolvem para o túmulo as caixas onde estão os ossos da família. Saem e fecham a porta. Cumprimentam os familiares e vão embora. Apenas mais um dia de trabalho.

Existe um velho mito Ibo segundo o qual o Grande Espírito, Chuku, manda o cachorro dizer aos homens como reviver os que morrem. Porém o cachorro se distrai pelo caminho, e Chuku envia então o carneiro para passar a mensagem. O carneiro diz aos homens para enterrar os mortos, e é isso que os homens fazem. Mas o carneiro havia confundido a mensagem. Quando o cachorro chega, diz que o corpo de um homem morto deve ser deitado sobre a terra e coberto com cinzas, e então ele reviverá. Os homens não acreditam porque acreditaram no carneiro. E assim os homens conhecem a morte.
Nunca entendi porque os Ibo, que conheciam a lenda, não espalharam a mensagem verdadeira do cachorro, por que continuaram enterrando seus mortos e não os cobriram com cinzas. De modo geral nunca entendi a idéia de sepultar os mortos, de guardá-los sob a terra. Uma grande cidade de mortos. Pra mim é um grande mistério.

Por via das dúvidas, quando eu morrer, não me enterrem. Não guardem meu corpo - se quiserem, destruam-no.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A Morte (I)

(ou: descobri que odeio cemitérios)



Na região de Canzara os ritos fúnebres sempre foram levados muito a sério. Quando uma pessoa morre, parece que até o ar muda subitamente de cheiro. A notícia se espalha como sementeira alada, corre no vento, e todos os que ficam sabendo vestem imediatamente o manto amarelo de couriú, que em um dia se alaranja, em dois se avermelha, em três se amarronza, em quatro anegra. Assim os campos de Canzara vão se colorindo gradualmente, de dentro pra fora, e ao mesmo tempo de dentro pra fora vão perdendo a cor.
Durante uma semana cada pessoa age de acordo com as regras do couriú: os que vestem o manto amarelo lavam a casa, as roupas e os cabelos, não podem comer e também não podem falar; os de manto laranja comem pão-de-frango e folha de canhacheira lambida no fogo de vela (é o dia favorito de todos), passam o dia cantando ou rezando, e dependendo da lua têm que cortar os cabelos; os de vermelho pintam o corpo, saem de casa com lanças e só podem comer o que puderem matar; os de marrom quebram suas lanças e se alimentam de cascas de árvores, raízes, folhas e flores, se houverem; os de negro se banham na lama e voltam para casa, onde, depois do último canto, voltam às suas vidas normais. Poucos dias depois o couriú se desprende do manto e só aí as pessoas param de usá-lo. Dizem que é o sinal de que o mundo pode continuar como era antes.
As cores do couriú regem também a preparação do corpo. Os mais próximos do morto clamam para si, através dos versos tradicionais, os deveres para com o corpo. Quando é necessário, o resto da comunidade executa as regras do couriú no lugar dessas pessoas, que têm deveres diferentes. No dia amarelo, é preciso lavar o corpo e preparar a madeira para o caixão. A madeira precisa ser de três árvores diferentes, escolhidas pela primeira pessoa. No dia laranja, usando velas laranjas, deve-se queimar os cabelos e todos os pêlos do morto e preparar as tintas para o caixão. As tintas também devem ser feitas com três pigmentos diferentes, escolhidos por uma segunda pessoa. No dia vermelho, enquanto todos os outros deixam suas casas, os preparadores pintam cada milímetro de pele do corpo e constroem o caixão com todos os cuidados. No dia marrom, ainda mais sozinhos, os preparadores terminam os detalhes finais do caixão, cobrem-no de pinturas, forram-no com terra, põe o corpo dentro dele e o fecham com sete fechos. Depois limpam a bagunça, a si mesmos, uns aos outros. Esperam sozinhos pela chegada dos outros. Choram, talvez.
No dia negro todos voltam para a cerimônia da morte. Voltam cobertos de lama, vestindo mantos negros, famintos e ferozes. Nos outros lugares esse é um dia tranquilo em que tudo volta ao normal assim que a lama se dissolve na água do banho, mas, aqui, onde um homem morreu, é um dia muito estranho. Das sombras das casas surge um grupo de homens (?) vestidos de preto com máscaras pretas de feras. Não se vê nenhuma parte de seus corpos, e ninguém se aproxima por causa do mêdo e do cheiro de morte. Ninguém diz nada: eles levantam o caixão pintado e carregam-no até um lugar vazio decidido por eles, enquanto os outros seguem, silenciosos. Pousam o caixão no chão. Tiram de dentro do manto armas colossais --- machado, facão, picareta, foice, martelo, enxada, forjados, polidos e afiados para serem grandes, negros e brutais. Com um guincho de fúria o primeiro machado desce sobre o caixão dividindo-o no meio, seguido pelo urro da picaretada, pelo estrondo do martelo que lança pedaços de madeira sobre os demais; a comunidade urra, recua, se excita e se assusta, as lâminas sobem e descem, as feras gritam e rugem e saltam sobre o corpo enquanto despedaçam-no com sua fúria, o camunidade grita e canta os cantos de morte, de liberdade, de mêdo, a carne, a terra e a madeira voam, a fúria e a morte voam, os ossos se partem junto com as tábuas, e quando acaba as feras rugem levantando as armas e a comunidade pula sobre os restos (carne osso madeira terra tinta) e os agarra, os disputa, cada um ansioso por enterrar um pedaço, o maior, mais fundo.

