domingo, 24 de abril de 2011

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Esses dias eu me dei conta de que esta semana (bem a semana em que você está longe, porra) fez um ano de várias das nossas primeiras vezes. A primeira vez que nós trocamos olhares cúmplices. A primeira vez que nós trocamos sms. A primeira vez que nós saímos juntos sem nossos respectivos namorados. A primeira vez que saímos a sós. Etc.

Então eu te mandei um sms e você respondeu, sim, vamos comemorar? E eu pensei, Sim, vamos dar uma festa! Depois a idéia me pareceu tão estranha, porque dois dias antes eu estava falando pra Carol que eu acharia estranho se alguém me ligasse no meu aniversário de casamento ou algo assim, porque parece uma data íntima. Nessa hora eu me toquei que eu não sou assim.

Como eu sou: eu mantenho meus relacionamentos em segredo por um bocado de tempo, até eu começar a desejar intensamente compartilhar cada aspecto da vida. Inevitavelmente eu passo a querer compartilhar os amigos, as turmas, os lugares, as atividades, os pensamentos. Eu passo a querer união total. Comunhão total de vivências. E parte disso é querer compartilhar contigo o meu lugar na hierarquia da minha alcatéia particular. Isso não é realmente possível - você tem que conquistar o seu lugar nela - mas eu passo a querer considerar que somos um centro único ao redor do qual acontecem algumas das coisas do bando. Quando eu estava com o Diogo eu tinha certeza que éramos o coração de um grupo que se estruturara ao nosso redor. Talvez houvessem outros corações, mas eu sentia poder nisso, nessa coisa de ser um casal de anfitriões, de ligações entre as pessoas. Com você agora, bem, nós não somos o centro de nada, somos uma articulação entre vários componentes fortemente conexos, mas eu ainda mantenho alguma espécie de posto na minha alcatéia (que é um dos mencionados componentes), e eu ainda sinto que somos um casal público, e eu quero que, dentro desse meu bando (do qual você agora faz parte), nossas alegrias e empolgações sejam compartilhadas.

Eu quero mesmo dar uma festa. Comemorar todas as coias incríveis que aconteceram comigo, todas as vitórias sobre meus próprios demônios. Eu quero que meus amigos estejam presentes nos momentos importantes da minha vida.

Quando eu me perguntava se eu ia viver pra sempre com o Diogo (é impossível não falar dessa época, já que foi então que esse sentimento de alcatéia realmente de engastou em mim) eu imaginava que a gente ia dar uma festa de "casamento" (acho que usar essa palavra é um pouco stretching it) em que íamos estar temáticos do séc XVII (eu queria tanto ver o di de casaca vermelha) e nossos amigos iriam cada um oferecer um brinde, um desejo ou um conselho, simbolizados por elos de uma grande corrente que iria nos amarrar, ornar e segurar (pronto, agora vocês sabem que eu tenho fantasias de casamento, como toda garota estereotípica ¬¬). Mas era importante que cada amigo fizesse parte disso. Agora não é mais bem assim que eu me sinto, mas ainda quero que façamos parte das vidas uns dos outros. Não é como se eu pudesse sequer existir sem vocês. Vocês são parte de mim. Vocês são meus irmãos, meu bando, de uma forma muito intensa. Quando imagino que sou a capitã de um navio, mesmo que eu tente não consigo imaginar uma outra tripulação.

Eu sinto uma vontade sincera de dar uma festa. Acho que eu tenho uma certa esperança de que nas minhas festas o mundo possa ser um pouco mais da forma como eu o vejo (although, acho que isso não funciona tão bem quanto nas festas do Pizza). Eu fico tão feliz ao ver como estamos crescendo e mudando, e eu quero mostrar a minha parte disso também. Eu quero fazer com que vocês entendam do que se trata. Eu quero comemorar com vocês, porque eu sou filhote do seu bando (de repente estou me perguntando qual a intersecção entre as pessoas a quem estou me referindo e meus leitores).

