terça-feira, 30 de março de 2010

Não consigo parar

Eu queria escrever um pouco sobre... Sei lá.

Estou lendo Crepúsculo agora. Envolvente, o livro. Bastante mal escrito ou mal traduzido, não sei, mas envolvente. Me identifico muito com o que acontece, já senti aquilo tudo, acho que só significa que já estive apaixonada. O tal do Edward me lembra um milhão de homens insuportáveis que conheci, inclusive você. Sempre me pergunto se se eu não estivesse namorando, se eu não estaria vivendo uma história de amor como essa. Mas acho que eu sei a resposta para essa pergunta.

Sempre que me distraio lembro de velhos e intensos sentimentos. Eu gosto de sentimentos. Queria mergulhar neles.

Infelizmente agora não é hora de sentir, mas de trabalhar. Qual é a minha salvação? Conversamos por muitas horas, mas eu sequer senti seu cheiro. Algumas coisas me intrigam, como conhecer pessoas novas. A vida é um mistério. Quem poderá dizer quais das pessoas que conheço agora serão meus amigos daqui a digamos três anos? Eu sei algumas respostas. O resto mergulha na brisa.

De vez em quando me pergunto o que estou fazendo. Quando páro pra pensar, olhares doces famintos assombram meu cair no sono.

E sinto saudades de algumas pessoas. Vontades de voltar atrás, de estar mais presentes.

Se eu pudesse escolher, com quem eu quereria estar agora? Minha mente fervilha, incríveis opções. Mas hoje eu devo estar sozinha, não?

Quando fecho os olhos minha vida parece um sonho. Meu passado não parece possível. É verdade mesmo que viajamos, que choramos, que amamos? É verdade essa memória vaga do seu cheiro, dos seus dentes?

Cinco anos atrás, este futuro não existiria. Eu lutei por ele, eu o construí, eu o sofri também. Eu sou muito parecida com o que sonhei ser, na verdade. Apenas menos forte, mas... No fundo, não foi difícil falar as mesmas palavras que imaginei. Eu olho nos olhos de um homem, e freqüentemente é a Lôba que fala. Freqüentemente é Labwa. A parte de mim que ainda é humana pergunta porque essa história continua se repetindo. Porque eles continuam vindo a mim.

Sem perceber, estou de repente me comparando ao vampiro. É fácil demais. E de qualquer forma não é isso que eu busco. O que eu busco é um pouco mais difícil.

De tempos em tempos me assombram os amores que eu não pude viver e as presas que eu não matei. No resto do tempo, consigo ser um pouco mais coerente.

domingo, 28 de março de 2010

O Viajante e o Cavalariço

— O que aconteceu? Por que ele não voltou para buscá-la? Como podia não haver um dragão na caverna? Então o que aprisionara Fælyn? —, perguntei ardentemente ansioso, mas nesse momento o véu mágico que nos envolve nas histórias... sim, este mesmo véu que te aprisiona agora... se ergueu suavemente e eu vi que minha narradora, por um instante uma garota ainda não adulta, envelhecia sob o meu olhar ingênuo e jovem, dez, vinte, cinqüenta, talvez cem anos num minuto. — Vá agora! —, disse ela, me dispensando com uma ameaça da mão incrivelmente velha. Eu fui; assustado, me virei e comecei a andar enquanto ela falava atrás de mim:
— A história é importante e antiga, e parece que não consigo contá-la toda de uma vez. Mas volte!, volte num dia bom, e eu lhe contarei a verdade sobre a história de Fælyn.
Nesse momento ela irrompeu em soluços que poderiam ser de uma criança. Não me virei nenhuma vez, por respeito, mas também por mêdo daquela súbita fragilidade. Dentro de mim fervilhavam incontáveis emoções, confusas e contraditórias, pois eu sabia que tinha presenciado uma coisa verdadeiramente poderosa. Eu estava arrepiado e minha pele tinha pequenos espasmos que muito mais tarde aprendi a associar com a verdadeira magia. Eu não sabia bem o que tinha acontecido, mas sabia que não esqueceria de nenhum instante daquele encontro.
Naquela noite convenci um cavalariço ainda mais jovem que eu a me deixar dormir numa baia vazia, e ele por hospitalidade dividiu comigo parte de seu jantar. Também foi a primeira vez que contei uma história para alguém que tinha interesse em algo mais que monstros e heróis. Eu mesmo mal acreditava nas minhas histórias, e eu estava lá; mas ele, o cavalariço, ouvia tudo com atenção e cuidado, percebendo minhas emoções em cada parte e respondendo quando achava importante. Foi incrível! Contei a ele tudo, desde a minha decisão de sair da vila, minha admiração apaixonada pelo Grande Herói, Jennie, Tia Ida, o Ogro, e enfim toda a minha viagem até Vilania e o encontro com a Velha. Contei cada detalhe insignificante que parecia ter importância, cada refeição, cada dúvida que me atormentou no caminho. Ele me completava contando coisas da sua vida, decisões difíceis que tivera que tomar, e explicou que virara cavalariço depois que seu primo, de quem herdara o serviço, tropeçara de mau jeito e batera a cabeça numa pedra dura. Quando eu terminei a história do ogro, ele me disse com um olhar muito sério:
— O que você fez foi impressionante, mas as histórias de ogro são comuns por aqui. Você devia falar com Horzt, o marceneiro. Antes de morar aqui, parece que ele foi um herói profissional e ganhou a vida matando monstros.
Conversamos a noite toda, sobre essas coisas e outras das quais esqueci. Eu e o cavalariço nos tornamos melhores amigos num instante, e só muito depois eu me arrependi de nunca ter perguntado seu nome.

