domingo, 6 de agosto de 2006

Mas amanhã ainda será algo disso

Eu não queria ter que pedir desculpas... mas me sinto tão culpada...
Mas ao menos agora sei porquê.

As coisas estão mudando com velocidade e fúria... acho que se não tomarmos cuidado, vamos nos perder com facilidade nessa fúria... É uma nevasca terrível com toda a intenção de mudar as coisas de lugar. Mas sabe o quê?:

Não sou eu quem me navega
quem me navega é o mar


Eu vou me deixar levar por essa correnteza. Serás minha correnteza? Eu me deixarei levar...

Porque eu estava conversando com a Lori, passando telefone sem fio, abraçando o Tu, papeando com o Cecci, ouvindo as histórias das meninas -- mas na verdade eu pensava somente em ti... O tempo todo, cada mísero segundo, eu pensava em ti. Será que é suficiente? Os dias escorrem por mim, eu tento reaprender a sentir... Mas a cada vez que te aproximas, parece que fica mais fácil respirar. É uma espécie de tortura, na verdade, e às vezes me pergunto, por que não chamar de amor? Me apagas e reescreves sem te dares conta: as mesmas palavras, os mesmos sentidos, mudam talvez apenas as ilustrações, e mesmo assim sutilmente. Por que então é que tudo me parece tão diferente...?

No fundo havia implícita uma estranha ruptura com o conhecido, quando ela me perguntou dele, e eu respondi vagamente, ele estava tão distraído, menos piadas e bobagens, mas não sei se posso afirmar... No fundo em tudo havia um grande receio, aquele mesmo mêdo de sempre, que todos nós temos, naquela pergunta que a Lori me fez (e da qual eu prefereria não ter nenhuma idéia de resposta...), nas piscadelas quase sutis do Tutu, nos rabiscos irreconhecíveis do Cham, nos chamados insistentes da Camilla, no sorriso discreto (ou pelo menos mais discreto do que o que normalmente se espera) da Luda, no movimento empolgado de ir-e-vir da Gabi (da sala à mesa dos fauis e de volta), nos falares vazios e olhares distraídos de tantos outros... No fundo, havia algo de vago, de inseguro, uma mistura de anseio e receio diante do futuro, esperando o inesperado.

Claro que tudo já estava mudando antes, mas agora é impossível não sentir. Não apenas nos fatos concretos, mas nos diálogos simples entre as pessoas; parece até que estamos aprendendo jogos novos, piadas novas... E eu me alegro ao perceber essa mudança: parece possível conquistar um pouco menos de pretensão, um pouco mais de liberdade.

Preciso dormir, na verdade. Ou vou continuar doente pra sempre. Boa noite, caros amigos. Boa noite, meus companheiros. Boa noite, dulcíssimos tigres. Boníssima noite.

Amo vocês.

Se amanhã não for nada disso
caberá só a mim esquecer
O que eu ganho e o que eu perco
ninguém precisa saber

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