terça-feira, 23 de novembro de 2010

Saudades [1/8/2005]

Não sei se você concorda
Se discorda
Se acorda
e de manhã o mundo sempre é outro
Mas eu sei
e sinto por saber
que hoje
só hoje
agora
eu quero chorar por não te ter
eu sinto saudades, juro que sinto.
Quero um abraço seu.
Quero um doce, um maracujá, um sorvete.
Quero você de volta
quase quero brigar com Deus.

Sem nexo [20/7/2004]

Abro os olhos:
nada vejo
Nada sinto
nada falo
sou um pedaço de corda
môrto, rôto, amordaçado
Calado com ferro ardente
Não tenho boca, mas dente,
dente, ah, eu tenho de sobra
Sou uma loucura indecente
Um desespero fremente
Um nada acorrentado.
Quem irá calar a voz que não consente o tempo,
que se esvai tão vagarosamente...
Nem sempre o canto é uma desforra,
pode ser a hora
pode ser agora
pode ser perfeito mas não tenho nada; ,
Portas fechadas, todas!
Calai as vozes.

Fecho os olhos.

Sou azul por dentro.
Azul porque, se não fosse,
seria qualquer outra coisa.

Cálo-me diante de seu mêdo.

Fecho a janela,
fecho cada fresta,
cada espiadela,
uma cena sinistra,
uma lógica antiética,
antitésica, morfética,
ilógica, sem nexo
sem lexo, sem sexo
Como aliás, todas as coisas
menores.

Morro de sono.
Tua poesia vai
além das minhas saudades...

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Estou me divertindo com esses poemas antigos, escritos com as vozes de baixo do pensamento, as vozes do fundo da cabeça que não estão preocupadas em alinhavar um sentido. Por exemplo, eu não acho que todas as coisas menores sejam morféticas (uau, tirei essa do fundo do baú da tia... hm, qual tia era mesmo?) nem ilógicas, mas podem ser virgens com vocabulário ilimitado, acho que sim. Não sei se isso tem algum significado, acho mesmo que é só poesia bruta.

O que eu gosto é aquele trecho da primeira estrofe - dente, ah, eu tenho de sobra! - e o fim dessa mesma estrofe, que é uma referência rítmica ao poema que eu fiz pro livro do Azem no ginásio (Lua Nova). Aliás,

não faço idéia do que é a última estrofe.

Sem te desfazer [7/4/2005]

Pela estrada
esse caminho longo
que não me diz nada

Os sóis irão se pôr
todos
e ao mesmo tempo
E eu irei aonde fôr
sempre
seguindo o vento

e o vento não vai correr
morrer
não faz mais sentido

E se for para morrer
sofrer
com que objetivo?

E por que então não sofrer?
Sorrir
por que não vencer?

Que gosto tem o prazer?
sentir
Pra quê vens dizer
Que eu tenho gosto de céu
de sol
de mar
sem (cem) ondas pra navegar
seguir
Pra te conquistar?
Pra te alcançar?
Nesse mundo sem rumo
sem mêdo
sem esse mundo
O que você quer
que eu posso te dar
Sem te machucar...
Sem te desfazer?

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Eu dei uma limpada nesse poema, pra dar a ele um pouco mais de independência do tempo e das cirscunstâncias em que ele foi escrito. O que tirei foram uns entre-parênteses, dizendo que o vento ora sopra para o norte, ora para o sul e, afinal, por que morrer, se amamos?

A mali-chan que escreveu esse poema estava sentindo que odiava tudo o que a fazia oensar, porque pensar dói, ou talvez porque pensar é se propôr a procurar uma conclusão entre todas as possibilidades antagônicas de sentido que se pode atribuir a uma observação e de escolhas que se pode fazer. Dá pra perceber que é um poema essencialmente sobre a dificuldade de se tomar decisões?

A propósito, alguém mais tem a sensação de que talvez o verso "por que então não sofrer?" tem um sentido oposto ao que parece? Fiquei muito tentada a mudá-lo para "e então, por que não sofrer?" ou "e por que não não sofrer?"... No final não cheguei a uma conclusão a respeito de qual deles era melhor. Acho que é um ponto fraco desse poema, que poderia ser melhorado se eu não achasse ele meio medíocre de qualquer forma.

Eu também coloquei um ou outro acento diferencial porque a falta de tônica estava me incomodando (e, sim, faz diferença).

