terça-feira, 27 de dezembro de 2005

I will go down with this ship

I'm in love, and I will aways be...

It's so weird: everything is just mixed up...

Eu atravessava a sala quando vi o céu. Parecia que me chamava: o azul de um blue estonteante e lindo e profundo congelante me chamando aqui conforto sonho vem e eu ali olhando embasbacada quase que fui puxada meus pés me levando sonsos Meu Deus quando que o céu ficou assim tão bonito eu quase que não vi...
Cheguei lá fora o céu ficou mais céu menos ***... Eu olhei ao redor, o azul profundo escurecendo, o céu o céu... A noite caía como um pássaro que plana com asas feridas coberta de nuvens lúgubres e ébrias como há de ser tudo o que há na noite. O vento, ai Vento velho de guerra meu amor meu desejado...

O vento tocou minha pele como seda, sol e carinho de quem se ama. Envolveu meu corpo inteiro com a delícia da solidão das noites em que o vento é o meu único companheiro real. O mundo pareceu certo, vivo, valioso, quando ele me abraçou suavemente. Respirei fundo o seu cheiro noturno e murmurei para a noite... Noite, que saudades senti de ti. Saudades dos nossos tempos de guerra e paz, das nossas conversas... Que saudades, Vento, dos seus abraços, dos seus sussurros... Onde estão as estrelas? Perdoem-me, Noite, Vento, perdoem-me eu ter me afastado tanto. Eu preciso de vocês, sei que preciso... Noite, uma estrela apenas! Me dê uma estrela como costumava fazer antigamente...


E ela me deu. Uma estrela brilhante no céu noturno e um abraço por toda uma existência. Eu queria chorar, sorrir, não sei. A chuva garoava baixinho sobre nós e eu não queria partir. Mas aí o Luque chegou e afinal eu quis entrar. Entrar...

quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

"É impossível", você disse

e eu repeti suas palavras, como um zumbi, morta, desamparada. Não construiria uma opinião sobre nada, rolaria sobre o mundo como uma pedra viva, para poder parar, enfim, e cobrir-me de limo e de morte. "é impossível", eu repeti sem falar, sem raiva, sem dor, sem nenhuma esperança.

Ao longo da vida, construí meu próprio pessimismo com dor, mas com afinco. A todo momento, algo surgia como uma grande onda na praia e eu, ferida mas persistente, tentava acreditar que a onda nos enguliria a todos, que quebraria a mesmice do mundo com suas forças sobreterranas. Mas a onda quebrava-se em marolas com um gemido de dor, e recolhia-se sempre ao seu túmulo marinho, enquanto eu balbuciava desapontada: que talvez mágica não existisse mesmo, e talvez fosse tudo ilusão.
Passaram-se os anos e nada mudou — aos poucos, apenas, tornei-me capaz de prever o lento naufrágio das ondas, que nunca faziam mais que inofensivas marolas aos meus pés. Em meu íntimo, comecei a temer que fossem minhas previsões que controlassem o futuro triste e repetitivo de tudo o que me acontecia. Tentei esperar, tentei não prever — mas por mais que me esforçasse ao máximo, por mais que perseverasse, depois de alguns minutos, horas, dias, ou mesmo meses, perdia a esperança, me submetia ao inevitável: a derrota.
Durante os últimos dois anos, tudo foi ficando ainda mais difícil: coisas nas quais antes tinha fé começaram a desabar diante de mim, a dar sempre resultados negativos e inesperados; até o ponto, o mais negro de todos, em que começaram a ser esperados. A realidade tornou-se um poço de impotência, e eu me afogava nele com resignação. Antecipando a derrota, aos poucos (ou não tão aos poucos) fui desistindo de tentar: parei de ligar para as pessoas que mais queria ver, parei de procurar a amizade de meus antigos amigos, que me amavam tanto quanto eu a eles; parei de animar meus amigos apaixonados com coragem e esperança. A submissão me engoliu como um monstro do mar, eu enxarcada de água salgada, até aquele dia que tanto doeu.

O pior dia de todos foi o dia em que me dei conta de tudo. Nos olhos dos dois, nas suas palavras, percebi o que me tornara — eu sentia-me mais impotente que as pessoas que alimentaram, com sua submissão aos fatos imutáveis, a minha impotência. Quando ouvi-os e vi-os dizer que eu devia e podia ter tido esperança...!

"É impossível", você disse, e eu nem sequer vi que do fundo seu gritava uma voz dizendo que eu negasse todo o seu desespero, mas eu, tolamente, desesperava-me ainda mais, destrutivamente. Não queria dar-lhes falsas esperanças, e por isso não dei esperanças nenhumas. E por isso, talvez devesse me desculpar.

Perdoa-me, Pai, porque pequei. Deixei de acreditar no amor, deixei de amar e de me comprometer. Deixei de acreditar na amizade; deixei de conversar com a noite, com o vento, o mar e a chuva; deixei de esperar pelos sonhos; deixei de cumprir minhas promessas e responsabilidades; deixei de aprender muito do que podia; deixei de procurar pelas brechas deste muro, onde podem-se plantar as oportinudades.
Perdoa-me, Demônio, porque pequei sem ti. Deixei de amar os sonhos e as esperanças; deixei de ter esperanças e de perseverar. Deixei de procurar sob cada pedra a semente da felicidade, deixei de me deixar levar pelo vento, deixei de desconfiar da infelicidade, deixei de perseguir meus sonhos e dragões, deixei de lutar pelo meu ideal, deixei de chorar à noite, deixei de rir das grandes pequenas coisas, deixei de respirar fundo, deixei de deitar sob as chuvas da primavera, deixei de escrever histórias às janelas, de procurar no mundo a bondade dos teus olhos.
Perdoa-me, Tu que me lês, porque pequei por ti. Deixei de acreditar no possível, no improvável; deixei de dar esperança aos condenados. Deixei de persistir mesmo quando era a única opção, deixei de esperar contra toda a esperança. Deixei de lutar pela realidade, deixei de acreditar, de querer, de tentar. Deixei de ouvir mesmo sem ter nada a dizer, deixei de dizer e de calar. Deixei de fazer o que era importante para nós todos. Deixei de acreditar em ti, de conduzir-te e cooperar contigo. Deixei de lutar por ti como fazem os que se amam — deixei de buscar tua amizade e de tratar-te bem. Deixei de doar de mim.

Talvez apenas não tenha deixado de amar.

O tempo que se segue será, para mim, de procura da esperança.
De sonhar sonhos impossíveis, enfrentar demônios, encontrar dragões, e dormir justamente. Quero andar de bike, cavalgar, nadar, pescar, correr, e principalmente sonhar.
Quero amar, amar perdidamente, amar sem freios e sem mêdo!

Good hunting all; good dreaming all; good hoping all!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2005

HELP!

Tem algo de errado com meus comentários e eu não sei o que é.
Não consigo logar no Haloscan nem ativar os comments do Blogger.


Alguém me ajuda?

segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

Perhaps love is like the ocean...

If I could live forever
and all my dreams come true
my memory of...


Wait.
... ... ... No, no; I guess it would be just a dream: as always, me longing for you...

Are you the night? Are you the mistery? Are you the ocean? Are you my Tayk? Are you just the feeling of incondicional love I feel for my friends and family?

... Who are you?
Who could be this impossible angelic devil that consumes me every time?
Who is this unachievable meaning of confort and perdition? Is this even possible? Are you possible? Are you real?
....
................. Why do I always dream of falling in love?

"If I could live forever
and all my dreams come true
my memorys of love would be of you..."


But, oh, God! I miss the ocean, I do certainly miss the ocean...

sábado, 10 de dezembro de 2005

Calado!

Shhh...
Não fala não. Não é necessário, nem sequer útil. Não nos leva a nada. Não diga nada.
Cála.

Eu não quero falar com você. Não quero saber o que de sensato ou terrível você tem a me dizer. Não quero que me digas nada. Quero o silêncio, por favor, o silêncio! O silêncio desses espaços infinitos me fascina. Neles, sou uma pantera, um leão da montanha, um gato sempre alerta ao infinito. O silêncio.


Não quero conversar. Não, não é que eu não queira conversar com ninguém; conversar contigo especialmente é que me desconforta. Com alguns, gosto de conversar, outros, suporto, mas você especificamente eu não quero ouvir, não agora, não assim, e, principalmente, não por isso. Eu já sei o que você quis me dizer, e, se não entendi, provavelmente a culpa é minha, e se eu pensar mais um pouco eu compreenderei. Se não, que posso fazer? Não posso ouvir sua voz, assim, virtualmente. Quero sentir o calor do seu olhar, ou imaginá-lo quente e vivo, e, quem sabe, imaginar quê palavras tão vívidas quanto ele formariam seus lábios, língua e respirar. Mas não, não quero conversar. Quando conversamos, você me responde, ou eu espero resposta, e eu nunca tenho coragem de dizer o que realmente penso de qualquer forma. Realmente, eu nunca chego ao meu próprio fundo — não tenho coragem. Meu fundo é insensato, não conhece delicadezas e gentilezas às quais nos submetemos desde a infância para não ferirmos ou afastarmos nossos entes queridos. No fundo eu conheço todos os seus defeitos, e os odeio. No fundo eu detesto falar com você, odeio tudo o que você diz, menos, talvez, os ois e aquelas bobagens que são, em si mesmas, pouco importantes, mas muito fundamentais numa relação. Ou será que isso não é o fundo? Será que mais fundo ainda eu gosto de você? Será que eu quero falar com você?

Ah, não, mas não fale comigo não. Palavras, nestes momentos, são dispensáveis. Nós poderíamos muito bem nos comunicar por conjuntos de sons ainda não catalogados, por olhares, gestos... por que não nos comunicamos tudo o que pensamos e sentimos por um simples, confiante abraço? Por que essa obcessão pelas palavras? Por que não voltamos aos desenhos feitos com tanto primor e desleixo, com tanto carinho, na areia dos nossos sonhos provisórios e vazios? Por que não nos abraçamos em silêncio, já que sabemos, certamente nós dois sabemos, de tudo o que se passou entre nós, e o que passa hoje em dia; já que nós já dissemos o que íamos dizer e agora o que fazemos é repetir em gritos estridentes a nossa mútua incompreensão e aquele desejo irritante de que fôssemos diferentes? Ou, se é tão necessário falar esta língua de homens e bestas, podemos, ao menos, falar de quaiquer outros assuntos, assuntos assim que não firam nem a mim nem a você, como aqueles que costumávamos discutir longamente antes de nos tornarmos pessoas assim tão complicadas um para o outro. No dia-a-dia podemos experimentar não falar sobre os nossos segredos, trocados com tanto mêdo um da reação do outro. Em vez disso, falaremos de leviandades, de bobagens, dos amigos que temos em comum e dos temas metafísicos que devem interessar muito mais a mim do que a você.

Se for um problema muito grande, podemos falar de outras coisas. Talvez, com um pouco de esforço, eu consiga entender a política nacional; talvez eu até leia os mesmos livros que você, e podemos, certamente, assistir aos mesmos filmes, juntos, se quisermos. No fundo, todos esses detalhes são muito pouco importantes, mas também são muito essenciais para que continuemos a partilhar da companhia um do outro. Mesmo assim, eu gostaria que não fôssemos obrigados a tentar transmitir nossa mútua afeição por palavras cansadas de pular de uma boca para a outra já há algumas centenas de anos. Tenho certeza de que poderíamos transmitir nossa vontade de expressar aquilo que nos vai pela alma com palavras frescas, totalmente novas, que ainda não tivessem aquele cheiro de suor e desprezo, aquele saibo de briga e chantagem, e principalmente aquela aspereza de malícia e ironia que adquirem as notas e as palavras velhas, passadas por um exagero de mãos e bolsos desconhecidos. Talvez devêssemos tomar mais cuidado com a linguagem que temos, usá-la com mais cautela; talvez devêssemos guardar as palavras apenas para o realmente importante. Talvez devêssemos comunicar nossos verdadeiros sentimentos por gestos e sons particulares, e guardar as palavras para a literatura, para a poesia....

quinta-feira, 8 de dezembro de 2005

Viver

[insira texto aqui]

Talvez a vida seja mesmo feita de espaços vazios, à espera de algo que os preencha. Como saber? Vivendo, talvez.

Do que é que estou falando?

