sábado, 22 de dezembro de 2007

Apenas um pensamento...

...desses que não adormecem nunca.


Ultimamente postar neste blog tem me feito me sentir meio ridícula. Como se isso fosse me ajudar a perder seu respeito. É tão devastador, sentir sempre que você está milhares de anos na minha frente... E o pior é pensar que eu até preferia que você nem lesse estas palavras, ou que, se as lesse, não entendesse. Mas, ao mesmo tempo, é tão desanimador pensar que você pode não me entender... Como se isso fosse me ajudar a perder meu respeito por você.

O que provavelmente tornaria minha vida mais fácil, mas mais vazia. Mas eu queria... sim, eu queria me livrar desse poder que você tem sobre mim. Eu queria dizer que meu reino é tão grande quanto o seu. E, em algum lugar no fundo, eu acho que é mesmo.

No silêncio barulhento da cidade, eu me pergunto no que você está pensando.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Os Espíritos que Calam

Profet, said I, bird of evil!


De todos os meus mêdos, de todos os meus sonhos,
foste sempre o mais terrível, o mais medonho.
Tivestes tantos poderes,
causastes tantas desgraças,
que toda vez que te via
eu (criança) estremecia.

E era duro o segredo: dizer que não mais queria,
dizer que não te esperava, dizer que tu não roubavas
as noites em que eu dormia. Dizer que não eras nada,
mas eras todo o meu reino — tu eras o meu segredo, meu demônio companheiro.

Se eu tive muitos triunfos, foi pelo teu desafio;
Mas perdi minhas vitórias, e por fim me derrotaste.
Não foi sonho nem desejo, não foi sorte, não miragem.
Com todos os meus sonhos e desejos,
o que venceu foi a realidade.
Te tornaste um espantalho, como os demônios tão vil.
E sem querer me obrigaste
a fugir do teu poder, a me esconder na verdade.
De todos os meus sonhos e desejos, te tornaste o mais voraz e o mais vazio.

Espantalho dos meus mêdos,
deixe em paz os meus segredos.

Espantalho de demônios,
não espante mais meus sonhos;

Meus sonhos são como corvos, são pensamentos que falam
e, de todos os meus mortos, são demônios que não calam.
Espantalho dos desejos, me permita ressonhar os que se espantaram.


..................



Estou sentindo uma tremenda dificuldade (maior que a normal) para concluir meus poemas, ultimamente. Sinto que não estou produzindo nada que presta, por causa disso. (É só olhar o que eu postei no meu fotolog — imenso, mas dispensável a partir da quarta estrofe). Mas enfim.

(PS.: o corretor de texto do Mozilla sublinhou "fotolog" e eu cliquei para adicionar ao dicionário (adoro essa frase). Ele estava sugerindo como correção "patologia", "ontologia", "grafologia", "fotolito", "mitologia", e mais algumas palavras que eu nunca vou usar na minha vida...)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Eu tenho uma pergunta:

Quem ainda lê este blog?

porque eu tenho me esforçado até para escrever coisas legais, e me sinto frustrada de não receber quase nada de feedback mesmo assim...

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Trivialidades - Magic and Might

Apenas alguns fatos da vida.


Ontem, depois de algumas horas tentando jogar Magic com o Ugo e o Di (!!! Agora eu até sei o que é "virar" uma carta! XDDD), quando eles foram embora, eu (muito sonolenta e cansada) fui fazer algumas palavras cruzadas. Para minha própria surpresa, eu consegui terminar uma Direta que estava por terminar havia meses! Então... Eu fui encontrar minha mãe, que estava assistindo TV, e acabei ficando pra ver um Lei&Ordem Criminal Intent, e logo depois começou um filme... e é claro que eu não pretendia ver o filme, mas a Talita chegou e disse que queria ver aquele filme havia muito tempo, e ele parecia legal mesmo, então... bom, eu acabei assistindo o filme inteiro. Depois eu quis fazer mais algumas palavras cruzadas, mas a Sem-Diagonal estava muito difícil e a próxima Direta também.... resumindo a história, eu capotei de roupa mesmo, e fui acordada no dia seguinte por meu pai, que passou para apagar a luz. Era quase meio-dia.

Ontem eu fui assistir Beowulf com meu maninho, e gostei bastante do filme ^^. Só achei que o final deveria ser mais conclusivo. Esse negócio de deixar o final duvidoso (do tipo "o espectador escolhe o que ele acha que aconteceu") algumas poucas vezes é uma boa idéia (no Tropa de Elite, por exemplo, funcionou), mas em alguns casos é uma bobagem. Acho que o diretor tem que tomar um pouco mais de partido. Mas isso não importa, porque o filme é muito legal. Especialmente a música do começo; queria ter prestado mais atenção nela.

