quarta-feira, 26 de abril de 2006

O Impulso Inicial - II

Passaram-se alguns dias. Os dias, em si, foram tranqüilos, mas o acúmulo do tempo em minhas costas foi levando-me para cada vez mais longe de ti. A maré do meu tempo jogava-me de um lado para o outro -- e eu temendo a morte agarrava-me aos braços dele para poder resistir à sua fúria oceânica. Toda a vez que pensei em ti, toda a vez que lembrei do teu sorriso, senti o desejo de liberdade das lágrimas forçando-me a rosnar de raiva da minha própria dificuldade de sorrir. Mas então desapareceste, e me vi sozinha em meu navio. Desculpe-me, eu peço. Mas ninguém responde. O barco vazio e no calor do barco vazio a sensação dos seus olhos me encarando, ou seus olhos com simplicidade e abertura. Adormeci, e sonhei com você. Você estava parado, me olhando. Não fomos além disso. Nem poderíamos; arrumei meu quarto até que ele estivesse mais bagunçado que antes, e parti. Passou-se mais um dia e eu não pensei em ti. Mas o barco tinha o teu nome: afundei-o.

A Menor Idéia - (a)

Vocês não têm a menor idéia do que estou sentindo.
Vocês não fazem a menor idéia desta raiva e frustração.
Vocês não podem saber desta vontade de urras que os odeio...
eu gostaria que não soubessem nunca.
Mas não posso ocultar.

Vocês não têm a menor idéia de como dói.
Vocês não têm noção do que me persegue,
Mas no fundo eu também não tenho a menor idéia.

Eu não quero dizer que te odeio
Eu não quero te fazer chorar
Eu não quero te fazer desistir de mim
Eu não quero parecer amarga
Eu não quero que me vejas chorando

Mas eu não quero continuar assim...
por que é que toda a vez que vou comentar tenho vontade de chorar...?

Hoje

Hoje eu estava pensando em você ^^

segunda-feira, 24 de abril de 2006

O Impulso Inicial - I

Quando os olhos fecharam, tive vontade de apagar também os meus. Aquela era a deserção que eu esperava que jamais acontecesse. Cambaleei um ou dois quarteirões das fugas frustradas da minha infância e, diferente de você, senti lágrimas molhando a pele próxima aos olhos. Diante de mim aquele teu olhar furtivo sério bravo triste seu. Quanto te afastaste, meu coração parou por um instante, em dúvida entre a tua vida e a minha. Eu não sabia que ia ser assim tão... insensível. Com aquela mesma certeza aceitei novamente tua rendição, tua miserável vitória sobre a minha saudade. Novamente me ordenei que esquecesse de uma vez por todas aquilo que um dia quisera prometer a ti. Calei-me. O silêncio da minha vontade fez com que todo o meu esforço perecesse inútil. O silêncio da tua cumplicidade fez com que o fosso que um dia cavamos reaparecesse por baixo das ataduras nas feridas mal-fechadas. Calei-me: diante de mim os seus olhos pedindo uma resposta minha. E os dele. Não tive mais vontade de chorar. They say the best day of my life is the day that I die.

terça-feira, 4 de abril de 2006

hihi

Então agora eu sou xamã. Hehe ^^
Estou ronronando, e muito mais do que você, Cham, quando recebeu aquele meu e-mail falando sobre a respiração de Tendor. Não é sempre que a gente recebe um elogio.

E desvairado e louco, sou o mar
Sonâmbulo, patético e sem fim.

Ou algo assim.


Ai Luque, de certa forma você tinha razão: estou de férias.
Mas não acho que seja tão assim férias dele. Ou pelo menos não só, porque, sabe, mesmo que gere saudades ficar longe é bom um pouco.
Mas na verdade tirei férias de outras pessoas também, e acho que dessa forma tirei férias de mim mesma. Acho que você vai entender.

Os amigos são na verdade uma porta para o mundo, que nos liberta, sim, sem deixar de ser um obstáculo.
Deus escreve certo por linhas tortas
usa cadeados para abrir-nos portas
e janelas se nos quer aprisionar.
O problema é que às vezes a amizade acaba trazendo obrigações e exigências que não são tão necessárias para a sua sobrevivência, e que às vezes impedem que façamos novas amizades. É impossível ter tantos amigos assim.
E hoje foi até um pouco bom vocês não estarem aqui porque eu gostei de poder conversar um pouco com elas, pra variar, sem me sentir muito esquisita.
E eu sempre acho engraçado como eu posso falar absolutamente qualquer coisa para o Guigo (embora eu nunca fale concretamente) porque afinal ele não é próximo o suficiente para saber com certeza todas as implicações daquilo que eu falo. Não é uma questão de ele não entender, é mais uma questão de manter as noções absolutas.