Pensei em tanta coisa para escrever nos últimos dias, que é quase um desperdício que tenha escrito tão pouco... Mas o tempo, as coisas a fazer, sabe como é... e o sono... tenho dormido muito. Terça o Yuri me convidou para fazer alguma coisa às oito, pediu que eu achasse em programa. Eu gostei da idéia, mas tão logo ele saiu daqui eu perdi o ânimo de continuar a arrumar os papéis, caí na cama e dormi até a hora do jantar. Mesmo assim, quarta não consegui levantar até as 11h30, e mesmo assim foi com muito esforço que me arrastei para fora da cama. Minto: eu caí da cama (realmente caí, e doeu bastante), e depois disso não tinha mais coragem de voltar, é claro. Depois, tendo voltado da missa de formatura, até queria ter lido um capítulo dA Luneta Âmbar, mas estava simplesmente com muito sono. Dormi para acordar tarde outra vez. E agora estou cansada e com sono. E com muita fome também. Vou jantar.

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My God
amazes me how much I've thought of writing these last few weeks
actually it amazes me how much has happened these last two weeks
in comparison with how much I've actually registered

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I'm in love with you, and I know you've already noticed
The other day, perhaps, I wouldn't believe you

Compreende
que te adoro
e que te amo
desesperadamente
Compreende que aguardo teu beijo ardente
Por favor, amor, compreende
que te quero loucamente

Compreende
que te adoro
e que te amo
e que te quero para sempre

Compreende
que eu não vivo
sem ver-te
sem que o teu olhar me adentre


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Estava pensando em tudo o que aconteceu desde o começo do ano. Foi um ano temerosamente denso, em que tudo aconteceu. Recapitulei aqueles primeiros dias de janeiro, em que andamos nas pedras, em que não senti saudades de ninguém além dele, em que ouvi sua voz mais doce e me senti, como não me sabia sentir assim tão, vulnerável. Lembrei das lutas, da sensação dolorosa dos punhos sangrando e das barrigas marcadas de arranhões e roxos vermelhos. Lembrei do silêncio solitário das pedras que, segundo o Raul, "choram sozinhas no mesmo lugar". Havia uma liberdade em tudo. Os dias se arrastaram e eu comi muita areia jogando frisbee e corri atrás das bolas dos nossos récordes e fresco-récordes... Havia um ar de liberdade em tudo.
Lembrei também de outras coisas no caminho. O teatro, O Alex deixando o grupo, as reuniões com o Zuca (foram várias), conhecer a Lorena, o JP, Yuri caindo da cachoeira, festa da Luda, IYPT, Lucíola, a carta do Luque, a carta da Gabi, as incontáveis cartas (eletrônicas ou não) do Charles, o dia da Janela, a noite do Donnie Darko, aniversário de 77 anos da Vó, vários dias de biscoito, Campos (encontro com Deus, RPG-raio-de-sol, RPG-meteoros!, FUBU!, procurar livrarias, andar de olhos fechados, jogos de máfia com novos personagens, baralho, Smoke, galopar, abraços, chocolate, morango, chuva, sol, frio, conversa longa com a Gabi, conversa não tão longa com o Charles, historinha a respeito de tartarugas, acordar de manhãzinha para ler Qaf, desenhos, pintar Myshba com flor, Clarinha, botcha, mini-golfe, golpe!, mensagem para o Yuri, música, paz, "quer pecar?"), troca de e-mails com o Luque, abraçar o Artur, grupo de Artes, Expressão e Multimídia, aprender com o Artur, aulas da Arlenice, poemas da Lorena, extras-do-DVD, deitar em baixo da árvore num amontoado de gente, "com-nome" e "sem-nome", cantar, viagens para a chácara, carnaval de verdade na Cajaíba, Laranja Mecânica, Conte de Fées, Marco e Milla, cachecóis, FIMO, curso de FIMO, mamãe viajando p/ casamento de Marco, pessoas vindo aqui todo fds, presente da Kiki, festa na Kiki, festa da Marie, Vovó no hospital, mamãe chorando, todos chorando, sonhos (com o demônio) sonhos (com meu pégaso) sonhos (com a família), textos, Igreja, A Devil, os pássaros da Chácara, Príncipe Harry limpando estábulos, morte do papa, musiquinhas do JP, A História, duas horas sem mordidas do Artur, conhecer a Magá, voz do Gustavo, festa do Digo, festa do Luque (com tudo o que há incluso), festa junina, festa dos esportes (conversas e passeios escondidos com o Cham pelos corredores do Santa...), festa da Pêhces, Flora, Mizu, Carol, "Juanita", Sá e Guarabira, Fazenda dos Pilares (conversas de madrugada com a Lori, conversa com o Luque, ovelhinhas, vaquinhas, noivos da Luda, Noite do Inquérito, Zeldinha, filho, desenhos, abraçar Tuti, Neko-Gabi, bisa, Smash, caça ao tesouro, rede, churrasco), casa da Luda, "just for fun", Peter Box, Lisístrata, Desventuras em Série, Dido, "I'll pretend you never had me though my body says you have", crer em Deus, Full Metal Alchemist, Shaman King, Naruto, Tatuapé, festa do Artur, invadir a casa da Luda, conversar com ela e com Cham, posts apaixonados do Artur, conversa longa, gostosa e importante com o Artur, festa de Formatura, carnaval do terceiro, descobrir um melhor amigo, encontro do Tangará, um ano de namoro, Aninha diz que eu estou cansada, Talita Larini, páscoa, 2a apresentação de Lisístrata, Marco tira carta, festa da Mysa e do Jackie, doença longa e chata, dividida entre o amigo e o namorado, briguinhas com a Camilla, planejamento de viagem à Cajaíba, velório e enterro num lugar lindo, Clayton na clínica, Gabi chorando, briga entre Lori e Luque, Digo e Lori, despedida da Ana Brunner, referendo sobre desarmamento, Fantástica Fábrica de Chocolate, AnimeFriends, Marco-Zoro, Cogumelo do Sol, gatinha Talita, outros gatinhos, dæmons, intestino de coelhinho, meu aniversário, festa do Marco, jogo do copo, vôlei com a Lu, Qaf, Hobsbawn, Capitu, muitos cinemas, muito Mêdo, conversar com o Bruno até de manhã, festa do Squick, sonho com a Camilla, sonho com o Tu, casa da Ada, dureza de vida com a Ada, contar para as meninas, inúmeras brigas e mais um monte de coisas, provavelmente.

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pois é
já havia esquecido de muito disso.

talvez eu devesse parar por aqui.

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é, eu realmente deveria parar por aqui.

segunda-feira, 24 de outubro de 2005

Um pouco do meu fim de semana

Y³, palhaço, idiota, o que preferir E MUITO FELIZ PELA CLARA!!!!!!!!!!!!!!! says:
CLARA, CALARA, CLARA!!!!!!!!!!!!1

cpiochi -* "Quando você estiver precisando de alguém para conversar, nem pense em me procurar...procure sem pensar!.".* says:
XDDDD

cpiochi says:
ta calma

Lobz says:
cheers for Clarinha!!!

Y³says:
VIVA!!!
GRITEM, GENTE!

Wait on the porch until you come back home(Marie). says:
YUHUUUUUUUUUUU

Y³says:


cpiochi says:
XDDD VALEU GENTEEEE

Lobz says:
XDDD

Marie says:
=ppppp

Y³says:
como foi a prova, Clarinha?

cpiochi says:
como assim?

Y³says:
era todas as matérias?

Marie says:
tava difícil?

cpiochi says:
era todas as matérias

Lobz says:
tem 2a fase?

cpiochi says:
a area de humanas tava bem dificil (pois eh eu fui melhor em exatas EUUUU)

cpiochi says:
nopz

cpiochi says:
teve um exame especifico de desenho

cpiochi says:
e uma redação

Y³says:
Uau

Lobz says:
ah, vc tira de letra

Marie says:
mas vocÊ prestou para o que?

cpiochi says:
desing gráfico

Marie says:
ahnn que legal! em qual faculdade?


Y³has left the conversation.


cpiochi says:
belas artes

cpiochi says:
=D agora soh falta fuvest e senac

cpiochi says:
\o/

Lobz says:
vc QUER fzr qual?

cpiochi says:
senac

cpiochi says:
mas belas artes eh minha segunda opção

Marie says:
que legal!

Marie says:
=]

cpiochi says:
eh neh???

cpiochi says:
=D *mto feliz*

Marie says:
hehehe deve ser um alívio!

Diogo. cansei de entrar e sair do msn, só vou desconectar quando sair de casa! says:
desculpa minha ignorancia... mas alguma dessas faculdades é paga?

cpiochi says:
senac e belas artes

cpiochi says:
ahhhh eh bem gostoso

cpiochi says:
mas n sao caras q nem a nossa escola! Hehehe

Marie says:
é...faculdades são mais baratas

Diogo says:
tem faculdades de 6.000

cpiochi says:
eh tipo uns 800 reais a belas artes achu q eh 600....

cpiochi says:
tem mesmo

Marie says:
qual?!

Diogo says:
medicina n sei aonde

O pistoleOOOiro assassina muita gente. o presidente mata muito mais. says:
putz..

Marie. says:
acho que medicina tem que ser

cpiochi says:
eh .... sei la

Lobz says:
Acho q é mais comuns ter famílias de médicos ricas.

cpiochi says:
sim mas mesmo assim o.O moh caro

Marie. says:
Eh

cpiochi says:
tem q ter o quipamento tbm neh

Marie says:
mas acho que eu preicso ir gente

Marie says:
PARABÉNS CLARAAA!!! =]

Marie says:
Bjos

Lobz says:
Bjo


O pistoleiro assassina muita gente. o presidente assassina muito mais. has left the conversation.


Diogo says:
Tchaaau

cpiochi says:
chaus

Diogo says:
hmmn deu tempo

Diogo says:
*n deu tempo

cpiochi says:
eh neh

cpiochi says:
mas eu mandei mesmo assim

Lobz says:
*rrrr*

Lobz says:
é isso aí

cpiochi says:
^^

Lobz says:
Clara, o q uma pessoa q faz design faz da vida?

cpiochi says:
desenha

cpiochi says:
huHAUHAUAHUHA

cpiochi says:
design grafico basicamente eh

cpiochi says:
hehehe... tipo faz banners de empresas propagandas, ve o tipo de papel que eh mais indicado pra fazer folhetos livros etc

Diogo says:
a clara quando era criança brincava de desenhar...já depois decriança, brinca de desenhar...


Y³has been added to the conversation.


cpiochi says:
haham ^^ahuahauhauha

cpiochi says:
desenhar eh muito legal

Diogo says:
em vez decasinhas temfabriquinhas

cpiochi says:
vo aprender todas as manhas de tudo

Lobz says:
vc imagina a clara velhinha brincando de desenhar (a clara não passa pela idade adulta)

cpiochi says:
=D vai ser legal

Lobz says:



** Utak "Rubik's REVENGE! muhuhuhuhuhahahahahaha... help me"(Ugo) http://ugo.zip.net has been added to the conversation.


cpiochi says:
(huahauhauhauhua )

Lobz says:
q irado


Eduardo, um bípede sem penas has been added to the conversation.


cpiochi says:
mali eu vo ser sempre criança

** Utak "Rubik's REVENGE! muhuhuhuhuhahahahahaha... help me"(Ugo) http://ugo.zip.net says:
qq acontece??

** Utak "Rubik's REVENGE! muhuhuhuhuhahahahahaha... help me"(Ugo) http://ugo.zip.net says:
ola peçoas?!

Lobz says:
então1 ^^

cpiochi says:
eu passei na belas artes squik!!!

** Utak "Rubik's REVENGE! muhuhuhuhuhahahahahaha... help me"(Ugo) http://ugo.zip.net says:
aaaaaaaaaaaaaaeeeeEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE

Eduardo, um bípede sem penas says:
^^) parabéns!

** Utak says:
PAREBEEEEEEEENNSSS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Eduardo, says:


cpiochi says:
VALEUUUU

** Utak " says:
/momiji


Y³has left the conversation.


** Utak " says:
mario&¨luigi&&vai*

** Utak " says:
&banan2bobb)

** Utak " says:
(vaca)

** Utak " says:
lalala

Lobz says:
:)

** Utak " says:
prlk

Lobz says:
:)

Diogo says:
{panda}{spide}(בההה)Dança¨¨{kitty}

Diogo says:
aaah chega XFERG@!

cpiochi says:
hahahah eu n vejo emoticons animados nesse pc

Diogo says:
Droga

** Utak " says:
DROGA³

** Utak "says:
hehehe

** Utak " says:
mandei mtos mmmmto fofos

Lobz says:
eu ñao vejo emoticon nenhum

Lobz says:
:’

** Utak " says:
achei q estava vendo

cpiochi says:
hahahaha

Lobz says:
então basicamente vc mandou um monte de letrinhas para nós!!

