sábado, 26 de setembro de 2009

Liberdade e Libertação II

— Eu te odeio
— Eu sei que você me ama
— Eu sou mau
— Não, você é bom

Eu não sei a resposta para minha pergunta

Libertação passa sempre pela destruição do eu? Ou é a destruição das coisas acessórias ao eu? Ou a libertação é justamente esse movimento de negar, de ultrapassar os limites impostos da vida mas também do ego? O eu é um limite, o eu pode ser preservado ou destruído, o meu eu está integrado a essa barreira, essa rede indissociável que me amarra, que me define, que me aprisiona. Liberdade é a ausência do eu?

Como você reage àquele beijo? Grita, se enfurece, agride, bate, machuca? Ou o mundo pára por um instante, aquele tipo de instante em que todas as lágrimas misteriosamente convertem-se em todos os sonhos reais? Abandona a dor e a raiva? Entrega-se, abandona-se, liberta-se da derrota mas também perde qualquer chance de vitória, isto é, se é que há um caminho para a vitória? Se é que há verdade? Será que há? Será que não é tudo uma rede de ilusões, de imagens, uma rede de apropriações que concebemos, que construímos? Imaginar é definir-se, falar é definir; As coisas sequer existem antes que as chamemos? Existe qualquer coisa anterior à nossa história? A narrativa não é o que define nossa trajetória? E se sim, então somos apenas personagens, que fazem isto ou aquilo dependendo basicamente do que aconteceu antes; tudo que é causa tem efeito, tudo o que é efeito tem causa? Mas então, o que é o eu? Existe eu? Ou somos apenas um apanhado de memórias, uma construção a partir de acontecimentos, somos personagens bem construídos mas certamente desprovidos de alma? Temos eu? Somos? Nesse caso libertar-se não é justamente fazer o inesperado? Agir como um louco? A liberdade não é em último caso a loucura? Então, que relevância têm as situações em que estamos? Qual a importância da forma como vivemos? Um personagem é melhor ou pior que o outro? Mas se nos libertamos das memórias, se largamos a máscara, então o que somos, e que diferença faz o que fazemos? Existe qualquer princípio que reja nossa verdade? Existe qualquer sentido para se dar à liberdade?

2 comentários:

Utak disse...

Liberdade total leva à morte. Precisamos de limites para construir uma história ou morremos. Nos apegamos à regras sociais, esilos de vida, idéias, valores... Mas todos estes podem ser apenas limites flexíveis, ou nao conseguiriamos vivier at all, visto que há outras possibilidades além daquelas que nos agarramos. Viver em constante mudança, porém, é angustiante.
Tanto machuca quanto liberta.
O Eu existe pq queremos. Os budistas transforma o Eu no outro, e tudo fica mais fácil. Os psicólogos guardam usam um Eu aberto pra poder ver o outro.
Ainda nao tenho todas as respostas maninha, mas, quem sabe, logo logo.

Utak disse...

nota: tanto machuca quanto liberta.