No dia seguinte voltei à pedra e lá estava a velha, encolhida e encurvada como uma velha águia, ou como uma gárgula. Me aproximei relutante e perguntei se hoje era um dia bom.
— Todos os dias são bons para se contar uma história — ela respondeu, se desenroscando e e estendendo a mão para mim.
Fiquei assustado e confuso por um momento, mas depois segurei a mão, e ela me puxou para cima da pedra com uma força inesperada. Meu coração batia rápido de mêdo de estarmos tão próximos, eu sentia a aspereza de sua pele e o cheiro estranho, como o de coisas muito antigas e abandonadas, que vinha da velha. Mas ela, a depeito de mim, pôs as mãos nos meus ombros, aproximou nossos rostos e disse: "Escute bem."

quarta-feira, 24 de março de 2010

Por fim, RPG:

Resolvi não comentar muito antes, mas no fds eu mestrei sete jogos de rpg. Foi isso? Acho que sim. Seis de menos de uma hora e um de mais ou menos uma hora e meia. Foram jogos rápidos, mas eu me diverti pra caramba. Quando voltei pra casa, estava me sentinfo intensamente não-sou-mais-virgem. É aquela sensação que você só tem quando tinha uma expectativa muito intensa sobre alguma coisa e finalmente a faz e se acostuma com ela, e demora um pouco para se acostumar com esse costume. Você só tem a chance de se sentir assim algumas vezes na vida, e todas elas devem ser valorizadas.

Quando o Paulo me convidou pra mestrar com ele, senti um frio na barriga e fiquei com muito mêdo. Mas repeti (você não sabem o quanto eu tenho repetido esta frase pra mim nos últimos anos) "Mali, você tem que ter coragem", e disse que sim, eu queria muito, estava com mêdo mas queria, preciso de ajuda, mas quero, sim.

Ele disse "Você tem ajuda, e pode usar a minha aventura se quiser".

Quando chegou a hora, me senti zonza e apavorada. Tinha imaginado várias alterações na história, várias formas de me sentir mais confortável com ela, mas não conseguia me forçar a sentar e mestrar. Para minha sorte na primeira rodada vieram poucos pioneiros e eu pude ficar observando por algum tempo. Fiquei observando o Cardellos mestrando a sua história sobre o Baden-Powell e a guerra de Mafeking (procurem a história, é muito legal), e tive tempo pra organizar meus sentimentos e me tranquilizar.

Logo chegou um grupo novo e eu os chamei e conversei com eles sem mêdo nem timidez. Com esse primeiro grupo tentei usar as fichas que o Luís (o físico) tinha preparado, mas as pessoas não estavam entendendo nada do sistema, e chegaram, só até a metade da história, e suspeito que nem gostaram muito. Além disso, eu levei uma bronca de uma das jogadoras por ter falado que as masmorras ficavam no subsolo do castelo (quando pela definição ficam no alto).

Com o segundo grupo eu joguei pro alto as fichas e joguei sem dados e com personagens criados na hora. Eles chegaram até o final da história mas de uma forma bem inesperada, enganado pessoas e se infiltrando nos lugares. Fiquei feliz porque eles interrogaram o conde apenas até onde era possível, e depois partiram pra passar por trás dele. Aliás, esse interrogatório me obrigou a criar muitos outros detalhes da história, que deram mais sentido e consistência a ela, o que me ajudou muito mais tarde. Foi um grupo legal, mas assustador: tinha uma menina super bonitinha mas terrivelmente séria que quis ser uma feiticeira elemental. E para quê ela usou esse poder? Para: criar um buraco na terra embaixo de uma pessoa - legal; tocar fogo no cabelo de um homem que fugia - questionável; causar azia no mesmo homem depois que ele caiu no chão (não sei por que eu permiti isso, acho que estava com mêdo do olhar dela) - cruel. Mas não foi só isso. Depois que o cara já tinha se ajoelhado diante deles e contado tudo o que ele sabia, ela disse: "Agora eu jogo álcool nas queimaduras dele, pra deixar ele sentindo dor". Que menina medonha! Depois ela quis usar os poderes para transformar o chão em lava e aprisionar o conde malvado nela. Isso eu não permiti. Ela repetiu seu desejo várias vezes, cada vez com mais intensidade! "Eu controlo os elementos! Eu crio lava embaixo dele e queimo ele até não sobrar nada!" Embora ela continuasse calma e séria, os olhos dela foram ficando cada vez mais intensos. Foi uma reação digna de um dragão, que não consegue compreender que ele não é o ser mais poderoso do mundo. Acho que ela nunca abaixaria a cabeça pra ninguém. Também foi uma reação infantil, eu suponho.

Com o terceiro grupo eu decidi usar dados mas não fichas. Eu insisti que eles criassem personagens bem definidos com habilidades bem específicas, mas só um deles me atendeu, criando um anão bárbaro com um machado. Esse era o cara que se apresentara com um: "Eu sou um nerd entre os nerds! Eu jogo GURPS!"... Como metade do grupo já jogava rpg faz tempo, eles conseguiam prever os estratagemas simples do conde, mas a forma como eles reagiam era totalmente... cretina é a palavra. Os filhos da puta ficaram interrogando o conde dentro da casa dele até ele ter que expulsá-los de lá. Mas eles não abaixaram a cabeça em nenhum momento. Quando foram tentar embebedar o chefe da guarda para extrair informações dele, um dos caras o amarrou na cadeira e começou a torturá-lo! No meio dos soldados! Fiz uma cena de batalha mas já estava de saco cheio, os caras eram arrogantes demais. Mandei eles embora e admiti que, sim, o vilão era o conde, seus putos. O que aprendi com essa seção: nunca dê poder demais a pessoas que querem usá-lo.