Lobz says:
=^.^=

cpiochi says:
hahaahahahaha eh!

** Utak " says:
ja volto

Eduardo, um bípede sem penas says:
[-oo-]

Lobz says:
*huahuahhahuahua*

cpiochi says:
ok

cpiochi says:
e entao pessoas

cpiochi says:
como foi o fds de vcs?

Lobz says:
foi loko

Eduardo, um bípede sem penas says:
legal.

cpiochi says:
humm... linda descrição

cpiochi says:
n precisava ser em uma soh palavra ta?

Diogo says:
curto!

Lobz says:
(tipo que ontem qdo eu fui dormir tinham 11 pessoas aqui em casa e TODAS iam dormir aqui, e a maioria tinha brigado com os pais e umas 7 ou 8 estavam conversando com espíritos)

Diogo says:
bem curto! (2)

cpiochi says:
conversando com espíritos????

cpiochi says:
hauhauhauahua

cpiochi says:
poxa Diogo

cpiochi says:
qnta imaginação

Lobz says:
ah é, hje eu fiquei fazendo trabalho e brigando com o pc...

Lobz says:
mas teve churrasco, hmmmm

Lobz says:
sim, fazendo aquele jogo com copo, sabe?

cpiochi says:
ha tahhhh

Diogo says:
esverdeado e levemente aviscoso, foi tambem dodecaedronal

cpiochi says:
hehehe eu qria ter ficado mais na festa do seu mano

cpiochi says:
hUAHUHAUHAUAHUAH ta piorando

Eduardo, um bípede sem penas says:
Morango

cpiochi says:
HAUHAUHAU

cpiochi says:
eu assisti hj o jardineiro fiel

Lobz says:
ah, eu quero assistir esse filme!

Lobz says:
digo, seu fds deve ter sido terrível

cpiochi says:
eh bommm

Lobz says:
(nada descrito como "aviscoso" e "dodecaedronal" pode ser... bonitinho)

Lobz says:
a psora de hist mandou a gente ver...

cpiochi says:
eh

cpiochi says:
tem rasao

Lobz says:
eu vi esse livro outro dia

cpiochi says:
eh mto bom o filme ..... eu gostei

Lobz says:
vou ver se vejo


** Utak "Rubik's REVENGE! muhuhuhuhuhahahahahaha... help me"(Ugo) http://ugo.zip.net has left the conversation.


cpiochi says:
ok ^^ve simeu

cpiochi says:
qro ver a noiva cadaver hehehe

Lobz says:
de quem é?

Lobz says:
aliás eu pciso ver estranho mundo d Jack

Eduardo, um bípede sem penas says:
eu tb.

Eduardo, um bípede sem penas says:
que bom, meu computador acabou de descongestionar.

Lobz says:
o q quer dizer "ok ^^ve simeu "?

cpiochi says:
se nunca viu??????

Lobz says:
não...

cpiochi says:
(ve sim meu)

cpiochi says:
EH MUITO BOMMM


** Utak "Rubik's REVENGE! muhuhuhuhuhahahahahaha... help me"(Ugo) http://ugo.zip.net has been added to the conversation.


cpiochi says:
E TRISTEEEE

cpiochi says:
eh do tim burton!

Lobz says:
ah..

** Utak " says:
BOMDIA!

cpiochi says:
oi ches!!!

** Utak " says:
td bem clarinha?

Lobz says:
vcs não acham q essa foto do ches é mto anos 70?

Eduardo, um bípede sem penas says:
sim!

cpiochi says:
hahahaha tudo ches e sim marina

Lobz says:
ainda mais envelhecida assim

cpiochi says:
eh q ta da webcan

Diogo says:
chester night fever

Lobz says:
ah... *cara de decepão* achei q fosse efeito proposital

Lobz says:
night fever?

cpiochi says:
hauhauhauhauahUHAUHAUHAUHA

Diogo says:
you know how to show it

cpiochi says:
ehhhh a musiquinha marina

Lobz says:
ñ conheço

cpiochi says:
you know how to do it

cpiochi says:
amanha agente canta pra vc

Eduardo, um bípede sem penas says:
huahuauh chester night fever

Eduardo, um bípede sem penas says:
eu não conheco tb

Diogo says:
Saturday night fever, o filme dos beegees

Eduardo, um bípede sem penas says:
o original eu conheço, tem uma nova versão?

Diogo says:
achoquenão

cpiochi says:
temmm

Eduardo, um bípede sem penas says:
ah tá.

cpiochi says:
a do ches HAUHAUHAU

Eduardo, um bípede sem penas says:
tem? ah.

cpiochi says:
kkk

** Utak " says:
uhauhauhauha

Eduardo, um bípede sem penas says:
droga.. problemas com impressora -> reiniciar


Eduardo, um bípede sem penas has left the conversation.


** Utak " says:
hehehe

** Utak " says:
eu tive problemas com o gravador decd

cpiochi says:
gente

cpiochi says:
eu vo fecha aqu e eu tenhu q fazer umas coisa

cpiochi says:
s


cpiochi has left the conversation.


** Utak "Rubik's REVENGE! muhuhuhuhuhahahahahaha... help me"(Ugo) http://ugo.zip.net has left the conversation.


Lobz says:
então, né

Lobz says:
eu estou falando com o papai noel

Diogo says:
e eu com uma loba que por fracassar em produzir um tigre que acabou se parecendo um lobo, acabou se tornando ela mesma num tigre

Lobz says:
interessante análise

Lobz says:
mas tigres são tão fofos!

Diogo says:
que pena

Lobz says:
pena...?

Diogo says:
eles vão arrancarsuastripasecomer o resto!!

Lobz says:
...

Lobz says:
não se eu conseguir enganá-los!

Lobz says:
vide:

Lobz sends:http://averdadedamentira.blogs.sapo.pt/arquivo/pic03104_2.jpg



Lobz says:
(achei isso num site português)


Transfer of "porquinhos.jpg" is complete.


Diogo says:
"

Lobz says:
q foi?

Lobz says:
*olhar de anjinho*

Diogo says:
porque vc não vê asfigurinhas? (A)

Lobz says:
não sei

Lobz says:
eu tinha configurado p/ não aparecerem emoticons, mas mudei issso e não adiantou

Diogo says:
bom...tchau

Diogo says:
até amaha

Lobz says:
até amanhã!

Lobz says:
ou hoje

Diogo says:
opa..

domingo, 16 de outubro de 2005

Talvez alguma melancolia

O mêdo de voltar foi maior que o mêdo de ir.

Agora só quero ficar em silêncio por algum tempo
e te abraçar forte... muito forte...

...good bye blue sky
good bye blue sky
good bye...

sexta-feira, 7 de outubro de 2005

Back-up

Esses dias eu tive de passar por um susto muito forte. Vocês não sentiram, claro, mas eu senti. Minha mãe sentiu também, e deu um jeito. Um jeito difícil, talvez, difícil de encontrar, pricipalmente, ams um jeito assim Mirinha. Porque quando minha mãe quer alguma coisa, ela não desiste. E quem não desiste consegue muito mais do que quem desiste.

O que aconteceu foi que meu Windows deu pau. Não entendi muito bem o que aconteceu. Falha no registro, nào abria, não entrava. Mamãe pensou em reinstalar. Aí foi fazer o back-up das pastas, como sempre. E que é da pasta?
Nas outras não havia quase nada de importante. Não consigo imaginar nem dez arquivos que pudessem fazer falta para o Marco ou para a Giu no meu HD. Mas para mim, aqui fica o ouro: os textos, os poemas, os desenhos, os dragões, lobos, posts, letras de música, cartas (algumas das quais marcam mudanças importantes na minha vida), conversas...
E justamente a minha pasta mamãe não conseguia abrir.


...


Você não devem conseguir imaginar o frio na barriga que a idéia de perder tudo isso me deu. Seria quase como botar fogo no meu quarto, com os diários, agendas, cadernos antigos e fotos... Alguns e-mails descreveriam no meu peito um vazio profundo (usando uma frase de um poema que eu perderia também). Isso sem falar nos textos (até livros!) de amigos ou conhecidos. E os arquivos de frases... Mas os poemas... Os poemas...
Cheguei a fazer as contas: talvez uns 6 ou 7 estivessem no colégio ainda; uns 30 ou 40 eu pediria para os meus amigos devolverem, e outro tanto talvez estivesse registrado à mão em cadernos, agendas, etc. Mas algumas dezenas de poemas (uns 40, eu estimava) seriam perdidos para sempre. Para sempre!

E eu fiquei tão feliz quando Mamãe ligou e disse "consegui!"; e ela parecia tão feliz também, consigo, com o feito, com a salvação dos textos... Caaaaara, que alívio... ^^







Agora vou viajar. Digo, amanhã. Estou com um pouco de mêdo dessa viagem... Passar uma semana com essa gente que eu vejo todo dia, e que está sempre se enchendo o saco, brigando, se chutando, falando merda, falando bobagem... Espero que seja legal, mas estou com muito mêdo. Talvez nem seja tão divertido, mas espero muito que seja. Bom, o Luque disse para levarmos jeans para cavalgar, então alguma coisa legal vai ter :þþþþþþ Na verdade, acho que vai ser muito boa a viagem, mas... Bom, não sei. De qualquer forma, como disse o Luque, nenhum deles vai ler este blog antes de viajar, portanto...


Oh, well, bons feriados para vós rãzinhas ^^ E dêem feliz aniversário à Giulia por mim; ela faz 14 anos, é uma idade muito especial...

"And good hunting all who keep the jungle law!"

segunda-feira, 3 de outubro de 2005

Me permita sonhar um instante

Sinceramente, vocês devem estar falando a verdade... Vocês têm que estar falando a verdade....

Mas a cada vez que dizem isso me dão menos vontade de existir. A Cláudia tem razão, vivemos num mundo profundamente trágico... Um dia, a humanidade vai diminuir por conta do alto número de suicídios, e os suicidas terão razão. Não se poderá culpá-los: o mundo como eles imaginam conhecê-lo não existirá em absoluto.

Ok, eu sou uma idiota romântica. Mas se não posso acreditar que há um pouco de bondade nos olhos das pessoas que nos indicam o caminho, então de que nos serve existir a humanidade? O que me diferencia de um assassino, além da esperança de que o sorriso que estes homens me dirigem seja sincero? No dia em que eu tiver certeza de que a rua é um lugar maligno e temível, eu vou simplesmente me trancar em casa, chorando, chorando, querendo morrer, querendo gritar... E aí... Aí vou querer que você nunca tenha existido. Vou odiar a tudo e a todos... Mas não vou poder consumar meu ódio, pois restará uma qualquer coisa de cumplicidade que me fará... que me fará achar bonitinho essas pessoas lutando pela paz e pela vida... e eu vou simplesmente me unir aos suicidas, porque, como eu disse, eles terão razão.

...

Qual é o problema com o mundo? Por que as pessoas insistem em achar que viver é mais importante que sorrir?

...

Talvez eu estivesse certa: o que você quer de mim é exatamente aquilo que eu não sei dar. Você quer que eu entre no jogo, porque é impossível vencer sem jogar de acordo com as regras. Você quer que eu pense, que eu negocie, que eu planeje, que eu raciocine, que eu acredite, que eu me esforce, que eu me esconda, que eu dissimule, que eu sorria quando estou triste, que eu seja boazinha, que eu seja politicamente correta, que eu coma e ainda diga que a comida está boa.

Tudo o que eu quero é dar o fora. Eu quero chutar o balde. Eu quero rosnar pro lobo, quero brigar de faca. Não me importa mais o que é que você pensa. Eu não quero que você me dê abrigo.

Porque tudo o que eu queria era te trazer pro meu mundo, mas eu desisti, que se foda.
Eu perdi um amigo essa semana, mas ainda o amo, mesmo riscando-o da minha vida, e meus amigos de verdade simplesmente não percebem que eu quero chorar e eu não vou rir das suas idiotices, mas que se foda.
E eu queria que você viesse comigo, mas não dá, tudo bem, eu entendo, não é culpa sua, nem minha, a gente não se importa... mas eu não vou fazer esse jogo. Politicagem não é comigo. Eu quero explodir tudo, sabe? Você não sabe. Você tem raiva e chora. Eu não preciso achar que o mundo é pior ainda do que o que eu vejo. E eu não preciso fingir que está tudo bem, preciso?