Ok, eu acabei de ouvir Bor This Way (e acho que foi a primeira música da Lady Gaga que eu ouvi inteira) e acho que está bom de blog por hoje.

Rés [julho 2005]

Cheiro de sangue
de dengue
de mangue
Cheiro de carniça no deserto
Cavalo de rumo incerto
Corta o campo
Cheiro de morte
O rosnado
O campo o mundo
O cheiro.










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Acho que este é um dos primeiros poemas que eu escrevi com um tema tão corporal, animal. E ao mesmo tempo o tema é abordado quase que totalmente pela sonoridade das palavras e pela sensação das metáforas. Acho que deve ter representado um grande passo para mim, deixar que a linguagem fizesse o papel dela e não ficar querendo clarificar tudo a cada passo. Não tenho nenhuma observação engraçadinha sobre uma palavra ou verso que tenha sido por acaso.

O que dá pra tirar desse poema, relendo-o tanto tempo depois? Acho que para a Lobz de 2005, cheiro tem a ver com sílabas longas, arrastadas, que trescalam ao fundo da garganta: san, den, mas, car, ser, rum, cer, cor, cam, mor, ros, mun. A única palavra que foge do padrão é 'cavalo', mas o que pode ser mais mundano e animal que uma besta suada e recendente? Além, acho que complementa essa idéia de sertão e tal. Pus o título tentando encontrar um substantivo para "recender", mas acho que não tem.

Acho que existe também um animal selvagem, carnívoro, observando a lida suja do cavalo e da morte (embora o cavalo possa ser lido como uma metáfora), nos últimos versos. Observe como a visão dele é altamente simplificada, rosnado-campo-mundo-cheiro.

É divertido reler meus próprios poemas e tentar enxergar os possíveis fios de pensamentos. Espero que seja divertido para vocês também.

À Deriva [jul 2004 - fev 2006]

Ando sem rumo
no mar, sem prumo,
no rio à baila
à deriva
sem cor, sem sumo
ando perdida.
O amor, a vida
o mar do mundo
me deixa à margem
ao fundo
sem dar guarida
a um vagabundo.
Ando por nada
estou recortada
do meu papel
meu cais
do porto-seguro
o escuro
esconde a enseada
com névoas em véu
ando deserdada.

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T) Este é outro tema recorrente, e não me impressiona muito que eu tenha passado um ano e meio escrevendo esse poema. Digo isso de uma forma poética: não me impressiona que eu tenha passado um ano e meio me sentindo assim. Também não me impressiona nada que o mar seja a metáfora base, já que ele representa quase naturalmente esse sentimento de falta de caminho. Gosto bastante das metáforas deste poema.

L) Vocês repararam que eu usei a palavra "guarida", que acho que nunca mais usei na vida? Acho que era só porque tinha acabado de aprender e queria aplicar em alguma coisa.

obs.: me dei conta de que quase sempre faço uma avaliação do tema e do desenvolvimento e depois alguma observação sobre um detalhe da linguagem. Achei que eu podia institucionalizar isso.

Renúncia [4/4/2004]

Cála
Não quero mais saber
talvez seja só você
e talvez apenas eu
mas cála
pois não sei qual é o que há
eu não quero acreditar
que a vida é só esse breu
Eu não sei se canto ou choro
Eu só quero esquecer
as palavras de outro tempo
E eu abdico dos direitos
Sei que não será perfeito
mas não quero ficar só
no peito aberto e dentro, perto
o som caindo em si no sol
em sentimento
único neste momento
no deserto em prol do tempo
E eu só queria esquecer
a razão desse tormento
e será ela você?
Eu abdico da certeza
eu quero só amar você.