O quarto grupo foi o mais legal, eram só três pessoas, um tímido, uma muito tímida e uma líder, com iniciativa e poder de decisão. A líder escolheu ser o ladino, e eu dei personagens pro outros dois (guerreiro com poder de fogo e mago ilusionista). A bem da verdade, quem jogou mesmo foi a líder, mas acho que o ilusionista também se empolgou com os personagens, e de modo geral acho que eles gostaram (a menina ultra-tímida não sei, não consegui entendê-la). Foi engraçado que no final o mago e a guerreira capturaram o conde e forçaram ele a falar, enquanto a ladina insistiu em perseguir o assassino, mesmo quando ele a atingiu com seus poderes mágicos e disse que ela seria morta se o seguisse. Terminei a cena dela dentro do gueto dos assassinos, com "quando ele se vira pra você, você ouve um som de facas sendo puxadas e repara que está cercada por todos os lados por homens ameaçadores vetidos de preto." E ela: "Bom, quais são minhas opções de rota de fuga?" Hahaha! Eu admirei o otimismo dela, mas a verdade é que eu não tinha tempo pra tirá-la dessa, o tempo já tinha acabado. Era uma garota legal.

O quinto grupo foi o do Mateus... o cara que atravessava paredes. Os caras desse grupo zoaram com tudo! Inventaram coisas, deixaram a mestra mó confusa, foram atrás da organização mão-negra (que eles mesmos tinham inventado), sequestraram o líder dos assassinos, convenceram um nobre a financiar o resgate, distribuíram machadadas pra todos os lados e no final eu acabei cedendo quando eles falaram "e aí a gente prendeu o conde e vivemos felizes pra sempre". O.o''

O sexto grupo foi engraçado porque todos eles já tinham jogado vampiro. Foi um jogo sem invasão de masmorra, sem batalha, só de investgação e de fazer perguntas pra personagens que de modo geral eu estava inventando na hora. A história ficou muito mais rica com esse grupo. Além disso, no final a aventura degringolou para um jogo de Enigma (sabe aquele jogo no qual vocês fazem perguntas até descobrir o que aconteceu?). Enfim, foi bem legal.

Depois disso trocamos algumas idéias com os outros mestres, batemos um papo, fizemos uma porrada de coisas, emfim, no dia seguinte de novo eu estava super nervosa, se possível eu preferia não mestrar, mas parece que os pioneiros queriam bastante jogar rpg, então eu fui obrigada a mestrar. Foi divertido, criei fichas de personagem minúsculas baseadas nos princípios do GURPS Ultra-Lite, passamos bastante tempo desenvolvendo essas fichas, depois começamos uma história de marinheiros em um navio mercante tentando escapar e depois enfrentar piratas. As meninas escolheram algumas habilidades divertidas, como invocar animais, ler o futuro, usar cordas, curar (embora elas preferissem lutar até ficar com muito pouca vida a usar esse poder de cura...). Duas delas se divertiram intensamente, uma até disse que ia tentar aprender GURPS (yay ^^), mas as outras duas se cansaram rápido, e aí a gente não pôde continuar. Se eu soubesse que não ia ter jogo depois do almoço, teria oferecido um jogo só com as duas que queriam jogar mais. Enfim. Eu tinha escolhido essa temática pra poder me preparar para criar um jogo com navios voadores — saiba que eu não esqueci, Kim.

Acho que agora eu não tenho mais mêdo de mestrar. Embora eu saiba que é muito mais nervoso mestrar pra quem já jogou antes, boa parte da ansiedade sumiu. Enfim, como eu disse antes, é aquela sensação de não ser mais virgem. Eu me sinto... maior, mais forte. Sabem?

Além disso, recebi convites pra jogar algum dia com o Luís (o físico), e com o Cardellos e o Caio ^^ Eu pretendo aceitar os convites, se for possível, alguma hora ^^

terça-feira, 23 de março de 2010

Sonho sobre o quê?

Há alguns dias, tipo uns quinze, eu tive um sonho incrível. Vou descrevê-lo rapidamente antes da aula começar:

