quinta-feira, 30 de setembro de 2004

Só porque minhas mãos jazem vazias...


Cara, o que aconteceu? O que aconteceu comigo? Fecho os olhos, abro os olhos, não vejo nada, mas sinto, sinto teu gosto na minha boca, misturado a este suco de laranja... Os outros? Quem me entende de verdade? Quem me conhece? Ninguém de fato sabe a história inteira... Tentam julgar pelo que sabem, e muitas vezes só conseguem me confundir mais.

Eu sei que eu disse que não ia escrever, mas não posso, não posso e não consigo. Na verdade, eu escrevo isso para vocês, é só para vocês, mas é por mim. Eu preciso disso.
Tentar, pelo menos tentar, fazer com que o mundo entenda meu ponto de vista.
As pessoas não me conhecem de verdade. Falam umas bobagens sobre mim, sobre como me sinto, mas acabam não dizendo nada.
Estas palavras, que vão além do diário, que tornam-se literatura ou música, são apenas eu, apenas eu. Eu penso coisas assim no meu dia-a-dia, não é algo que só acontece em momentos especiais. Eu penso... penso... Ai...
Hoje foi um dia difícil.
Sinto vontade de chorar.
Primeiro Cham, me ri, me desconcerta, brincando nos meus olhos, minhas mãos que nem minhas são mais, são tuas!, meu pescoço, minha barriga... Me desacerto, num amor desapaixonado,
Te amo!
O céu desaba em minhas mãos num beijo, aliás no pedido de um beijo. Sinto vontade de chorar, mas as lágrimas não sentem vontade de rolar.
Por quê; como pôde meu coração ser tão insensível? Coração, metonímia do meu ser inteiro.
Por que eu não me apaixonei por ele, me explica? Por que eu não me apaixonei por ele antes que pudesse me apaixonar por ti, menino? Por que prefiro a ti, quando não consigo nem comparar o amor que sinto por vós?
Reviro meus pensamentos, e mesmo meus sentimentos, e não encontro sentido! Mentira, encontro um só sentido: te amo o suficiente para querer estar sempre contigo, independente do quão desconfortável isso possa vir a ser.
Na verdade, nunca eu soube como suportar a vida nesse meio de vidas em constante explosão. Somos todos meteoros sem rumo e chuva de verão. Não sei onde vamos chegar...
Por favor...
Mas às vezes, bem às vezes ou não tão às vezes assim, eu queria que você me protegesse. Sim, me protegesse deles. É destes que tenho mais medo.
E depois a Lud...
Não, não quero ver-te sofrer, só quero seu sorriso, e quero que viva intensamente! a alegria de fato traz consigo uma certa dose de tristeza.
O mais estranho é que eu realmente não acredito que vocês conseguirão compreender direito o que estou escrevendo aqui. Falo em muitas vozes, é confuso, é complicado. Assim é meu pensamento.
O mais estranho e complicado, é que o tempo todo só consigo pensar em você. Depois de tudo, olhando para o chão, me via obrigada a pensar nele, mas ao mesmo tempo só podia pensar em você. Pois não és a razão de tudo?
Ora essa, coração! Se eu tivesse me apaixonado por ele, aposto que agora estaria exultantemente feliz! Não teria porque ter dúvidas nenhumas... MAs não podes fazer o que é fácil!? Agora esmaeces, choras:
as lágrimas finjem que vão cair, mas apenas admiro o vazio, desconcertada.
Meus caros leitores, ficaríeis admirados se pudessem ouvir o fluxo de meus pensamentos. Talvez assim pudésseis vislumbrar a cacofonia a que me sujeito; talvez pudessem ouvir o "eu te amo!" singular e vívido que acompanha cada fórmula, e o silêncio insolícito que surge, quase inesperado, a cada frase.

Será que existe uma possibilidade qualquer de compreensão?
Fecho os olhos, esperando que as lágrimas caiam...

But that's just because my hands lie, empty...

terça-feira, 28 de setembro de 2004

Palavras da Menina que toma Leite num Copo que tem a Cara de um Gato Desenhada

De quem não sabe quem sou, pra quem não quer saber.

