sábado, 8 de dezembro de 2007

Esconderijo

Para aqueles que nunca irão entender.



Cubra seu coração de mêdo
Cubra seu coração de mêdo
e descubra...
Se descubra...


Estou tentando entender o que não estou fazendo, o que não vejo, não sinto, não entendo. Eu não estou sequer me esforçando. Eu não sei para que lado devo olhar agora. É tão terrível assim? ficar com mêdo? não ter a menor idéia do que fazer em seguida?

Não deixe o bicho papão te pegar
Não deixe a noite cair
Pode ser que o Papai venha aqui te ninar
Se você não conseguir dormir...


Se há uma pergunta, essa pergunta não é o silêncio, essa pergunta não é a solidão, não é sequer o desamparo. Ou será o desamparo? Será que a pergunta não é somente o desespero absoluto, a desorientação, a falta absoluta de parâmetros, de tato?

Cubra seu coração de mêdo,
Enterre-o num punhado de pó
Deixe-o crescer em segredo
e o descubra quando estiver só...


Às vezes eu tenho raiva do mundo, mas não tenho como poder ter raiva do mundo, o mundo deveria é rir de mim. E eu olho ao redor de mim tentando imaginar quem é que deveria não rir de mim. Eu já não estou oferecendo nada, eu já não tenho mais o que oferecer. Estou pedindo ajuda e ninguém pode me ajudar (vocês sabem). Às vezes quando chega a sexta-feira tenho uma raiva que me faz me sentir criança outra vez... E me sinto absolutamente estúpida, porque, porra, é só uma coisa da vida, uma coisa que todos enfrentam todos os dias, isso de ter que fazer sacrifícios, de não fazer aquilo que se quer fazer, isso de ter mais coisas pra fazer do que parece possível...

Descubra o que há pra se perder
Descubra se há algo a se ganhar
Se você apenas se esconder
sua vida nunca vai mudar...


Acho que há algo mais (uma força, uma energia, uma coragem) que costumava haver na minha vida e que hoje eu não consigo encontrar. Hoje eu estou apenas apavorada, perdida, sem entender nada do que está acontecendo, presa a uma vida inconclusiva por... por uma coisa que talvez seja justamente a coisa mais importante...

Cubra seu coração de mêdo
Cubra-se de pavor...
Se afogue nesse banal enredo
e descubra...


Acho que a vida sempre foi muito fácil — sempre foi algo que eu podia desligar quando me enchesse o saco, e religar depois. Mesmo os escritos, os desenhos, os planos, grandes e pequenos: eu sempre desisti quando chegava na parte difícil... Nunca tive fé o suficiente na minha capacidade de terminar, de passar para a próxima fase. Ainda se fosse um problema matemático ou um jogo de vídeo-game, em que há sempre uma garantia de que existe uma resposta simples... (os problemas da escola eu em geral terminava, mesmo que fossem muito difíceis. dos vídeo-games eu cansava mais rápido...)





É muito difícil terminar a maratona por último.
Também é muito difícil realizar qualquer coisa para ninguém.

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