Sexta, na festa da Clara, tudo o que eu queria era estar feliz e ter idéias boas e falar coisas inteligentes e ser divertida, mas nisso fracassei tremendamente. Não havia definição melhor para Tristeza. Queria me jogar num poço, adormecer para sempre. Não foram as pessoas, realmente. As pessoas com quem eu estava eram legais, carinhosas, inteligentes, bonitas, e eu as adoro.
Acho que foi toda essa situação, sabe? Essa situação confusa de transformar uma relação que havia se transformado desesperadamente em algo íntimo e secreto em algo anterior ao que era há alguns anos, já. Reverter uma amizade. Ou criar uma. Criar uma amizade em moldes que eu nunca usei. Estou tentando resolver asse situação há alguns meses, mas tudo fica sempre um pouco difícil, sabe? Sorrir, brincar, lutar, finjir que nada aconteceu. E, no fundo, quando estou sozinha, não conseguir parar de pensar nisso. Na verdade, hoje vejo que nem tentei. E não foi só porque não via realmente o objetivo. Acho que era porque não tinha caído a ficha, eu não tinha me dado conta de que tudo o que fizemos não só é irreversível, como é passado. Estamos numa nova era, agora. Uma era em que a liberdade se define por estranhos, incoesos desafios.
Ocorreu-me que o grande mal era eu não parar de pensar nele. Afinal, se ele havia me superado, o que é que me impedia de superá-lo? Ainda mais considerando que foi minha opção não estarmos juntos? Isso estava errado, confuso, não devia ser assim. Criar histórias, "apenas minha imaginação fértil", era divertido, sim, mas eu estava apenas brincando com fatos surreais, apenas distorcendo a realidade, distorcendo meus próprios sentimentos. Acho que eu achava que podia fantasiar com tudo o que me fosse proibido para pseudo-saciar-me, me impedindo de quebrar minhas próprias regras. Deus... Como pude ser tão hipócrita?
Lentamente, minha compreensão das coisas mudou: comecei a compreender que certos estímulos levam-me a inventar histórias sobre um tema que me interesse (e que ultimamente tem sido relacionamentos amorosos), que automaticamente minha mente evoca personagens para representar a peça. Isso tudo seria razoavelmente legal, se os personagens não fossem corruptelas de pessoas reais da minha vida. E se isso não fosse uma forma desleal de afastar-me da realidade. E se ele não fosse um dos personagens.
Afinal, essas histórias não eram apenas uma inocente e desesperada fuga da realidade. Eram uma forma de encarar a realidade - pôr à prova meus sentimentos - porém sem compromisso e sem sonseqüências. Uma forma de entender a realidade, sem permitir que ela me entendesse. O pior lado disso, eu diria, é que essa exposição de sentimentos a todo tido de situação hipotética faz com que o coração (aqui símbolo do conjunto de sentimentos e amores de um ser humano) se atenha a sentimentos incoerentes com a realidade não-hipotética.
"So you can't go on creating those stories because, as you already know, stories like those make you heart twirl. And you have said it yourself: twirling is not the kind of thing that hearts should do. Twirling is what the planets do and what twisters do. But hearts shouldn't twirl - unless, of course, you're dancing. Hearts must be somewhat steady" - I told myself. And I believed it alright.
Naquele momento, voltando do colégio num sábado à tarde, fiz uma promessa a mim mesma (e ao O'Boy): não mais eu criaria histórias nas quais eu e pessoas da minha vida real fossem personagens. Não mais brincaria com meus sentimentos. Não mais testaria em pensamentos várias opções. Se quiser testar uma possibilidade, como decidi, tenho de estar preparada para as conseqüências. Tenho que pagar para ver.
Na verdade, me proibi de criar histórias de caráter pessoal, mas seguir essa regra está sendo extremamente difícil. Várias vezes já me peguei criando um começo de história sobre qquer coisa. Mas como o importante não é o começo (um mero pensamento), mas o desenvolvimento da história, não me preocupo muito. Além disso, pretendo reverter meu potencial narrativo para ficção - até comecei um caderno novo para anotações a respeito de quatro mundos diferentes: HatsW, Ziget(pré-história), Nimeran e a Terra na versão de Arflack (com estes dois últimos não estou muito confiante...). Acho que pode dar certo. Pode dar certo.
Agora posso esquecer tudo... *suspirando de alívio*
"Amanhã farei grandes coisas."
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