segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A penas

I

Segurei tua mão no dia em que teu pai morreu
Segurei tua alma
Abracei teu corpo
Choramos juntos um amor de vida inteira
Mas era morte
era morte
era morte e o sol
e o sol passando por sobre meu corpo diz que não há tempo longo demais
para cair a chuva
Vão passar mil anos
vão passar mil anos sem a gente aprender
vão se passar os mil anos e nós não teremos ouvido
cair uma gota de chuva
como se deve ouvir
Segurei tua mão no dia em que o amor morreu
Segurei tua alma
Abracei teu corpo
E choramos juntos.


II

Lá fora, amor
nasce um botão de camélia
branco como sacolinha de supermercado ainda dobrada do lado do caixa
macio como o revestimento daquela caríssima almofada de porquinho
compacto como um notebook de última geração
frágil como plástico bolha
— apesar de que nos sentimos mais tentados a protegê-lo que a destrui-lo,
e nisso nada se parece com plástico bolha — lá fora,
nasce um botão.

(preste atenção ao botão
como ele é firme e contido
veja que as flores abertas
as velhas camélias abertas
são frágeis, são velhas, são livres
preste bastante atenção
como ele é novo e elas, velhas,
as pontas das pétalas murchas, pintando
-se de marrom da cor de papel craft
sinta o perfume das velhas camélias abertas que a um mínimo toque se espalham no chão)


III

Um dia eu dancei uma valsa com você

Me lembro hoje
como se fosse
apenas uma pena a flutuar
Não era dia
não era noite
o tempo desistira de passar
Onde meus pés tocavam?
De onde vinha o som?
Me lembro hoje
como se fosse
apenas uma nota a ressoar
Não era casa
não era festa
o mundo nos deixou de rodear
Onde seus pés pisavam?

De onde vinha o som?

Me lembro hoje
como se fosse
apenas um amor para lembrar
pois quem daria o tom para afinar
os nossos corações desatinados?
De onde viria o som?


IV

Nós somos jovens ainda
mal nascemos
rastejando para os seios de mamãe
Mal nos conhecemos
Nós somos poucos ainda
e pequenos
mas sentimos às vezes que somos maiores que o mundo
e mudamos o mundo com a força dos nossos olhares
Nós somos jovens ainda
e estamos morrendo
a cada minuto de vida,
a cada palavra
morremos pra vida vivida
e pra vida sonhada nascemos
Através de tempos imensos
nós envelhecemos
crescemos em sabedoria
e conforme sonhamos, os sonhos se tornam verdades
Nós somos jovens ainda
mas não temos medo
ou o medo que temos é a lenha da nossa coragem
pois temos certezas do mundo e dos sonhos e idéias
a verdade do mundo está ao alcance da mão
Nós somos jovens ainda
e nós não tememos a escuridão.


V

Segurei tua mão no dia em que nos conhecemos
Estava tarde
A rua vazia
A noite escura
nunca mais esqueci do teu olhar
Trocamos algumas palavras
alguns olhares cúmplices
de alguns crimes minúsculos
umas risadas uníssonas de uma bobagem qualquer...
Segurei tua mão, tua pele
era quente na minha no dia em que nos conhecemos
e nunca esqueci do teu calor
Estava tarde
bem tarde
as ruas vazias
e eu conversei contigo através das barras
eu encontrei teus olhos de dentro da jaula
e tu? nem a jaula viste
apenas me ouviste
seguraste minha mão
tua mão
minha mão
tua mão dizendo: "Fica."