Saco, perdi a hora.

Eu sei que não adianta a gente fechar os olhos... Mas então eu quero uma faca ou que seja uma arma (sim, uma arma de fogo) pra poder matar o cara que vai me dar o tiro que dizem que eu vou levar se sair na rua de madrugada. De que me vale ter medo da morte? Já não me importa, sabe? Vocês não podem ouvir meu coração, porque falam tão alto com seus automóveis e celulares... De que me vale ser filha da santa? E minha mãe nem é santa... É só mãe. É só amor.

Mas de que me valho eu mesma? Somos apenas burgueses! Nós comemos! E não gostamos ou desgotamos do que comemos; apenas comemos. Não temos qualquer outra utilidade no mundo, nossa existência é uma conseqüência, jamais uma razão. Nós comemos. Comemos. Devoramos. Até que por fim devoraremos uns aos outros. Ou a nós mesmos, tão cheios de nós que somos. Gulosos.

Um dia o Partido saberá ler os pensamentos das pessoas. Então a história terá estagnado para sempre. Até lá, me deixem acreditar que o mundo não desmoronou completamente.
Eu espero que um dia nós peguemos em armas. Mas enquanto isso não acontecer, deixem que eu devolva a minha frustração com inconseqüência! Alguém disse que acabar com a própria vida deveria ser um direito inalienável. Eu não concordo mais com isso, mas ainda acho que dar a vida por um sonho e arriscar a vida por um ideal são coisas muito diferentes, aliás opostas.

Mas enquanto o mundo é este, dá pra simplesmente me dar um abraço às vezes, e me segurar às vezes? Será que dá pra ser meu amigo às vezes? Eu não espero mais nada da vida... Nem alegria nem dificuldade... Nem nada. Só um vazio e um grito contido.

Enquanto estamos nisto, acho que eu vou... simplesmente... aprender a viver, sabe? Ou aprender a pedir ajuda, ou a sobreviver sozinha. Sobreviver sozinha. Porque nem sempre você estará lá, e eu sei. Você tem a sua própria vida pra viver. E sempre haverá um dia em que eu estarei completamente sozinha com meus demônios.

Então, tudo o que eu posso fazer é ser forte. Mesmo que a luta esteja perdida. Mesmo sem dobrar.
"Quando eu chego em casa nada me consola
Você está sempre aflita
Com lágrimas nos olhos, de cortar cebola
Você é tão bonita
Você traz a coca-cola eu tomo
Você bota a mesa, eu como
eu como, eu como, eu como, eu como
Você
Não está entendendo quase nada do que eu digo
Eu quero ir-me embora
Eu quero é dar o fora
E quero que você venha comigo
E quero que você venha comigo

Eu me sento, eu fumo, eu como, eu não aguento
Você está tão curtida
Eu quero tocar fogo neste apartamento
Você não acredita
Traz meu café com suita eu tomo
Bota a sobremesa eu como
eu como, eu como, eu como, eu como
Você
Tem que saber que eu quero correr mundo, correr perigo
Eu quero é ir-me embora
Eu quero dar o fora
E quero que você venha comigo
E quero que você venha comigo
E quero que você venha comigo
E quero que você venha comigo
E quero que você venha comigo"

Para o Bruno: isso é mau-humor. Veja a diferença. ¬¬

domingo, 2 de outubro de 2005

De Noite

Ontem (ou anteontem, quando caminhei do Teatro do Colégio até a portaria, à 23h00 de uma sexta-feira, até me passou pela cabeça a loucura que estava prestes a fazer. Afinal, estava tarde e escuro, as ruas estavam vazias, e eu sabia que há alpenas alguns dias um homem fora baleado logo ali do lado. Entretanto, talvez eu seja, como todo o mundo, uma dessas pessoas que não acreditam numa coisa até que ela se prove verdadeira aos meus olhos - e me parecia absurdo o perigo que eu sabia, racionalmente, existir. Foiuma certa indignação e uma certa saudade que me fizeram seguir em frente, sozinha. Levava um sorriso no rosto: afinal, andar pela cidade à noite é um dos meus grandes prazeres. Saudade eu tinha do tempo em que brincava na rua, em Santo Amaro. Seqüestro sempre me parecera coisa de Hollywood; assassinatos também. Eu inocentemente desejava um mundo que só existe em pequenas ou turísticas cidades, e olhe lá. Uma indignação profunda. Eu não agüento mais, sabe? viver prisioneira em minha prórpria casa, obrigada a conviver unicamente com gente parecida comigo porque, afinal, é perigoso demais ir para qualquer lugar onde haja gente diferente. Foi com essa dor no peito que eu fui em frente, um samba de Noel Rosa. O samba não é uma música alegre nascida da dor? A vida é assim, sofremos e entretanto dançamos. "Que se dane, que se dane..."

"O orvalho vem caindo, vai molhar o meu chapéu
e também văo sumindo as estrelas lá no céu
Tenho passado tăo mal, a minha cama é uma folha de jornal

Meu cortinado é o vasto céu de anil
e o meu despertador é o guarda-civil
(Que o salário ainda năo viu)

mas o orvalho vem caindo...
vai molhar o meu chapéu...
"


Por isso segui em frente cantarolando as musiquinhas do Noel. "Que se dane", pensei lá comigo mesma, "tenho tanto a perder que se perder um pouco ainda tenho muito, e perdendo muito ainda resta um pouco!"

Às vezes, sabe, sinto um pouco de falta de morar numa casa pequena como aquelas da Lemos Conde (que aliás nem são tão pequenas assim), de ter só uma TV, só uma bicicleta... Essa imponência toda das casas de pinheiros me casa um desconforto, um certo nojo. Prepotância. Uma vez eu disse pra Calulu que eu me sentia um pouco presa quando estava na casa dela, e ela achou que eu estivesse dizendo que a casa dela era pequena... mas eu só me sentia desconfortável porque era a casa de outra pessoa, porque não era minha casa. Eu me sinto um pouco presa na minha casa também... porque mesmo com todo o espaço livre não posso correr, nem vagar, nem brincar, nem nada. Há muitas coisas que não se pode fazer em público. Talvez por isso nos restrinjamos tanto ao privado - afinal, entre amigos sou muito mais livre que entre quaisquer outras pessoas. Maas, voltando ao assunto, ao menos na minha casa eu posso deitar na cama e esquecer disso tudo. Na casa dos outros, é mais difícil.
Não se esqueçam de que sexta à tarde eu fui assistir ao filme Meu Tio, de Jacques Tatit, e em seguida participei de uma reflexão coletiva na qual a Cláudia disse (como sempre) muitas vezes (como sempre) que nós precisamos nos "apropriar do espaço público". Evidentemente eu queria encontrar um mundo que fosse público, e não apenas no plano virtual.

Não pensei em nada disso enquanto cominhava para a portaria do colégio. Pensava apenas que não valia a pena viver aprisionada pelas grades do mêdo - mesmo se fosse mêdo de um perigo real, e não mêdo do mêdo do mêdo de um dia encontrar um lobo. "Se algum dia eu morrer por causa da minha inconseqüência", pensei lá comigo, "vou me sentir meio idiota, mas pelo menos vou ter vivido a vida que quis".

"Live fast, dye pretty", dizia a bula daquela rapariga estranha que encontrei hoje de manhã


Mas acho que eu não posso viver a vida que eu quero. Talvez seja mesmo absurdo querer viajar para uma vila no interior com menos dinheiro do que o necessário e tentar sobreviver por lá. Talvez eu tenha que tentar alguma coisa e falhar para chegar a esse mundo em que perder dói fisicamente. Talvez essas coisas só sejam possíveis para adultos e gente de escola pública. Talvez eu devesse tentar me dar melhor com essa gente que vive e respira Alto de Pinheiros, Alfaville, Shopping Villa-Lobos, Colégio Santa Cruz. Mas eu não agüento mais conviver sempre com gente tão... tão parecida comigo, eu acho, mas no sentido ruim. Gente que vive a mesma vida que eu. Não tenho nada que me faça me sentir especial, mas tenho muito o que me faça me sentir estranha, talvez até um pouco fora de lugar.

O que me lembra que, realmente, aquela série, The O.C., consegue atrair a atenção só por causa de quatro ou cinco personagens que vêm de uma classe mais baixa que a dos outros personagens, e que por isso se destacam ou causam desconforto. Mas eu, diferentemente da Marissa, nunca quereria ir a um mall para esquecer da idéia de lavar a louça e pagar o aluguel...¬¬

(etc.)

Mas acho que eu não posso viver a vida que eu quero. Não posso tirar as grades da janela, não posso quebrar o muro do jardim (em parte porque seria difícil dormir com o barulho dos carros), não posso fazer uma porção de coisas. Talvez eu realmente não possa também andar na rua à noite. Talvez eu nem possa lutar pelos meus sonhos, mas quem sabe? acho que eu só quero alguma coisa que dê sentido a isso tudo, que vá além do "comer hoje para poder comer amanhã". Queria que alguma coisa acontecesse na minha vida, algo que me justificasse. Pode parecer estranho, mas andar sozinha simplesmente me explica a mim mesma...

Ou talvez eu simplesmente goste de correr riscos. Afinal, como podemos saber se somos fortes se nunca saímos da nossa redoma de vidro?
Às vezes eu invejo essas pessoas que têm mêdo... mas só às vezes. Mas toda a vez em que eu ando pelas ruas de São Paulo eu acredito mais na bondade humana. Não entendo porque as pessoas preferem andar de carro ou pegar ônibus, de a pé temos oportunidades incríveis de nos comunicarmos com as pessoas!

Ou talvez eu apenas queira acreditar que o que as pessoas contam é real, mas não consiga. Eu me sinto no show de Truman. É como se as pessoas repetissem sempre a mesma mentira, e ela nunca se torne verdade. Eu preciso de algo que me prove que isso tudo não é uma invenção. Tudo o que eu quero é conhecer o mundo!

quinta-feira, 29 de setembro de 2005

"Todo fim é um triste novo começo"

Estou me sentindo muito tranqüila, como se um peso imenso tivesse sido tirado das minhas costas. Tudo parece estar entrando nos eixos, de uma forma talvez dolorosa mas pacífica, deixando aquela sensação gostosa e quentinha (ou muito fria e perdida) de fim de temporada de série de TV...

"Os dias vão passando devagar
As coisas encontrando seu lugar
Tudo muda
Menos o que eu sinto por você...
"

Meus amigos parecem estar razoavelmente felizes... Dois deles se acasalaram (no sentido de formaram um casal) e outro voltou do hospital... Estar na classe do Luque e da Luda tem sido um inferno (ouvir piadas infames, encheções de saco críticas extremamente repetitivas e conversas séria sobre assuntos que eu não tenho chance nenhuma de eventualmente entender está realmente me irritando), mas a Lori, o Digo e o Dobs têm sido extremamente simpáticos. Tenho a sensação de que estou me aproximando cada vez mais de algumas das meninas, o que me alegra, e não só entre os meus amigos como no colégio em geral. E tenho falado mais com o JP e recebido menos mordidas do Artur, o que é algo positivo.

Além disso, ontem eu e a Clara adotamos um par de bebês-passarinhos! Eles são mto fofos, e parecem ter um ou dois dias de vida. Aparentemente eles ganharam uns nomes como Pequena Neyleen e Guimarães Rosa e Clarice Linspector e Macabéia e Piu... E segundo a Clarinha eles comem bastante e crescem rápido... É engraçado como são barrigudinhos...

Acho que meu grande objetivo durante estes meses próximos será tirar um A em História, em Física e se possível em Português e P.T., além de impedir que as pessoas entendam direito do que estou falando.

De resto, acho que está tudo mais ou menos certo. Acho que simplesmente as coisas têm que dar certo. Acho que nós temos que seguir em frente, sabe? Não havia outra maneira. Está tudo bem, tudo bem (é incrível como isso faz tudo melhor).

"Vamos descobrir o mundo juntos
Quero aprender com o seu pequeno grande coração...
"

Acho que hoje eu descobri algo de absolutamente fantástico a respeito da vida, que talvez eu soubesse racionalmente mas em que nunca realmente acreditara. Nem tudo precisa ser concreto para existir. Muitas amizades se sustentam num olhar, numa confiança, num sentimento. Acho que o mundo é uma bruma que se esgarça na distância. Somos gotas d'água, vapores, suspiros. Não adianta firmar a amizade — o mais importante é a marca do outro na nossa existência.