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Acho que este na verdade é meio que uma música, sort of. Mas não muito. Alguns versos têm melodia, outros não, acho esquisito. Acho interessante como eu volto de tempos em tempos a esse tema do "talvez você esteja me fazendo mal, mas eu prefiro não descobrir isso, eu prefiro continuar na ignorância pra poder te amar". Afinal, ignorance is bliss, não é mesmo? Eu gosto do verso "eu não sei qual é o que há". Mas me incomoda todo esse tema de ficar em silêncio, não encarar as coisas. Ainda bem que fiquei mais forte desde então.

obs.: eu alterei os 'cala's do começo, acentuei-os. Hoje em dia isso parece importante pra mim, por algum motivo. Fica mais, sei lá, imperativo. E a gramática não gosta de mim mesmo, por que eu deveria ligar pra se ela tem regras ou não?

Em outro assunto, quando estava pegando esse poema eu considerei rapidamente mudar a ordem de publicação para cronológica, ao invés de alfabética no nome do arquivo (que é mais próxima de 'aleatória'). Descartei a idéia muito rápido porque me pareceu que isso significaria períodos de fases ruins alternados com períodos de fases boas, enquanto eu acho mais tolerável misturar completamente os poemas ruins com os bons. Imagine, vários poemas seguidos da minha sétima série? brrr!

ABC [21/03/2002 20:55]

A de bolA
B de aBelha
C de nunCa
D de anDar
E de nascEr
F de aFago
G de castiGo
H de olHar
I de demônIo
J de anJo
K de oKulta?
L de péroLa
M de âMago
N de iNerte
O de espOrte
P de’samParo
Q de enQuanto
R de hoRRível
S de aSSombro
T de má sorTe
U de astUto
V de ouVir
W de reW
X de eXcuso
Y de vYr?
Z de aZul.

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Eu queria escrever, mas não sabia bem sobre o quê, então resolvi retomar minha retomada poética. Infelizmente (ou felizmente pra quem tem senso de aventura), revirar meus arquivos antigos de poemas envolve reencontrar coisas bizarras como esta o.o observação: acho que "rew" de fato já significou alguma coisa pra mim. Mesmo assim, acho que foi meio contraproducente da minha parte colocar K, Y e W no alfabeto.

sábado, 23 de abril de 2011

Reler (amor)

Às vezes eu releio coisas que escrevi há mais do que alguns meses e fico muito impressionada com a força das palavras e com a minha capacidade de não perceber o sentido real delas. Estou falando sério: acho que as palavras expressam melhor o que eu sentia na hora do que o que eu achava que pensava quando as escrevi. Digo isso com base em várias coisas que pensei e senti e fiz na mesma época, das quais me lembro. Às vezes encontro coisas como, por exemplo, isto:
Sinto que já se passaram meses e eu continuo estremecendo a qualquer menção do seu nome. Já se passaram meses e você ainda é a minha obcessão. Por mais que eu me distraia com outras coisas (e outras fomes) você ainda sempre volta, você está sempre perto, tão perto e logo além do alcance das minhas mãos. Como eu queria te ver, como eu queria te tocar e te ouvir tocar. E se você estiver pra sempre além, será que um dia minha vida estará completa sempre sem você?
Eu me pergunto como eu não percebi que estava apaixonada? Se bem que, pensando bem, quando escrevi esse trecho específico eu estava imediatamente além do ponto em que fazia sentido dar atenção a isso. Acho que foi justamente quando eu me dei conta de que estava apaixonada. Mas é muito estranho pensar que minha única atitude foi escrever essas linhas e esquecer. Guardar os sentimentos numa coisa e deixar pra lá. E tem várias outras coisas que eu leio que me impressionam muitíssimo. Às vezes tenho vontade de chacoalhar aquela Marina do passado e obrigá-la a ler o que escreve. O pior é quando estou lendo coisas que enviei para outras pessoas. É estranho pensar, mas por um momento essas pessoas podem ter entendido mais de mim do que eu mesma. Uma ou outra pessoa pode inclusive ter descoberto que eu a queria muito antes que eu descobrisse! Me sinto muito vulnerável ao pensar nisso, em como eu não consigo avaliar o quanto de mim estou revelando com palavras que eu escrevo sem conseguir conter. Inclusive neste blog! Como sou explícita às vezes sobre assuntos que a maioria das pessoas sequer comenta! Mas me incomoda um pouco que eu faça isso sem sequer perceber. É como se ao escrever eu estivesse abrindo mão de qualquer reserva ou privacidade. Eu me pergunto se neste post eu já disse coisas que no futuro eu me impressionarei por ter dito em um lugar tão público.

