sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Pausa para um postinho

Eu estou aqui porque minha cabeça está zunindo com todas as letrinhas mágicas que não formam nenhuma palavra conhecida que acabei de encontrar na minha pequena jornada para tentar entender melhor a mesoderme do multiverso digital (aaah, justaposição de metáforas!). Eu acabei sendo lançada do Javascript para o Ajax com uma certa violência e, francamente, não é fácil entender quando a galera começa a falar de Ajax - a menos que o assunto tenha começado na área de limpeza, é claro. Pra descansar - porque estou num lugar estranho e me sinto meio acanhada de simplesmente ir dar uma volta - vou escrever alguma coisa.

Que tal uma história?

Proposição: o herói, no começo da história, nunca sabe que vai ser herói. Uma vez eu tentei contar uma história sobre um garoto chamado Davi. Eu gostava dele porque ele não era apenas um joguete nas mãos do acaso como todos os outros heróis. Ele um dia decidia que ia sair de casa e viver uma aventura, e assim ele saía de casa e vivia uma aventura. Mas agora vejo que caí numa armadilha assim que comecei a escrever sua história - não pude evitar inserir uma princesa e uma infância solitária, o desamor de sua casa e o amor de algo distante que iam sem dúvida fomentar no menino a disposição para partir em aventura. É difícil; acho que não consegui combater satisfatòriamente o impulso de explicar porque eu mesma não havia tomado minha vida nas mãos e partido numa aventura. E o motivo poderia ser o mêdo ou o conforto, mas acho que o argumento verdadeiro (acho mesmo) é que eu amo minha família. Eu amo cada um deles, e nunca consegui trocar a amizade de meus irmãos e o carinho de meus pais pela imprevisível descoberta do mundo. Além disso, eu sempre pensei em minha mãe, que se preocupa tanto comigo. Talvez, quando eu era muito pequena, fosse mesmo a noção de que eu não saberia o que fazer lá fora. Mas esse mêdo deixou de me incomodar há muito tempo.

Afinal estamos sempre fazendo o que não sabemos fazer. Estamos todos completamente perdidos. Ou talvez alguém aí saiba o que está fazendo; eu admito que não faço a menor idéia. Estou nadando num pântano, avançando muito lentamente e sem saber direito para onde. Mas lentamente estou começando a confiar que posso correr riscos. Isso de correr riscos é muito importante - é difícil evoluir de uma posição de confiança. E precisamos correr sem saber para onde. E precisamos vislumbrar.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Grunf

às vezes eu acho que nunca vou ter paciência pra trabalhar a sério. E olha que eu nem estou trabalhando. Estou num ambiente de trabalho, estudando javascript porque eu achei que ia conseguir fazer coisas divertidinhas com ele, mas até agora eu só consegui me frustrar infinito! nada minimamente legal está funcionando e a droga do tutorial sequer menciona essas possibilidades! Gronf!

Ah well. Pelo menos eu olho pela janela e tem uma grande pedra me olhando; onde mais eu poderia ter isso? Eu fico me lembrando dessas coisas pra não me arrepender de estar aqui. Afinal... Afinal, tuddo passa, os dias, os meses, não é, e eu sou obrigada a confiar que o futuro me dará oportunidades para não me arrepender muito amargamente de ter recusado as opções que recusei. Estou tentando não pensar nisso. Estou realmente me esforçando para não pensar...

Enfim, aqui estamos, Vitória, na parte da cidade que parece que fecha os olhos no reveillon, a cidade aqui em volta está vazia, não tem nada de interessante, e eu estou feliz porque hoje vamos no cinema e amanhã vamos à praia, e parece que isso vai ser muito melhor do que ficar aqui onde nada acontece.

Ok, preciso debelar o mau-humor.

É que eu queria tanto estar em casa... Mas vou fingir que não, vamos fechar os olhos, tudo vai dar certo no final, tudo vai dar certo, e, à propósito, eu te amo, e eu queria muito que você fizesse parte da minha vida pra sempre.

Que saco, estou emotiva de repente.

Testes

Preciso dar uma pausa nos meus atuais estudos de html, css e javascript (eu sei, eu sei, mas eu não consegui me forçar a estudar pra fuvest ainda, droga! e isso é tão mais interessante...) e vou aproveitar pra fazer alguns testes aqui no blogger.

Essencialmente, eu quero saber o quanto disso pode ser usado aqui. Vamos tentar? Vou começar com um form:


Legal, parece que funciona (e, bom, essa é a coisa mais complicada que eu aprendi a fazer em html até agora). A questão agora é se o javascript funciona também... apesar de eu não ter entendido lhufas de como essa coisa funúncia... enfim.

Aliás, alguém sabe onde eu posso aprender javascript a sério?

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ei, maninho,

Feliz aniversário,
Que tudo esteja azul,
'Cê é muito gente fina,
Bacana pra xuxu!