Oras bolas, eu nem gosto desse blog. Não gosto. Preciso compulsivamente de feedback. Ou eu erupto. Erupto. Cuspo lava. Eu sou um dragão de pêlo, vai encarar?! We're gonna dance through the night, I just need a little more of... you.

Eu tenho de admitir que eu tô faminta. Faminta, não sedenta, dessa vez só todo o líqüido do teu côrpo é pouco, muito pouco, eu quero tua carne, quente, fervendo, como meus braços estão fervendo, meu sangue ebulindo nas veias, disassociando-se, destilando-se, sangrando, sangrando!
. Sangrandinho, né?

"Meu amor, meu bem, sacie e mate
Minha sede de vampiro, senão eu piro!
Viro hare khrishna (khrishna-hare-hare...)
Não me desampare - ou eu desespero"


Eu tenho a sede do gato que desenhei naquele copo.


Now that puts things in proper perspective.
Ontem o Vicente reclamou que eu... Ah, sei lá o quê ele disse, só sei que tinha a ver com sombras e negritude e outras coisas assim. Eu venho sendo acusada de sombriismo, negativismo, mortismo e outros bichos desde que peguei num lápis pela primeira vez, e olha que eu era BEM pequena. Eu tenho que admitir que eu era uma "criança" (desculpa, na minha concepção minha infância de verdade acabou quando eu saí do Tangará. O resto foi... outra coisa) depressiva e insone, que não sabia ter amigos (QUOTE:"Marina, pra você 'amigos' são as pessoas ao redor de quem você dá voltas no recreio?") et cætera... Mas eu estou bem, obrigada, só um pouco irritada porque ninguém tem opinião sobre o que eu escrevo. Será que ninguém tem opinião sobre mais nada nesse mundo?!

CHAM: Calma, Marina, calma...

Eu vou mostrar pra vocês o texto fofo que eu escrevi hoje à tarde, enquanto bebia leite no copo que tem um gato desenhado. Do quê eu estava falando?

Ah, é, perspective. Agora eu entendi porque ele disse aquilo. Ele chegou no meu blog e leu "Não me toque, que eu sou capaz de machucar você." -- é óbvio que isso soa terrível... Aiai... Eu realmente estou irritadiça, fala sério. Vamos falar sobre borboletas?
Ou não. Já sei. Vamos falar sobre as coisas esquisitas que acontecem comigo.
Eu com a redação de português sobre a mesa, observando os escritos nada a ver no alto da folha sobre a música, sobre a letra, sobre algo que o Yuri tinha me dito e umas coisas que não tinham relação com nada... De repente, o Yuri aparece, lê o que está escrito e diz:
-- Isso não deveria estar aqui. Deveria 'ta' escrito na Toca, em azul e pequeno.

Eu até escreveria aqui, mas já entreguei a redação...
Sabe o que eu estava pensando? Conversar é bom. Conversar é muito bom, é prazeroso. Por quê? Eu tenho a impressão de que é biológicamente bom. Que legal.

Eu estou em dúvida: em lado de mim quer escrever sobre a morte, o amor, e outros demônios, mas outro lado meu quer falar sobre o dia, a vida, o amor, e outros agatodemônios... Também tem um lado fundamentalmente importante que me diz para ir dormir, o que acaba com toda a dialética. Estou com sono.

Eu não acredito em mim mesma: dei um jeito de acabar com a irritação do post conscientemente. Que medo. Que sono.

Talassocracia.

Quando eu crescer quero ser talassocrata.
Quero ter uma daquelas cartas de navegante phodonas que te deixam comandar desde lanchinas até transatlânticos, até caravelas.
Às vezes eu queria ser pirata. Mêdo eu não tenho. Tenho?!

"Queremos saber
o que vão fazer
com as novas invenções"


Estou sentindo um cheiro, uma sensação, que só sabia associar à Cajaíba, até agora. Esse gosto, esse cheiro salgado... Eu descobri que, para mim, a Cajaíba está resumida naquela sensação de frio, de noite, o sal no corpo, picadas de mosquitos impertinentes, esperando a fila do banho, fazendo Coquetel à luz de velas, desenhando com aquele cheiro de mar, alguém fazendo miojo, alguém jogando baralho, umas pessoas dormindo, outras bebendo, outras fazendo/recebendo massagem; sempre conversando sobre assuntos tão diversos quanto eu imagino possível, todos juntos, uma grande família, naquela noite fria, esperando a fila do banho andar para tirar aquela sensação inevitável de impureza e salgado...

