domingo, 30 de novembro de 2008

de fato eu não sei (ainda) contar histórias direito. Eu cometi um erro na primeira parte, e tive que alterar o final. Não ficou muito bom, mas acho que... bem, talvez algum dia eu consiga algo melhor. Obrigada.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Uma História Sem Fim

Muito tempo atrás, num reino muito, muito distante, vivia uma linda princesa, tão bela quanto os raios dourados do sol nascente, ou quanto as flores noturnas, ou quanto as rosas recém desabrochadas cobertas de orvalho no início da primavera.
Todos os homens do reino vinham cortejá-la, e faziam campanhas em sua homenagem, e lutavam em torneios e duelos para decidir quem teria a honra de falar com ela. Porém nenhum homem jamais pediria sua mão, pois seu pai, o velho rei, muito velho e muito doente, jamais o permitiria. Ele dizia a sua filha: "Desconfie dos vencedores dos torneios! Desconfie dos muito belos, dos muito bravos, dos muito fortes. Nunca confie em um homem que não demonstrar nenhuma fraqueza."

O tempo passou e o velho rei morreu, não deixando herdeiros nem rainha. O reino foi tomado por nobres poderosos amigos do rei, e os jovens cavaleiros passaram a vir com cada vez mais freqüência cortejar a princesa. Em meio a suas ferozes disputas contavam histórias de lutas contra dragões, de vitórias sobre ogros comedores de virgens, de caçadas às bruxas disfarçadas de animais. A princesa ouvia as histórias e participava das festas, mas logo se recolhia com suas damas, lembrando do conselho do pai: "Desconfie dos matadores de dragões! Desconfie dos sempre vitoriosos, dos salvadores de vilas contra enchentes e tufões. Nunca peça a proteção de um homem que não lembrar de nenhuma derrota."

Um dia, porém, chegou na côrte um guerreiro com olhos vermelhos e um cavalo branco, que cantava com a voz dos anjos e sabia lutar como um demônio. Ele cantou suas histórias das vilas que salvara de enchentes, incêndios, tufões e maremotos. Contou de dragões que matara, de bruxas que enganara, de ogros que perseguira, de maravilhas que vira. E conforme cantava ia ficando cada vez mais jovens, até que ao final da noite não passava de um menino. A princesa, como que encantada, pediu que ele ficasse aquela noite, e que de manhã contasse mais sobre suas aventuras.

De manhã o rapaz se tornara novamente adulto. Conforme o pedido da princesa, contou outras histórias, sobre árvores donde nunca caem os frutos, sobre rios que correm para cima, castelos em cima das nuvens e moinhos que só giram quando não há vento algum. De noite, o rapaz se tornara novamente um menino, e de novo a princesa pediu para que não partisse. No terceiro dia, de manhã bem cedo, a princesa acordou o rapaz e pediu que a levasse consigo para conhecer as maravilhas do mundo.

Os primeiros dias foram de pura alegria! A princesa nunca saíra do castelo, e tudo lhe parecia fantástico: os campos, os camponeses, os regatos, as florestas, os moinhos, as rodas d'água, as estradas, as montanhas. De dia viajavam a passeio, apreciando cada instante, mas evitando encontrar com pessoas, com mêdo de serem reconhecidos. De noite, viajavam rápido, e o rapaz ia contando suas histórias sobre os lugares por onde passavam, e a cada palavra ia sempre ficando mais jovem.

Um dia, já bem longe do castelo, a princesa despertou e não encontrou o rapaz. Procurou-o por toda parte por um longo tempo, até que, à margem de um regato, ouviu uma voz angelical cantando uma canção tranqüila, que falava da paz dos campos e da alegria da colheita, e da passagem do tempo que fazia o verde desfazer-se no inverno para retornar com a primavera. Seguiu a voz e encontrou o rapaz, que cantava para uma mulher muito, muito velha, que parecia muito doente e que chorava silenciosamente. Quando a canção acabou, a velha abraçou o rapaz, em silêncio, e começou a andar, muito devagar, pela margem do rio. O rapaz explicou à princesa que a velha havia visto a aproximação da morte, e que seus filhos haviam partido em grandes aventuras e ela temia que não houvesse ninguém que pudesse olhar por suas filhas e por sua terra. O rapaz cantara uma música que ele ouvira em sua própria terra havia muitos anos, e que sempre devolvia às pessoas do campo a esperança e a fé. Ao ouvir isso, a princesa logo atalhou que a música era certamente mais animadora se era cantada por uma voz tão bela quanto a dele, e que ele deveria agredecer a sua própria mãe por um dom tão incrível.

"Na verdade", disse o rapaz, "este dom eu conquistei depois de adulto...", e, a pedido da princesa, ele começou a contar sua história.