Paragens Internas: a procura das saídas

I want you to notice
when I'm not around


Você chegou aqui por acaso, por isso não sabe onde está.
Mas saberá.
O mar lamberá suas pernas, e você chorará com a cor do pôr-do-sol. As nuvens envolverão seus passos, e a relva sussurrará o caminho. Não demorará muito, talvez apenas sua vida inteira. Talvez um caminho se abra e você corra por ele, e chegue imediatamente ao portal que leva para fora. Ou talvez nenhum barco jamais chegue neste porto, e nunca saiamos daqui. Eu e você não temos nenhum poder. Eu e você somos apenas brinquedos, convictos de que as palavras que falamos saem mesmo de nossas gargantas de pelúcia ou madeira. Você, porém, é melhor do que eu. Você conhece o mundo lá fora. Você pode intuir que existe algo de real além deste universo.
Estamos longe agora, mas logo estaremos perto. É preciso querer, é claro, e ser capaz de sentir sinceramente. O mar, você vê, não esteve sempre aqui. Ele costumava ser muito distante, apenas uma paisagem no horizonte, aonde chegávamos através de um caminho secreto. Esta região estava então coberta pela floresta densa, e mais adiante começava uma deslumbrante planície. Com o tempo a floresta recuou, se desfez em pequenas matas, e o nível do mar subiu, cobrindo toda a planície e parte da terra seca. Isso foi antes dos primeiros portos, antes que o Sonho inflasse pela primeira vez suas velas negras. Você não é daqui, por isso não sabe. Eu sei, porque não existo lá fora.
Na verdade, mesmo que você tenha chegado até aqui pelo mar, só é possível sair através do Segundo Mirante. Para chegar até lá, talvez nos arrisquemos muito, e talvez criemos muita turbulência. Nada disso tem importância. Quando atravessarmos a floresta maldita e batermos às portas do castelo vazio, só aí saberemos se será possível escapar. Escapar, por mais fascinante que seja este mundo, é absolutamente necessário; por outro lado, a terra, as águas e as florestas, e até mesmo o ar, não podem suportar que qualquer um de nós desapareça! O mundo inteiro estará contra nós, enquanto procuramos a saída. Apenas quando desistirmos seremos bem-vindos. Eu, por exemplo, já havia desistido, e por isso pude aproveitar muitos séculos ou segundos de uma vida tranqüila. Você, porém, não pode se submeter a essa existência. Se fizer isso, você deixará de existir.
Na verdade, existe outro caminho pelo qual se pode chegar ao lado de fora. Dizem que há uma porta na parede de um poço dentro da menor galeria da caverna mais escura que há no paredão da Fenda entre o deserto e o pântano; bastante perto da morada do Grande Urso. Porém, eu jamais aconselharia alguém a procurar essa porta. Existem inúmeros caminhos para se chegar ao Segundo Mirante, e nenhum deles é mágico; mas há apenas dois caminhos não-mágicos para a Porta na Parede do Poço, e ambos são extremamente perigosos. Para chegar à pequena galeria onde está o poço, você precisa descer o paredão da Fenda, encontrar a entrada da caverna escura, atravessar galerias imensas, pontes decadentes e túneis serpenteantes, e finalmente nadar através de um fosso subterrâneo com uma correnteza terrível — e mesmo se chegar ao outro lado, haverão milhares de pequenas galerias, e você terá que procurar, no escuro, até encontrar a certa. A vantagem é que a galeria do Poço é a única iluminada: há um buraco no teto na caverna, por onde passaria uma pessoa. Essa é a segunda entrada; e é tão terrível quanto a primeira! Não apenas a queda é enorme, como o buraco é guardado por criaturas monstruosas: lobos-esqueleto com chifres sangrentos e língua de cobra, aranhas e formigas do tamanho de um homem cobertas com escamas de dragão, coelhos e tartarugas do tamanho de aranhas com as mandíbulas cheias de veneno, e outras feras que não sou capaz de descrever. Dizem, porém...

...dizem que as feras guardiãs temem, ou respeitam, os espíritos malignos e maliciosos, e que se chegar uma pessoa acompanhada desses espíritos, elas lhe darão livre passagem. Por isso, a galeria do Poço está cheia de uma energia maligna, dos espíritos que são deixados para trás pelas pessoas que atravessaram a Porta. Você acabou de chegar, por isso não sabe o que isso significa.
Mas saberá.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Esconderijo

Para aqueles que nunca irão entender.



Cubra seu coração de mêdo
Cubra seu coração de mêdo
e descubra...
Se descubra...


Estou tentando entender o que não estou fazendo, o que não vejo, não sinto, não entendo. Eu não estou sequer me esforçando. Eu não sei para que lado devo olhar agora. É tão terrível assim? ficar com mêdo? não ter a menor idéia do que fazer em seguida?

Não deixe o bicho papão te pegar
Não deixe a noite cair
Pode ser que o Papai venha aqui te ninar
Se você não conseguir dormir...


Se há uma pergunta, essa pergunta não é o silêncio, essa pergunta não é a solidão, não é sequer o desamparo. Ou será o desamparo? Será que a pergunta não é somente o desespero absoluto, a desorientação, a falta absoluta de parâmetros, de tato?

Cubra seu coração de mêdo,
Enterre-o num punhado de pó
Deixe-o crescer em segredo
e o descubra quando estiver só...