"I can see the lights in the distance
trembling in the dark cloack of night"


Pronto, agora eu não escrevo mais enquanto não derem sua opinião sobre o que eu escrever.

à bien-tôt, mes chérris!

domingo, 19 de setembro de 2004

Don't!

Não me toque.
Eu sou capaz de machucar você
Meus dedos podem atacar você
Eu quero, sim, eu quero encontrar você

Não me olhe.
Eu sou capaz de encarar você
Meus olhos podem assustar você
Eu quero, sim, eu quero procurar você

Me abrace.
Eu sou capaz de só querer você
Meus braços poderão prender você
(Acho que eu tenho medo de que você fuja)

Me enlace.
Não sou capaz de esquecer você
Meus sonhos vão me relembrar você
(não poderei lavar minha alma suja, suja...)

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Tenho que lembrar de escrever sobre ontem. Tenho tanta coisa para falar!

Só pra Saber Ser...


Hoje é dia de guerra. A guerra, de todos os outros dias. Hoje, como todos os outros dias. Eu observo no cone brillante uma carta caindo de uma gota d'água. Um rei de paus tocando a mesa suavemente. Não entre nos bares, esqueça os amigos... Tomo um gole de saliva grossa, sedenta. Suspiro e me sinto só.

Hoje é dia de trégua. Da guerra, a guerra da vida, a disputa do dia inteiro. Eu sempre queria te ver hoje, mas hoje também, tenho medo. Talvez a distância seja mesmo uma vantagem. Hoje não vou querer ver ninguém.

Estas lágrimas estão atrapalhando a minha visão das teclas. Estão molhando meu rosto. Amor um mal, que me mata e não se vê. Estão estravasando uma dor que não transborda. Essa dor que não tem nome, um não sei quê, que nasce não sei de onde, vem não sei como e dói não sei por quê... Essa dor que não tem palavra. Há uma qualquer coisa no meu dentro, doendo sem doer. Será que dá para entender uma coisa que não se é? Pois hoje não me sou.

Hoje eu me sinto apenas solitária. Só. Há uma dor, uma dor que eu nem sinto direito. Mas o quê? Eu estou tão tranqüila. Minhas mãos se movem rápidas, mas sem razão. Meu corpo dói. Minh'alma chora. Tem algo de fundamentalmente errado nisso tudo. Mas o quê? Qualquer coisa que eu sinto e não entendo. Dá pra entender? Quelquer coisa que doa e não se sinta...

Coisas que passam pela minha mente, sem motivo, sem fundamento. Lembranças meio vazias: como coisas realmentem antigas, não existem mais. Houve um tempo em que eu não acreditava em amor. Realmente não acreditava. O amor me parecia completamente incompreensível e absurdo; talvez tão estranho quanto o sexo, só um pouco menos nojento. Mas no meio do tempo, cheguei à conclusão de que, se eu não gostava de boneca, tinha que amar alguma coisa. E o quê eu amava? A natureza! A música, a dança, a poesia... Mas principalmente a natureza, que de música e poesia eu nem tinha muita noção. Aí, pela primeira vez eu comecei a gostar de um menino, eu tinha uns sete anos... Não foi sério, eu não senti nada, mas ele era lindo. Minto: senti ciúmes. Foi a única vez que senti ciúmes concientes e verdadeiros em... dez ou doze anos. Depois, eu não consegui entender: por que conseguia gostar de três meninos ao mesmo tempo (isso eu tinha uns dez anos)?; no fundo, eu dizia que gostava, só pra não me encherem o saco. Aí veio o ginásio, que foi ao mesmo tempo céu e inferno.
Na verdade, tudo continuou tão infernal como sempre; mas talvez eu tenha me adaptado o suficiente para gostar desse inferno. Comecei a adorar baladas, talvez até porque as pessoas adoravam me ver dançar.[NOTA: o que a gente chama, ou chamava de balada, é mesmo aquela festa de quatorze e quinze anos (porque eu não vou a uma há tempos) onde se toca música com ritmo forte, pulsante, letras meio sem sentido, mas que estranhamente refletiam todos os meus sentimentos no momento, e melodia questionável... que começa às onze e termina às seis... onde não dá pra conversar sem gritar, direito, então a gente só dança!]
Eu dançava como uma salamandra drogada. Me equilibrava no não-equilíbrio. Cantava aquelas músicas olhando nos olhos do cara que eu mais queria no momento, sabendo que ele nem ia ver, por mais que ele olhasse pra mim. Desligava a mente, me explodia no arrebatar de todos os sentimentos, não pensava em nada. Minto: sempre pensei demais. Mesmo em baladas, quando só uns dez por cento da mente funcionava de verdade. Mesmo assim, eu curtia pra caramba. Ser livre, mesmo que por um segundo, por uma madrugada, chegava em casa fedendo, nojenta de mim, cansada, mas sempre ficava até o fim da festa, ria, não tinha medo de quase nada. Nunca 'fiquei', nunca bebi mais que um copo de... alguma coisa com vodka e pêssego, isso na pior dessas festas.

