segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Se n'ao fosse errado [24/7/2004 - 2008 - hoje]

Se não fosse errado, eu bateria palmas,
cantaria os salmos, eu proclamaria
todos os poemas dos quais eu lembrasse.
Se não fosse errado, eu gargalharia,
me contorceria, cairia no chão
rolando da cama de tanta alegria.
Se não fosse errado, eu sairia correndo,
eu subiria as ruas, eu te alcançaria
eu descobriria a cor da tua casa
e a invadiria, e a saquearia,
te faria esp[olio, eu te levaria
a tornar-te meu, eu te aliciaria
a cometer loucurar sem explica;'ao
se não fosse errado, ou talvez mesmo sendo.
Se não fosse errado, eu dançaria livre,
eu andaria nua, dançando nas poças
d’água fria e suja, as alegrias nossas
seriam eternas, seria uma baderna
eternamente lírica e sem discussão,
se não fosse errado, como as coisas são.

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Este poema (do qual eu escolhi mostrar uma vers'ao mais recente) est[a guardado aqui com uma frase, com a qual n'ao sei bem como ele se relaciona:

"É a última palavra que eu digo e, entretanto, é o começo de tudo. Não tenho medo de você. Tenho um desejo, um desejo profundo. Só isso."

Gosto bastante dele. Meu verso favorito [e "se n'ao fosse errado, ou talvez mesmo sendo". Acho que d[a um f"olego de possibilidade, e gosto que isso aconte;a no meio, n'ao no fim, que [e uma conclus'ao sem liberdade.

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