terça-feira, 27 de julho de 2004

Sono


Eu tive um sonho estranho noite passada. Cheio de amigos que estavam longe, e daqueles que eu gostaria que estivessem aqui. Mas não todos, nem apenas os mais importantes. Isso já aconteceu uma porção de vezes comigo. Sonho com o colégio, com o passado, pessoas que eu via todos os dias e agora só de vez em nunca, mesmo que não as conhecesse... Coisas que vi em sonhos há muito tempo e pessoas que um dia fizeram uma parte meio insignificante na minha vida.
As cenas no colégio (ou seja, a maior parte) são sempre as mais importantes. De certa forma, é como se eu reconhecesse um colégio que não existe mais: as cercas baixas de madeira torta, os campos de barro, o tubo de ferro no colegial, a máquina de Coca-Cola ao lado do bazar, o pessoal das turmas de 2003, 2002, 2001... O Bigode, mais novo e mais parecido com o Felipe, me dando um Alô meio "oi, irmã da Talitinha"... Festa dos Esportes, Festa Junina, jogos de basquete, futebol, handball. Tudo parece diferente nesse sonho. Parece como parecia antes. Tem cheiro de passado... Um cheiro bom.

Uma coisa especìficamente me chamou a atenção. Uma parte do sonho, depois disso tudo, que não tinha a ver com o resto. Havia uma seqüência lógica no sonho; não é disso que estou falando. Essas cenas não se passavam no colégio, nem em casa, nem em qualquer lugar tirado de um sonho antigo, em lugar nenhum. Era só uma cena. Mas me perturbou.

Me perturbou porque tinha a ver com minhas histórias. Nessa cena, eu, soule, havia ganhado a chance, com muito custo, de ir para algum lugar, fazer alguma coisa que me tornaria mais guerreira, mais Loubah, mais... mais meu sonho de criança, eu acho. Lutar, batalhar, derramar sangue e não desisti até que não haja mais sentido. Lutar até o fim. Algo lírico, forte. Berseck.

Me perturbou poque tinha a ver contigo. Sim, contigo, criatura dos ares (ou mares, não sei ao certo). Eu tinha tanto medo de sonhar contigo... Isso acontecera apenas duas vezes, e as duas haviam sido horríveis. Na primeira, de longe a mais repulsiva aos meus olhos, ficavas com uma amiga minha. Eu vos via bobos alegres juntos nús dançando por aí (dançando, mesmo!) e tentava me alegrar com vossa alegria, tentando esconder o quanto me feríeis com isso. O segundo sonho, mais tranqüilo, foi com um jogo da verdade. Aparecias lá com namorada (vê como sou ciumenta... mas ok... né...). Não houve nada de especìficamente interessante. Só a agonia. De não conhecê-la, principalmente. De desconhecer-te.

Acho que, comparado a estes dois, foi um sonho bom. Triste, mas bom. Me pedias para ficar. Não me lembro exatamente. Dizias coisas que davam a entender que não querias que eu fosse embora. Dizias outras coisas também, sobre não lembro o quê. Eu apenas respondia: "Cala a boca, não é você que vai ter que viajar para longe do seu amor para realizar um sonho..." e tu respondias: "Mas você vai para longe de mim... Não quero ficar sem você." e coisas desse tipo. Entre outras. Mas eu não estava prestando atenção.
Eu acordei, abandonando teu abraço. E a primeira coisa que pensei foi "por quê ele?"... Por quê diabos fui me apaixonar por ele? Por que ele e não qualque um dos outros dois? Me lembro de um dia em que minha mãe disse que eu tinha que deixar claro para ele que eu gostava dele, pois ele podia não se aproximar de mim por medo da minha elação com o Bruno.. meu.... Eu não me lembro direito (e o que lembro não merece ser explicado) mas sei que comecei a explicar para mim mesma porque eu gostava dele, não do Bruno... Nem... de todos os outros. Só um desses dois não tinha nada que o colocasse abaixo dele, num Rank de pessoas de quem eu poderia gostar. O outro não entrou na história.

Aí a grande questão. Eu comecei a me questionar. Lembrando conversas com esses dois, e com ele mesmo, e com meus outros amigos, e pais, e etc., comecei a me questionar. Por que eu amo-te tanto?! Por que num dia não consigo parar de pensar em ti, e no outro não posso sequer compreender esse sentimento? Por que eu te escolhi? O que te fazia melhor que os outros? Nada, essa é a verdade. Agora, não quero mais achar teus defeitos, tuas falhas. Não quero mais. Cheguei a pensar que eras entre os três o que menos merecia meu amor tão profundo. Por tempo suficiente não senti nada em relação a ti. Até perceber que eu não queria deixar de te amar... Mas que não poderia viver essa situação para sempre. Entendes? Para sempre.
Eu te amo. Eu poderia te amar para sempre. Ou pelo menos por muito tempo ainda. Mas isso é mais da tua conta que da minha.

Foi um dia estranho. Muito estranho...

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