Eu não acreditava em amor. Assim como não acreditava na humanidade, não acreditava de verdade no amor. Não acreditava em casamento, não acreditava em monogamia. Não consegia entender como alguém poderia desejar apenas uma pessoa.

Sinceramente, como eu fui tôla. O tempo todo, desde que nasci.
Um belo dia descobri em mim um sentimento que destruía tudo o que eu sentia: não era mais um amor de amigo, não era mais amor de irmão, também não era simpatia, nem admiração, nem atração sexual. Todas essas coisas eu entendia! Mas um belo dia eu descobri um cara que não era meu amigo nem meu irmão, não era meu ídolo, não era meu perceiro, eu nem achava ele bonito (na verdade, só descobri que não achava ele feio quando ele falou que era) nem queria beijá-lo nem nada. Eu não estava apaixonada por ele; mas o que senti só pude chamar de amor.

Mas, meu Deus, como fui tôla!
Se eu achei que tinha mudado alguma coisa, desde a primeira vez que achei quis um cara especial, na primeira série, na primeira quadrilha, gente, como eu pude ser tão estúpida?!

Por que a gente não pode simplesmente desencanar, desistir dos nossos objetivos, ficar com o que for mais fácil, tentar ser feliz, por que a gente precisa realizar nossos sonhos?!

Toda quimera se esfuma
como a brancura da espuma
que se desmancha na areia.


Estas lágrimas estão atrapalhando meu raciocínio.

Por que sempre tem alguém que sai perdendo...?

Eu ouço sua voz, sua voz, ecoando no abismo, gritando meu nome.
Demoro a perceber que é só o vento nas folhas.
É o vento nas folhas, como posso chamá-lo de "só"?!
Quando eu te escolhi, você era só um cara estranho.
Agora parece óbvio porquê eu gosto de você.
Mas não é. Você não é. Não é! Você não pode ser tudo aquilo que elas acham que você é.
Porque quando eu te escolhi eu não conhecia nada disso.
Vi só sua doçura, só isso. Só isso. Droga.
Homem nenhum pode ser tão perfeito quanto vento nas folhas.
No entanto, no entanto...

quarta-feira, 15 de setembro de 2004

Íris

(Ninguém disse que o vermelho não pode transformar o azul em verde...)

Hoje eu vi um menino de olhos verdes.
Sim, verdes. Verdes como não deveriam-no ser. Verdes.

Eu não sei porquê estavam verdes. Posso apenas imaginar; mas sabemos (ou eu imagino que saibamos) que minha imaginação é sempre em favor da minha satisfação -- e assim, eu imagino somente o que eu quero que seja a verdade, com maior força quanto for maior a chance de ser verdade. E dessa forma eu imagino a melhor das hipóteses, e espero sinceramente que seja a verdadeira -- e dessa forma esqueço qualquer outra possibilidade, para o meu próprio bem.

Afinal, na minha ignorância fiquei a apenas olhar para ele, admirando a dor do seu olhar verde meio perdido, meio abandonado. Eu via nesses olhos um resquício de poder realmente grande, com o qual se sustentava bravamente da compreensão humana, tigre solitário do qual ninguém teve de sentir dó. Mas era um tigre confuso, críticamente destacado da paisagem e ao mesmo tempo à mercê das ondas do mundo, quebradas suas certezas e seus sonhos, como se, contra tudo e todos, pudesse ter se apaixonado por uma corça.