De repente a comunidade se dispersa. Banho, comida, a vida segue em frente. As feras já desapareceram faz tempo. As pessoas estão cansadas. A terra mexida e novamente vazia (ao menos na superfície) ficará abandonada até que couriú se desprenda das nossas roupas. Então, tudo será como sempre foi.

sábado, 25 de julho de 2009

Mood

I don't know what I am for



All around me are familiar faces
Worn out places - worn out faces
Bright and early for their daily races
Going nowhere - going nowhere
And their tears are filling up their glasses
No expression - no expression
Hide my head I want to drown my sorrow
No tommorow - no tommorow

And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I'm dying
Are the best I've ever had
I find it hard to tell you
'Cos I find it hard to take
When people run in circles
It's a very, very Mad World

Children waiting for the day they feel good
Happy Birthday - Happy Birthday
Made to feel the way that every child should
Sit and listen - sit and listen
Went to school and I was very nervous
No one knew me - no one knew me
Hello teacher tell me what's my lesson
Look right through me - look right through me

And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I'm dying
Are the best I've ever had
I find it hard to tell you
'Cos I find it hard to take
When people run in circles
It's a very, very Mad World

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Eu sou uma pessoa constante

Eu estou aplicando os marcadores do blogger aos meus posts antigos. Queria fazer isso faz tempo, mas sempre soube (ainda sei) que dá um trabalho do capeta, por isso não tinha feito ainda. Criei muitos marcadores, mas não foram exatamente suficientes porque nem tudo pode ser classificado, e tal. Além disso havia coisas que eu não queria agrupar, como todos os posts depressivos, imagina?

Enfim, um dos posts era esse resultado de quiz sobre mim:


You rank up there with your seduction skills, though you might not know it.
That's because you're a natural at seduction. You don't realize your power!
The root of your natural seduction power: your innocence and optimism.

You're the type of person who happily plays around and creates a unique little world.
Little do you know that your personal paradise is so appealing that it sucks people in.
You find joy in everything - so is it any surprise that people find joy in you?

You bring back the inner child in everyone you meet with your sincere and spontaneous ways.
Your childlike (but not childish) behavior also inspires others to care for you.
As a result, those who you befriend and date tend to be incredibly loyal to you.