Enfim, eu escrevi aquele poema faz um bocado de tempo, provavelmente na última vez que eu decidi terminar com ele, mas, vocês sabem, ele realmente sempre me reconquista por um triz...

e eu me espedaço em vão contra o infinito.

segunda-feira, 3 de abril de 2006

eu nunca achei que fosse publicar aquelel poema... (também pra quê...)

Alarara - ...

Então por que eu não escrevo mais?
Acho que o tempo acabou...

...

... parece meio idiota querer uma morte lenta e dolorosa, mas é isso que eu quero agora.
Estou com dor de mim, e insisto em fingir que sou feliz.
Nos seus braços quente eu dormiria um sonho eterno. Mas quem é você afinal?
Ou melhor, qual a cor dos seus olhos? ...
E eu insisto em dizer que estou feliz, porque sei que vocês me fazem feliz...
Mas essa morte lenta e dolorosa que eu espero, esse desafogar do meio peito lacerado, me repete meio sem querer... Você não existe, não é?
"Não quero amar ninguém" , eu disse.
Mas não era realmente verdade.

Então eu estou ficando louca.
Por que olho para vocês e são corpos beijos bocas carnes peles sexos sangues salivas celomas e artéias pulsantes nas linhas dos seus pescoços chamando pedindo meu sangue meus dentes e principalmente minha loucura quando olho vocês e são homens meninas cachorros cinísias e carnes e gostos e cheiros e sonhos e todos e o próprio instinto de devorar de desfazer de destruir e consumir de abocanhar e ser e ser e ser
de novo eu estou ficando louca porque de tudo o que tenho de reprimir o que menos dói é o que mais machuca, e dói então toda vez que eu sinto a linha do seu pescoço (existe um algo qualquer nas linhas dos pescoços...)

"Se o amor não for o que eu espero", eu disse, "não quero amar ninguém".
de medo de dizer em voz alta que eu não queria amar você.
mas era tudo simplesmente medo de aceitar o amor. Era tudo mentira.
Porque mesmo se eu estiver num daqueles iates grandes e luxuosos e sem-graça eu vou continuar adorando estar num barco no mar
e eu quero navegar no seu mar
mesmo se não puder ser num hobiecat
eu não tenho medo de me perder
eu não vou me perder, sabe...

Meus medos são muito outros.

Você disse que todo o mundo entendeu meu post, mas, pensando bem, se todo o mundo entendeu que o meu post falava de amor, então todo-o mundo perdeu o mais importante...
Na verdade a parte que todos entenderam era a que ninguém precisava entender.
E o que eu queria que entendesse...
...bom, isso não vai mudar tão cedo, não é? Ainda há tempo de sobra para entenderem...

Mas o amor nunca foi realmente o problema. O amor era simples, fácil de ser entendido. O amor era como a loucura.
O grande problema sempre foi a amizade... E a tênue distinção entre o que existe e o que não existe. Aliás eu tive um sonho hoje. e no sonho eu percebia que era tudo invenção minha. e começava a inventar o ao-contrário. Ai, Deus, e u é?

No fundo do peito cála uma dor sem fundo.
Acho que nunca me senti tão só...
Vou me recolher ao fundo da minha toca e ficar lá remordendo minhas feridas e dúvidas...
ou vou perguntar ao I-Ching do Charles huhuhu...

Quero um amor que corte-me as amarras
e que me deixe livre pra voar
e que me traga paz e desafio
para eu querer amar.
Quero um amor que mude a minha vida
e que me permita me libertar
e que seja um amor não-declarado
pra eu querer conquistar.
O amor que tenho não é brincadeira
talvez por isso, não me satisfaz
quero um amor que seja aventureiro
para eu correr atrás.
O amor que tenho é muito acostumado
àquela sensação de estar feliz
quero um amor que me conquiste sempre
mas sempre por um triz.
Mas se o amor não for o que eu espero
e se for impossível esse alguém
deixo que o amor se perca no mistério:
não quero amar ninguém.