Enfim, hoje é o dia do seu aniversário e eu pensei em fazer uma homenagem a você. Você sabe e eu sei que já fizemos muitas homenagens um ao outro em nossos blogs - é que é assim que a vida funciona, nós dialogamos, nós nos alimentamos um do outro, nós fazemos uma canção em conjunto, nos criamos o mesmo mundo - mas este ano nós ficamos meio distantes, e eu lembro na praça do pôr do sol quando você me abraçou e pediu pra não sumir de novo, e agora eu estou aqui fora da cidade, longe de você e de mais um monte de gente, e pensando se isso é certo, se é certo eu ficar aqui longe, aqui onde eu não posso te abraçar e falar sobre a vida com você.

Sabe, maninho, de todas as pessoas que eu conheço você é a que eu mais vi mudar. Eu vi meus irmãos, meus pais e meus primos mudando, mas meus primos estavam meio distantes, meu pai está se assentando sobre o que ele sempre foi, minha mãe está lutando contra algo que só ela pode enfrentar, e meus irmãos talvez estejam até perto demais pra eu conseguir entender a mudança, ou talvez eles sejam muito suaves, muito tranqüilos, e estejam apenas se tornando o que eles já prometiam ser de qualquer forma. Você não.

Não, Ugo, você mudou radicalmente, bruscamente e muitas vezes desde que eu te conheci. E eu também, contigo. Começamos como o Squick e a Ma, tímidos e meio perdidos em meio a todas aquelas pessoas determinadas, exageradas, da ação comunitária. Eu estava começando a descobrir que podia ter meus próprios amigos, mas ainda estava meio deslumbrada por aqueles nerds maconheiros que fizeram a gente decorar legião-urbana... E você era um garotinho minúsculo (menor do que eu!), de voz fina e parecido com um ratinho, mas eu nunca vou esquecer o dia eu que você ficou puto com as crianças e começou a vociferar e a dar ordens e todo mundo ficou com mêdo de você - pra provar que o que veio depois estava só esperando pra aflorar. Também não consigo esquecer o dia em que você propôs que a gente fosse na sua casa ler, e como todos nós rimos de você, e como eu me envergonho disso, porque hoje em dia me pareceria uma ótima idéia a qualquer momento.

Depois passou um ano em que estivemos separados, e foi o ano em que eu aprendi a me apaixonar e em que mudei completamente de amigos, e pra você foi um ano de ficar longe dos amigos que você tinha, e não consigo imaginar como foi pra você - mas sei que quando te encontrei de novo, 20cm mais alto e de voz grossa, nós dois éramos pessoas muito diferentes, e ainda assim fomos nós que voltamos a ser amigos quando todo o resto do antigo bando tinha se esfacelado. Pois é! Nada mais de Bruno Azem, nada mais de nerds maconheiros, quase nada tinha restado daquele grupo que acumulou tantas lendas na minha memória. E também, agora éramos colegiais, e nossos interesses mudaram. E no começo foi um pouco estranha a forma como você nos seguia como se fôssemos heróis, só porque tínhamos ficado tanto tempo longe e eu e meus amigos éramos um pouco mais velhos e talvez um pouco mais arrogantes. E alguns dos nossos amigos eram pessoas pentelhas que ficavam pegando no nosso pé ininterruptamente, e eu me tornei a Mali minúscula de se pegar e morder e você virou o Ches, que as meninas apertavam como um brinquedo e os moleques zoavam, e acho até que eu fiquei aliviada quando eles começaram a pegar no seu pé porque eu já estava de saco cheio. Mas a gente passou por isso, eu porque estava apaixonada por eles, e você em parte por isso, em parte porque você podia aturar algumas pessoas de quem você não gostava pra ficar com a parte de que você gostava, o que é admirável. E houve momentos em que nós ficamos sozinhos e pudemos brincar das velhas coisas de que a gente sempre brincara sem interferência de quem queria achar a gente ridículo.

É claro que essa fase valeu a pensa: teve o pirate's tale, viagem pra fazenda, nossas história de vampiros e lobisomens, e tudo o mais que a gente inventou e trocou e imaginou e viveu. Foi legal pra caralho! Mas acho que essa fase teve que passar e a gente teve que sair daquela muvuca que era o colegial pra eu poder virar Marina e você, Ugo. E eu lembro que de repente você deixou de ser um garoto doce e divertido pra ficar revoltado e agressivo. Muito agressivo! Por vários meses eu fiquei com mêdo de você, porque você estava bravo com tudo, e odiava tudo, e queria que todo mundo te respeitasse mas não sabia como merecer esse respeito, e você queria ser um grande psicólogo mas ainda não sabia nada de psicologia. E aí você entrou na faculdade, começou a estudar e a ler mais, fez kung-fu, e começou a entrar nos eixos e levar as coisas mais na boa, e foi inevitável que nos tornássemos melhores amigos. Sabe o quê, maninho, você conseguiu o respeito que você queria.

Acho que é por ter visto todas essas mudanças que eu me orgulho tanto de você. Sabe, você já disse e pensou tanta merda na vida, já acreditou em tanta coisa errada, e já foi tão ignorante de tanta coisa! Mas agora você tem seu chão pra defender, e é um belo chão. Eu ainda discordo pra caralho de você, mas agora ninguém pode achar que você é bobo pelas coisas nas quais você acredita.

Você se tornou um belo homem, maninho. Estou curiosa para ver como mais você vai mudar - como nós vamos nos transformar - daqui em diante.