Três anos depois, ainda acho que essa resposta tem tudo pra ser verdadeira. É claro, eu teria que perguntar pra eles pra saber a verdade ^^

Enfim, como será que eu vou marcar este post?

domingo, 19 de julho de 2009

Manual do Minotauro - Missão




A vida é linda, não é, Laerte?

E os desejos confusos

(porque, foda-se o mundo, I get off on being completely sincere)



Então a vontade de transar com todos os caras do mundo passou. Não sei explicar como, nem porque. Foi suave. Foi de repente, você passou por trás de mim e eu senti o seu cheiro, e dali a pouco tudo o que eu queria era dormir nos seus braços. Eu abracei você e pedi pra você ficar, e dessa vez era você, só você, e mais ninguém poderia me abraçar naquela hora, ninguém mais tem o seu cheiro, o seu calor, o seu carinho. É isso que eu quero dizer quando digo que eu te amo.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Least I Could Do


Questões de cunho moral e filosófico

"Desde muy temprano se sufre, pero sólo desde cierta edad se aprovecha." - Alfonso Reyes, Tertúlia de Madrid, III



Há um ditado que diz que "mais vale um pássaro na mão do que dois voando", outro que diz que "quem não arrisca não petisca", outro que diz que "tudo está bem quando acaba bem" e outro que diz que "de boas intenções o inferno está cheio". Cresci ouvindo essas coisas, muito bem usadas, muito bem argumentadas, e acho que a meu modo sigo as duas primeiras mas não as duas últimas.

Recentemente corri um risco para evitar ter apenas pássaros voando, e posso dizer de certa forma que tudo acabou bem, mas essa resposta não é suficiente para minha filosofia. Não consigo avaliar precisamente se foram boas ou más minhas intenções, para não mencionar os métodos. Não sei dizer se foram os fins que justificaram os meios, ou se foram os meios que justificaram os fins. Se esta é uma história a que bem e mal talvez não se apliquem, então as duas coisas são verdadeiras. Dá na mesma se tanto os meios como os fins foram por um lado bons por outro maus. Assim a questão só se propõe justamente porque, na questão de um risco cuja validade é questionável, a ceitação final desse risco depende inteiramente do resoltado (que pode ser tanto petisco quando desgraça); como podemos tomar decisões razoáveis quando há uma questão assim em aberto?

É como a questão do House, que toma decisões sem antes confirmar suas teorias e faz todo tipo de coisa que pode "matar ou salvar". House é respeitado, embora não pela comunidade médica em geral, apenas porque está sempre certo. Se um dos seus palpites estiver errado, e ele matar uma pessoa, sua carreira, sua ideologia, sua vida vai por água abaixo? Será que a Cuddy, que sempre apoia suas loucuras, embora com limites, conseguiria perdoá-lo se ele matasse um paciente com um tratamento errado? O House pode tomar decisões potencialmente más porque ele é foda, mas e o resto de nós, pessoas reais? Será que seguir nossas intuições é o suficiente para fazer a coisa certa? Ou será que, tentando seguir uma ideologia perigosa, nos tornaremos eventualmente os vilões?

Se eu faço uma coisa que pode ser imperdoável, e por acaso essa coisa não tem conseqüência negativas, não seria moralmente correto que de qualquer forma eu não fosse perdoada?

Por outro lado, se eu faço uma coisa que pode ser a salvação, e por azar essa coisa só tem conseqüência negativas, seria moral que eu fosse condenada?

Talvez fosse mais justo se, nessas situações em que os resultados determinam a validade de uma ação, os julgamentos fossem baseados nas informações que o ator tinha antes de atuar; afinal, se duas pessoas fazem a mesma coisa, e uma destrói a cidade enquanto outra salva um ônibus escolar, as duas são igualmente boas ou más. Não?

O problema, que é o mesmo problema que existe para o ator, é como avaliar as possíveis conseqüência dos seus atos. Muitos, como eu, escolhem a partir de sonhos e intuições. Como colocar essas coisas na balaça?