O Jackie (/samurai/) nos mostrou seus desenhos. Eles não eram perfeitos, mas a coloração era linda, cheia de vida, e os personagens pareciam interessantíssimos! Ele descreveu cada personagem, nos contou como eles interagiam, quais eram os sonhos e temores de cada um, quais eram seus poderes. Depois explicou que tinha sido chamado para fazer um desenho animado com sua história.
Ficamos vibrantes! Aguardamos ansiosamente o lançamento do programa enquanto ele foi morar na sede da distribuidora de desenhos. Quando vimos o primeiro episódio... bem, não foi ruim. E o segundo, ah, foi meio chato. Depois de alguns dias, percebemos que as histórias eram clichés, que os personagens eram tão planos que eram quase retas, que até os poderes mais legais eram usados sem nenhuma criatividade. Ficamos revoltados e decidimos ir até a empresa interrogar o Jackie sobre isso.
Quando chegamos lá, os funcionários nos receberam muito bem, mas logo percebemos que eles faziam o possível para evitar que Jack nos atendesse! Enganamos os recepcionistas e nos esgueiramos até os fundos do edifício, onde encontramos Jackie... deitado numa rede, tomando refresco! Puxamos Jackie da rede e chacoalhamos seus ombros pra ver se ele entendia a seriedade da situação!
— Seu desenho é horrível, Jack!
— Seus personagens não tem a menor graça!
— Sua história é um lixo!
— Como você deixou isso acontecer?!
Jackie olhou super-pacífico pra gente e falou — Ué, vocês tinham gostado antes...
Aflitos, nós arranjamos uma tevê e mostramos pra ele os últimos episódios. Aí! Ele levantou num átimo e exclamou com toda aquela energia verídica do Samurai:
— Puta merda, esse desenho é um lixo!
E:
— Fui eu que desenhei isso?! Mas não era pra ser assim! Aqueles filhos da puta tão acabando com meu desenho!
Logo percebemos que os empresários estavam corrompendo o desenho do Jackie pra ele ficar menos original e mais "vendável". Nessa hora os donos da empresa nos avistaram e começaram a nos perseguir pelo edifício! Corremos, nos escondemos e montamos armadilhas pra eles, como jogar coisas escorregadias no corredor e depois atacar enquanto eles caíam. Conseguimos derrotar todos os empresários e no final fizemos uma grande festa com churrasco e piscina no edifício da empresa mesmo! O mundo dos desenhos estava à salvo!
Para comemorar, brincamos de lutar com espadas de palito de churrasco e fizemos até campeonatos.

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Adoro esses sonhos absolutamente shonen hahaha!

segunda-feira, 22 de março de 2010

The Wilderness

Every year, we gather around the Stone of the Frost
To seek the advice of Darkness
We circle the Stone, we round it and howl for it
And ask for the aid of Darkness
And that year, as we thrive through the frozen woods
As we hide and we wait for the Melting Moods
We will wait inside the Darkness

The Darkness is mother of all of us
We will wait inside her mouth
The shadows are siblings that hunt with us
And we will fight by their side

When it melts, we climb the branches of the Tree of the Song
To seek the comfort of Bluesky
We sing and we silence, we dance and stay still
And pray for our guide in Bluesky
And he comes with the spirit that fills us all
With his light as he fruitfies us all
And that year as we hunt through the chirping woods
As we run and forget of the Freezing Moods
We will run underneath the Bluesky

The Bluesky is father of all of us
We will run underneath his eyes
The shadows are siblings that hunt with us
And we will fight by their side

Every year, be it spring of fall, we know
Of our siblings of no eyes and no mouth
Though they can't eat with us when we take the kill
Though they can't see the rivers and birds that chrill
Still we will fight by their side

For our siblings, they live on the earth we step
The earth, she carries us all
And our siblings, they live on the trees we climb
The trees, they hide us from all
And our siblings, they live on the rivers springs
And they live on the animals out and in
And they live in the Darkness and under Bluesky
And they live in all that has life
And we fight by the side of life

Howl with me

"You find me sitting at this table
with my friend Fin and my friend John
My friend Murdaney tells us stories
of things long gone, long gone
And we may take a glass together
the whisky makes it all so clear
It fires our dulled imaginations
and I feel so near, so near

I feel so near
to the howling of the winds
I feel so near
to the crashing of the waves
I feel so near
to the flowers in the field
Feel so near...

The old man looks out to the island
He says this place is endless thin
There's no real distance here to mention
we might all fall in, all fall in
No distance to the spirits of the living
No distance to the spirits of the dead
And as he turned his eyes were shining
and he proudly said, proudly said

I feel so near
to the howling of the winds
I feel so near
to the crashing of the waves
I feel so near
to the flowers in the field
Feel so near...

So we build our tower constructions
There to mark our place in time
We justify our great destructions
As on we climb, on we climb
Now the journey doesn't seem to matter
The destination's faded out
But gathering out along the headland
I hear the children shout, children shout

I feel so near
to the howling of the winds
I feel so near
to the crashing of the waves
I feel so near
to the flowers in the field
Feel so near..."

Escotismo, Árvores, Lei da Jângal e homens

"Fly me to the moon and let me play among the stars
let me see what spring is like in jupiter and mars..."


Ahn, essa música não tem nada a ver com o que estou pensando, ela só é bonita e não sai da minha cabeça. Eu pretendo aprender a tocar ela no sax, acho que vai ficar bonito, mas antes preciso praticar bem mais; aliás, eu já disse que estou praticando sax? Bem, isso não deveria ser o que eu estava pensando. O que eu estava pensando era isto:

Ele segurou os dois galhos da árvore, como se testando sua resistência e imaginando o movimento que teria que fazer para se erguer para cima deles. Naquela hora eu olhei pra ele e pensei: esse cara tem o mesmo sangue que eu.

Esse fim de semana eu fui num evento de um grupo de escoteiros chamado Interclãs, no qual os pioneiros, que têm [18,21) anos, se reúnem, se conhecem e se misturam para fazer atividades programadas pelo Grupo sediador, que no caso era o Grupo no qual o Paulo (amigo meu, da poli) é chefe (que é a única forma de participar do movimento escoteiro se você tem 21+), o Grupo São Paulo - 001SP. O tema do evento era tribos urbanas — inclusive ganhei uma caneca e uma camiseta escrito "tribalize-se" — e havia grupos de chefes fazendo atividades para representar cada uma das tribos, no que eles chamaram de bases. Resumindo, em cada base havia uma atividade e cada atividade tinha a ver com uma tribo. O Paulo me chamou para ajudar a mestrar umas aventuras de RPG na base dos Nerds e Geeks.