(Sim, uma corça. A corça é um animal que nunca vi, e pouco ouvi falar. Mesmo assim, penso nela com bastante freqüência, e não sei porquê. E acho que, se um tigre e uma corça partilhassem o mesmo espaço geográfico, o tigre fatalmente encararia a corça como uma presa em potencial)

Eu queria segurá-lo, perguntar o que estava acontecendo, pois por mais de um momento ele me pareceu completamente indefeso. Mas não pude. Tive mêdo. Tive medo de que ele mesmo não quisesse ser segurado, talvez porque isso apenas aumentaria sua fragilidade. Como aquele menino de Menino Deus, que começou a me bater, com muita força, quando perguntei porquê ele estava chorando. Ficamos agressivos quando estamos deprotegidos. Matamos qualquer coisa que se aproximar de nós.

Mas ainda há qualquer coisa de divino, um sentimento qualquer que quebra todas as regras. E nesse sentimento, o dia transcorreu naquele mar de verão, cuja cor não era a do céu, aquela cor de alma desnuda e aquele olhar, "não fujas não, que a gente já não tinha mêdo...", e eu queria protegê-lo, queria ampará-lo, apesar de ali entào ser mais uma lembrança que uma visão. Pois isso tudo foi antes, muito antes.

Durma, meu anjo. Eu te protegerei, até que a morte me carregue para junto de ti.

Não. Está errado. Essa frase é bonita, mas está errada. Seria mais certo dizer: "eu te protegerei, até que a morte te traga para junto de mim."
Mas isso foi depois. Bem depois....

quinta-feira, 9 de setembro de 2004

Deixa Eu Cantar

[um post em três cores de um terço de lobita]

Bom dia, meus caros leitores! Como vão todos?
Do sumo da minha alma para o papel... escorrem gotas de um sangue vermelho. A dor, a confusão, o medo, o mêdo, o mêdo... Mas mêdo de quê?! A alegria pura e virgem se perde, meus pensamentos se confundem, eu juro para mim mesma um amontoado de significados sem palavras... mas aí lembro, lembro que tudo é tão...
Eu tô feliz! Feliz!
Hoje pensar em você me faz chorar.
Acordei de tão bom humor, pensando em repetindo aquelas palavras que eu queria lhe dizer... mas a frase, as frases, a a que mais repetia (devo tê-la proferido umas quinze, vinte vezes) foi que estava extraordinàriamente feliz; "estou exultante, exultante"(e ria só de pensar nessa palavra) "extremamente feliz, viva, como que encontrei meu lugar no mundo, nos seus olhos, seus olhos"...
Rasgo meu peito, uma dor de sangue, a faca sutilíssima, a corda...
WAAARG!!
Olho pela janela a noite escura que me aguarda lá fora... Lá fora...

"Lá fora
apitou o navio
Apitou mas não pode parar...
É que a barra
'tá toda tomada
pela marujada de Martin Parangolá"