"Não basta o compromisso
Vale mais o coração...
"

No fim, somos todos lobos em busca de caça, água, lar e amor. Então não resta nada a dizer. Podemos simplesmente ser o que somos, podemos ser o que sempre fomos. Diante de mim, o futuro se estende escuro e imperscrutável. Estamos numa estranda cujos passos não podemos ver, e a escuridão não diminui. Não tenho outro desejo além de viver intensamente. Os dias passam vagarosos e provavelmente repetitivos, mas não é isso que sinto: sinto que canto as canções que meu coração escreve de repente, sinto que luto a cada dia pela vida e pela beleza. Escrevi algumas dessas canções, mas elas são estranhas demais. O universo se debruça sobre nós. O infinito.

"O que fazes por sonhar
é o mundo que virá
Para ti
Para mim
"

Enfim, em frente.

E boa caçada a todos que à Lei da Jângal se agarram.

quarta-feira, 28 de setembro de 2005

...

* O orgulho dos poetas não passa de defesa; a dúvida atormenta até mesmo os melhores; eles necessitam de nosso testemunho para não se desesperarem. (François Mauriac)



* Escrever verso livre é o mesmo que jogar tênis com a rede arriada. (Robert Frost)



* Eu preferia ser vaiado por um bom verso a ser aplaudido por um verso ruim. (Victor Hugo)

domingo, 25 de setembro de 2005

Uma coisa qualquer

Uma coisa qualquer que me move além das estrelas
me carrega para além do mundo e do seu olhar
Não vejo nada, mas sei que se pudesse vê-lo
eu não o amaria menos, nem mais, do que sei amar

Uma coisa qualquer me carrega, me tira do mundo
eu apenas escorrego nestas gotas de luar
Se é lembrança, saudade, presença, distanciamento
não temo nada, nem devo - hei de andar e andar

Uma coisa qualquer me consome, muda meu intento
eu não falo nada, eu deixo ela vir me levar
nuvens e estrelas, dragões e sereias, e a chuva
lá fora tão doce, no escuro, ela cai sem parar


...

Em dias assim chuvosos, não sei em que pensar. Lembranças de outros dias assim chuvosos me invadem, e eu suspiro e vou levando. A vida é linda, eu acho.

Agora percebo que não disse nada do que queria.

Odeio computadores. ¬¬

Afinal eu gostaria de corrigir vários erros de posts passados, e terminar um que comecei, mas não consigo entrar na página de posts... ¬¬

como o chão do mar

Há coisas que me deixam triste.
Uma delas é te ver chorando, ou a ponto de chorar. Às vezes eu queria te abraçar, te segurar junto de mim e te proteger de todos os males do mundo. Mas aí, eu acho, eu seria todos os males do teu mundo, e isso seria pior que qualquer outra coisa. Foste tu que me fizeste entender que a dor dos outros é pesada demais para que eu a carregue. A tua dor, especialmente, pesou sobre mim como o enorme e cansado corpo de um cavalo de guerra. Mas um... uma pessoa importante para mim... me disse uma vez que cada um tem que lutar a própria batalha, e não há nada que nós possamos fazer para nos ajudarmos. Afinal, "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".
É por isso, então, que me afasto e te olho de longe, sem saber de fato o que fazer. Tudo o que eu queria era que pudesses tirar do olhar essa escuridão, essa desrazão, esse vazio todo. Existem coisas que fazem o maior dos homens olhar para o chão. Não és o maior dos homens, mas és para mim um gigante de qualquer forma - acho que mesmo os gigantes não sabem o que fazer com a dor...

---

Acho que às vezes, é o vazio inconformado do seu olhar que me derruba no mundo. 25 de março. Você se recusava a ser tão livre nesse aspecto quanto eu, e eu, com raiva e frustração, atravessava a sala e grunhia, por que não pode sorrir de vez em quando?! Não o conheço, o amo e não o compreendo. E quando eles me perguntaram a razão de um meu já-volto agressivo, eu, sem querer chorar, mas em brasa, disse que não entendia porque algumas pessoas têm que ser tão infelizes — e cantei, porque não via opção além de cantar e sorrir, já que estava em festa. E tentei mais uma vez convencê-lo de que não adiantava ficar mal, mas você com suas respostas parecia me desprezar profundamente, naquele momento.

Mas acho que no fundo tinham ambos razão. Não importa o que eu diga ou pense ou diga que penso, o mundo vai continuar sendo o lugar terrível que é. Pessoas passando fome. Pessoas passando frio. Pessoas sem onde cairem mortas. Pessoas que não se consideram gente. Pessoas sem os filhos, sem os irmãos, sem amigos. Pessoas sem amigos. Pessoas sem objetivo na vida. Pessoas destruindo vidas. Pessoas que não se importam. Pessoas que morrem por se importar. Pessoas que não vêem. Pessoas que não vêm. Pessoas que não ouvem. Pessoas que não sabem. Pessoas que não querem entender. Pessoas que não conseguem entender. Pessoas que não conseguem sorrir. Pessoas que não conseguem andar. Pessoas que não vêem o sol. Pessoas que odeiam. Pessoas que se matam. Pessoas que morrem na rua. Pessoas que não podem sair na rua. Pessoas que não podem sair de uma cela. Pessoas que não fizeram nada. Pessoas culpadas. Pessoas convictas. Pessoas inocentes. Pessoas limítrofes. Pessoas azaradas. Pessoas condenadas. Pessoas sem esperança. Pessoas atormentadas. Pessoas incrédulas. Pessoas vazias. Pessoas frias. Pessoas cruéis. Pessoas tristes. Pessoas agressivas. Pessoas rancorosas...
Qual o problema com todas elas? Será que são fadadas a serem infelizes para o resto da vida? Ou será que podem "fazer de suas vidas obras de arte"?

Mais longe vou, mais perto chego
Não chego a lugar algum
e quanto menos sou, mais ser almejo
sem realizar nenhum
dos meus grandes desejos

Eu fico aqui a escrever poemas. Mas de que me vale escrever poemas? Por que eu tive de me fazer poeta?! Não podia ter nascido em mim o amor à matemática (tão simples e linda, a matemática...) ou à física, ou à biologia, ou à psicologia, ou mesmo à filosofia?! Porque tudo o que penso, gosto, quero ou almejo parece de uma indesejável inutulidade para a humanidade? Há coisa mais inútil que a poesia?! Ainda se eu fosse um Pessoa, um Camões, um Drummond, um... (esqueci), ou uma Cecília... Mas realmente não me vale de nada parar meu caminho até a escola para anotar alguns versos antes que eu os esqueça, ainda mais quando estou (como sempre) atrasada. Então por que o faço..?
Acho que eu sempre terei a esperança de que a sobrevivência não seja o mais importante. Além do mais, por que eu deveria achar queir a atendimentos para bem refazer uma pá de redações para tentar tirar um B em vez de um D é mais útil que escrever um poema para o meu amigo tentando fazê-lo entender por que eu queria protegê-lo, ou escrever uma canção que tenta dizer que a vida vale a pena se vivida intensamente. Ou simplesmente um poema triste tentando desbafar ou me fazer parecer feliz por comparação. Ou simplesmente... tentar alegrar as pessoas, sabe? Falar bobagens como "Im Rum Lifeh?", "Qual é a sua demência?", "Você já olhou pra cima hoje?", "São precisos muitos coelhinhos para isso..." ou "Here's a llama There's a llama And another little llama Fuzzy llama Funny llama Llama llama duck"...

Preciso-me ir, inutilmente mas com boas intenções. Llama heil!
And good hunting all who keep the jungle law.

quinta-feira, 22 de setembro de 2005

BUM!

(Só manifestando minha vontade de explodir...)

Apesar de tudo, continuo achando que é possível, talvez até mesmo imprescindível, transmitir a vocês por estíssimas palavras vazias o fingimento da dor que deveras sinto. Não sou precisamente eu que vos falo: tenho nome, mas ainda assim extravaso, sendo maior que o invólucro nominal a que teoricamente caibo.

Se me matares, nem por isso eu morro.
Sou forte sim - irrascível. Mas não vejo como pode ser a força uma virtude. Acho que estou mal-interpretando o que me disseste. Sou forte, sim, como vós; e os fortes são os que mais sofrem.

Sou um resto de qualquer coisa múltipla - a exemplo, aliás, de Deus e de todos os outros seres ultra-mega-fucking-sagrados.
Por um lado sou Cã submissa (o que parece contraditório, e provavelmente é, mas não mais que o meu olhar) que espera o dono à porta da casa, e que o protegerá contra tudo. Esta cadela amorosa há de fazer as vezes de cão-de-guarda e defender meu coração contra o Demônio, mas quem será mais forte? E sou então feliz, mas apenas quando estás comigo, quando te afastas, sinto dor e mêdo de afastar-me. Então, quando me separo de ti, sinto a dor verdadeira da separação, e aos poucos deixo de ser cã, para ser algo mais cruel, contigo e com todos.
Por outro lado sou lôba feroz, Raksha rancorosa incapaz do perdão e do esquecimento. Agarro-me ao que quero ou quis e não largo sem destruir, demoniacamente. Tenho sobretudo ódio do sentimento de submissão e entrega próprio de amor que por meu dono de cã cultivo, e nesse ímpeto de rancor subverto o amor em desprezo, e a amizade em desejo (isso está começando a ficar poêmico) e deliberadamente confundo os sentimentos para que eu possa ceder ao impulso de quebrar tudo e fugir para onde haja um tobogã.
Por outro lado ainda sou qualquer coisa de livre e alegre e serpente, querendo dominar e devorar a todos com carinho e divertidamente, com esperança no futuro e no agora. Assim sou leoa altiva, confiante, senhora de mim e de todos. Não me submeto a nada, pois quando me subjugam já não sou Bagheera, sou fogo puro, queimando com certo vazio.
E agora, vedes, sou Poeta, fingindo coisas que não sinto e sentindo coisas que não finjo, e fingindo principalmente que finjo, a dor que deveras sinto. Tento falar por mim, mas isso é bastante difícil. Vamos em frente, Malikath.

Acho que Fernando Pessoa não sabia muito bem quem ele era. Acho que nenhum de nós é qualquer coisa de fato, ainda mais quando se engana os outros.
Já paraste para pensar que tua essência está, na verdade, nos olhos do outro?

quarta-feira, 14 de setembro de 2005

Now that made me angry:

Marina C. Salles, your Elfwood ticket #444215 was processed by a moderator.

This is the result:


* Sorry, but some of the items you chose to submit to Elfwood was not accepted by a moderator. We have deleted them from our storage space, and you will recieve a copy of all removed items in a separate email.

Sunset in Curuca has no fantasy/sci-fi element neither in picture nor in its description so it is not suitable for Elfwood. If there is no visible fantasy-sci-fi in the picture you need to use description to explain clearly why is the picture still fantasy. "Incatchable Blue" needs to be cropped so that no sheet border, scanner bed is visible (right and bottom side, possible left as well).Besides every text which is not in english needs to be translated in the description. "One Drop of Blood" needs quality cropping as well, since sheet border is visibe on all 4 sides. "Ride to the Sun" needs scropping on the upper side, besides there is untranslated text in the picture. Either it has to be removed or translated. Same text issue (and maybe cropping on the upper side?) for Wanaifly. Elfwood Ticket #444215 was processed by a moderator at Mon Sep 12 14:35:27 2005




==> curuca.jpg was rejected! Reason: Does not fit in this area.


==> curuca.jpg will be deleted from Elfwood and emailed to: marinacs@uol.com.br.



==> pegaso.jpg was rejected! Reason: Item quality not acceptable.


==> pegaso.jpg will be deleted from Elfwood and emailed to: marinacs@uol.com.br.



==> pegasolobo.jpg was rejected! Reason: Item quality not acceptable.


==> pegasolobo.jpg will be deleted from Elfwood and emailed to: marinacs@uol.com.br.



==> pegazul.jpg was rejected! Reason: Item quality not acceptable.


==> pegazul.jpg will be deleted from Elfwood and emailed to: marinacs@uol.com.br.



==> wanaifly.jpg was rejected! Reason: Other reason...

.


==> wanaifly.jpg will be deleted from Elfwood and emailed to: marinacs@uol.com.br.


A Clara tinha razão: eu devia sair da Elfwood. Que lugar mais cri-cri!

