quinta-feira, 3 de agosto de 2006

brisa gélida num dia escuro - 1

No fundo, o risco é tão grande que eu não consigo imaginar o mundo sem ele.
Digo que estou apostando em algo em que não acredito. Mas, de qualquer forma, eu não acredito em quase nada.

Você sente essa corrente de ar batendo de leve no seu rosto? Percebe como ela quase faz parte de você? Bom, hoje eu queria molhar o cabelo por causa do frio, então meu banho foi basicamente alguns minutos de olhar a água quente escorrendo por entre meus dedos. Às vezes eu acho que a água é tudo o que eu tenho. Todo o resto é vago, é indeciso, mas a água é real, é em si. A água não precisa de outra razão de ser -- ela é como que a base de tudo, a primeira coisa genuinamente real que existiu no mundo, ainda mais que a terra e as pedras.

Todo o resto é vago e indeciso. Todo o resto precisa de uma razão de ser. Eu acho que tenho uma razão de ser, assim como este mundo. Acho que o mundo, sendo assim tão grande e majestoso, tem razões que não podem ser questionadas. As coisas existem, não é necessário mais que isso. Mas e quanto a todas as coisas incompletas que criamos? E quanto a tudo o que fazemos?

... Eu nunca sei bem o que estou fazendo. Quando sei, não sei por quê. Se sei ambas as coisas, provavelmente é porque tenho uma motivação muito forte. Uma paixão de algum tipo. Por isso eu prefiro me apaixonar a ter segurança. A paixão é uma razão indiscutível para se fazer qualquer tipo de loucuras... mas eu não me apaixono...
O ano está acabando, e eu sinto dor toda vez que penso isso. Sair do santa seria fechar uma porção de portas, das que mostram as mais bonitas paisagens além... e talvez seja até esse mêdo estranho de não aproveitar essas oportunidades, que vào se acabar no devido prazo, que me faz procurar cada vez mais desesperadamente uma razão indiscutível para tomar alguma atitude...

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