Não que eu me arrependa, de modo geral, do que eu digo. Acho que só me arrependo do que faço quando as conseqüências são ruins, e até agora de modo geral escrever só tem proporcionado conseqüências boas. Acho que isso é a bottom-line. Vou continuar escrevendo inconseqüentemente, porque eu gosto de saber que não tenho lá muitos segredos.

Carinho

Hoje eu me peguei querendo alguém pra dormir comigo. Literalmente. Não pra nada sexual nem nada assim. Alguém pra abraçar intimamente, alguém quente e confortável em quem se enrolar à noite, e só isso.

Eu sempre fui uma pessoa de pessoas. Eu sempre queria dormir no quarto da muvuca e defendia que a gente tinha que dormir numa verdadeira pilha. Eu lembro nitidamente de quando isso começou a ficar difícil porque eu tinha namorado e às vezes parecia inconveniente dormir com a galera. Mas naquela última viagem para a Ilha todos nós dormimos bagunçados numa grande cama, alguns abraçados ou ou apoiados em outros, e acho que fiquei feliz como em raras outras camas.

Enfim, hoje eu estava realmente querendo dormir acompanhada. E, num assunto relacionado, eu queria que fosse um pouco mais simples se aconchegar nos outros sem ter que ter uma relação libidinosa, sabe? Acho que isso até acontece depois de anos de intimidade e amizade, mas é estranho como a intimidade física vem depois de todas as outras na amizade. É um pouco confuso pra mim lidar com pessoas novas, que ainda têm uma série de limites. Eu às vezes me distraio e erro qual o protocolo que devia usar com que pessoa.

Enfim, estou indo dormir sozinha de qualquer forma. Contando os dias até meu gato voltar e eu ter alguém com quem eu posso dormir todo dia.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Rihanna

Eu estou impressionada com você, Rihanna. Você era tão pequena quando te conheci! Chegava de um lugar distante e tinha todas essas idéias e palavras estranhas, mas tinha aquele brilho nos olhos que só se vê em algumas crianças. Lembro da nossa primeira conversa: você estava na minha casa, no corredor, cantando uma música estrangeira. Já então me pareceu que você poderia abraçar o mundo! Suas pernas eram pequenas, mas seus passos ávidos poderiam percorrer qualquer estrada. E você fez com que eu embarcasse numa viagem gostosa, e você me ajudou a abrir um pouco mais minhas asas. Mas quão pouco eu te conhecia então, Rihanna. Eu prometi te mostrar alguns dos meus lugares secretos, mas não voltamos a nos encontrar por muito tempo. Nunca achei que me sentiria assim, como quando te vi de novo, tantos anos mais tarde, e voce estava tão diferente. Você não é mais uma criança, Rihanna. Você sempre foi uma pessoa impressionante, capaz de mudar a vida das pessoas com um olhar, mas agora é como se você pudesse tomá-las para si. Você pode escolher o que quer e o que não quer. As regras e as normas do mundo não te impressionam, como nunca te impressionaram; mas agora você leva seus olhos de criança para guiar as ações de uma adulta. Meus olhos já não conseguem enxergar o que os seus enxergam...

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Tenho que admitir que nunca vou terminar este aqui.

Onde estamos?

Onde estamos, qu estamos tão sós? Que a lua nos cobre enquanto andamos
e nos sentimos tão desprotegidos?
Onde estamos?
Que estamos tão sós?
Que nos vemos diante dos espelho e nada enxergamos?
Estamos assim tão misturados uns aos outros?
Afinal, quem somos?