VI

Nós somos do mesmo sangue, tu e eu
E vivemos sob as mesmas leis
Nós somos qual árvore e solo
— tu me nutres e eu te protejo.
Nós vivemos com regras banais
nós comemos o mesmo que os outros
mas não somos apenas pessoas
numa multidão de pessoas
nós somos qual árvore e solo
— te sustento e tu me seguras.
Às vezes me ocorre o amor
às vezes ocorre o sentir
Mas nós? nós não somos amantes
nós não somos pessoas assim
Nós somos do mesmo sangue, tu e eu
E vivemos sob as mesmas leis
Nós somos qual árvore e solo
— te dou vida, e tu me enriqueces.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Detalhes

Surpreendentemente eu tirei 10.0 naquela disciplina da Letras que eu abandonei no meio. Não tão surpreendentemente, eu fui aprovada em algumas matérias e minha média ponderada limpa subiu de 6.8 para 7.3. Por outro lado, a Fran, secretária do meu curso, acabou com minhas pretensões de fazer monitoria em computação, e talvez seja por isso que eu me sinta assim tão desanimada com a vida. Ou talvez seja porque o Bruno me fez enrolar um monte e ir pra casa onde outras pessoas me onrolaram um monte até ficar mega tarde e eu ficar em dúvida a respeito de ir ver filme com a Lorena (será que ficou tarde demais) e isso, por ser totalmente culpa minha, me faz me sentir um lixo.

Isso, e eu perdi o jogo.

Hoje foi um dia de merda, fora a parte em que eu fui na Márcia fazer fisioterapia, fora andar na Rebouças, pegar ônibus pra FAU, passar pela festa dos funcionários, conversar com a Fran, fora sentar na praça e ler ouvindo o som do pagode, fora decidir ligar pra lorena e pra aline, fora ir andando bem devagarinho pra casa, fora passar na casa do Bruno e conversar com ele, hoje foi um dia de merda e eu me sinto um lixo.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Fim de Ano e afins

Em primeiro lugar, eu estou um caco. Minhas pernas estão pesadas, meus braços, fracos; minhas costas doem, minha cabeça dói, ainda estou com fome, meus olhos parecem lentos e eu não tenho equilíbrio suficiente para andar em linha reta.
Eu fiz de novo, aquela coisa idiota de sair de casa logo antes do almoço, pra um lugar que fica a pelo menos dois ônibus de distância, pra fazer um monte de coisa cansativa, ir andando mais cinco quilômetros pra outro lugar, depois pra outro ainda, e acabar voltando pra casa tarde da noite, exausta, faminta, sozinha e sem grandes preocupações na vida.
É uma delícia; vocês deviam experimentar.
A sensação é parecida com a de derrotar um dragão, mais ou menos.
E eu passei esta semana meio que me sentindo Deus, porque sem a menor dúvida eu fiz uma porção de coisas que eu considerava impossíveis. Mas eu fiz e deu certo (bem, quase) e eu me sinto bem (quase).
E eu estou lendo um online comic adorável cujos personagens são deliciosos e as reviravoltas, incríveis! Além do mais, eu sempre adorei mecânica e inventores. ^^

O ano está acabando e a exaustão dos meus músculos me parece insuficiente.
Eu queria estar completamente acabada, jogada num canto da cama, desacordada depois de um dia insuportavelmente intenso. Quando eu cheguei em casa eu queria sair de novo, não importava que fossem dez e meia da noite, eu só conseguia pensar em sair pra viver grandes aventuras, pra levar meu corpo e minha mente aos seus limites... ... Talvez isso tudo seja decorrente de eu ter notado que posso, afinal de contas, superar meus limites. Eu estou orgulhosa de mim mesma.

Nossa. Eu estou orgulhosa como há muito tempo eu não ficava! Eu cheguei a tecer toda uma teoria sobre lo que acontece conosco quando perdemos o orgulho, e agora, ah, agora que me sinto jovem, e fraca, e isso é o mais importante. Eu me sinto capaz de ser muito, muito mais do que sou, e isso é quase como se sentir como uma força da natureza. Eu não tenho mêdo de nada e as coisas da vida me intrigam e atraem. Quero tirar algum dia pra correr riscos, e quem sabe eu veja coisas que ainda não conheço!

Este texto foi completamente denecessário? Então por que eu me senti compelida a escrevê-lo?