As palavras de uma Talita

"Presa na caverna
Olhando uma fresta
Que luz será essa?
Mostrando um caminho
É como uma seta
Ainda enxugo as lágrimas da noite,
Que esperavam essa luz."
Talita Larini


Incrível, não é? Como ela se assemelha a mim. Só para constar no registro do meu assombro, um trecho de um poema recentíssimo meu:

"Um veleiro no lago - vários destinos
Numa caverna escura, uma fresta
para uma nesga de luz."
(Me irrita a forma como o blogger não permite
repruduzir a diagramação dos meus poemas...
Grumble grumble...)

E repete-se a medonha semelhança:

"Eu sou uma gota d'água, salgada e escondida,
atrás dos olhos de uma mulher sofrida.
Eu sou uma gota d'água, me identifico melhor
como lágrima e cada sofrimento que o coração
passa, ascorro pelo rosto assustado tentando
abafar a dor."

Não preciso, dizer, preciso? Que eu sou um fantasma?

"Eu ainda sou um fantasma
Andando perdido na noite
Sou feita de carne e de plasma
(e leucócitos, plaquetas, hemáceas)
Sangue e lágrimas
Eis o que me compõe"

Talvez... Talvez, eu penso, a grande semelhança esteja na idade. Ela tinha quinze anos quando publicou o livro que tenho em mãos. Eu estou para fazer dezessete, mas já tive quinze, assim como já tive quatorze e, antes disso, uns sete, e me lembro que não é de hoje que o despreparo dos adultos para lidar com a inteligência das crianças e dos adolescentes me dá diversão e desprezo. Não me entendo nesse aspecto...
Essa menina, Talita, deve saber quão sombria é a infância - quão terrível. Crescer não é coisa para criança. E adolescer? Apaixonar-se???
Metade do livro fala apenas do amor, do coração partido, esses lugares-comuns. Mas uma dor tão profunda, tão absurda e esperada, que dói no coração dos outros, dos nossos. As pessoas mais densas que conheci tinham entre treze e dezessete anos...

Ela reacendeu em mim o desejo do começo do ano, o de escrever um livro de poemas. Não falta material - falta tempo. Numa pesquisa rápida pela pasta de Poemas no computador encontro pelo menos 120 poemas digitados. E eu nunca conseguiria delegar as primeiras etapas do processo a outrem, pois só na digitação corrijo, altero e completo muitos dos meus poemas. Agora mesmo, digitando um pedacinho de A Devil (meu mais novo poema parcelado), troquei um "'till he sees I bleed" por um "before I bleed". Uma mudança pequena, é verdade, mas que para mim faz diferença. Também a capiltalização e a pontuação faz diferença.

Acho, porém, que aquela menina não se assemelha a mim nesse ponto. Minha alma de gramática foi se amuando e enraivecendo com as incontáveis distorções de tempos verbais e sujeitos e objetos e minha alma de parnasianista foi se enfurecendo com o que podia ser tanto prosa quanto poetria e ficava num pseudo-meio termo mas ao mesmo tempo que execrável era delicioso desde que não se lesse tudo de uma vez assim devagarzinho saboreando cada frase tudo ficava muito, muito gostoso...

Vou colocar uns poemas meus para acalmar os (meus) ãnimos antes que eu volte a falar de demônios de dentro da gente. Aleatoriamente; o último da lista, vai:

Onde está você?
Onde está, você?

Você que foge, some sem dizer
Você que escolhe a hora de viver
e vive sem falar
e fala sem matar
e sem morrer.

Onde está você?
Aonde vai, você?

Você que escapa, acaba, abarca o ser
Você que engana, emana, ama saber
e esquece que é alguém
e sonha em ir além
e se perder.
[6/9/2005]

e o primeiro:


A chuva cai lá fora
e cada gota que cai
Me lembra a toda hora
que a gente não sai
da vida
que a gente não perde
a trilha
que a gente não cai
da linha
e a gente encontra
saída
a gente jamais
se ilha
a gente nem
desalinha
pra ser feliz...
[para yuri - 17/12/2004]

domingo, 11 de setembro de 2005

Mundos Fantásticos - II

Qual é o pecado de Evanael?

Então, então. Dor e inveja. A própria incompreensão. Tentei mergulhar em outro mundo, um mundo de sonhos, mas a incompreensão me seguiu até lá. E o mistério. E a impossibilidade.
Raios! Realmente eu não consigo me fazer rir, e isso me irrita.
Então, em algum momento, tentei me tornar um deles, um destes que fazem rir quase sem pereceber que tentam. Tentei desenhar - sempre quis desenhar, assim, sempre, e não só às vezes. Então mostrei-lhe meus desenhos, e não ter quase nada novo para mostrar me deu raiva e inveja. Começava a compreender que eu não tinha jeito para os quadrinhos, mas refutava, enraivecida, a idéia.

Não sei qual o meu lugar no mundo, no sistema.

Não ia chorar. Na hora, estava muito feliz - ele queria ser meu amigo! Então ele propôs que eu desenhasse o mistério, e eu aceitei a proposta desafiadora. Só longe dali compreendi o que sentira. O não poder "mostrar o que fiz". Mas "toda pérola tem seu dia de ostracismo", disse Leminsky, e eu perguntei à Mama o que ela achava. Ela disse algo que me fez rir, não do algo, mas de sua possível (e imaginária) reação. Ao fazer o desenho, entretanto, fui aos poucos desvendando a dimensão do problema: a vida é apenas mistério -- todo o resto não é vida. Que mistério pretenderiam Mara, Lyserg, Evan, Aracron, Jolyn, Idle, Akira, Shïr e Bérual desvendar em Pellasith? A vida, meus amiguinhos, é apenas, apenas mistério.

Corta.
Outro dia.

Em que olhava abismada para o mapa e tentava não ver a irrefutável semalhança daquele mundo com este. Estaria eu, então, apenas a reproduzir num mundo mais improvável a existência detse? Por isso então a vida havia de ser terrível, e a verdade, inalcansável! "Madame Bovary c'est moi", há dito Flaubert um dia. Direi eu "Mikai Hwimiktei c'est moi", e temo que seja verdade a verdade. A narradora dessa triste história é também a mãe de seus falíveis filhos, e de seus incompletos mestres e inimigos. Principalmente, é a tutora de seus mortais e letais pretendentes. Matar é a forma mais dura de morrer. "A fome dos outros, sabe?", disse o Hoederer conciliador "também não é fácil de se agüentar."

E aí Ziget --- Ziget.

Qualquer outra pessoa seria a corrupção de Ziget. Ziget não é propriamente um mundo: talvez seja mais próprio ajuntá-lo aos sentimentos, com os quais partilha a inconstância, ou aos ideais, que partilham com ele a distância. Por mais que tenha regras e caminhos, ainda é, de forma fascinante, imapeável na realidade - pois que em seus domínios afloram mapas de todo tipo e de todo lugar sobre sua superfície. O planeta de Ziget é tão uncroiable quanto o do Pequeno Príncipe, e por isso mesmo afirmo que existe: tão absurdo quanto os sonhos e as utopias, é assim implausível demais para unir-se à matéria morfa que compoem os cenários deste mundo e do próximo. Se existisse em outro mundo, eu diria que era o mesmo que não existisse, mas não é assim que acontece: Ziget é por demais livre para prender-se a um mundo; seus absurdos normalizados permitem que ele se prenda como um parasita emtre os dois mundos, e os todos, desafiando meu senso de realidade. Mas não repetem os sábios que tudo é possível? Precisamente por ser possível, Ziget teima em existir, tornando-se fraco e distante, mas perene. Perene.

quinta-feira, 8 de setembro de 2005

Mundos Fantásticos

"É engraçado que quando você pensa em escrever ficção, sempre pensa em magia e dragões e fantasia... Nunca pensa em ficção realista, tem que ser sempre algo fantástico" - Regina Saracenni, mais ou menos

Que é, afinal, que nos leva a criar tantos mundos e tantas perguntas?

Contendo umas lágrimas.

Eu estava pensando, pensando muito. Na verdade, estava lendo Shaman King.

E não achem que venho postar apenas porque são estes pensamentos tristes. Apenas desta vez eu sabia o que vinha dizer.

Entre outras coisas...

Quero compreender Tolkien, que foi como eu, e Lewis, mas também os vivos, como o Oda, o Shirow, o Watsuki, o Samura e o Takei... E também os brasileiros, até mesmo o Lobato e o Pedro e aqueles todos que vocês já sabem. E até (pasmem) meus amigos, até O Bruno, e o Charles, e o MADS (que aliás não mais conheço), e eu mesma. Principalmente eu mesma. E a dor disso tudo. E os mapas. Os mapas...

Por que fiz aquele mapa? acho que foi por inveja. Inveja não do Tolkien, do Lewis, do Pratchet ou dos outros vencedores. Inveja dos aprendizes como eu. Ninguém tem inveja dos mestres... Eu apenas queria ser como eles, pô. Como ele, o cara dos mapas. Dos personagens. Que cobra.

Mas talvez - apenas talvez - tenha sido uma tentativa de fazer um mundo mais detalhado, como o é a terra média. Eu já contei que existe um lugar chamado Dúnedain em algum lugar das ilhas do Mar Oriente? Significa Deserto de Cinzas... Ah, sei lá... então...

Então eu estava desenhando, pelo mesmo motivo anterior, mas mais feliz; desenhando o Aragorne Scorpes e o Jolyn atravessando o Üdain no lombo de um bicho esquisito. E o Charles disse "você não pode fazer isso: o Christopher Tolkien não vai deixar" e talvez ele até tenha razão, mas quem se importa... E eu percebi que eu não me importo muito mesmo, em parte porque eu estou acostumada à idéia de não poder publicar o que eu escrevo, por ter sido discípula de Narizinho e da Emília, e não dos mestres da criação de mundos... Também porque muito do que inventei são Soules, que não podem ser livrinhadas... Mas Marwla... Milkath... Eu até queria fazer um livro. Desde o início da loucura de Mara até a maturidade de Aragorne Scorpes. Mas, se eu não puder publicá-lo, bom, tanto faz. O Hatsw não é Ziget. Evanael não é Bérull. Eu vou sobreviver.

Mas existe outro motivo para eu nunca conseguir criar as histórias de fato... E não é só porque o biólogo gelf Derin Merk nasceu em Bale, ou porque a procissão de escravos ruma para Mecca. Minha procupação é mais abrangente.
...
Vocês, por exemplo, não devem ter reparado em como aquele mapa se assemelha ao nosso mapa-múndi.

quinta-feira, 25 de agosto de 2005

"O mundo vira"

, disse a menina do Comênius. Ou foi a Tainá?

De fato o mundo continua virando... A diferença é que agora eu tenho um pouco mais de consciência da minha posição no globo. Tenho um pouco mais de noção do que acontece comigo. E, de fato, me odeio por isso. Mas não agora. Agora estou mais tranqüila, porque "vai ser, vai ser, vai ter que ser, vai ser, faca amolada".

Dry leaves crushing under my feet.

Não sei muito bem o que dizer. Cara a cara, eu diria tudo o que me vêm à mente (e acho que nos últimos e próximos hojes seria tudo verdade), mas me parece tão insípido falar de tudo tão saboroso por meio de linhas tão virtuais...

Não, não quero lembrar dos sabores. It makes me wanna puke.

It's more complex to be in love with the right guy.

De fato, muitas coisas têm causado em mim repulsa ultimamente. A maior parte das coisas. Não tenho muita vontade de prolongar-me neste assunto. Mas quero dizer: da próxima vez, qualquer motivo valerá a pena. Pena de quê, afinal?
Não tenha dó dos seus sentimentos, Mali, eles servem exatamente para isso.
Farei de meu coração um escravo, um cavalo.
E o mesmo do meu estômago.
Um filósofo (talvez Platão) diria: cavalos brancos e negros. Eu postei sobre isso uma vez. Negro, definitivamente.

Quero explodir, BUM!
Você recolheria os pedaços?

O curioso das cartas de amor é que não importa muito para quem foram mandadas. Quero dizer, às vezes eu tenho dificuldade de entender com quem eu estava falando quando encontroum escrito desse tipo.

Festa, festa, festa. Queria falar com o Ed francamente, mas parece que não nos conhecemos mais. Eu falaria com o Cham, mas no fundo não vejo porque nos falaríamos. Talvez eu pudesse falar com o Bruno ou mesmo o Dalprá — mas sobre o quê? Quero ir a uma festa. Um baile, na verdade, mesmo que bailes não existam mais. Um dia eu terei meu baile, e os rapazes serão cavalheiros, e nós, damas. Quero dançar, virar, rodar e ser rodada, cantar e ser cantada (eu sempre achei razoavelmente divertido o esforço de homens e mulheres de se vender como peixe numa feira durante as festas). Mas principalmente dançar, desvairar, relaxar um pouco.