Seu cheiro me persegue através dos dias, dos passos
Não é mais um cheiro reconfortante.
Seu cheiro me domina e me distrai
Mas o pensar no cheiro
me devolve

me devolve

me devolve...


Onde estão teus olhos pra eu olhar tão fundo?
Tua boca que fala como quem não quer falar?
Onde estão tuas pernas sobre as quais
escorre muito lentamente um tecido?

Estou sobre meus pés, e meu mundo é um mar infinito
Eu Vejo. Eu Sou tudo.

Estou sobre você, e você sorri.
(em algum lugar dentro de mim, de repente dói)

Como eu te odeio! Na minha mente ficou, sem querer, gravada uma imagem feia de você
Não dos seus bons momentos, não do amor, e da diversão - do nojo
Algum dia, quem sabe, isso vai esvanecer.

(mas eu queria que aquela cara não tivesse sido virada pra mim)

E entretanto eu te quero (como eu me enojo)

God, I just wanna get wasted and puke on myself. Get this fucked up me away from world.

And yet, eu acho que eu sou legal. Eu só me sinto muito perdida. É muito fácil ser legal com você do meu lado. É muito difícil ter qualquer coisa em que me agarrar otherwise.

Thanks for giving me everything.

Love;
Má.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Let's rule the world

(vamos fazer um esforço homérico e escrever em português)


Quero te ver
além do céu
o mundo é teu
Let's rule the world

Meu sangue quente
me impele adiante
O mundo é nosso
Let's rule the world

Quero te ter
no meu comando
lidere a carga
Let's rule the world!

I wanna see you
conquer the future
The world is yours
Let's rule the world

My blood of huntress
Moves me forward
The world is ours
Let's rule the world

I wanna have you
Leading my army
Make us all heroes
Let's rule the world!

Let's make it matter
I'll be one of yours
You'll be one of mine
Ours will be the world

Let's keep it simple
I don't even dig you
But you have that spirit
You prey on the world

Vamos farrear
Vamos desvairar
Tomar todo o mundo
Let's rule the world

sábado, 16 de abril de 2011

Here's to you

(estou escrevendo por pura inspiração. espero que não saia um lixo)

Here's to you, though you are away
You with your shining cavalry on the hills
Here's to you waiting on the golden field
Knowingly waiting for your glory day
And when you charge with all your primacy
I hope I'll hear the drums of your delight
Here's to you who knows for what you fight
Who's garanteed in your legitimacy

Here's to you, though worlds hold us apart
You in your prideful stance above the men
You who has confidence in what you can
You with a smile, ready for depart
Oh what more lands can you yet long to conquer?
And where more must you sound the drums of war?
Here's to you who always yearns for more
Here's to you who can't stay put no longer

Acho que estou sendo muito influenciada pelo César de Conn Igguldden...

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Cerveja

Eu estou escrevendo um post sobre cerveja. Sim, cerveja é tão importante pra mim assim (você poderia dizer, "Lobz, você escreve sobre coisas totalmente irrelevantes", mas você perceberia que não é realmente isso o que acontece: é que muita coisa é importante pra mim). O que eu poderia dizer é que talvez caipirinha e cuba-libre sejam tão importantes quanto cerveja. Não sei avaliar sem pensar muito, mas, de qualquer forma, acho que posso enquadrar todos eles numa categoria só. Então:

Cerveja, caipirinha e cuba-libra

Outro dia (acho que foi ontem) tive uma conversa mais ou menos assim com o @andrechalom:

-- (...) Não sei por que dou tanta importância a isso. Mas, por outro lado, antes eu não sabia por que eu dava tanta importância a cerveja, e agora faz todo o sentido!
-- Do que você tá falando?
-- Antes de você, eu dava uma importância imensa a cerveja. Eu quase não bebia, porque ninguém próximo a mim bebia, e eu achava isso uma droga, mas eu não sabia por que isso me incomodava tanto! Eu pensava "é só uma bebida!" ---
-- Mas cerveja não é sobre cerveja, não é só uma bebida. Cerveja é toda uma cultura!
-- É isso mesmo. Por isso eu fiquei tão feliz quando a gente bebeu cerveja na praia de Santos! E hoje em dia beber cerveja me faz feliz e eu entendo porquê!
-- Então precisamos desenvolver uma cultura de (...)

