sábado, 26 de setembro de 2009

Liberdade e Libertação

Eu não sei mais o que estou fazendo.

Eu não sei mais o que estou fazendo, gritou Will puxando a espada e e batendo na mesa, Não tenho mais controle sobre nada, não sei mais para onde estamos indo! Então liberdade é isso, essa deserção, essa vida que se parece tanto com Morte?! — Júlia, Lúcia e Pedro olhavam pra ele assustados, os corações fracos para tanta ferocidade, as mentes nervosas diante do desespero — Não tenho mais parâmetros, metas, formas de saber se vou para frente ou para o lado; como posso imaginar se estou fazendo o Certo ou o Errado; como posso imaginar se estamos vencendo ou sendo mais uma vez derrotados, disse Will, chutando a cadeira, Me sinto tão derrotado agora, a cada nova vitória, como se o mar da derrota tivesse engolido nossa frágil corrente de vitória.

Estou tentando me libertar?

Estamos nos libertando, perguntou Will, estamos realmente nos libertando ou mergulhando mais fundo em uma nova prisão? Estamos nos libertando ou simplesmente fugindo para nos tornarmos peixes num mar de tubarões? O que você acha, Lúcia?
Will tinha se aproximado e seu rosto estava a dois centímetros dos olhos dela. Pedro e Júlia estavam apavorados. Nada disso parecia bom, nada disso parecia normal. Eles só queriam desamarrar as velas e percorrer o mar, aproveitando o vento, quem sabe vivendo algumas pequenas aventuras. O mundo não era um playground? Lúcia, confusa, deu um beijo na boca de Will. Esperava que isso cortasse o efeito do desespero? ou simplesmente estava cedendo a um impulso?

Entretanto sinto que mais que libertação estou causando minha própria destruição. Não é possível mais parar, não há mais espaço para descansar, e rir, e perder tempo. Estou me tornando um amontoado de fazeres. De impulsos. Estou cortando as relações com qualquer parte da minha tomada de decisões. Tenho os braços e mãos atados, tenho os olhos vendados, estou seguindo sem saber o quê, estou seguindo tudo, como uma brisa, Uma brisa se espalha por onde houver lugar. Ou isso é que é libertação? Esse viver tão parecido com sobreviver? Essa alegria tão parecida com morte? Libertação é destruição? Libertar-se é sempre abdicar?

Um comentário:

Charles Bosworth disse...

Acho que atar a Liberdade a algum significado preciso é um pouco como acabar com a liberdade dela.
É como se essa coisa fosse o vazio que tem no meio das coisas. Como um círculo onde as palavras não conseguem entrar. Às vezes voce acha uma porta, e explica a Liberdade depois, de como foi passar pela porta.
Mas ela é mesmo uma coisa que só pode ser experimentada no presente, sem uma explicação, sem uma história (que, como você sabe, é uma coisa póstuma).

Nada a ver, né.
^^