Queria que o mundo dormisse um pouco para eu poder acordar.

Estou num estado esquisito. Tenho vontade de seguir em frente, mas o que faço agora me importa muito pouco. Ele venceu, mas ainda assim não saberá que venceu. Não sei porque. É, meu coração precisava aprender: a vida não precisa ter sentido, mas precisa ser vivida. Navegar É preciso, não adiante discutir. Portanto, marujo, jogue os remos n'água e para de nhémnhémnhém. Não seja infantil: vá até o infinito. O infinito.

But "something in your eyes
makes me wanna lose myself
makes me wanna lose myself
in your arms"


*suspiro*

I guess I haven't changed at all.
Mais il ai une diferénce: je sais combien je t'aime. Je sais qu'il serais dificile. Je sais comme tu est un piéce de mon coeur... Quel piéce tu est... Eu até mais ou menos sei o que devo saber e fazer...

"And if you knew how I wanted someone to come along
And change my life the way you've done"


Somehow I hoped everithing I said would make sense...
Agora, o que eu posso fazer...

é ir em frente... é ir levando... e deixar rolar com todo o mundo...

o pior de tudo é saber que eu ainda te amo... Eu ainda te amo... A vida não precisa fazer sentido... A vida não faz mesmo muito sentido... Mas talvez... se fizesse... Talvez fosse menos doloroso...

"Hoje pensar em você me faz chorar" - eu mesma, num contexto muito diferente(mas não tanto, se pararmos para pensar...).

quarta-feira, 24 de agosto de 2005

Fome

No momento, não quero sentir mais nada.
Não sei do que posso falar agora.
Não quero falar de amor. Nem sei se amo ou se quero amar. Estou apenas raivosa, desenganada. Mas não quero falar de amor.
Não quero falar de política. Estou pouco me lixando pra porra de redação que eu vou tirar um puto dum D. Não quero falar de leviandades.
Não quero falar da morte, que morte e vida é tudo a mesma coisa. Não quero falar do que sempre falo.
Não quero falar de Evanael, Mara ou Melishkaro. Vocês já devem ter entendido todo o princípio das histórias que vos conto. Chuvas de sangue, destinos trágicos, a coisa toda. Não quero falar de morte.
Não quero falar do passado. O passado me lembra do quão estúpida eu sou, e de como achei que era forte apenas para poder chorar. Não quero falar de suposições erradas, ilusões e desilusões.
Não quero falar de conquistas. Acho que é porque não conquistei nada nos últimos meses. O que conquistei, sinceramente não precisava ter conquistado. Não quero falar do que há além do vazio, não quero abrir os olhos.
Não quero falar de planos. E sonhos não os tenho, nenhum. Não quero falar do que não existe.
Não quero falar da escola. Preciso estudar e isso me tira do sério. Não quero falar de frustrações, do inexorável.


Há qualquer coisa corroendo-me por dentro. Por que dói? Sempre a mesma história idiota. Hoje me sinto bem idiota. O mundo está de ponta-cabeça. Quero atirar-me num rio lamacento. Qualquer coisa que me impeça de existir esta existência fútil amanhã. Quero fugir, ir para uma cidadezinha no interior onde dê pra respirar e, principalmente, ninguém me conheça. Onde eu não tenha motivo pra ser feliz.

Afinal, aparentemente a única coisa capaz de me fazer feliz é ver meus amigos felizes.
Mas não sempre.

Sempre. Idiota. Droga. Raiva. Queria deixar aquele cachorro roer minha mão, que saísse sangue! Perturvador, absolutamente perturbador. Amar, por exemplo, é idiota. Na verdade só para mim e mais umas meias dúzias de céticos. Não sou cética. Apenas, como disse um grande amigo uma vez, eu amo demais, mas não consigo ser feliz com isso.

Mas também, como disse a Cláudia, a felicidade é histórica. Fosse eu inteligente procuraria algo melhor. Destino. Existencialissimamente porém eu escolho meu próprio destino e não há como fugir disso. Existencialismo. Não é difícil lidar com qualquer uma das escolhas, mas, vejam bem, como escolher qual o sentido da vida? A vida não tem sentido, nós é que dizemos o sentido que queremos que ela tenha. Qual destino eu quero perseguir?

Será que quero, como Marwa, viver e morrer na busca por um reencontro no infinito com o amor verdadeiro e o que quer que seja felicidade? Será que quero jogar tudo para o alto e ser feliz apesar dos outros? Será que quero me sacrificar para ver os outros sorrirem? Será que...















Esquece.













Eu não sei muito bem porquê estou chorando. Acho que é essa porra de vida que eu construí com minhas mãos fracas de goleira que deixa a bola entrar mesmo quando acerta a bola. Acho que é essa vida de mentiras. Acho que... não aconteceu nada... nunca... mesmo.













Acho que eu poderia dar uma explicação, se você me perguntasse. Mas seria uma explicação que mudaria a sua vida e a minha, inevitavelmente. Qualquer coisa que mataria o dragão, o príncipe e o lobo mau. Acho que, quando eu choro, é porque penso "droga! fiz de novo".

Mas, afinal, não é a vida apenas a conseqüência de nossas escolhas imbecis?

Qualquer que seja a verdade, eu preferia que....




.
.
.



É, tem razão, não vamos pensar mais nisso.

quinta-feira, 18 de agosto de 2005

Porque escrevo, sou apenas mais uma dentre tantas que não sabe se pensa, conta, fala ou apenas deslija acidentalmente.

Na verdade todos os deslijes são acidentais.
Desde quando sou admin do Pato?

Bom, vamos voltar ao assunto:

Por que escrevo?

Na verdade esse assunto veio meio por acaso. Originalmente o texto não seria sobre este assunto. Mas o escrever em si é uma arte tão sublime que seria pecado não comentar seus sentidos mais profundos e declamá-los, assintosamente, na mais pública das praças.

Não, não! Escrever é atividade manual. Trabalho braçal. Mecânica bruta. É a criação das frases que se faz sublime. O escrever em si é conseqüência.

Mas o que é escrever? Escrever não é o ato de dispôr palavras, contruindo textos? Ou seria isso falar? Ou seria viver? Através de palavras, concretiza-se a vida.

Talvez não. Talvez seja o mundo maior que eu, que nós todos. Escrever é um registro, minha contribuição para o material dos historiadores do futuro. Estes impulsos elétrico que vos mando, naturalmente, serão em algum momento perdidos. Mas não podemos perder a esperança! Quem sabe, no futuro, o mais distante dos meus descendentes venha a concluir algo de fundamental sobre nossa época, nosso mundo e sua própria vida quando reencontrar o caminho destes símbolos arcaicos?

Ou talvez seja apenas um registro para mim mesma. Talvez eu espere que quando eu tiver a idade de meus pais, estes textos cifrados sejam a chave da minha auto-consciência. Talvez através deles eu consiga resolver todos ou meus problemas emocionais.

Ou talvez eu espere que algum dia eu possa mostrá-los para um psicólogo e perguntar ingenuamente: "O que você acha, doutor? É grave?"

Ou talvez (nisso vocês não pensaram), talvez eu esteja escondendo aqui por meio de um código complexo instruções e anotações precisas do meu plano de dominação do mundo — juntamente, é claro, com a receita do Feijão Azul que aprendi no Livro dos Feijões.

Ou talvez eu me divirta muito com meus próprios pensamentos, e goste de ficar lendo o que escrevo de novo e de novo e de novo tentando compreendê-los, assim como repenso mil vezes cada coisa que faço numa tentativa desesperada (aliás, aficiente) de explicar porque fiz todas aquelas besteiras. Até me convencer de que fiz tudo certo.

Acho que vale considerar que imaginar a reação dos meus queridos amigos quando me lerem pode ser também um elemento de diversão e aventura — algo meio fundamental na minha vida. Sempre fico vagamente apreensiva, pensando em como posso mudar nossas vidas com meras palavras. Mudar me traz uma fascinação terrível.

. . .

Mas acho que nenhuma dessas respostas satisfaz. De fato o mais importante é que eu acho divertido escrever. Gosto de todas as etapas do processo. Gosto de sentir o poder oculto nestes tipos eletrônicos, o qual me permite a comunicação através da rede.
Ouso dizer que escrever para vocês é como tocar para uma cidade de anjos, cujos ouvidos sensíveis compreendem a sutilezas dos quartos e oitavos de notas, e cujas mentes incorruptas não podem extirpar da malodia nenhum mal, nenhuma heresia, por não serem capazes de adivinhar tal vilania; a cidade de santos que dança serenamente a cada ruído melódico que a natureza emite em sua completude.
Mas a cidade dos anjos está em silêncio. Eles não podem falar, pois é muito fresca a lembrança do caído. Eles não vão continuar sua lembrança. Ele deve ser esquecido e enterrado, junto com todos os mortos e perdidos que a cidade possa ter um dia visto tombar.
Evanael. O orgulho de Evanathea. A águia dos olhos dourados, cujo coração era pura bravura e paixão. Cuja paz consistia na perfeição. Evanael. O mais humano dos anjos, cuja sede de conhecer não se saciava com as maravilhas da utopia — para quem a cidade perfeita não era o suficiente. "Eu quero o mundo", dissera ele antes de partir.
"Você tem o mundo, Evanael", responderam os sábios: "O mundo de Evanathea, a verdadeira cidade dos sonhos!"
Mas não adiantou. O que o rapaz queria era a única coisa que ele jamais poderia ter. "Eu não quero sonhos", ele dissera aos sábios; "eu quero a realidade".

Mas o que é real, o que é real??? Viajando por um mundo de demônios, Evan descobre que mesmo fora da cidade dos anjos é impossível encontrar a realidade em sua essência. O mundo que se lhe apresenta é apenas de aparências. Mesmo nas Lápides de Pellasith o anjo encontra apenas dúvidas e mistérios. Antes que possa ouvir o dobrar dos sinos, Evan parte em busca da inocência e da paternidade. Um rapaz muito jovem o atrai com suas mãos cobertas de sangue. Então ele retorna a Pellasith, e as badaladas revelam a ele o sincero e o verdadeiro. Mas seria a verdade a realidade?

Acho que Evan morre antes de cumprir seu objetivo. Mas não acho que ele teria alcançado o moksha se tivesse continuado vivo. Para todos os efeitos, ele ainda é o anjo mau, o anjo pecador. E qual o pecado de Evan?

domingo, 14 de agosto de 2005

"Never look back"

As pessoas vivem dizendo coisas assim, "Não chore pelo leite derramado", "Seguir em frente sem olhar para trás", "Águas passadas não voltam mais". Pois é, não voltam. Ainda assim, perdemos tempo e energia procurando coisas pelas quais nos apaixonamos quando éramos crianças. Por exemplo, quando eu era criança inventei histórias demais. Tantas, que nenhuma delas era lá muito interessante. Na verdade, até que eram bem legais. Mas aos poucos eu fui me dando conta de que elas eram impublicáveis, pois só falavam de mim, da minha vida, e de como eu queria que ela fosse. A Louba Zaty nada mais é do que uma projeção de como às vezes eu queria que minha vida fosse. O interessante é que em certo momento a Louba torna-se cansada e amargurada por todo o sangue derramado e todo o horror que presenciou ou do qual tomou parte. Talvez fosse uma espécie de consolo, como um dizer: se você vivesse assim, seria infeliz também. Mesmo assim, eu sonhava com Ziget, terra da liberdade, onde eu podia tudo, e tudo era um sonho infantil. Sempre que me refugiava lá, o planeta inteiro me recebia amorosamente, como uma velha companheira que há muito não voltasse para casa. Acho que era essa toda a idéia. Por isso várias vezes eu deixei Ziget, para retornar anos mais tarde. Acho que de quando em quando eu fazia um amigo no mundo real, que fazia a voda um pouco menos terrível. Agora, porém, estou matando essa criança, e abandonando a Velha Floresta, onde procuramos cristais e em cujos rios nos banhamos tranqüilamente, mais uma vez.

