sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Apaixonada [15/9/2004]

Eu me ofereço, nua, a quem me fira.
Dou a cara pra bater, e aí encontro
quem no meu peito quente a faca insira
Rompendo o sangue a carne a própria vida.
Um olhar verde que me olha - e mata
E dou-te meu sangue, minhas lágrimas
E tudo o mais que em mim seja qual água
Toda a minha beleza e minha mágoa
Por este corpo escorre, sem tocar-te
Para não macular tua pureza
E esquecer as lágrimas que são tuas
É como estar num mundo de almas nuas
Nesse olhar verde vejo tua incerteza
Mas quem és tu? Que insiste nesse verde?
Sou eu apenas parte do teu mundo
E tu és mais que um terço do meu peito
Somente em teu olhar eu me deleito
E perco-me por esse amor sem fundo

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Esse negócio de paixão adolescente é complicado. No meu arquivo este poema está identificado como "tua". Apaixonar-se é um pouco passar a acreditar que o amor de uma pessoa é razão de viver. Não é, na verdade. Nem naquela época era, eu acho, acho que eu só queria muito me entregar a essa paixão. Um ano depois eu já me afligia com a possibilidade de nunca me desapaixonar! Que situação ridícula. Acho que podiam fazer um filme sobre o meu colegial, que incrível é pensar que talvez muita gente tenha trechos da vida que dariam filmes! Mas... não sei, talvez ainda reste um pouco desse sentimento meio ingênuo em mim, debaixo da pele de lobo. Talvez. É difícil dizer porque eu sofro muito menos, ao muitos menos passivamente, hoje em dia.

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