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Ser [1/4/2005]

Ser ou não ser?
Não ser um ser
Ser um não ser
Não ser
Entretanto ser um não-ser
É ser
E tudo o que é é um ser.

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Que divagação mais curiosa. Puta análisa semântica de uma construção que só é possível sintaticamente. Paradoxo derivado de definição completa, incoerente.

O Amante da Estrela

Seus olhos encontraram uma estrela
na profunda escuridão do infindo céu.
Aquela estrela brilhava intensamente
ofuscando seus olhos cor de mel...

Seus olhos encontraram uma estrela,
e desta estrela tirou forças para lutar,
para se levantar e vencer seus medos,
para se erguer das sombras de tantos segredos
e permitir que a luz a iluminasse...
A estrela longe no céu, a brilhar...

Seus olhos tão profundos, penetrantes,
a estrela tão distante admiraram
e a estrela respondeu com um sorriso terno,
eterno, etéreo, lúcido, insano e escuro.
Olhos brilhantes que a estrela amaram.

Seu corpo vacilou no azul do espaço,
sua mente despertou de um sono longo,
seu coração bateu num baque fraco.
Mas seus olhos não deixaram sua estrela,
mas seus olhos foram fiéis, apenas eles...
Perderam a cor do mel, e um brilho opaco
marcou para sempre seus olhos escuros, perenes.

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Que poema bizarro. Não tinha nenhuma lembrança dele e o li como se nem fosse meu. acho que eu era muito pouco rigorosa com a pontuação nessa época, e hoje isso me incomoda absurdos!

Changing [17/9/2008]

Sabe, resolvi olhar uma coisa no meu flog e fiquei impressionada com como tem umas coisas legais l[a. E como a galera respondia, mesmo quando as coisas eram uns desabafos náo táo legais! Al[em do mais boa parte do que eu li foi de uma fase bem interessante da minha vida. Bom, náo resisto {a tenta;áo de publicar aqui um poema tirado de l[a1

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I used to be something different,
something made of something else;
My feelings were dealt with differently,
perhaps exquisitly felt;
My dreams developed strangely;
my loves would bizarely melt.
Did anyone rearrange me?
Or did I reshape myself?

I once had a different accent,
wore different clothes and hairs;
And different friends presented me
unique unusual dares;
I had other inspirations,
I performed a different act.
What is it with transformations?
How can I deal with this fact?

This former me, was it good or bad?
This former me, was it joyful or sad?
This present me, is it wise enough
to pay respect to what's buried beneath?

This former me, is it gone for good?
This former me, would it live if it could?
This present me, is it strong enough
to carry the legacy trusted to it?

A mesma hist[oria? [7/4/2005]

Parado.
Os olhos correndo
param
perdem correm voltam
param.
As mão abertas se fecham
as fechadas se abrem
suam
tremem tremem tremem
brincam no ar
o tempo parado corre
passa sem passar
o tempo não existe mais
o tempo, o tempo a mesma história?
o mesmo tempo
o para sempre
o todos nós.
Se somos tão absolutamente iguais
por que é então que havemos de ser diferentes?
Se estamos todos no mesmo barco,
nadamos contra a corrente,
e aí?
Somos todos diferentes.
E nós
em nós
a agonia de ser diferente
igual
a agonia
os passos imóveis
os gritos calados
se somos diferentes, por que é então que buscamos sempre a mesma coisa?
A mesma regra?
A mesma vida?
Se somos diferentes, por que então sofremos igualmente
essa impotência
essa desimportância
essa ignorância
da vida
o que é impossível?

Se n'ao fosse errado [24/7/2004 - 2008 - hoje]

Se não fosse errado, eu bateria palmas,
cantaria os salmos, eu proclamaria
todos os poemas dos quais eu lembrasse.
Se não fosse errado, eu gargalharia,
me contorceria, cairia no chão
rolando da cama de tanta alegria.
Se não fosse errado, eu sairia correndo,
eu subiria as ruas, eu te alcançaria
eu descobriria a cor da tua casa
e a invadiria, e a saquearia,
te faria esp[olio, eu te levaria
a tornar-te meu, eu te aliciaria
a cometer loucurar sem explica;'ao
se não fosse errado, ou talvez mesmo sendo.
Se não fosse errado, eu dançaria livre,
eu andaria nua, dançando nas poças
d’água fria e suja, as alegrias nossas
seriam eternas, seria uma baderna
eternamente lírica e sem discussão,
se não fosse errado, como as coisas são.

