Eu nunca escrevi um poema de amor para o Diogo. Isso sempre me incomodou um pouco. Eu escrevi tantos quatorze mil poemas para Yuri, Artur, Charles, Carlos, Miguel, Pedro, Bruno, Luís, Gabi, Bia, Victor, outro Bruno, Camilla, Ana, e provavelmente outros dos quais eu não me lembro... (pensando bem, eu nunca escrevi um poema pro Ugo também).
Eu escrevo sempre tanto, mas o Diogo só esteve em dois poemas meus: um sobre os sonhos (o sonho que eu tive com ele foi o mais direto, o "como a realidade") e um... um que eu escrevi quando eu não queria namorar de jeito nenhum, mas cara, como ele me atraía, à revelia das minhas decisões... O poema é estúpido demais pra postar aqui, neste contesto, mas o refrão dele era "You're just another man".
Então... eu me esforcei pra caramba e consegui escrever isso aqui:
Eu, que derivo por sobre águas fulvas
Me distraindo com lembranças turvas
Retorno à vida ao percorrer tuas curvas
Que a tua pele é qual tirar as luvas
E ao te tocar, eu encontro teus calos
Devo feri-los ou devo poupá-lo?
Verei o fogo atrás desse anteparo
Se eu te tocar, arrancarei o halo?
Isso não parece ser para o Diogo, apesar de eu saber que essa foi a minha idéia original. Eu não sei no que estava pensando quando escrevi isso... (tá, mentira, é óbvio no que eu estava pensando)... Mas eu vou fingir que isso não importa. Eu vou fingir que tudo bem, e terminar o poema, quase um ano depois. Assim:
Mas há tanta ternura em teu sorriso
Que quando eu ouço o timbre do teu riso
Não posso mais conter minha loucura:
De te agarrar com um abraço forte
E devagar, numa pequena morte
Dilacerar-te na fome que cura
...
É isso.
Acho que não é muito sutil, né?
Estou um pouco embaraçada, então vou deixá-los a sós e... Bom, é isso, eu vou embora.
5 comentários:
hahaha
adoro como você fica envergonhada com seus posts ^^
só você mesmo, hahaha
selvagem!
gostei do pseudo-falso-cognato
(pequena morte).
por quê pseudo-falso-cognato?
A Pequena Morte
Não nos provoca riso o amor quando chega ao mais profundo de sua viagem, ao mais alto de seu vôo: no mais profundo, no mais alto, nos arranca gemidos e suspiros, vozes de dor, embora seja dor jubilosa, e pensando bem não há nada de estranho nisso, porque nascer é uma alegria que dói. Pequena morte, chamam na França a culminação do abraço, que ao quebrar-nos faz por juntar-nos, e perdendo-nos faz por nos encontrar e acabando conosco nos principia. Pequena morte, dizem; mas grande, muito grande haverá de ser, se ao nos matar nos nasce.
Eduardo Galeano, Livro dos Abraços, etc/
petit mort = orgasmo em francês
pequena morte = ?
em português não é um sinônimo mas não deixa de ser uma possível referência. um referência poeticamente muito profícua, aliás, como demonstra sua inserção nessa poesia.
(você não sabia que os franceses chama o orgasmo de pequena morte?
essa amibiguidade parece tão - literalmente - gritante no seu poema...)
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