Umas coisas estranhas passam pela minha cabeça, na alegria do meu bom humor...
Eu acabei não fazendo o trabalho de história. Mas eu comecei, e agora ele ficou lá, com cara de trabalho começado, pedindo, implorando para ser terminado. E eu quero terminá-lo. Realmente quero. Mas estou vendo que não vou. Não até alguém de fato querer que eu termine. Até alguém me fazer terminar. Porque eu não vou achar motivo!
I feel like a Queen Bee... You know that feeling, that bizzarre feeling, that your friends are starting to like you in ways you just cannot aff... afford. I remember the last time I felt that, it was... horrible. I hated it. But I can't hate it: I'm just a girl, I'm human, of course I want them to like me, to love me, to tell me I'm beautyful, to hold me and hug me and... what... ... ... ?...
Hoje pensar em você me faz chorar...
NA escola, na rua, o dia inteiro, uma falta, é que eu queria você, só você, seus braços, seus lábios, seus olhos; seu côrpo inteiro!
Eu já expliquei que gosto das pessoas com a barriga? Sim, com a barriga. Eu abraço as pessoas com a barriga. Eu sinto as pessoas com a barriga (as delas e as minhas), pela barriga. O ventre, o dentro, onde todas as coisas importantes acontecem; onde os bebês são formados e os pedaços de carne que tão ávida e sangüinàriamente devoramos se desfazem em moleculinhas cada vez menores...
"O ser humano é estômago e sexo."
Mas sabe o quê? Não importa. Minha barriga quer barriga, quente, muito quente. Fome. A barriga fica quente quando tem fome.
Ai, que hoje é só dizer o seu nome, já me afloram nos olhos, tanto sal, uma torrente gelada-quente, lágrimas, e esse gosto salgado é o docílimo néctar, lábios com sabor de pólen, seu coração batendo, da divindade humana, meu anjo guardião, minha criança explodindo dentro de mim em risadas, gargalhadas e lágrimas exultantes, das cálidas gotas que sorvo sem motivos para não sorrir...
I close my eyes. I feel like poligamic, y'know? As if I'd have many boyfriends at once. That'd be awfull... Not that I've ever had any, but I can guess what it feels like... And I do know. The thingh is, I don't want to love anyone else. It doesen't matter if I do have to contain meself not to take his hands on mine, not to sleep on his shoulder... In the end, it's your arms I long for..
Heck, why am I writing this in english? Is it only because I'm ashamed, I'm afraid, I don't really want anyone to read it?
"The wind blows with a thousand voices,
it passes by the bridge and me..."


No fundo do peito, uma voz que cála. E eu rio. Não há o que se fazer. Fui mal nas provas todas: química, filosofia. Pobre Claúdia. Talvez vá mal em história também. Tenho OBF no sábado. Tenho mais o que fazer. Mas eu paro para pensar, assustada com o fato de que você é o primeiro pensamento que me ocorre. Primeiro seus dedos, depois seus olhos, depois o côrpo inteiro.
Me abrace, me dê um beijo
Faça um filho comigo
Só não me deixe sentar na varanda
na manhã de domingo, domingo...
Hoje só sua existência me provoca uma explosão incontida, esse gosto de sangue, de suor. Na minha mão está escrito que eu o amo, ou que você me ama, ou que todo o mundo... O porquê eu não sei, é tudo confuso, difuso, uma explosão de luz; eu não ousaria pôr palavras na sua boca, mas movimentos na sua mão, que me toque, me abrace, me ame... Pois amo -- a você apenas, e a mim, e a qualquer coisa indefinida que esquenta minha barriga, um coração cheio de sangue salgado -- o amo pela barriga, pela carne, meu sangue azul, cálido, salgado, divinizado por sua existência.
Páro, admiro minhas próprias palavras marcadas num papel bastante branco. Eu não sei. Parece até que estou apaixonada. Não, antes eu não estava. Antes era só amor. Ou antes não era nada.

"Lá fora, amor,
uma rosa nasceu
todo o mundo dançou
uma estrela caiu...
Eu bem que mostrei, sorrindo
o sol na janela, ói que lindo
e só Carolina não viu..."
Estou começando a me entediar comigo mesma, relendo os textos, os assuntos sempre iguais... Só que perdi a capacidade de me entediar: em tudo posso ver, clara e imperguntàvelmente, a beleza obscura do sangue que jorra, da lágrima que corre, da flor que se despetela, da folha que cai. Em tudo enxergo pássaros de lindo canto, fórmulas de perfeita e harmônica precisão, o ruído devorador da pena metálica se arrastando pela superfície da folha branca, pura, virgem... .. . .. ... .
Estou com sono. Estou com sono mas não quero dormir. Se eu dormir, corro o risco de não sonhar com você. Por outro lado, quero dormir. Se eu dormir, quem sabe o dia de amanhã chega mais rápido?
"Nunca mais as noites foram tão boas quanto os dias que a elas se seguiram..."
Hoje, mas não apenas hoje, essas lágrimas escorrem por meu peito que bate sem sentido, o ser humano é estômago e sexo, o ser humano é líqüido, é sede, o melhor da vida, eu te amo, eu te amo, euteamovocê...
E ainda acho que rio. Não consigo não estar feliz. É verdade, estou exultante. Exultante! Apesar de todo aquele medo que me incomoda... Dessa vez, não é medo de você. É medo dos outros. De mim. Não sei. Do sangue que pulsa, que -- AAARGH! -- do sangue, o sangue. E quero que você me proteja... Quero que me segure. Mas pode apenas olhar para mim.
"Quero que você venha comigo...
e quero que você me dê abrigo..."
No final, não tenho saída além de ser feliz. Não posso não ser feliz. Não posso não ser livre. Mas não quero ser livre realmente. Quero a liberdade que eu puder ter. Ah, sei lá.
[retirado de um escrito de 8 de setembro de 2004 -- vulgo ontem...]
Como eu já disse, estou com sono.
Muito sono.
São dez e meia, e eu acordei à três e meia da manhã.
Estou acordada há dezenove horas.
E cantando!
"Everythingh I do, I do it for you..."
E aí, então... Boa noite e bons sonhos, minhas estrelas cadentes... Até o dia seguinte!

