quarta-feira, 24 de março de 2010

Por fim, RPG:

Resolvi não comentar muito antes, mas no fds eu mestrei sete jogos de rpg. Foi isso? Acho que sim. Seis de menos de uma hora e um de mais ou menos uma hora e meia. Foram jogos rápidos, mas eu me diverti pra caramba. Quando voltei pra casa, estava me sentinfo intensamente não-sou-mais-virgem. É aquela sensação que você só tem quando tinha uma expectativa muito intensa sobre alguma coisa e finalmente a faz e se acostuma com ela, e demora um pouco para se acostumar com esse costume. Você só tem a chance de se sentir assim algumas vezes na vida, e todas elas devem ser valorizadas.

Quando o Paulo me convidou pra mestrar com ele, senti um frio na barriga e fiquei com muito mêdo. Mas repeti (você não sabem o quanto eu tenho repetido esta frase pra mim nos últimos anos) "Mali, você tem que ter coragem", e disse que sim, eu queria muito, estava com mêdo mas queria, preciso de ajuda, mas quero, sim.

Ele disse "Você tem ajuda, e pode usar a minha aventura se quiser".

Quando chegou a hora, me senti zonza e apavorada. Tinha imaginado várias alterações na história, várias formas de me sentir mais confortável com ela, mas não conseguia me forçar a sentar e mestrar. Para minha sorte na primeira rodada vieram poucos pioneiros e eu pude ficar observando por algum tempo. Fiquei observando o Cardellos mestrando a sua história sobre o Baden-Powell e a guerra de Mafeking (procurem a história, é muito legal), e tive tempo pra organizar meus sentimentos e me tranquilizar.

Logo chegou um grupo novo e eu os chamei e conversei com eles sem mêdo nem timidez. Com esse primeiro grupo tentei usar as fichas que o Luís (o físico) tinha preparado, mas as pessoas não estavam entendendo nada do sistema, e chegaram, só até a metade da história, e suspeito que nem gostaram muito. Além disso, eu levei uma bronca de uma das jogadoras por ter falado que as masmorras ficavam no subsolo do castelo (quando pela definição ficam no alto).

Com o segundo grupo eu joguei pro alto as fichas e joguei sem dados e com personagens criados na hora. Eles chegaram até o final da história mas de uma forma bem inesperada, enganado pessoas e se infiltrando nos lugares. Fiquei feliz porque eles interrogaram o conde apenas até onde era possível, e depois partiram pra passar por trás dele. Aliás, esse interrogatório me obrigou a criar muitos outros detalhes da história, que deram mais sentido e consistência a ela, o que me ajudou muito mais tarde. Foi um grupo legal, mas assustador: tinha uma menina super bonitinha mas terrivelmente séria que quis ser uma feiticeira elemental. E para quê ela usou esse poder? Para: criar um buraco na terra embaixo de uma pessoa - legal; tocar fogo no cabelo de um homem que fugia - questionável; causar azia no mesmo homem depois que ele caiu no chão (não sei por que eu permiti isso, acho que estava com mêdo do olhar dela) - cruel. Mas não foi só isso. Depois que o cara já tinha se ajoelhado diante deles e contado tudo o que ele sabia, ela disse: "Agora eu jogo álcool nas queimaduras dele, pra deixar ele sentindo dor". Que menina medonha! Depois ela quis usar os poderes para transformar o chão em lava e aprisionar o conde malvado nela. Isso eu não permiti. Ela repetiu seu desejo várias vezes, cada vez com mais intensidade! "Eu controlo os elementos! Eu crio lava embaixo dele e queimo ele até não sobrar nada!" Embora ela continuasse calma e séria, os olhos dela foram ficando cada vez mais intensos. Foi uma reação digna de um dragão, que não consegue compreender que ele não é o ser mais poderoso do mundo. Acho que ela nunca abaixaria a cabeça pra ninguém. Também foi uma reação infantil, eu suponho.

Com o terceiro grupo eu decidi usar dados mas não fichas. Eu insisti que eles criassem personagens bem definidos com habilidades bem específicas, mas só um deles me atendeu, criando um anão bárbaro com um machado. Esse era o cara que se apresentara com um: "Eu sou um nerd entre os nerds! Eu jogo GURPS!"... Como metade do grupo já jogava rpg faz tempo, eles conseguiam prever os estratagemas simples do conde, mas a forma como eles reagiam era totalmente... cretina é a palavra. Os filhos da puta ficaram interrogando o conde dentro da casa dele até ele ter que expulsá-los de lá. Mas eles não abaixaram a cabeça em nenhum momento. Quando foram tentar embebedar o chefe da guarda para extrair informações dele, um dos caras o amarrou na cadeira e começou a torturá-lo! No meio dos soldados! Fiz uma cena de batalha mas já estava de saco cheio, os caras eram arrogantes demais. Mandei eles embora e admiti que, sim, o vilão era o conde, seus putos. O que aprendi com essa seção: nunca dê poder demais a pessoas que querem usá-lo.