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Este poema (do qual eu escolhi mostrar uma vers'ao mais recente) est[a guardado aqui com uma frase, com a qual n'ao sei bem como ele se relaciona:

"É a última palavra que eu digo e, entretanto, é o começo de tudo. Não tenho medo de você. Tenho um desejo, um desejo profundo. Só isso."

Gosto bastante dele. Meu verso favorito [e "se n'ao fosse errado, ou talvez mesmo sendo". Acho que d[a um f"olego de possibilidade, e gosto que isso aconte;a no meio, n'ao no fim, que [e uma conclus'ao sem liberdade.

O Sol [fev.2004]

O sol.
Quem me compra um jardim com flores
Se o sol não lhe chega perto?
As paredes com várias cores
pintadas com a própria vida
se algo falhar, decerto
o sol não desalumia?
E se apaga o calor do dia?

Hoje eu fui à fossa
Tirei dum canto um pau-de-chuva
que eu nunca vi o sol morrer na seca
Eu vi o sol raiar e oa passarinhos cantarem
A janela estava trancada,
a lousa vazia.
Os olhos todos vazios.
Hoje ouvi o horros cantar e as almas chorarem
E os sonhos todos morrerem.
Que bom que os espíritos falam
se o coração cála.

Sozinho [9/3/2005]

Estou só
Inteiramente só
Precisamente só, neste poema silente
neste poente.
A fome, a dor, a pena
não encontram
procuram
a perdição oculta em minhas pequenas mãos
a árvore
a folha
a pedra fria e a minha solidão
Não incomodam
como a dor e a fome
machucam.
o céu azul não adivinha
a grama nascendo
sob meus olhos
o fluxo do sangue
paixão eterna juvenil
meteoritos, explosões de plasma, líbelulas voando infinitamente rápidas e volúveis em sua discrição perene,
uma gota
d'água.

---

Ah, esse é um dos poemas de que eu gosto de verdade! Fiquei muito feliz com a progressão rítmica dele. Além disso, as imagens são muito minhas.

domingo, 21 de novembro de 2010

Solitude Sons (anos 2000)

They say god told us...
The world was ours....
The dream was over...
'Cause now is real...
It's our own force.

There's no desire...
And all is done.
I feel aside, despite
I never won...

No reality...
No will, no love...
It's all for none; they're gone
Who really won...

Is there someone…?
It is so wrong…
Are we alone, so long?
Solitude sons…

---

Fico até meio triste com esse poema. Acho que ainda sinto uma certa agonia quando alguém comemora uma vitória mas... eu não venci nada...

Sombras [11/7/03]

Sombras
São nada menos que luzes
Que morreram
E por morrerem escondem-se
Nas sombras.
Que mito sombrio se oculta
Nos cantos incertos da luz morta?
Que louco ousaria buscar
Nas incertezas do manto
Da luz vestido ao avesso
Um algo qualquer
Pelo qual valeria a pena morrer de corpo e de alma

---

Sombras são nada menos que luzes que morreram - oh yeah.

Sonhos (28/02/1999)

Cada sono tem seu sonho
Que se sonham toda hora
Em cada sonho que se sonha
Baseia-se uma nova história

Eu nasci e eu cresci.
Cresci no mundo das nuvens e voei para o mundo dos sonhos.
E toda noite eu vou para o mundo dos sonhos.
Um lugar onde tudo é real e não existe impossível.

Onde você vê o invisível
Onde você ouve o inalditível
Onde você sente o insensível
Onde tudo pode ser possível

E se você deseja o indesejável
Ou você toca o intocável
Se o mundo dos sonhos me ensinou?
O inimaginável me mostrou

Quando o mundo dos sonhos posso ver
Vejo algo que não posso descrever
Se nesse mundo existe ódio, tristeza e dor
Também pode haver felicidade e amor.