(obs.: não quero entrar no assunto que estávamos de fato discutindo na hora)

Hoje em dia eu tenho uma relação muito amorosa com a cerveja. Eu não tenho a menor dúvida de que ela é mais gostosa do que qualquer variedade de refrigerante ou suco comprável (suco caseiro pode ser bem melhor). E nem é só porque o álcool diminui minhas dores de cabeça (ok, ok, eu preciso resolver isso logo ~.~). Acho que eu de fato gosto do gosto, do cheiro, e de todas as coisas legais que eu associo a cerveja. Por exemplo, aquela praia de Santos. Várias @KaraokeKnights. Noites em Pubs, ou na casa do Rê, ou saindo com o Fê, ou em happy hours com o passoal da Gommo ou da NetPoint, churrascos, festas, ou simplesmente beber cerveja com a Talita e o Alex.

Pra falar a verdade, tem uma certa carga que vai diretamente contra aquela de quando nenhum dos meus amigos bebia. Meus amigos, e talvez eu também em alguma época, não bebiam porque pessoas bêbadas são idiotas, porque as bebidas eram meio amargas ou ardentes e beber uma coisa ruim é idiota, e eu sempre tive a sensação de que quando somos muito jovens e não bebemos, não fumamos, não nos drogamos nem fazemos nada de idiota, nos consideramos muito melhores que os outros. Talvez nós tenhamos acreditado em tudo o que nossas professoras do ginásio diziam. E eu detestava essa sensação toda. Eu queria beber e ficar idiota. Eu queria experimentar coisas que não necessariamente seriam boas. Eu queria fazer coisas imbecis. E eu achava que as outras pessoas legais da vida que por acaso adoravam se embebedar pra caralho podiam ter algo de bom pra oferecer.

Acho que pode ser que quem bebe se dá o direito de ser muito mais idiota que o normal. Porque no colegial nós éramos todos bastante estúpidos e insanos, e era muito divertido, mas estávamos sempre conscientes de tudo, e não estávamos realmente interessados em ir além os nossos limites. Nós éramos felizes, e era isso (mesmo quando estávamos tristes, eu acho). Mas eu queria viver uma vida diferente. Eu queria uma vida em que a gente pudesse estar sempre experimentando algo diferente. E uma das coisas que eu queria experimentar era ficar completamente bêbada. E eu queria fazer isso sem um monte de gente totalmente sóbria ao meu redor fazendo coisas que estariam já em outro plano de consciência. Eu queria saber por que isso podia ser divertido.

E eu descobri. Demorou um pouco, de fato, mas hoje eu acho que eu descobri. Eu descobri que muita coisa pode mudar, que o mundo pode ser diferente, e que podemos nos divertir com todo um pacote diferente de coisas. Talvez eu goste de cerveja porque me lembra de todas as mudanças que aconteceram na minha vida desde que eu comecei a conviver mais com pessoas que gostavam de beber. Todas as portas que de repente se abriram. E todas as vezes em que estávamos todos meio bêbados, ou só alguns de nós, e mesmo assim ninguém pensaria em julgar o outro pelas bobagens que estava fazendo. Talvez eu goste de me lembrar do momento em que me dei conta de que eu não precisava me esforçar para impressionar ninguém.

Ou talvez eu só realmente goste muito do gosto.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Aqui.