"Deixa eu cantar
para tudo ficar odara
Minha cara
minha cuca ficar odara
Deixa eu cantar
Que é p'ro mundo ficar odara
P'ra ficar tudo jóia rara
qualquer coisa que se sonhara
canto e danço que dara..."





quarta-feira, 1 de setembro de 2004

La la la la la la la...

Eu tô feliz. É estranho. É bom. É quase sem motivo.

Eu estou com mêdo. Medo de que mais uma vez eu não consiga. Nas pequenas coisinhas diárias. Medo de que isso não me torne mais forte. Uma grande bobagem, aliás. Medo de te machucar. Acho que esse medo é culpa do Bruno e do Marco. Mas tudo bem. Eu só tenho mêdo de você.

Eu devia agradecer. Agradecer vocês por me fazerem o que sou. Eu sou o que vocês me fazem. E vocês me fazem feliz.

Apesar de tudo.
"Apesar de lindo, o mundo é feio."

Não me importa se eu vou ou não te amar pra sempre. Não consigo ficar pensando no futuro. Por enquanto, pelo menos, cada dia é sagrado. Roubem um dia de mim, para ver o que acontece. Eu morro. E nessa morte, destruo tudo o que criei. Quem me amar morre comigo, a parte do peito e da alma que eu levar comigo. O inferno coberto de chamas.

"Apesar das cores, o mundo é cinza."

Na verdade, não posso saber. As pessoas são demasiado distraídas. Ontem eu estava chorando, realmente chorando, lágrimas escorrendo (apesar do motivo poder ser considerado besta por alguns) e ninguém viu. Eu tenho medo de mim mesma. Acho que eu consigo ficar realmente triste e não deixar visível. E não é intencional. Meus olhos vermelhos, um gosto salgado na boca, os pensamentos correndo furiosamente em circunferências concêntricas. As pessoas me olham, conversam comigo. Chego a pensar: será que ninguém vê, ou realmente ninguém se importa? Ou na verdade alguém se importa mas ninguém sabe o que fazer? Eu olho pro lado. Eu sei que ele viu. Olhou pra mim, fez um comentário sobre o cachecol. Mas não vai fazer nada. Nem falar nada. Você olha pra mim com um olhar que eu não consigo decifrar. É como se não entendesse nada. E acho que não entende mesmo. Acho que a minha sorte é ter uma mamãe-cogumelo que me abrace. Que me faça me sentir a pessoa mais linda do mundo. Que me faça querer ser a pessoa mais linda do mundo. Acho que mães fazem isso mesmo. Minha mãe faz também.

Aliás eu devia agradecer à minha mãe. Por ter me ensinado tanto: a amar, a odiar, a sentir fome, a fazer café, a me virar, a fazer o que eu quiser, a cumprir meus deveres, a sofrer, a ser feliz; e por ter me feito compreender o quão apaixonada eu estava (e estou) por aquele cara que é insuportavelmente fofo (no sentido de que eu não suporto não causar reações fofas nele) e incrivelmente bobo...
"Marina, quando você pensa nele, seu coração bate mais forte?"
"Hey, Sally could wait, she knows it's too late as she's walking out by
Hey slides away... Please don't look back in anger, I heard you say..."