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Eu declamei esse poeminha para todos os pais e alunos do primário do Santa uma vez. A razão disso é mais queeu tinha escrito muitos poucos poemas do que qualquer outra. Mas acho que também eu precisava mostrar para todos a minha defesa ao mundo dos sonhos. Sabe, quando eu era pequena (há não tanto tempo assim) meu sonhar acordado era muito reprimido e discriminado. Os garotos da escola me achavam esquisita e meus pais estavam sempre me chamando de louca (mas pelo menos minha mãe não se importa em pagar a conta do psicólogo...). Então eu acho que esse poema tinha um certo valor de manifesto. Aliás acho que tudo o que eu faço é um pouco manifestoso. Nessa época todos os meus poemas estavam atestando veementemente alguma coisa - o valor dos sonhos, meu valor como contadora de histórias, a importância da natureza, a crueldade das queimadas, etc.

Son of Youth

Son of youth
What is there to fear
Sing a song
Make the frightening hear
Make the evil go
Tell him "I am here
And I do not fear you"
Son of youth...

Dream a light
Make your dreams come true
In your eyes
In your soul too
If the nightmare comes
Will it frighten you?
You're not alone in the dark, dear
Son of youth!
(Run not!)
Listen to your own heart, dear
Son of youth...

Stand your ground
Nightmare's just a dream
If you lose this hound
Next time you'll surely win
There is no other way...
Why don't you simply sing?
Sing for there's nobody stronger than
A son of youth...

Son of youth
Is what you fear true?
This's your world
Here you make the rules
Here there're no evil beings
Nobody can fight you
You turn nightmares into dreams, here
Son of youth!
(Run not!)
You make the rules of the ring, here
Son of youth...

Son of youth
You should fright your fears
In the song
They will surely hear
When the evil know

---

Outro incompleto. Eu escrevi isso essencialmente pra dizer que a pessoa que sonha sempre pode usar seus poderes para transformar pesadelos em sonhos bons.

sábado, 20 de novembro de 2010

Patadas Tapadas

Entre patadas tapadas
e muitas risadas
e muita desilusão
Passos alucinados
e sapos guardados
no fundo de velho caixão

Como, como, como, como dizer... não?
Como, como, como, como dizer...
Que tudo foi em vão?

Tapas de patas marcadas
de garras e dentes
e presas, latentes
de sabres luzentes
de firme marfim

[20/8/02]
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canção obviamente incompleta.

O Sinal da Primavera (jun-jul/99)

Se o jardim florescer
Posso te prometer,
Neste azul tão profundo,
Quero ver o sol nascer!

E se o céu clarear,
Ou se o dia raiar,
E se o tempo esquentar,
Eu quero agradecer.

O sol está brilhando,
Primavera chegando,
Mas tem o mês de julho
para ela chegar.

O azul mais profundo,
Forte claro e bonito
Que em todo este mundo!
De alegre dou um grito!

Mas é frio no outro dia!
É um fio de esperança
Que o mundo nos manda,
A manhã de alegria.

Nem céu



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ok, essa canção veio pra provar que eu já gostava muito de sol com 11 anos de idade

Templo [set/2004]

Eu ergui um templo pra você.
Para aquela sua lágrima salgada
Para aquela sua vida ali roubada
Como eu espero sempre que não seja.

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Eu desenhei um templo em volta da lágrima do Yuri, é verdade (você lembra?). Acho que quando eu cheguei no terceiro verso eu me dei conta de que "vida roubada" é uma referência a morte. Que vergonha!

Tempo (fev/2001 - agenda)

Tempo, tempo, infinito,
Tempo, tão bonito,
Tempo assim de ser.

Tempo, tempo, chuva, vento,
Vem-me o pensamento,
É tempo, de viver! (vencer)

Tempo, tempo, verde, lindo,
Tempo, resumindo,
Tempo de cantar.

Tempo, tempo, tenebroso,
Tempo, furioso,
É tempo, de lutar! (sonhar)

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Nossa, eu lembro muito nitidamente (guardadas as proporções) de cantar/escrever essa canção. Eu curto o verso ", tempo, resumindo". Acho divertido. As frase entre parênteses são para serem cantadas na segunda vez.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Apaixonada [15/9/2004]

