terça-feira, 23 de novembro de 2010

Sem te desfazer [7/4/2005]

Pela estrada
esse caminho longo
que não me diz nada

Os sóis irão se pôr
todos
e ao mesmo tempo
E eu irei aonde fôr
sempre
seguindo o vento

e o vento não vai correr
morrer
não faz mais sentido

E se for para morrer
sofrer
com que objetivo?

E por que então não sofrer?
Sorrir
por que não vencer?

Que gosto tem o prazer?
sentir
Pra quê vens dizer
Que eu tenho gosto de céu
de sol
de mar
sem (cem) ondas pra navegar
seguir
Pra te conquistar?
Pra te alcançar?
Nesse mundo sem rumo
sem mêdo
sem esse mundo
O que você quer
que eu posso te dar
Sem te machucar...
Sem te desfazer?

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Eu dei uma limpada nesse poema, pra dar a ele um pouco mais de independência do tempo e das cirscunstâncias em que ele foi escrito. O que tirei foram uns entre-parênteses, dizendo que o vento ora sopra para o norte, ora para o sul e, afinal, por que morrer, se amamos?

A mali-chan que escreveu esse poema estava sentindo que odiava tudo o que a fazia oensar, porque pensar dói, ou talvez porque pensar é se propôr a procurar uma conclusão entre todas as possibilidades antagônicas de sentido que se pode atribuir a uma observação e de escolhas que se pode fazer. Dá pra perceber que é um poema essencialmente sobre a dificuldade de se tomar decisões?

A propósito, alguém mais tem a sensação de que talvez o verso "por que então não sofrer?" tem um sentido oposto ao que parece? Fiquei muito tentada a mudá-lo para "e então, por que não sofrer?" ou "e por que não não sofrer?"... No final não cheguei a uma conclusão a respeito de qual deles era melhor. Acho que é um ponto fraco desse poema, que poderia ser melhorado se eu não achasse ele meio medíocre de qualquer forma.

Eu também coloquei um ou outro acento diferencial porque a falta de tônica estava me incomodando (e, sim, faz diferença).

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