Aconteceu muita coisa interessante lá, eu estou achando difícil escolher o que é mais importante. O que eu queria era mostrar o que mais me impactou, o que mais transformou o que eu era no que eu sou agora, por mais que as diferenças pareçam mínimas.

A primeira coisa foi a casa do Paulo. Resumindo, eu poderia ter decorado o lugar. Embora a arquitetura seja sem graça como em qualquer apartamento e não haja jardim. Há quebra-cabeças montados em todas as paredes, bichos de pelúcia de todos os tipos (inclusive dragões e pokémons), casa-miniaturas numa coleção, animais de brinquedo nas estantes, toda umas decoração lúdica, infantil até, mas sem perda de dignidade. Eu achei aquilo estranho e fascinante. O pai do Paulo era um cara muito alegre, descontraído e — que outra palavra usar? — fofo. Não na aparência, mas no jeito. O jeito como tratava os filhos especialmente. Parecia não ter uma preocupação na vida. A mãe do Paulo, Sandra, é uma pessoa agradável, tranqüila, divertida, e com todas as características mais marcantes de uma mãe, por exemplo querer cuidar de você e contar um monte de histórias. Ela me contou como a alcatéia dos lobinhos era baseada no Livro da Jângal, como Baden Powell era amigo de Rudyard Kipling, como os chefes dos lobinhos tinham títulos como Akela, Raksha, Baloo (os lobinhos a chamavam de Baloo). Isso me deixou intensamente nervosa.

No caminho para a casa dele, Paulo me perguntou se eu tinha religião. Eu não tenho religião, eu disse. Mas acho, eu disse, que minha fé tem algo de panteísta. As coisas pra mim são sagradas. Quando eu vi as ondas explodindo contra as pedras em Paúba eu pensei, isso é Deus para mim. As pedras são minha religião, e as árvores.

Quando eu era menor, a Jângal era a minha fé. O Livro da Jangâl, completo e na voz de Monteiro Lobato ("Olhai bem, ó lobos!") era minha Bíblia. Não tive coragem de dizer isso pra eles, mesmo quando Sandra (Baloo) me perguntou como eu tivera acesso ao livro, por que eu o lera sendo que ele é difícil para crianças, nem quando eu disse que já o tinha lido várias vezes; eu queria dizer que eu provavelmente sabia mais sobre o livro que ela, eu queria dizer que eu era mais lôba que os lobinhos, essa é a verdade. Fiquei nervosa pensando se ia encontrar um monte de gente que sabia tanto sobre essa história quanto eu. Não sabia como eu ia me comportar. O assunto em questão era muito close to heart pra mim, eu me sentia ameaçada sabendo que não detinha o poder sobre ele. Baden Powel era amigo de Kipling! Era como se eu estivesse perdendo alguma prerrogativa. Até hoje ninguém nunca foi tão obcecado pela Jângal quanto eu.

Felizmente meus mêdos não se concretizaram. Os chefes e pioneiros não tinham ligação com Mowgli, e na verdade nenhuma atividade foi muito mateira. Eu tive que defender minha posição poucas vezes, uma quando tive que mostrar que eu sabia o que era um spec de barraca, outra na hora de andar à noite pelo bosque. De modo geral fiz muitos amigos, e só fiquei na defensiva com um deles, que me pareceu o tipo xavequeiro-controlador. O dia mais interessante foi a primeira noite, em que o Paulo me deixou sozinha e eu sentei na mureta que marcava o espaço das barracas e fiquei conversando com os chefes responsáveis pela organização do campo e com todos os mais que passavam. Conheci nessas um rapaz de 20 anos que em dois minutos me convidou para me juntar ao movimento, e me explicou a segmentação por idades etc. O nome dele era Caio, e se eu tivesse que escolher alguém naquele evento para ser meu amigo, teria escolhido ele. Queria tê-lo conhecido melhor.

Me sinto ligeiramente tola. Durante boa parte da minha adolescência tive vontade de ser escoteira, mas não tive a quem fazer perguntas e achei que era impossível virar escoteiro sem antes ser lobinho, e eu obviamente era velha demais pra isso. Agora eu descubro que isso não era verdade, mas o decubro justamente na idade em que se torna verdade. Me sinto ligeiramente tola, mas quem hei de culpar?

Conheci duas pessoas que me interessaram intensamente, atrás de quem eu tendia a correr como um cachorrinho fazendo perguntas (mas na minha timidez violenta eu não fazia pergunta nenhuma). Um era um contador-de-histórias, um cara sem dono que sabia um monte de coisas interessantes. Eu queria sentar do lado dele e pedir pra ele contar histórias. Assim que o cara percebeu meu interesse ele resolveu mostrar tudo o que ele tinha pra mostrar. Isso foi legal por algum tempo, por algum tempo eu achei que ele ia conseguir a minha confiança e me ajudar a vencer a timidez, até porque ele era amigo do Caio, e porque ele também estava mestrando rpg. Por algum tempo as conversas foram interessantes, todos os caras me contaram e mostraram coisas legais que eu não conhecia, mas em algum momento... Em algum momento as coisas se reverteram e eu decidi ficar meio longe desse cara. Continuei conversando com ele, até, mas não era mais minha alma falando. Não havia mais timidez, só havia a Muralha. Me perguntei por que tantos caras interessantíssimos na minha vida de repente me causavam repulsa.