É bom ter amigos que te abraçam e te seguram.
É bom gente que te faz feliz.
É bom pintar, desenhar, fazer arte.
É bom saber que mc=12 5...
É bom olhar para alguém que tu adoras e esse alguém te olhar de volta, sorrindo tanto quanto tu, um sorriso supremo, completo, de pura satisfação.
É bom jogar futsal com meninas que não vão hierarquizar o time, vão contar contigo até a última gota.
Nosso suor sagrado
É bem mais belo que esse sangue amargo
É tão sério
E selvagem.
É bom saber que temos cada minuto do nosso dia, porque, afinal, temos cada minuto do nosso dia.
É bom abraçar e não querer largar.
É bom sentir o cheiro da gente que a nossa gente ama, a gente que a nossa gente não consegue viver sem.
É bom saber quem eu sou, às vezes.
É bom saber algumas coisas sobre mim.
Cheiros favoritos: côrpo humano (sim, o suor, o sangue, a saliva, as lágrimas; sim, a pele, os pêlos, o bafo, o côrpo o corpo o corpo...), água (a chuva que ainda não caiu, o esguicho molhando as crianças, a cachoeira chovendo sobre os corpos, o cheiro da mata amazônica -- que aliás é totalmente diferente do da mata atlântica), fazenda (os cavalos e o gado vivos comendo, andando, suando, aquele mato todo, terra molhada, coberta de bosta, a poeira nos dias secos com aquele cheiro de mato e quente, a água, a madeira - viva e morta -- as folhas e os insetos todos, junto com os passarinhos, e o vento), comida (sim, a carne, suculenta, as batatas, os legumes, as massas fumegando, o arroz, o frango com alecrim com rúcula...)... Aliás bastante nessa ordem... E mais algumas outras coisas.
É bom ter amigos que acham que se importam comigo.
É bom ter amigos que se importam.
É bom ter mães.
É bom ter pai.
É bom ter irmãos, agregados, irmãos-cogumelo, bichinhos de pelúcia, bichinhos de estimação, coisas-fofas-que-melhorem-meu-dia, uns caras possessivos que acham que são alguma coisa, uns caras incríveis (no sentido original da palavra) que acham que são possessivos, uns caras fofos que acham... Eu acho que acham alguma coisa. Umas amigas que são gente como eu (diferente dos caras, eles são incompreensíveis em demasia), que choram quando devem chorar mas só conseguem me fazer feliz...
Eu estava pensando, toda a minha possessividade vem de um estranho (mas compreensível) desejo de que algumas pessoas sejam mais possessivas comigo...
É bom cantar. Eu gosto de cantar. Eu gosto da minha vida.

Eu estou feliz.
Culpo-vos por minha alegria. Quero um abraço. Quero ser feliz.
Todo o mundo quer ser feliz. Mas ser feliz não é importante. Liberdade é importante. O conhecimento leva à liberdade. A abertura nos leva ao conhecimento.
Eu devia agadecer, sinceramente, ao Tio Fernando, que me fez perceber, pela primeira vez, alguns anos atrás, que existe muito mais conhecimento no mundo do que eu posso ter, e que não é preciso ter lido todos os livros (aliás, é absurdo).
Tem tanta gente a quem eu preciso agradecer, por tanta coisa...
Por exemplo, ao Artur, eu preciso agradecer por discordar de mim, e saber argumentar melhor do que eu, ganhando assim as discussões (embora eu ainda não tenha muita certeza de que ele estivesse certo), e por concordar comigo com um sorriso de convicção e obviedade; ao Yuri, eu preciso agradecer por discordar de mim e muitas vezes estar, de fato, errado, me fazendo rir bastante, mas também às vezes estar certo, me deixando encabulada, e por concordar comigo com um entusiamo que me leva a um entusiasmo ainda maior; ao Bruno, por discordar de mim sem nenhuma preocupação em estar certo ou errado, discutindo por discutir, e só concordar comigo em obviedades e bobagens; ao Charles por discordar de mim com um tom de voz e um olhar que me fazem me sentir uma criancinha tola, e por concordar comigo me fazendo rir; ao Fábio, por discordar de mim e sempre vencer a discussão me fazendo me sentir muito estúpida, e nunca concordar comigo; ao Ed, por não dar a menor importância a esse tipo de problema, e me fazer encarar o problema de não poder morder; e por várias outras coisinhas, a estes e a todos os outros...

Acho que já babblei demais.
Vou comer.
Tchau.