sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Putz

Alguma hora eu tenho que te pedir desculpas também.

É, eu sei, você nunca me pediu desculpas, mas é justamente por isso que eu preciso me desculpar. Se você tivesse pedido, se você tivesse entendido estaria tudo bem, mas você provavelmente nem sabe do que eu estou falando. É isso, você me amou tanto, você se abriu pra mim, você chorou no meu colo e eu não entendi. Você achava que tudo estava bem de novo e eu, bem, eu, eu tive tanta raiva de você por isso, mas que raiva eu tenho direito de ter, que raiva eu tenho que guardar agora, agora que eu posso olhar pra trás, tentando, tentando. Você confiou em mim, e eu muito tempo antes deixei de confiar em você. Você me contou quando não queria mais me ver, quando não sabia mais se gostava de estar comigo; eu... tentei contar. Tentei contar? E tão cedo assumi que você nunca me ouviria. E tão cedo concluí que a única solução era me afastar de você, apesar de toda a dor que sabia que isso nos traria. Putz. E era verdade, até, a gente passou do prazo, não tinha mais muito jeito, mas podia ter sido melhor, podia ter sido melhor. Eu podia ter tentado falar com você, falar a verdade, toda ela, até as partes ruins. E agora, meu, tem tanta coisa entre nós tão, tão.

Passou muito tempo, sabe; durante todo esse tempo eu culpei você. Por tudo. De uma forma injusta até. Agora, relendo cartas antigas, acho que eu entendo. Eu entendo. Não foi só você que não me entendeu: eu também não me deixei entender.

Putz; se a gente tivesse conversado, quem sabe a gente tivesse continuado amigos! Quem sabe tudo tivesse dado muito mais certo. Acho que eu me sinto mal por isso agora. Desculpa.

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