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Quem sabe daqui a algumas dezenas de horas, quando eu estiver melhor, eu volte a escrever histórias.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Trabalho final de Teoria das Mídias - 1a versão (argh...>.<)

Um problema freqüente que eu tenho com trabalhos teóricos e redação de texto argumentativo é que eu freqüentemente me empolgo ou me distraio e me deixo levar pelos meus argumentos. Isso é melhor do que o problema oposto, que é não conseguir acreditar em nada do que escrevo, mas eu tenho menos coragem de entregar esses textos, porque eles me parecem extremamente confusos o sem sentido, e principalmente pouco relacionados ao tema original. Eu sequer sei dizer se este texto está compreensível. Ou se convence qualquer um. Se qualquer forma, eu pedi ao professor mais alguns dias para entregar uma segunda versão, e pretendo redigi-la agora.



Universidade de São Paulo
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Curso de Design
CTR-0800 Teoria das Mídias – 2º Semestre 2008
Prof. Dr. Mauro Wilton de Souza

Marina Cenamo Salles 5914440

Análise: as significações da comunicação em rede na pós-modernidade.

Base Bibliográfica: Andrea Miconi — Ponto de Virada: a teoria da sociedade em rede e André Parente — Enredando o Pensamento: redes de transformação e subjetividade





A Sociedade do Jogo e da Simulação

O conceito de pós-modernidade confunde-se com o de rede. A modernidade foi a era do pensamento lógico linear, da hierarquia de classes, da ordem e do progresso, das massas, do individualismo, a Idade da Razão e do paradigma científico-tecnológico. A pós-modernidade é a dissolução de todas essas coisas: a reestruturação do pensamento, não mais linear mas ramificado, recursivo, pluri-referente e auto-referente; a desverticalização da hierarquia; a dissolução das classes sociais; a desconfiança generalizada na promessa de ordem, de progresso, de desenvolvimento. Pode-se falar em desmassificação porque o alvo dos meios de comunicação é cada vez menos a massa que o ser individual, baseado em suas características particulares, sua subjetividade. Também se pode falar em desindividualização, porque não se acredita mais em indivíduo: se acredita no ser humano vivendo em rede, mais nos outros que em si mesmo, e mesmo sua subjetividade já não é mais vista como uma essência ou natureza, mas como uma associação de memórias, informações, habilidades e padrões de comportamento. Se a sociedade moderna era formada por elementos separados, mas que se moviam em conjunto, a sociedade pós-moderna é formada por elementos intrinsecamente interligados, que podem interagir de inúmeras formas diferentes.

Parece-me adequado localizar o nascimento da pós-modernidade em algum momento por volta dos anos 70. O justificativa para essa escolha é em geral desenvolvimento da informática e das tecnologias de comunicação seriam a base da sociedade de rede. Parece-me igualmente interessante para esse propósito observar alguns elementos culturais, hoje dominantes, que tiveram sua origem por volta daquela época.
Por exemplo, não se pode relacionar o ideal punk de “faça você mesmo” à explosão atual de filmes e grupos musicais amadores, no YouTube e outros portais, à literatura de blog, ao crescimento de desenho, pintura, modelagem e fotografia em galerias virtuais, sem compromisso e sem custos? Guardadas as devidas proporções, é claro, porque também se poderia defender que a habilidade de criar vídeos, textos, imagens e sites na web está se tornando cada vez mais uma habilidade trivial, tão básico quanto trocar o pneu ou saber fazer uma apresentação profissional; mais básico, talvez, porque são habilidades que se ensinam em cada vez mais escolas. Entretanto, se os punks vieram para eliminar o rock star, para fazer música sem precisar estudar e praticar, sem se profissionalizar, não se pode comparar seus intuitos ao que alcança a comunidade virtual que produz suas animações e jogos próprios, com ferramentas simples como o Flash, com temas os mais variados e sem depender do que as grandes empresas supõe que pode ser rentável?

Aliás, a questão da rentabilidade é uma questão crítica no mundo atual. A pessoa que procura um produto que a agrade nas suas particularides quase sempre se desapontará com os produtos voltados para o “gosto comum”. Se a sociedade está de fato se desintegrando e se agrupando em comunidades minoritárias de interesses particulares, então a produção massiva de qualquer objeto com apelo para os interesses individuais do consumidor, como se faz até hoje, perde seu sentido. Mesmo a diversificação de cores e acessórios superficiais logo não será suficiente para agradar ao mercado, que naturalmente procurará produtos cada vez mais particulares, cuja produção só será possível em menor escala. Ou, em outra possibilidade, a idéia modernista da boa forma voltará à tona, para tentar agradar a todos os gostos com um único produto. A esperança desse pensamento está no sucesso do IPod e do IPhone, que alcançam pessoas de todas as idades e de diversas disposições culturais.