Hoje, estou assassinando sonhos infantis. Estou quebrando minha coleção de espadas, e é com dor no coração que vejo-as se desfazendo em pó. Sentirei falta de Ziget, dos gigantes azuis, das casas na floresta ou na montanha, daquele gosto de sangue. Mas são águas passadas. Não há nada à minha frente, mas morro se olhar para trás. Hoje, mato uma criança. Hoje, não sou mais quem fui. Quero superar minha incapacidade de deixar para trás quem me amou mais do que eu sabia amar. Quem, aliás, me fez notar o quanto eu não sabia amar. Estou iniciando uma guerra contra um sentimento ao qual não posso me apegar. Estou apagando-o. Oficialmente, vou lutar por ir além do que sempre fui. Vou dar um significado aos meus desenhos. Vou escrever minhas histórias, mas não aquelas que não posso publicar. Não quero mais fazer fics. Não quero mais chorar. Vou devolver o demônio ao seu inferno. Acho que pela primeira vez quero fazer um amigo, de verdade. Sem enganar a ninguém, nem a mim mesma.

- O que não significa que Aragorn Scorpes vai mudar de nome. Espero que não haja copyright sobre o nome. -

Uma reportagem na VEJA dizia que as mulheres são capazes de reviver intensamente suas experiências emotivas, enquanto os homens se esquecem das coisas rapidamente. Acho que está certo. Metade da minha dor consiste em reviver aqueles momentos passados e saber que eles pertencem ao passado, que o que estamos vivendo agora não inclua o que já vivemos. Eu queria poder viver tudo de novo: me apaixonar de novo, te conquistar de novo, o primeiro abraço, o primeiro eu-te-amo, o primeiro beijo. Lembro do que senti, de quão mais doce pareceu o aroma do mundo naquele momento. O quão perdida me senti, por saber estar abraçando um coração, e ao mesmo tempo lacerando outro. O quanto, entretanto, me pareceu certo mesmo assim. É difícil deixar algumas lembranças para trás. É difícil não ficar pensando nelas, pensar em como as coisas poderiam ter sido diferentes. Mas isso não só não leva a nada, como também machuca.

Por isso, hoje estou deixando o passado para trás. Combinei comigo e com o O'Boy viver no presente, o tempo presente, os homens presentes, e deixar o passado e o futuro com os outros tempos desinteressantes do sistema, como a eternidade e o nunca.

"O passado e o futuro são fúteis."

Why Hearts Shouldn't Twirl

Sexta, na festa da Clara, tudo o que eu queria era estar feliz e ter idéias boas e falar coisas inteligentes e ser divertida, mas nisso fracassei tremendamente. Não havia definição melhor para Tristeza. Queria me jogar num poço, adormecer para sempre. Não foram as pessoas, realmente. As pessoas com quem eu estava eram legais, carinhosas, inteligentes, bonitas, e eu as adoro.
Acho que foi toda essa situação, sabe? Essa situação confusa de transformar uma relação que havia se transformado desesperadamente em algo íntimo e secreto em algo anterior ao que era há alguns anos, já. Reverter uma amizade. Ou criar uma. Criar uma amizade em moldes que eu nunca usei. Estou tentando resolver asse situação há alguns meses, mas tudo fica sempre um pouco difícil, sabe? Sorrir, brincar, lutar, finjir que nada aconteceu. E, no fundo, quando estou sozinha, não conseguir parar de pensar nisso. Na verdade, hoje vejo que nem tentei. E não foi só porque não via realmente o objetivo. Acho que era porque não tinha caído a ficha, eu não tinha me dado conta de que tudo o que fizemos não só é irreversível, como é passado. Estamos numa nova era, agora. Uma era em que a liberdade se define por estranhos, incoesos desafios.
Ocorreu-me que o grande mal era eu não parar de pensar nele. Afinal, se ele havia me superado, o que é que me impedia de superá-lo? Ainda mais considerando que foi minha opção não estarmos juntos? Isso estava errado, confuso, não devia ser assim. Criar histórias, "apenas minha imaginação fértil", era divertido, sim, mas eu estava apenas brincando com fatos surreais, apenas distorcendo a realidade, distorcendo meus próprios sentimentos. Acho que eu achava que podia fantasiar com tudo o que me fosse proibido para pseudo-saciar-me, me impedindo de quebrar minhas próprias regras. Deus... Como pude ser tão hipócrita?
Lentamente, minha compreensão das coisas mudou: comecei a compreender que certos estímulos levam-me a inventar histórias sobre um tema que me interesse (e que ultimamente tem sido relacionamentos amorosos), que automaticamente minha mente evoca personagens para representar a peça. Isso tudo seria razoavelmente legal, se os personagens não fossem corruptelas de pessoas reais da minha vida. E se isso não fosse uma forma desleal de afastar-me da realidade. E se ele não fosse um dos personagens.
Afinal, essas histórias não eram apenas uma inocente e desesperada fuga da realidade. Eram uma forma de encarar a realidade - pôr à prova meus sentimentos - porém sem compromisso e sem sonseqüências. Uma forma de entender a realidade, sem permitir que ela me entendesse. O pior lado disso, eu diria, é que essa exposição de sentimentos a todo tido de situação hipotética faz com que o coração (aqui símbolo do conjunto de sentimentos e amores de um ser humano) se atenha a sentimentos incoerentes com a realidade não-hipotética.

"So you can't go on creating those stories because, as you already know, stories like those make you heart twirl. And you have said it yourself: twirling is not the kind of thing that hearts should do. Twirling is what the planets do and what twisters do. But hearts shouldn't twirl - unless, of course, you're dancing. Hearts must be somewhat steady" - I told myself. And I believed it alright.

Naquele momento, voltando do colégio num sábado à tarde, fiz uma promessa a mim mesma (e ao O'Boy): não mais eu criaria histórias nas quais eu e pessoas da minha vida real fossem personagens. Não mais brincaria com meus sentimentos. Não mais testaria em pensamentos várias opções. Se quiser testar uma possibilidade, como decidi, tenho de estar preparada para as conseqüências. Tenho que pagar para ver.

Na verdade, me proibi de criar histórias de caráter pessoal, mas seguir essa regra está sendo extremamente difícil. Várias vezes já me peguei criando um começo de história sobre qquer coisa. Mas como o importante não é o começo (um mero pensamento), mas o desenvolvimento da história, não me preocupo muito. Além disso, pretendo reverter meu potencial narrativo para ficção - até comecei um caderno novo para anotações a respeito de quatro mundos diferentes: HatsW, Ziget(pré-história), Nimeran e a Terra na versão de Arflack (com estes dois últimos não estou muito confiante...). Acho que pode dar certo. Pode dar certo.

Agora posso esquecer tudo... *suspirando de alívio*

"Amanhã farei grandes coisas."

"Eu fui sempre assim."

Ontem foi um dia estranho. Acordei cansada, queria dormir a manhã inteira (mais ou menos como fiz hoje), tomei banho e café e logo o Marco e o Dan me chamaram para trabalhar (guardar coisas no forro). Uma hora depois, ainda mais cansada, fui para a escola com vontade de não ser ninguém. Lembranças de todo tipo passavam por minha mente, e quando lembro de alguma coisa realmente eu vivo ela outra vez. Lentamente, meu desejo de ir em frente diminuia. Eu não queria fazer aquela prova idiota, não queria falar com ninguém, o dia inteiro. Fantasiava, historiava fugir por um dia para o Jardim da Luz, encostar-me numa árvore e passar a tarde desenhando. Voltar antes do sol se pôr, almoçar na lanchonete da Pinacoteca. Ficar desenhando, desenhando... Lentamente, minha vontade de seguir com a minha vida ia morrendo, acabando. Mas meu anseio pela vida, não. Queria ainda existir, tinha um pouco de fé, ainda! Cheguei no colégio. Andando despreocupada até cruzei com o JP, a Paulinha, a Gabi. Nem um cumprimento: passei reto. Eles não me viram, e eu não precisava de que me vissem. Foi como se não os conhecesse, como se fossem apenas colegas de escola, como tantos outros por quem passo sem cumprimentar. Não me interessava por amigos. Minha vida estava vazia. Tinha perdido a fé em mim. Não que não acreditasse em mim, que não me achasse capaz - simplesmente não gostava da mim, queria ser mais divertida, mais inusitada, mais surpreendente. Queria ser engraçada como o Charles e a Clara. Também queria ser misteriosa. Queria despertar curiosidade. Queria dar prazer, diversão, certeza. Estava tudo errado. Não queria mais ser eu mesma. Não queria mais ser sincera. Não queria mais finjir que eu era especial simplesmente por ser eu mesma. Queia ser especial de verdade. Queria poder entender porque meus amigos gostam de mim. Queria ser legal, eu acho. Queria fazer amigos. Queria me superar. Queria parar de imaginar cenas de lutas toda vez que me distraía.

Acho que eu estava triste. Sim, eu estava triste, é óbvio.

Acabei cumprimentando o Yuri e o Dobay, mais por dever do que por qualquer outra coisa. "Que foi?", perguntou o Yuri, e acho que eu repondi que não era nada, que... *suspiro*. E mesmo depois da prova eu continuava triste, apenas triste, apenas Malikath. Queria a solidão, o desapego de todas as coisas vivas. Ou talvez um abraço de árvore. Ou chorar. Tudo parecia inútil.
Ficava lembrando do Evan e do Lay (os anjos que matei em uma de minhas histórias) e pensando em quão desesperador seria encontrá-los de novo e de novo perdê-los, pois o tempo e a distância impediriam que encontrassem-se em liberdade, e que pudessem amar livremente. Essa história é bastante emblemática: hoje vejo que matei os dois lindos anjos porque, apesar de tudo, não sou loba de verdade, e também porque não consegui decidir qual dos dois deveria viver. Uma loba teria deixado que lutassem até a morte, e festejado a vida do vencedor. E se tivesse verdadeiramente feito a escolha, teria protegido o escolhido com garras e dentes. Quando criei essa história, ainda não tinha realmente me apaixonado por ninguém (ou seja: foi antes do colegial), mas ainda assim...

E aí, no caminho de volta para casa, fui me dando conta de que eu não estava infeliz, eu era infeliz. Passava os dias assim, remoendo dores e perdas, a maior parte conseqüência de opções conscientes. Ficava assim divagando sobre a vida sem muita vontade de vivê-la. Ficava chorando por não conseguir ser diferente, por não querer pagar o preço por ser diferente. De repente me vi extremamente perdida, desiludida, desenganada, e não compreendi. Me perguntava como e quando ficara assim, o que havia em mim e em minha vida que me fazia tão triste, tão só, tão desgarrada. Tantava entender minha prórpia solidão e desalento e não conseguia. Me perguntava quando deixara de ser uma menina feliz. Quando que meu sorriso deixara de ser verdadeiro. E de repente compreendi. A verdade dançou aos meus olhos e foi mais terrível do que eu pensava. Mas ela estava lá, era só agarrá-la, e eu não tinha nada a perder. Então, percebi:

Eu sempre fui assim.

Inegavelmente é verdade: me lembro de mim aos cinco anos absolutamente solitária, comendo sozinha no recreio, e os meninos roubando meus brinquedos e jogando-os no telhado... Me lembro de passear sozinha ao redor dos campos e das árvores do colégio por todos os oito anos do Ensino Fundamental. Me lembro de sentar para escrever, em noites de 1999, porque meus pensamentos em enxurrada não me deixavam esquecer tudo e dormir. Me lembro de confessar para mim mesma declarações de ódio a mim mesma, à minha mãe, à minha irmã (aliás, eu cheguei a escrever isso, e depois rasguei, pois gostava demais de minha irmã, a admirava demais e a amava demais para realmente acreditar no que escrevi), ao mundo. Me lembro que "amigos são as pessoas de quem eu ando ao redor no recreio". Me lembro que eu não tinha amigos. Me lembro de ficar feliz quando alguém falava comigo, porque não costumava achar que alguém quereria falar comigo. Me lembro de tremer ao falar qualquer coisa em classe, o que, aliás, faço até hoje. Me lembro de chorar, absolutamente sozinha, de saudades dos meus amigos do pré, na terceira série. Me lembro de pensar em fugir de casa um sem-número de vezes. Me lembro de não conseguir parar de chorar. Me lembro de me odiar por não conseguir mudar. Me lembro de ter raiva de todos por não me fazer compreender. Me lembro de não deixar ninguém chegar perto, de me irritar quando alguém falava comigo.

Acho que essa é uma das razões pelas quais eu decidi mudar minha vida. Decidi que não vou mais me esconder do mundo quando tiver raiva dele. Vou lutar contra ele, como o Yoh luta contra o calor. Não quero mais ser passiva. Não quero mais imaginar que digo coisas às pessoas em vez de realmente dizê-las. Quero viver a vida real, fazê-la valer. Quero lutar para que a vida seja como ela deve ser.

"E quando o dia de amanhã vier, caçaremos para o dia de amanhã."