terça-feira, 19 de junho de 2007

"Não hesite! — gritou Faklam"

Variações sobre o mesmo tema



Agora há pouco aconteceu de eu encontrar na minha caixa postal um e-mail do Charles. Aliás, não: eram dois, e como eu queria ler primeiro o mais antigo, e como o mais recente parecia mais interessante, acabei lendo do primeiro apenas as primeiras palavras, enquanto do segundo li todo o conteúdo. Eram as primeiras palavras: não hesite!, gritou Faklam.
Seguiu-se: meu cérebro inquieto e prosador começou a criar para essa pose diversas possíveis continuações, cada uma a seu modo. E a cada continuação eu pensava (não, não será assim, o Charles nunca continuaria assim...) mas à verdade o texto dele acaba sendo meio parecido com minha primeira imaginação.

Seguem-se:

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Não hesite!, gritou Faklam para Lennor, e Lennor não hesitou: saltou como uma pantera sobre o vulto que corria e o derrubou no chão com violência. A vida não lhe ensinara a ser brando; antes ensinara-lhe a ser bruto. Sua força vinha da pureza de suas decisões. Ademais Lennor era um homem calado, e a raposa que agora mantinha fortemente entre os braços era na verdade a criatura que melhor o compreendia.

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— Não hesites! — gritou Faklam, agitando os braços enraivecido, o rosto vermelho — Se hesitares por apenas um segundo diante de um Drédjam, não viverás para se arrepender! O mundo é impiedoso; devemos ser igualmente impiedosos para manter a ordem nele!
— Mas este não é um Drédjam, senhor; é um animal indefeso! — protestou Nariu, imitando o gesticular do mestre.
— Mas achas então que quando encontrares o inimigo o reconhecerás de imediato? Não vês que também um Drédjam não passa de um animal indefeso como este — e levantou a lebre ruiva pelas orelhas, arrancando-a do abraço do rapaz — Não vês que também esta lebre é capaz de matar se sua família for ameaçada?!

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— Não hesite! — gritou Faklam, e quando gritou pareceu tomado por um espírito louco. Makke mantinha o cano da arma firmemente apontado para a terceira vértebra da coluna do rival, mas o dedo indicador já sequer encostava no gatilho. De repente parecia-lhe inconcebível matar um homem por que viver próximo dele seria insuportável. De repente o fato da própria existência de Faklam ser o centro dos tormentos da cida de Makke parecia uma idéia idiota. Sem contar que ele não podia simplesmente tirar a vida de um homem que pedia para morrer.

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Não hesite!, gritou Faklam, e não teve tempo de se arrepender quando todo o seu mundo conhecido voôu pelos ares.

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— Não hesite! — gritou Faklam, com um sorriso. Momo respondeu com um latido, e entrou determinado no labirinto que era a primeira das doze provas.

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"Não hesite", gritara Faklam do portão, mas é claro que Marcus hesitou. Não era realmente culpa dele: ele estava apenas fazendo o que fora ensinado a fazer desde que tinha dois meses e meio de idade. Agora, hesitar, calcular, pesar minuciosamente a situação e as conseqüência antes de agir se tornara parte de sua natureza. O Pêndulo, porém, não era familiarizado com a natureza de Marcus — não sabia que se esperasse apenas aquele breve instante o desafiante rapidamente se decidiria e tocaria o sino com firmeza e tranqüilidade. Ele não podia adivinhar que aquele toque geraria o badalar mais límpido e preciso que a cidade de Caluam seria capaz de apreciar. O Pêndulo, como Marcus, seguia apenas sua natureza; e no momento sua natureza dizia que qualquer desafiante que hesitasse em cumprir suas ordens deveria ser expulso ou aniquilado.

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Cansei de escrever. Vou fazer outra coisa. Boa noite, amores.

domingo, 10 de junho de 2007

What life is all about

Hoje foi um dia terrível. Mas, no final do dia, eu levei meu namorado ao ponto de ônibus, e nós guerreamos e inventamos brincadeiras e nos despedimos sorridente; e na volta eu encontrei um gato e andei rente ao chão e fiz movimentos felinos e falei como um gato (é incrível como os gatos acreditam quando finjimos falar a língüa deles) e ele me deixou chegar até o limite da sua área de segurança (ou seja, mesmo se eu o atacasse, ele poderia fugir, mas só por um triz).
E no começo do dia brigamos com coceguinhas e... talvez seja isso que a life is all about: começos e finais...

sábado, 2 de junho de 2007

Encontrei este poema num caderno velho e me lembrei do meu maninho. Espero que você entenda porquê, Ugo ^^


Correndo rio de água corrente
Água corrente no rio correndo
Corrente o rio de água correndo
O Rio Corrente correndo de água
Água correndo no rio corrente
Correndo água corrente no rio
A água a água corrente no rio
Corrente correndo no rio correndo
No rio correndo corrente do rio
Que d'água correndo deságua no rio
Corrente corrente correndo na água
E afoga na água corrente do rio
Afoga corrente, na água do rio
Correndo, correndo, correndo, desvio
Afoga e desvia e deságua no rio
A água corrente, correndo, desvio.