Eu te amo. Mas eu não apenas te amo como eu amo todas as outras pessoas que eu amo. Eu estou disposta a sacrificar milhões de futuros pelo meu futuro com você. Os filhos que eu teria com outros amantes, as festas de natal com outras famílias, as bibliotecas compartilhadas, as casas, as canecas e os sofás e todas aquelas madrugadas e manhãzinhas e conversas antes de dormir quando a gente está dormindo junto só porque a gente dorme junto sempre e é tão mais gostoso do que dormir sozinho. E vários tipos de aventuras românticas loucas, e várias descobertas profundas e vários momentos cotidianos e outras coisas que só acontecem numa convivência tão íntima e tão intensa que é não dá pra ter de verdade com mais de uma ou talvez umas poucas pessoas.

Eu quero viver a vida com você. Todas as madrugadas e viagens longas na chuva, e cafés da manhã a almoços no fim da tarde e todas as pequenas mazelas e todos os grandes desafios, e eu quero poder te contar todos os dias das coisas legais e chatas que aconteceram comigo, e ouvir você se emocionar com elas e se revoltar com as coisas que são erradas e rejubilar com as que são felizes, e ficar preocupado com as que são perigosas porque assim eu não estou sozinha. E eu quero ouvir você contar suas pequenas aventuras e as formas incríveis como você lida com tudo o que te acontece, porque eu nunca me canso de aprender sobre você e com você.

E, enquanto nós crescemos juntos, enquanto nós andamos juntos pelo mundo, pela vida, eu quero nossas vidas misturadas. Eu quero nossos irmãos tomando conta dos nossos filhotes, discutindo coisas improváveis em volta de uma grande mesa de piquenique, ou algo assim. Eu imagino sua irmã contando histórias para os meus sobrinhos, possivelmente enquanto todos nós subimos numa árvore e nossas mães e tias compartilham histórias de quando nós éramos pequenos, e eu quero todos nós juntos cantando samba e choro em alguma festa de família e nossos amigos contando histórias embaraçosas sobre nós para as crianças (se nós não tivermos filhos, eles ainda contarão para nossos sobrinhos).

E, sabe, eu quero isso devagar, minuto por minuto, cada aluno que não entende direito o que você ensina, cada lista de matemática que eu não consigo terminar, cada noite que a gente passa em claro porque o jogo ou o papo ou o mundo estão muito bons ou porque pelo menos um de nós está distraído demais com alguma pessoa incrível, cada improviso de fantasia, de viagem, de apresentação, cada entrevista de emprego, cada procura por orientador, cada pessoa nova que surge em nossas vidas ou pessoa velha que muda. Eu quero todas as viagens impulsivas no meio da noite só porque faz muito tempo que a gente não vê Minas, ou o Mar; eu quero todas as experiências transformadoras com você; eu quero cada partida de cada jogo em que a gente vicia, cada brinde, cada pote de sucrilhos e garrafa de cerveja; eu quero cada pôr do sol que nos emociona, e cada beijo, e cada transa, e cada arrepio diante da potência de uma tempestade, e cada abraço que podia nunca mais largar; e cada toque entre as nossas peles, e cada brincadeira sua com o meu gato, e eu quero construir um trecho de universo nosso, que seja um pouco mais do nosso jeito, e que seja por isso um pouco mais feliz.

E como eu quero te fazer feliz! Eu quero te ver conquistar os seus sonhos, e mudar a vida de muitas outras pessoas, e construir comigo esse futuro a cada passo, sem pressa, porque você é tão confiante de que tudo já está dando certo afinal. E eu quero estar do seu lado a cada mudança, a cada passagem, aprendendo sobre você, mudando junto, mandando tudo pro espaço e te puxando pra Zanzibar toda vez que a vida começar a ficar muito sem graça. E eu quero infinitas horas pra ficar enrolada com você, só curtindo o prazer de te amar tanto. E eu quero tudo isso com todas as palavras, mesmo que em gatês. Eu quero tudo isso com todas as histórias, loucuras e verdades. E eu quero viver pra sempre com você.



...Num assunto não muito relacionado, eu também quero muito levar aquele seu amigo delicioso pra casa. Se você pudesse dar tipo um passe-livre pra gente, ia ser realmente fantástico.