terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Desabafo

Disclaimer: Admito que estou escrevendo só porque estou péssima e preciso desabafar e estou sozinha. Se você acha isso um saco, não leia.

Então passar na fuvest me deixou feliz por mais ou menos cinco minutos. Durante o resto da semana eu até me diverti um pouco, saí com uns amigos que se tornaram meus veteranos, etc. Aí passou. Quando fui fazer matrícula estava me sentindo um lixo. Estar na usp não me fez nada feliz. Ao meu redor tinham bixos de todos os lugares, totalmente pintados, parecendo se divertir, e veteranos se esforçando pra ficarem mais limpos que os bichos, e me pareceu que a maior parte deles estava na usp a menos tempo que eu, e todos estavam felizes demais pra mim. Conversei com o Davi e com o Reverbel, e isso foi legal, e encontrei a Ana, o Rafa, o Tomáz, a Rita e mais umas pessoas e isso também foi legal. Depois eu fiquei na fila um tempão antes de descobrir que estava ali à toa porque eu não tinha levado os documentos necessários, e isso foi bem chato. Depois fomos acompanhar a Rita no seu trote, e isso foi bem horrível.
Por que foi horrível? Não sei bem, acho que foram todas aquelas pessoas tão animadas, alunos e professores, e ficar esperando sabendo que eu tinha pisado na bola e ia ter que perder metade do dia pra resolver, e a Rita saindo e dizendo que tinha assinado um papel assumindo responsabilidade se ela morresse em alto-mar me fez morrer de inveja (não de morrer, de ir pra alto-mar) e o trote que ela recebeu foi umas mil vezes mais empolgado que o meu, e eu tive vontade de ser bixete, ou ao menos de um dia ter sido bixete. Não é a mesma coisa quando todos os seus veteranos conhecem muito menos da usp que você. Quando você já teve bixos e mesmo assim nunca os tratou como bixos. E quando seus 'veteranos' estão todos totalmente desligados e desanimados.

No final eu acabei desistindo de me comportar como bixete. Estava ficando irritada com a quantidade de veteranos incompetentes, que me davam informações erradas e não sabiam de nada. Infelizmente eu não estava com a minha carteirinha, senão teria usado a técnica de apontar pra meu número usp e mandá-los me buscar cerveja.

O final do dia foi menos ruim porque encontrei o Ademar, conversamos um monte e ele me pagou cervejas e coca-cola com vodka (chamar de cuba-libre me pareceu forçação de barra...), e eu conversei com umas pessoas até que bacanas, mas fiquei desapontada de não conseguir encontrar mais meus amigos que estavam comigo antes porque eles foram para casa, enquanto eu quis ficar para a festa no IME (a festa incluía IF, IO e IME, mas o que tinha era 60% IF, 20% IME e 20% avulsos (Poli, Eca, etc). Acho que não veio ninguém do IO). No fim o Chalom veio nos encontrar e ficamos mais um tempo bebendo cerveja e papeando antes de ir pra casa.

Não lembro direito o que aconteceu depois. Acho que fiquei um tempo conversando com Talita e Alex em casa, como de costume, mas não tenho nenhuma lembrança disso. André conseguiu me convencer, com muito esforço, a tomar banho antes de dormir. Acordei às sete e meia precisando muito de água e toda dolorida. Voltei pra cama e dormi profundamente. Acordei de novo ás onze e meia, bem mais inteira.

Quando cheguei aqui, minha vida ainda parecia um lixo.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Realidade e ficção

A propósito, estou me esforçando muitíssimo para compartilhar o pouco de sabedoria que tenho, na forma de dúvidas e proposições, tentando manter a ficção enquanto crio pelo menos um pouco de verdade.

Dúvidas de apaixonados

Como é difícil falar com você sem você saber que eu te amo. Como me tortura quando trocamos olhares e você não sabe o quanto o meu é desejoso. Toda vez que falamos tenho vontade de gritar, de confessar minha paixão de uma vez por todas, de me livrar desse segredo e dessa dor. E me deliciaria ver, mesmo que só por um instante, a resposta relampejar nos seus olhos, a verdade por um instante, seus sentimentos, surpreendidos antes que a máscara das atitudes os cobrisse para mostrar a Resposta Adequada. Seria incrível, e esse desejo quase me leva à ação, mas me contecnho, não posso. Tenho mêdo demais: uma previsão me apavora. Não é que eu tenha mêdo da sua rejeição - de fato já estou prevendo que meu amor será rejeitado, ou então haveria aquele lampejo de esperança que acabaria por subjugar os meus temores. Sim, se fosse possível que você me amasse como eu a amo, eu poderia criar coragem, e um dia, quando por sorte ou por engenharia nos encontrássemos a sós, eu sussurraria para seus olhos a verdade de tudo o que vejo neles. Sim, mas... Mas eu poderia viver com a rejeição se minha confissão fosse feita na esperança de um final contigo. Mas assim como estamos, queria te contar tudo o que penso e sinto apenas porque me aflije tanto guardar estes segredos de você. Por que não posso ser sincera? É que tenho mêdo da Máscara, aquela que você provavelmente vestirá para me explicar que não pode, que não é isso que você quer comigo. É esse o meu mêdo? A mentira convencional que pairará entre nós toda vez que eu a vir sabendo que você sabe, sabendo que se apenas as coisas fossem um pouco diferentes, talvez pudesse dar certo? Será que tenho mêdo de arruinar tudo entre nós? Não, não é isso ainda. No fundo eu sei do que tenho mêdo. Na verdade o que me aflije é prever que, você sabendo, e mais que isso, eu tendo contado em voz alta e visto a sua reação e aquele lampejo de veracidade em seus olhos, eu não seria capaz de conter por mais nem um segundo a torrente de afeto que quer jorrar em você. Eu sei que posto assim parece até um pouco nojento - e é assim mesmo que me sinto quando penso que depois de me abrir com você eu nunca mais conseguiria falar contigo sem falar de amor, ou caminhar contigo sem querer segurar tua mão, ou estar do seu lado sem te envolver em meus braços, porque é como se eu tivesse uma válvula segurando tudo isso, e segurando forte, mas que uma vez aberta não vou conseguir fechar. E eu não quero: eu não posso destruir o que existe entre nós, mesmo que não seja quase nada; eu não quero destruir o nosso respeito, essa nossa distância, que permite que vivamos vidas separadas, e que permite, e talvez isso seja o mais importante, que eu possa viver minha vida sem precisar de você.