Eu me ofereço, nua, a quem me fira.
Dou a cara pra bater, e aí encontro
quem no meu peito quente a faca insira
Rompendo o sangue a carne a própria vida.
Um olhar verde que me olha - e mata
E dou-te meu sangue, minhas lágrimas
E tudo o mais que em mim seja qual água
Toda a minha beleza e minha mágoa
Por este corpo escorre, sem tocar-te
Para não macular tua pureza
E esquecer as lágrimas que são tuas
É como estar num mundo de almas nuas
Nesse olhar verde vejo tua incerteza
Mas quem és tu? Que insiste nesse verde?
Sou eu apenas parte do teu mundo
E tu és mais que um terço do meu peito
Somente em teu olhar eu me deleito
E perco-me por esse amor sem fundo

---

Esse negócio de paixão adolescente é complicado. No meu arquivo este poema está identificado como "tua". Apaixonar-se é um pouco passar a acreditar que o amor de uma pessoa é razão de viver. Não é, na verdade. Nem naquela época era, eu acho, acho que eu só queria muito me entregar a essa paixão. Um ano depois eu já me afligia com a possibilidade de nunca me desapaixonar! Que situação ridícula. Acho que podiam fazer um filme sobre o meu colegial, que incrível é pensar que talvez muita gente tenha trechos da vida que dariam filmes! Mas... não sei, talvez ainda reste um pouco desse sentimento meio ingênuo em mim, debaixo da pele de lobo. Talvez. É difícil dizer porque eu sofro muito menos, ao muitos menos passivamente, hoje em dia.

Mais um sobre a passagem do tempo [16/7/2004]

Tudo pára.
Tudo córre.
Tudo sófre,
Tudo cála.
Tudo ampára,
Tudo morre.
Sempre pára.
Rareia, corróe, dara.
Qualquer coisa que se sonhara.

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Acho que este é um poema otimista. Se pá em 2004 eu achava bom que tudo fosse efêmero. Hoje eu não escreveria isto, nem o Vai e Volta. A passagem do tempo me incomoda, tanto quanto a estagnação. Talvez eu esteja me sentindo velha, achando que como meus planos vão não vai dar tempo de fazer o que eu quero. Um dia ainda vou fugir dessas concepções.

E a chuva [25/9/2005]

Uma coisa qualquer que me move além das estrelas
me carrega para além do mundo e do seu olhar
Não vejo nada, mas sei que se pudesse vê-lo
eu não o amaria menos, nem mais, do que sei amar

Uma coisa qualquer me carrega, me tira do mundo
eu apenas escorrego nestas gotas de luar
Se é lembrança, saudade, presença, distanciamento
não temo nada, nem devo - hei de andar e andar

Uma coisa qualquer me consome, muda meu intento
eu não falo nada, eu deixo ela vir me levar
são nuvens e estrelas, dragões e sereias, e a chuva
lá fora tão doce, no escuro, ela cai sem parar

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Eu gosto de poemas que falam por si mesmos. Este foi publicado aqui?

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Unânime Erro [3/6/2004]

As portas se fecham
Segredos se lacram
Verdades se sacram
Um coração flecham

O sangue que escorre
manchando o chão frio
percorre um vazio
no peito que morre

Os livros já falam
de tempos felizes
e gritos terríveis
no peito se calam

As vozes se unem
unânime erro
marcado com ferro
nas vidas que ruem.

Mais um [26/11/2005]

1 2 3

um, dois, três
um dois três
um
dois
três
1. 2. 3.

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Esse poema é infernal de diagramar corretamente ¬¬
Acho que a idéia básica é estudar o ritmo.

Ser [1/4/2005]

Ser ou não ser?
Não ser um ser
Ser um não ser
Não ser
Entretanto ser um não ser
É ser
E tudo o que é é um ser.

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Mais um poema construtivista. Super não me identifico com a pessoa que escreveu essa coisa, embora eu saiba como deve ter sido importante pra minha formação. Já passei dessa fase.

Unfair [29/8/2006]

This is so unfair
You just standing there
Asking me to tell you you could have done it better
And blaming yourself
This is so unfair
You waiting for me
And expecting me to say how my life now is better
When I'm lost in Hell

Babe haven't you noticed I am unreachble?
Babe, I'm way out of reach when I'm in my Hell...

[29/8/2006 - qquercoisa - urso de pelúcia]

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Sem comentários pra esse. É um fragmento.

Poemas

Estou meio frustrada de não ter conseguido publicar nos últimos dias. Achei que ia render mais. Agora estou escrevendo do trabalho porque tem pouquíssimo trabalho para fazer.

Ontem tentei escrever um poema e não deu muito certo. Mas vou continuar tentando.