Mas voltemos à década de 70. Foi nela também que surgiram os primeiros role playing games (RPGs) e mais notavelmente os primeiros videogames. Se a pós-modernidade já foi identificada com a sociedade do jogo e do simulacro, me impressiona não haja inúmeros teóricos discutindo a questão dos jogos eletrônicos e de representação.

A importância do videogame (jogos de vídeo — neste texto vou incluir nos videogames aqueles que são jogados no computador) na cultura contemporânea praticamente fala por si mesma. Embora só recentemente, especialmente agora com o console Wii da Nintendo, voltado para toda a família, e com os jogos online de temas sóbrios, como política e economia (em oposição a aventuras em mundos de fantasia), os videogames tenham ousado se expandir para além de um público restrito, sobretudo jovem, eles têm importância inegável no desenvolvimento das tecnologias de simulação, interação e inteligência artificial, além de influírem diretamente na percepção do mundo como simulação. Os jogos desse gênero atualmente passaram de objeto de consumo para forma de expressão, na medida em que são criados por cada vez mais amadores com temas de suas áreas de interesse; para ambiente de relacionamento, quando são online e permitem que cada jogador se identifique com seu personagem e interaja socialmente com os outros; e para campo de exploração de novas idéias e possibilidades.

A importância do RPG, para nosso tema, vem, de um lado, da influência que teve sobre os outros tipos de jogos, eletrônicos ou de tabuleiro. Existe inclusive todo um gênero — e é um dos mais populares, especialmente se online — de videogame chamado, por associação, de RPG. O “rpg eletrônico” expandiu os limites do jogo tradicional, em que o jogador se esforçava simplesmente para cumprir seu objetivo, para fortalecer o elemento da narrativa. Em certos jogos, o jogador chega a escolher que resposta seu personagem dará a uma pergunta, ou se irá ou não ajudar seu amigo em apuro. Nos jogos online, a representação de papéis torna-se especialmente ampla na comunicação entre personagens de jogadores: eles fundam partidos, reinos, religiões, famílias, associações de trabalho, além de desenvolverem amizades e muitas vezes relações amorosas mediadas pelos personagens. O que surpreende nessas relações é que o cenário, especialmente nos modelos de rpg eletrônico tradicional, é ficcional. Minha irmã, por exemplo, conseguiu conquistar o posto de Rainha em um jogo online de temática medieval (o que quer dizer basicamente que não existem armas de fogo, que as viagens são feitas a pé ou a cavalo, e pouco mais do que isso). Seu reino tem liberdade religiosa, um exército dividido em várias tropas, que cumprem funções diferentes, exerce uma política externa pacífica e é conhecido no resto do continente por ter nobres (nesse jogo, todos os personagens de jogadores são da nobreza) alegres, dedicados e leais a sua bandeira. Sua maior dificuldade atual é convencer outros regentes a se aliarem a ela contra uma coligação de impérios expansionistas que quer tomar suas terras, e, por outro lado, é necessário sempre manter parte do exército caçando monstros e zumbis e matam camponeses e arrasam os campos. Minha irmã passa várias horas por dia mandando ordens a seus súditos e narrando para seus companheiros de jogo a vida da rainha na corte. O jogador cujo personagem se tornou marido da personagem dela é um de seus grandes amigos online — outra característica de jogos desse tipo é que a hierarquia não limita as interações sociais. O que permite que um jogador novo, de ranking baixo, converse informalmente com seu rei, um jogador poderoso e experiente, é o seu grau de envolvimento com o jogo.