O quarto grupo foi o mais legal, eram só três pessoas, um tímido, uma muito tímida e uma líder, com iniciativa e poder de decisão. A líder escolheu ser o ladino, e eu dei personagens pro outros dois (guerreiro com poder de fogo e mago ilusionista). A bem da verdade, quem jogou mesmo foi a líder, mas acho que o ilusionista também se empolgou com os personagens, e de modo geral acho que eles gostaram (a menina ultra-tímida não sei, não consegui entendê-la). Foi engraçado que no final o mago e a guerreira capturaram o conde e forçaram ele a falar, enquanto a ladina insistiu em perseguir o assassino, mesmo quando ele a atingiu com seus poderes mágicos e disse que ela seria morta se o seguisse. Terminei a cena dela dentro do gueto dos assassinos, com "quando ele se vira pra você, você ouve um som de facas sendo puxadas e repara que está cercada por todos os lados por homens ameaçadores vetidos de preto." E ela: "Bom, quais são minhas opções de rota de fuga?" Hahaha! Eu admirei o otimismo dela, mas a verdade é que eu não tinha tempo pra tirá-la dessa, o tempo já tinha acabado. Era uma garota legal.

O quinto grupo foi o do Mateus... o cara que atravessava paredes. Os caras desse grupo zoaram com tudo! Inventaram coisas, deixaram a mestra mó confusa, foram atrás da organização mão-negra (que eles mesmos tinham inventado), sequestraram o líder dos assassinos, convenceram um nobre a financiar o resgate, distribuíram machadadas pra todos os lados e no final eu acabei cedendo quando eles falaram "e aí a gente prendeu o conde e vivemos felizes pra sempre". O.o''

O sexto grupo foi engraçado porque todos eles já tinham jogado vampiro. Foi um jogo sem invasão de masmorra, sem batalha, só de investgação e de fazer perguntas pra personagens que de modo geral eu estava inventando na hora. A história ficou muito mais rica com esse grupo. Além disso, no final a aventura degringolou para um jogo de Enigma (sabe aquele jogo no qual vocês fazem perguntas até descobrir o que aconteceu?). Enfim, foi bem legal.

Depois disso trocamos algumas idéias com os outros mestres, batemos um papo, fizemos uma porrada de coisas, emfim, no dia seguinte de novo eu estava super nervosa, se possível eu preferia não mestrar, mas parece que os pioneiros queriam bastante jogar rpg, então eu fui obrigada a mestrar. Foi divertido, criei fichas de personagem minúsculas baseadas nos princípios do GURPS Ultra-Lite, passamos bastante tempo desenvolvendo essas fichas, depois começamos uma história de marinheiros em um navio mercante tentando escapar e depois enfrentar piratas. As meninas escolheram algumas habilidades divertidas, como invocar animais, ler o futuro, usar cordas, curar (embora elas preferissem lutar até ficar com muito pouca vida a usar esse poder de cura...). Duas delas se divertiram intensamente, uma até disse que ia tentar aprender GURPS (yay ^^), mas as outras duas se cansaram rápido, e aí a gente não pôde continuar. Se eu soubesse que não ia ter jogo depois do almoço, teria oferecido um jogo só com as duas que queriam jogar mais. Enfim. Eu tinha escolhido essa temática pra poder me preparar para criar um jogo com navios voadores — saiba que eu não esqueci, Kim.

Acho que agora eu não tenho mais mêdo de mestrar. Embora eu saiba que é muito mais nervoso mestrar pra quem já jogou antes, boa parte da ansiedade sumiu. Enfim, como eu disse antes, é aquela sensação de não ser mais virgem. Eu me sinto... maior, mais forte. Sabem?

Além disso, recebi convites pra jogar algum dia com o Luís (o físico), e com o Cardellos e o Caio ^^ Eu pretendo aceitar os convites, se for possível, alguma hora ^^

3 comentários:

- Ixa - disse...

Ler esse post me lembra muito de quando eu queria jogar RPG, não tinha como, e resolvi mestrar. Me dá calafrios, as lembranças. No segundo mês até o momento que eu entreguei a mesa pro Faria, foi tudo uma desgraça, com excessão de eu ter ganhado meu querido elfo maluco.

Enfim, eu vou imprimir um Gurps Ultra Lite pra você um dia desses. Na verdade eu queria dar ele a várias pessoas e, na verdade, eu queria arranjar mais gente que goste do hobby pois.. Além de ser legal.. A maioria das pessoas com que já joguei RPG eram pessoas fantásticas.

Você pode mestrar uma mesa beta com todas as pessoas que poderiam se interessar que você conheceu no domingo.. Se precisar de ajuda, eu ajudo!

Se bem que absolutamente todas as pessoas que você citou do escotismo pareciam legais.

Rafael F. disse...

Minha fase do RPG foi bastante decepcionante. Meu grupo nerd da sétima série não tinha o espírito adequado, a gente bem que tentou, mas nenhuma aventura nunca deu certo. Acho que quando paramos de tentar já tinhamos criado umas dezenas de personagens cada um, que ficavam sempre só na ficha. A gente foi jogar MMORPGs, que davam menos trabalho.

Até hoje fico pensando se toda a questão da interpretação não me teria feito uma pessoa diferente, mas é o tipo de relação com o passado que não leva muito a nada. Então pra ser mais construitivo vou só me dispor a jogar. Chama aí se tiver a oportunidade, haha

Talita Salles disse...

Obaaaa!

Mestra para mim?

Ou isso entra em outra categoria de timidez?