Às vezes eu tenho raiva do mundo, mas não tenho como poder ter raiva do mundo, o mundo deveria é rir de mim. E eu olho ao redor de mim tentando imaginar quem é que deveria não rir de mim. Eu já não estou oferecendo nada, eu já não tenho mais o que oferecer. Estou pedindo ajuda e ninguém pode me ajudar (vocês sabem). Às vezes quando chega a sexta-feira tenho uma raiva que me faz me sentir criança outra vez... E me sinto absolutamente estúpida, porque, porra, é só uma coisa da vida, uma coisa que todos enfrentam todos os dias, isso de ter que fazer sacrifícios, de não fazer aquilo que se quer fazer, isso de ter mais coisas pra fazer do que parece possível...

Descubra o que há pra se perder
Descubra se há algo a se ganhar
Se você apenas se esconder
sua vida nunca vai mudar...


Acho que há algo mais (uma força, uma energia, uma coragem) que costumava haver na minha vida e que hoje eu não consigo encontrar. Hoje eu estou apenas apavorada, perdida, sem entender nada do que está acontecendo, presa a uma vida inconclusiva por... por uma coisa que talvez seja justamente a coisa mais importante...

Cubra seu coração de mêdo
Cubra-se de pavor...
Se afogue nesse banal enredo
e descubra...


Acho que a vida sempre foi muito fácil — sempre foi algo que eu podia desligar quando me enchesse o saco, e religar depois. Mesmo os escritos, os desenhos, os planos, grandes e pequenos: eu sempre desisti quando chegava na parte difícil... Nunca tive fé o suficiente na minha capacidade de terminar, de passar para a próxima fase. Ainda se fosse um problema matemático ou um jogo de vídeo-game, em que há sempre uma garantia de que existe uma resposta simples... (os problemas da escola eu em geral terminava, mesmo que fossem muito difíceis. dos vídeo-games eu cansava mais rápido...)





É muito difícil terminar a maratona por último.
Também é muito difícil realizar qualquer coisa para ninguém.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

E quando acordo, o tempo já passou...

(lá em casa tem um poço, mas a água é muito limpa)


O dia cresce dentro de mim. Nascem no dia olhos, braços, orelhas, pés, rabo, barriga, coluna vertebral e um pequeno sol vermelho, matinal, meio achatado nos pólos. O dia brinca comigo dentro de mim, devorando os espíritos fracos e puxando e esticando os fortes. O dia me cria fome e me faz crescer e querer coisas absurdas. Eu o vou atravessando, leve, grande, rindo, o dia me carrega na sua carruagem apolínea sob um grande arco invisível no céu encantadoramente azul. O dia me transforma. Eis que finalmente o sol, luminoso e redondo, surge perante os meus olhos, e eu apaixonada grito (o silêncio é um grito de quem não pode gritar) meu amor ao dia.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Todos os dias, quase sem querer

É determinação, fuga do dever ou vício, isto que me traz de volta, sempre, às (pequenas) letras?


Claramente a manhã se infiltra entre as cobertas. Meu corpo me acorda suave um segundo antes do despertador. O dia escorre por minha testa, por entre meus olhos, por meu nariz, por sobre meus lábios (eu sinto seu gosto); o dia morno e vivo em milhões de pequenos corações escorre por meu queixo, desce meu pescoço, (percorrendo), escorre por meu peito, entre meus seios (doloridos, com o peso do sono), se espalha por minha barriga (se empoça — se apossa? — em minha barriga) , entra por meu umbigo, invade meu útero e (quiçá?) me engravida.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Paixão rouba nossos sonhos

minha vida é um mundo de mentiras muito bem contadas. não poder nunca contar a verdade é o meu segredo. acreditar nas mentiras é o meu segredo. não ter segredos é o meu segredo. devorar-te se me decifrares é o meu segredo.


Nos teus olhos eu vou, lentamente, encontrar minha perdição.

Eu queria saber se te feri. Queria saber se me perdôas. Queria me desculpar por minha força bruta, por minha fraqueza (queria desculpar-me por minha franqueza).
Não percebes que me machuco quando dizes coisas assim? Não percebes minha careta, minha falsa-indiferença, não notas que desvio o olhar e não ouso correr atrás de ti? Não notas que por dentro quero chorar (mil coisas) e sinto-me tão perdida e? Não está claro que quando tenho sono viro só instintos e paro de pensar?

Ontem tantos arrependimentos... (fúteis)...

Discurso:


Não só eu falo as coisas importantes todos os dias (e não só com palavras). Também não posso falar a todos aquilo que poderia falar individualmente.
A vida não é tranqüila assim para alguém que um dia estendeu a mão, e teve roubado o braço. Porque minhas palavras são meu coração: se eu lhes estender meu coração, alguns entre vocês o comerão — sem hesitar o agarrarão com as mãos viradas em garras e — e me deixarão perdidamente só, sem coração. Meu coração é meu grande companheiro.

Baile:


Oh, sim, eu gosto de dançar. E gosto (muito!) de ver os outros dançando. Especialmente quando são meu pai e minha mãe, ligeiramente altos e muito (muito!) alegres, dançando juntos e chamando todo o resto das pessoas pra dançar. Eu gosto de dançar. Eu gosto muito de dançar. Eu queria (queria mesmo) saber dançar com você.