O outro foi tipo amor à primeira vista, e na verdade a existência desse cara iluminou um pouco a minha vida. Em relação a ele eu realmente me sinto como o filhote animado correndo atrás do animal mais velho e sério. O cara ainda consegue ser bastante sério, o que me fez me conter bastante na presença dele. Mas parece ser um cara legal, quem pode saber? Nada disso é importante, o importante é subir em árvores. Eu conheci o Amarelo quando uma garota apontou pra ele e pediu pra eu ajudá-lo, um cara alto e magro, cabelo máquina 2, corda de alpinista no ombro, andando a passos enérgicos (e enormes) recrutando pessoas com brados decididos sem parar de andar e sem hesitação. Não foi o que ele estava fazendo, foi o espírito com que estava fazendo isso. Eu me aproximei e ele pediu pra eu segui-lo. Andava e gritava pra quem quisesse ajudar que o seguisse. A ajuda de que ele precisava era para simular a base dos esportistas, na qual pessoas seriam içadas até um galho alto de uma árvore e depois desceriam de rapel. Ele já tinha passado uma corda pelo galho e amarrado a corda em outra ;arvore de forma que ela ficasse firme. Então ele começou a subir pela corda. Mas veja, ele não subiu pela corda com apenas a força dos braço e o jeito das pernas. Se ele tivesse feito isso, eu teria olhado pra ele com aquela inveja raivosa que eu sinto por aqueles que são simplesmente muito mais fortes que eu. Em vez disso, eu olhei para ele com a admiração de um discípulo. O cara estava amarrando outra corda menor na corda principal de forma que ele fazia laços com ela, subia pelo laço, deslocava o laço e subia novamente. Não sei nem exatamente o que ele fez. Se eu fosse outra pessoa, talvez eu tivesse querido correr até ele e pedir pra ele me ensinar ali mesmo. Uma chavinha dentro de mim mudou da posição "impossível" para "possível".

Alguém perguntou: "Você é escoteiro ou alpinista?"
E ele, sem hesitar: "Alpinista."

E, dois dias depois, depois que eu já tinha ido conversar com ele e combinado de ir no Grupo subir em árvore algum dia, quando ele estava no meu lado no bosque e ele pôs as mãos nos galhos da árvore exatamente com eu estava com vontade de fazer, eu pensei: será que ele é como eu? Será que ele vê as árvores e imediatamente pensa em como vai subir nelas?

...

...

Sabe, eu preciso tomar um pouco de cuidado, porque escrevendo isto eu notei como quando eu me interesso por uma pessoa em começo a agir como se estivesse apaixonada por ela. Não é nada disso! Eu só quero achar pessoas com as quais compartilhar paixões, como subir em árvores e contar histórias. Eu quero encontrar pessoas que uivem comigo e com as quais eu possa aprender o que anseio por saber. Eu quero pessoas que me ajudem a lembrar dos trechos esquecidos da minha Lei.

Vocês, que são meus amigos, são meus amigos porque já uivaram comigo.

Mas...

resumindo, o resto dos caras costuma se distrair demais com seus respectivos pênises pra conseguir ouvir este Chamado.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Comunicado & Reflexão sobre as Estórias

Resolvi escrever isto aqui em parte por causa de um comentário que a Tá deixou, dizendo que gostaria de ler o que eu escrevo. Na verdade, eu tenho tentado escrever algumas coisas, não necessariamente histórias definitivas mas rascunhos e anotações para o futuro. Meu último projeto é escrever sucintamente tudo o que eu consigo ver da história que eu chamo de Soule V, a história de Marwa Macally e de todos os que se envolveram com ela no Hatsw. Essa Saga surgiu quando eu tinha uns onze ou doze anos, a partir da minha paixão por video-game e talvez da influência de Tolkien e dos caras da Exodus. Por muitos anos eu evitei descrevê-la porque sabia que eu não tinha a capacidade de cantá-la tão épica quanto ela merecia, ou porque eu não conseguiria descrever decentemente os cenários e os personagens. Depois de um tempo, eu decidi que não podia realmente contá-la por causa do seu conteúdo: porque era uma Soule, ou seja, os personagens eram em grande parte variações de pessoas reais, especialmente eu e meus irmãos e amigos mais próximos; e porque começava como um jogo de video-game e depois se tornava um épico sério e intenso. Passei anos da minha vida tentando encontrar uma forma de adaptar a história para que ela pudesse ser contada para qualquer pessoa. Esta semana, porém, decidi que estava me preocupando com as coisas erradas.

Acho que o mais importante é escrever a história, agora. Se eu puder escrever a história de Marwa, então poderei contar a história de Aragorn Scorpes, de Jolyn e de Idael. Poderei compreender como o Hatsw funciona e aplicar esse conhecimento em outras histórias passadas no mesmo cenário. De repente o video-game não me parece mais uma forma tola e infantil de começar um conto. Afinal, Nárnia não começa com crianças brincando pela casa? Meu conto pode ser menos infantil que Nárnia, mas ainda será lido por pessoas que gostariam de passear por outros mundos de qualquer forma que fosse, assim como eu. Eu quero escrever para essas pessoas, esses meus irmãos de fantasia. Eu quero expôr minha alma para eles, e pedir sua solidariedade.

Ontem um esquerdista vendendo jornal conseguiu atrair meu interesse e me fez descrever minha história como "sobre pessoas tentando encontrar seu lugar no mundo". Sejamos dragões ou executivos, não queremos todos a mesma coisa?