Outra coisa que me ocorreu ontem: os gráficos de Avatar já estão começando a me parecer velhos e toscos. Talvez ele só funcione em 3D.

Uns pés [12/8/2005]

Uns pés na estrada
Uns meninos
Umas folhas ao vento
Uma floresta
Um veleiro no lago - vários destinos
Numa caverna escura, uma fresta
para uma nesga de luz.

Tocam o chão as folhas
e através do tempo
A mão que me conduz
que transcende o momento
persiste em movimento
perde o meu rumo - e o seu.

Perdidos em nós mesmos
nós procuramos
Confiando em nossos pés
nos arrumamos
Se nós lutamos pelo mundo inteiro
nosso norte é o céu.

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Esse poema na verdade foi composto para abrir um livro do Krystalian do Charles. Acho que o Charles tem uma relação com seus livros que é meio parecida com a que eu tenho com os meus. Ou tinha. Ou tínhamos, não sei. Tive que mudar a diagramação porque o blogger não entende indentação e eu não sei como resolver isso. Acho que perde muito, mas fazer o quê. (se pá eu devia postar uma imagem com o poema?)

Eu gosto bastante deste poema, mas acho que ele deve fazer mais sentido combinado com o livro, do qual lembro muito pouco. No mais, vocês que me expliquem.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Ciclo [dez/2002]

Vai e Volta.
(não pára, não fica)
Vai e Volta.
(a noite, o dia)
Vai e Volta.
(a água, o carbono)
Vai e Volta.
(a fome, o sono)
Vai e Volta.
(o sangue, as lágrimas)
Vai e Volta.
(ainda bem)

---

Isso deve ser da época em que eu ficava à toa à tarde no colégio e pra passar o tempo escrevia poesia nuns arquivos de texto no CEI (eu adorava ter esse tempo livre, e acho que minha escrita se beneficiou muito disso). Meio curioso, bem impessoal esse poema, fora a referência a sangue e lágrimas, díade que foi uma obsessão pessoal na época do ginásio.

Putz

Alguma hora eu tenho que te pedir desculpas também.

É, eu sei, você nunca me pediu desculpas, mas é justamente por isso que eu preciso me desculpar. Se você tivesse pedido, se você tivesse entendido estaria tudo bem, mas você provavelmente nem sabe do que eu estou falando. É isso, você me amou tanto, você se abriu pra mim, você chorou no meu colo e eu não entendi. Você achava que tudo estava bem de novo e eu, bem, eu, eu tive tanta raiva de você por isso, mas que raiva eu tenho direito de ter, que raiva eu tenho que guardar agora, agora que eu posso olhar pra trás, tentando, tentando. Você confiou em mim, e eu muito tempo antes deixei de confiar em você. Você me contou quando não queria mais me ver, quando não sabia mais se gostava de estar comigo; eu... tentei contar. Tentei contar? E tão cedo assumi que você nunca me ouviria. E tão cedo concluí que a única solução era me afastar de você, apesar de toda a dor que sabia que isso nos traria. Putz. E era verdade, até, a gente passou do prazo, não tinha mais muito jeito, mas podia ter sido melhor, podia ter sido melhor. Eu podia ter tentado falar com você, falar a verdade, toda ela, até as partes ruins. E agora, meu, tem tanta coisa entre nós tão, tão.

Passou muito tempo, sabe; durante todo esse tempo eu culpei você. Por tudo. De uma forma injusta até. Agora, relendo cartas antigas, acho que eu entendo. Eu entendo. Não foi só você que não me entendeu: eu também não me deixei entender.

Putz; se a gente tivesse conversado, quem sabe a gente tivesse continuado amigos! Quem sabe tudo tivesse dado muito mais certo. Acho que eu me sinto mal por isso agora. Desculpa.

Venha ver o pôr do sol [5/5/2005]

Venha ver o pôr do sol, meu amor,
calar a voz dos tempos esquecidos.
E unir num laço atemporal, sem calor,
nossos corações amortecidos.
Vem com passos ternos, meu amor,
irei te conduzindo com ternura
que esse seu castelo é minha dor
e esse amor é nossa sepultura.