Embora esse jogo específico sequer tenha imagens, é óbvio que ele transforma a forma de comunicação entre as pessoas quando as coloca dentro desse cenário ficcional. O jogo online amplifica as possibilidades que a internet já fornecia de uma comunicação através do simulacro. Em outros jogos, a representação gráfica do cenário é tão detalhada que se tem a sensação de estar andando por terras novas, num mundo estranho (onde talvez haja cogumelos do tamanho de prédios ou a água seja vermelha) mas virtualmente tão real quanto o nosso. Essa sensação é comparável a de andar da Disneyland ou outro parque semelhante, com a diferença de que são menos tangíveis, mas muito mais amplos (especialmente porque são povoados por criaturas igualmente fantásticas, que se mexem e respiram) e presentes em toda parte.

Mas o RPG tem outra área de importância na irrealidade do mundo de hoje, que é por um lado mais incrível, por outro, menos único, que o ambiente virtual. Há um gênero de jogo, pouco visto no dia-a-dia, mas fortemente presente nos vários eventos dedicados a ele e a outros elementos culturais relacionados, cujo princípio é o jogador se vestir e agir como o personagem, por vezes inclusive simulando lutas com armas de brinquedo, e mais raramente expandindo o jogo para fora de casa, para as ruas. Pode parecer que estou falando apenas de um grupo muito restrito de pessoas, mas jogos do mesmo gênero já estão sendo usados em campanhas publicitárias e afins com um público muito mais vasto. O filme Batman – Dark Knight, lançado este ano, teve uma campanha dessas no Brasil, e muito bem sucedida. O nome que se dá a isso é alternate reality game (ARG), e é um jogo que utiliza diversas mídias e formatos para envolver os participantes, que em geral têm que realizar alguma tarefa ou procurar pistas relacionadas com o objeto da campanha.

Só para concluir apressadamente para que não perder a aula: meu objetivo aqui era demonstrar a importância de algumas formas de relacionamento com o virtual que perpassam o real e a comunicação em rede, transformando a percepção geral destes. Eu gostaria de entrar na questão da transformação que isso traz ao imaginário, e também gostaria de amarrar esse assunto ao tema inicial das significações da comunicação de forma mais convincente, mas isso talvez seja trabalho para outro momento.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Coisas da vida universitária...

Outro dia fui no CM e o Chalom me apresentou o trabalho dele, que era basicamente um programa que pegava uma equação referente ao movimento de um fluido, fazia a transformada de fourier, resolvia a equação e transformava de volta. Obviamente eu não entendi nada, e me voltou aquele desespero tradicional de não saber mais nada de exatas e não entender o que meus amigos falam (OBS.: provavelmente era uma matéria bem complicada e o Diogo tb n deve ter entendido muit, mas com certeza ele entendeu BEM mais do que eu)!!! Isso aumentou a minha determinação em fazer optativas de exatas, mas o Jupiter só me oferecia matérias cujo programa estava em matematiquês e eu n entendi nada (me inscrevi meio aleatoriamente numas matérias como "cálculo vetorial e aplicações", "introdução à analise real" ou "equações das derivadas parciais"), por isso achei que eu devia pedir ajuda pras pessoas que falam essa língua (hm, qtas pessoas que falam matematiquês eu conheço...?) pra eu não acabar matriculada em uma matéria infernal que eu vou abandonar no meio e que vai abaixar a minha média ponderada (que, notem, é 4.895, o que é estupidamente baixo pro Design). Aliás, o Diogo sugeriu que eu fizesse requerimento de Calculo 1 na física (adoro matérias com um "1" no final) e meu psor sugeriu que eu fizesse curso de verão de programação no IME; aliás, falando em programação, eu me inscrevi para quatro matérias de programação, incluindo "Laboratório de Programação I" (lembra do que eu disse sobre o ! no final?), "Conceitos Fundamentais de Linguagens de Programação", "Desafios de Programação" e "Programação Orientada a Objetos", mas, embora esse seja um número absurdo de matérias para se fazer, como eu acho que eu não vou pegar nem metade por causa da minha média relativa baixíssima (acho que está uns três desvios padrão abaixo da média da sala), eu queria estar inscrita em bem mais matérias. Ou mais interessante seria se eles calculassem minha posição na fila com base somente nas matérias envolvendo a área de conhecimento específica (ou pelo menos dando peso maior pra elas)! Assim, como eu tirei 9.1 em Fund. Comp. I, 9.8 em Fund. Comp. II e provavelmente vou tirar uns 9 em MAC110 (intr. comp.), eu ia estar bem no começo da lista! É, mas o mundo é injusto, fazer o q... Ou eu devia ser melhor aluna nas outras matérias...