Por fim, eu escrevo para dizer que você pode ler o que eu escrevo, Tá. Parte do que eu escrevo está neste blog, no label La Cantadora. Outra parte eu posse contar a quem pedir. Algumas coisas me deixam um pouco perdida, como por exemplo a personagem que é irmã mais velha da protagonista e que em breve entrará na faculdade e terá pouco tempo para jogar com ela. Outras coisas me empolgam, como, por exemplo, o filho de meu filho. Tenho ao mesmo tempo vergonha e orgulho do que irei contar, mas se me pedir com vontade suficiente, eu contarei tudo. É claro que há partes que eu preferiria não contar por uma questão de surpresa, mas me peça para eu guardar a surpresa e eu guardarei.

Eu quero aprender todas as línguas, porque de alguma forma me parece que a verdade está nas palavras.

terça-feira, 16 de março de 2010

Essas pessoas da física.

Hoje eu estava conversando com a Gabi(óloga) e o Bruno (Iha) e confessei que estava viciada em livros, e descrevi como isso era horrível. A princípio eles não entenderam, tive que explicar melhor. Depois eles olharam pra mim meio confusos e disseram "É por isso que você não estuda aqui" e "Tudo bem, minhas amigas ficaram assim com Harry Potter durante toda a sexta série".

Nâo! Você não pode me comparar com suas amigas na sexta série, mas eu não sou uma pré-adolescente, isto não é uma paixonite, I am the real thing, a for-real book-junkie. Não é possível que não tenha nenhum desses na física, é?

E mais: quando perguntaram que livro era, eu falei e expliquei como me doía a tradução atroz em que todos os tempos verbais estavam errados, em que quase não havia pretérito mais-que-perfeito enquanto um de cada quatro parágrafos falava do passado-do-passado, eles: "o quê?"

"Oquê?"

Repeti meu problema para diversas pessoas e o mais próximo de compreensão que eu tive foi do Dobay, que disse: "eu nunca li um livro que tivesse esse tipo de problema."

...

Depois de algum tempo, murmurei frustrada que não precisava da compreensão deles, que eu ia me contentar em ter minha irmã, que sente exatamente o mesmo tipo de revolta de eu.

E falei isso olhando pro chão, me sentindo estranhamente solitária no meio de alguns dos meus melhores amigos.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Dos últimos livros que tenho lido:

Por favor! Por favor! Eu imploro por pelo menos um préterito mais-que-perfeito!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Essência

Estou na FAU, todos os meus amigos estão em aula, estou dividida entre filosofar, passear no sol, ler um livro ou estudar. Bem, aqui eu estou.

Há pouco tempo eu estive lendo Fight Club (que tem aspectos melhores e outros piores que o filme — notadamente o fato de o narrado não se chamar Tyler Durden) e tem aquela parte em que o narrador tem que dizer o que ele gostaria de mudar em sua vida antes que o carro batesse de frente, quer dizer, seu desejo final antes da morte, aquela coisa que você diria pro padre na hora da extrema unção se o seu padre só se sentisse vivo enquanto espanca outro homem no porão de um bar ou se esforça para destruir o mundo.

"Drunk drivers against mothers", kind-a-thing.

Eu estava no jardim, tinha um dia lindo na minha frente (é preciso observar que meu jardim em si é lindo) e minha vida parecendo escorrer das minhas mãos como um chumaço de plumas e me perguntei: o que eu quero, o que eu responderia ao mecânico dirigindo meu carro em direção à morte quando ele me fizesse essa pergunta?

— Eu quero escrever meus livros.

Sabe, não aquelas coisas amadorísticas que eu mostro pra vocês, eu quero escrever a história de Shaer, a guerra dos três demônios, a viagem de Aragorn. Eu quero mostrar a força da lida deles, eu quero declarar a que conclusão cheguei.

Tudo isso me parece impossível, como me parecia impossível velejar, me parece impossível eu um dia saber escrever e ter coragem de macular essas histórias com minhas palavras. Mas eu faço um esforço, embora débil, para que um dia isso se torne possível.

Eu sou uma escritora, uma Cantadora em essência? Nâo sei. Não tenho a mesma seiva criativa do Charles, e não há grandiosidade em meus poemas nem sabedoria em minha prosa, tudo que me resta é minha paixão, que se dilui no tempo conforme eu falho em escrever o próximo capítulo. Por exemplo, quando comecei as Histórias Sem Fim, pretendia escrever um capítulo por semana, e já se passou um ano e escrevi talvez quatro folhas.

Espero entretanto que ao menos a história seja interessante.

A Bia da Biblioteca um dia me disse "Não deixe os números confundirem você: você nasceu para as letras". Sim, sim, as letras, as palavras me encantam, mas a matemática também me encanta, tudo o que é linguagem me encanta, talvez nasça daí minha paixão por computação, mas meus interesses vão muito além desse encanto. Talvez a ciência, a arte, a fábera, e todas as coisas da vida sejam apenas hobbies, coisas do coração, coisas que são alimento mas que não são o objetivo final. Todo esse amor que eu tenho pelo mundo, talvez seja apenas a forma de devorá-lo.

Quem pode saber? Eu quero ter cento e dezoito anos e ser velha, forte e sábia. Eu quero levantar o mundo (me dêem uma alavanca!), eu quero acima de tudo enxergar. Entretanto, toda vez que me distraio do mundo e tento me concentrar no eu, eu sei que a forma como Eu gostaria de existir no mundo seria através das histórias.

quinta-feira, 11 de março de 2010

O que eu faço quando perco alguém

Quando eu te perdi
(lembro nitidamente)
chorei por anos, de tempos em tempos
a vida pareceu sem graça
as brincadeiras não foram as mesmas.
Por anos não tive ninguém pra mim como você.
Mas com o tempo, acho, fui te tornando menos que uma memória
te tornei meu sangue, te tornei meu core.
Quando me curei, era eu que havia faltado.