---

Esse poema é inspirado num conto no qual o ex-namorado ciumento leva a garota pra ver uma cripta e no final a prende lá dentro. O conto chama Venha Ver o Pôr do Sol, não me lembro o autor, mas posso encontrar mais tarde. Acho que preciso procurar o texto inspirador pra mostrar qual a relação que se estabelece entre os dois. Quem fez Santa talvez se lembre.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Você [13/1/2008]

Você
Me pergunta às vezes onde tenho me escondido
Você me oferece abrigo
Você me propõe dizer...
Ai, eu não digo a pergunta com que tem me agredido
Você ainda é meu amigo
Mas tem muito o que aprender, digo
Você
Me pergunta às vezes coisas que eu já revelara
Você quer que eu mostre a cara
Você quer que eu deixe ver...
Ai, eu mostro o mundo inteiro! Já não dá pra ser mais clara
Você ainda assim não pára
Você tem muito a aprender, digo
Você
Me pergunta às vezes coisas que eu também não sei
Você quer ser o meu rei
Você quer me conhecer...
Ai, é só você me entender, e então me revelarei
Mas nada mais lhe direi
Você é que tem que aprender, digo...
Você...

[13/1/2008 -qquercoisa - porta entreaberta na panema]

---

Este é um dos poemas publicados no meu flog. Eu poderia procurar essa imagem da porta entreaberta pra colocar junto mas mó preguiça.

Eu não consigo me lembrar qual o contexto desse poema no mundo real, o que me incomoda. Fuço meus arquivos e fica cada vez mais difícil, não há nenhuma redundância, como isso me confunde! Eu imagino que eu esteja me dirigindo ao meu namorado. Mas enfim, noto como esse sentimento de "você precisa me entender melhor antes de querer ter qualquer prerrogativa" permanece. Com que freqüência eu me irrito com um rapaz só porque ele me entendeu tudo errado? Sim, eu sou uma lumlher clássica, aquela que é meio-esfinge, que diz, decifra-me para que eu te devore. Me peça pra cantar essa canção, é bonitinha. (rever coisas desse pedacinho de época (dez/2007-jan/2008) me fez ver muita coisa com outros olhos.)

Canção de Guerra

É preciso alegria pra sorrir
É preciso tristeza pra chorar
A espada de prata há de luzir
Não sobrou-me coragem de voltar

Em um sonho sombrio ei de lutar
E as luzes da vida, iluminar
Mas há muitas batalhas pela frente
Vou seguindo o curso da corrente

Nas correntes das trevas
Aprisionaram a luz
Mas nas batalhas eternas
Uma espada reluz

É preciso energia pra lutar
É preciso coragem pra vencer
Neste sonho sombrio vamos cantar
Medos e tristezas, por hora esquecer

Vamos sempre pra frente em missão
Atacarmos de frente o inimigo
Uniremos a mente ao coração
Pra vencer com coragem os perigos

Nas correntes das trevas
Aprisionaram a luz
Mas nas batalhas eternas
Uma espada reluz

---

Esquisitamente esse poema não tem datação. Talvez eu consiga encontrar o manuscrito dele e dar uma datação mais precisa, mas ele deve ser do começo dos anos 2000. Note que "a espada há de luzir" é um trecho do poema sobre a espada de Isildur, o que prova que eu tinha lido Senhor dos Anéis (sim, é assim que eu dato meus escritos). Eu acho que era pra ser uma canção, mas não tem realmente uma melodia. Estranho.

Vou publicar o que está no meu arquivo atualmente em ordem alfabética reversa. Nenhum motivo específico pra ser reversa, mas achei que era a melhor ordem pra misturar os poemas e não ficar chato. Resolvi manter os erros de ortografia, só pelo sabor da passagem do tempo.

Poesias

Então eu me inscrevi, não sei bem porque, naquele concurso de poesia de clube do escritor para o qual recebo o convite todo ano.

E aí pensei, bom, quais poesias eu devo enviar? Não faço idéia.
Talvez eu pudesse pedir ajuda para o pessoal que lê o meu blog, que conhece minha poesia. Pedir uma votação ou algo assim. Um rating.

Fiquei meio impressionada com quão poucos dos meus poemas estão aqui, então resolvi que nos próximos dias vou tentar publicar mais alguns. Eu devia publicar mais uns cem, mas acho que não terei essa paciência. Depois posso pedir a ajuda de vocês pra selecionar os melhores?

Ou será que eu devia imprimir todos e fazer uma pesquisa pessoal?