Eu tb me inscrevi em um monte de coisas nada a ver da FFLCH, mas isso é irrelevante, já que eu vou acabar de desmatriculando delas, provavelmente.

Outra coisa é que eu queria descobrir como eu posso fazer uma aplication pra virar monitora de Fundamentos da Computação II. Acho que seria bacana, e eu provavelmente sei quase tanto da matéria quanto os psores (considerando q eles n sabem mexer direito no programa q eles usam), mas n tive coragem de perguntar pra eles (o psor Agnaldo, que sempre diz que "quem pede tem preferência", ficaria desapontado) e n sei como descobrir isso, nem tenho idéia de como funciona. Alguém aí tem?

Pois essas são as minhas atuais desventuras no mundo bizarro da USP.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O Carteiro

PS.: como eu não tenho realmente tempo para parar e escrever a continuação daquela história, resolvi enrolar meus leitores com uma coisa que escrevi muito, muito tempo atrás, quando eu tinha longos intervalos entre as aulas da manhã e as da tarde e ficava no CEI escrevendo poemas e prosas absurdas como esta que vocês lerão. Até seman que vem. Um abraço! ass.:mali



Todos os dias, antes do sol nascer, o portão do forte se abria e por ele saía o cavaleiro a galope, sorrindo para as pessoas que acordavam cedo, que não eram muitas, e entregando as cartas de todos os moradores da vila, enquanto recebia encomendas e mensagens para os moradores do campo. A última casa era a de Pedro, que acordava todos os dias muito cedo para habilmente atar a carroça ao cavalo sem que este tivesse de parar seu trote alegre. O cavaleiro então galopava pela estrada de terra que ligava as casas da vila às fazendas, despedindo-se alegremente dos amigos que deixava para trás. Lá chegando, era recebido por muitos fazendeiros que logo ocupavam-se em retirar e colocar encomendas, geralmente mercadoria, da carroça, aproveitando para cumprimentar o alegre cavaleiro, e as crianças tentavam acompanhar o cavalo até a casa de Maria. Lá Maria lhes dava pedaços de bolo, e ao cavaleiro um almoço simples, composto por um sanduíche e um cantil de suco. Sem parar o galope, o cavaleiro libertava-se da carroça e despedia-se das crianças e de Maria e partia para o campo aberto, onde todos os dias galopava alegremente por longas horas, esperançoso de avistar um outro cavaleiro chegando pela estrada que saía da floresta, trazendo notícias, encomendas, presentes e mensagens das terras distantes, sempre alegre e nunca desanimado. Mas o cavaleiro sempre sabia que ele não viria quando o sol estava alto no céu, começando o percurso que o guiava para o oeste, e então saía a galope em direção à casa de Maria, onde recebia um pedaço de bolo e um sorriso, e Pedro sempre estava lá para ajudá-lo com a carroça. E o cavaleiro voltava galopando e trotando por entre as fazendas e os fazendeiros, que recebiam o que lhes era destinado, sorrindo-lhe e despedindo-se. Todos os dias o cavaleiro voltava para a vila já quando estava entardecendo, e lhes entregava cartas e presentes vindos do campo, e já de noite o portão do forte voltava a se abrir, e por ele passava o cavaleiro a galope, que ia então para uma modesta pista coberta, e ali galopava, ininterruptamente, embora homem e cavalo dormissem, durante a noite toda. E quando o mensageiro das terras outras vinha, em dias alegres onde o sol sempre brilhava, os dois galopavam pelo campo aberto até o fim da tarde, e contavam suas histórias, suas piadas; trocavam notícias e risadas, e corriam ao vento, apostando corrida, por horas a fio, sem poderem superar um ao outro. Até que enfim os dois saíam em alegre trote pela vila, entregando suas cartas e presentes, espalhando seus sorrisos e notícias, e já era noite quando o portão de ferro do forte abria-se para sua passagem. E os cavaleiros dirigiam-se à pista ainda trocando idéias, e pela primeira vez em seu dia o mensageiro parava e descansava, observando admirado o companheiro que ainda corria, invencível e inesgotável, para sempre...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Parte da minha conversa com o Squick:

Eu digo que isso é possível porque simplesmente me parece possível. Tem seus limites, claro que tem, mas discordo de quem diz que "se é amor, não é livre" (você teve essa matéria com a Gilda?). O problema é achar alguém que também queira esse tipo de liberdade. Alguém que não queira o banal, o estável, mas o livre e leve e louco. Não sei se nessa hora você vai usar a palavra "namoro", mas, se você estiver apaixonado, se você quiser ver aquela pessoa todos os dias, e ao mesmo tempo não quiser morar junto com ela, acho que não vai ter outra palavra, vai? Acho que é possível, sim, desde que não haja ciúmes demais, desde que não haja possessividade demais, desde que seja uma relação de confiança absoluta, dessas em que aquela pessoa é a pessoa para todas as horas, acho que é possível. E também desde que quando houverem coisas que o outro não queria fazer, isso seja normal e legal, e que hajam outras pessoas com quem fazer essas coisas se for o caso, e que essas pessoas sejam igualmente importantes, e que não haja carência suficiente para impedir que os dois vivam suas próprias vidas.
Mas acho que o mais importante, mesmo, é que as duas pessoas se queiram o mesmo tanto. Se um quer muito mais do que o outro, sempre vai ter insatisfação e infelicidade. O que quer mais vai se sentir inseguro e abandonado, porque o que quer menos vai se encher o saco de ficar tanto tempo junto, e ninguém vai estar realmente confortável com a situação.

Por isso ficar é bacana! As pessoas que não são adeptas do ficar têm vários preconceitos, mas acho super bacana você ter certeza de que o outro também só está procurando um one night stand, uma coisa divertida e sem compromissos, em que ninguém fica construindo e projetando expectativas sobre ninguém! Você tem essa garantia de que o outro te quer da mesma forma que você o quer. Ou pelo menos são esses os termos do contrato (sim, todas as relações humanas passam por um contracto). Mas há que se ter cuidado pra não fazer isso com tudo, e achar que amor não existe, que expectativas não existem, que você pode fingir que tudo sempre pode ser "qualquer coisa", que não há compromissos, que ninguém nunca vai se ferir, que ninguém nunca vai te querer mais do que você espera, que ninguém nunca vai esperar por você.
Acho que a parte mais difícil das relações humanas é tentar lidar com as assimetrias e os desequilíbrios. Por exemplo, quando você se apaixona por alguém que te considera só uma pessoa legal. Ou quando alguém se apaixona por você, e você não quer se afastar porque a pessoa é mó legal, mas também não quer se aproximar, porque você não pode fingir que gosta dela desse jeito tanto assim. Ou quando você se apaixona mas não quer namorar, e a pessoa se interessa por você e você sabe que se ficar com ela vai acabar namorando. Já passou por uma situação dessas? É uma droga, não recomendo.

O pior de tudo é quando a única solução é ficar sozinho. Porque, você sabe, ninguém quer ficar sozinho. As pessoas ficam sozinhas quando acham que as outras opções não valem a dor de cabeça. Quando encontram algo (alguém) que as faz se sentirem bem, não conseguem (e em geral não querem) evitar. Ou pelo menos no meu universo de pesquisa é assim: eu passei por isso, você também, e consigo pensar em mais uma porção de exemplos. Mesmo que não seja a pessoa perfeita, mesmo que seja só por diversão, mesmo que seja sem aquele amor de verdade que move montanhas and all that jazz. Ninguém fica sozinho quando pode estar com alguém legal. Não, péra, fica sim: fica sozinho sim, se estiver apaixonado por outra pessoa. Mas cabe uma notação aqui: ficar apaixonado não pode ser considerado realmente ficar sozinho.