Quando te perdi, entrei em desespêro.
Não parecia certo te perder.
Eu não estava certa sem você.
Todas as coisas que eu fazia pareciam idiotas,
todas as piadas pareciam estúpidas,
todos os meus amigos pareciam bobões
por que nenhum deles era você.
Queria voltar pra você, queria te encontrar
Mas aos poucos
meus amigos
se tornaram estrelas mais brilhantes que você
(e quando me dei conta, era eu que havia me afastado)

Quando te perdi, eu entendi.
Minha dor era tão grande que parecia abarcar o universo, mas isso não importava, porque eu entendi.
Eu senti saudades, mas pensei:
"Vivemos tudo o que poderíamos viver"
Você viveu, viverá, para sempre.

Quando te perdi, eu observei
Eu observei até que você viesse à tona
eu observei os outros que também te perdiam
eu procurei por você nos olhos deles
eu procurei por você nos registros, nas lembranças
eu procurei por você na memória e em Deus
e talvez eu te encontre, não sei, na Morte.

Quando te perdi, eu te amaldiçoei
Eu gritei, eu urrei em silêncio
Eu xinguei sua família, seus sonhos
Aqueles amigos que a gente teve e que eu não tenho mais.
Quando te perdi, não te perdoei
Ainda não te perdôo.

Quando eu te perdi
(e como me dói pensar nisso)
eu mergulhei em coisas felizes, talvez pra esquecer
Amigos, amor, essas coisas
Porque foi tão definitivo!
No fim,
eu perdi tanto
mas consegui manter você
um pouco ao menos de você.

Quando te perdi
(acho que perdi metade do meu coraço junto,
por isso não sinto profundamente essa perda)
Sério, quando te perdi
Passei alguns anos sem saber direito o que fazer da minha vida.
Passei muito tempo sem saber se as outras pessoas que eu conhecia
poderiam de alguma forma preencher o espaço que antes era só pra ti
De verdade,
ainda não tenho certeza do que aconteceu
Não que eu sinta sua falta, é só que
...às vezes eu acho que ainda sobra em mim esse espaço vazio.

Quando te perdi
...
...
...
...
Bom...
...
..
.
.
É: quando eu te perdi, o vazio de não ter você foi tão avassalador que entrei em desespêro e tranquei o pensamento pra fora da minha mente. Toda vez que pensei em você meu mundo ficou negro, e quis chorar. Toda vez que ouvi de você, gritei em minha mente para abafar os urros dessa ânsia que não me deixava respirar. Tentei, com todas as forças, fazer minha vida fazer sentido sem você. Tentei me convencer de que sua história podia prosseguir sem mim. Tentei fechar meus ouvidos para qualquer traço de você, com mêdo da dor lancinante que me causava qualquer notícia sua. Chorei: chorei copiosamente, sem conseguir sequer enxugar as lágrimas. E nunca parei de sonhar com você.

Quando te perdi, sentei e olhei a noite, magoada,
pensando em todas as promessas que fizemos e que não iríamos cumprir,
pensando em todas as aventuras que não poderíamos fazer.

Vegetarianismo?

Hoje, eram cinco horas, aquela hora em que meu corpo começa a ficar incomodado com a falta de algo pra digerir, fui na cozinha e peguei um pedaço de frango. Aquilo tava gostoso e resolvi pegar mais um pedaço só pelo prazer. Enquanto me acomodava para ler enquanto comia, pensei:

— Estou comendo os músculos de uma galinha.

Galinha como? Penuda, branca, ciscando, aquele olhar arregalado de dinossauro, crista, garras, vôos curtos, voz estridente. Imaginei galinha na minha mente, chocando, ciscando, andando, gritando. Estava comendo um pedaço de galinha. Me imaginei arrancando um bife da galinha, e o fritando e o comendo. Porra.

De repente me pareceu idiota comer carne só porque eu tô com gula. Quando você está com fome, poucas coisas são tão gloriosas quanto a carne, e a carne realmente é saudável, e meu corpo às vezes clama por ela. Mas comer só porque sim? Comer outro animal só porque o gosto é bom? Eu não mataria uma galinha por alguns minutos de prazer, não se esse prazer não fosse glorioso o suficiente para dar sentido à minha vida.

O frango pareceu totalmente sem gosto de repente. Eu podia sentir que ele ainda tinha o sabor agradável, mas eu me senti mal por estar comendo. Mesmo assim, sem poder devolvê-lo à geladeira, comi até o fim.

sábado, 6 de março de 2010

Mudança dos nomes das ruas na USP

Vocês viram? Parece que vão mudar a Rua da Reitoria pra "rua da Praça do Relógio" (é aquela rua que passa da rotatória até a Praça do Relógio por dentro do quarteirão do CRUSP), e a Praça da Reitoria para "Praça do Relógio Solar". Acho que isso vai ficar muito confuso, as pessoas vão confundir ainda mais... se bem que na verdade ninguém usa os nomes de verdade das ruas; pra mim aquela praça chama "Praça do Calendário Solar" (porque é um calendário, não só um relógio). Também vão chamar uma rua de "Rua da Reitoria" lá perto da antiga reitoria. Isso é bem estranho, o bolsão já deixa todo mundo confuso, agora essa rua vai piorar as coisas. Aquilo tinha que chamar "rua dos bancos" ou algo assim. As coisas tinham que ser mais objetivas.