sexta-feira, 23 de julho de 2004

Bizzarrices - I

Coisas realmente estranhas que eu encontro passeando pelos aquivos obscuros do meu computador.... Saca só essa viagem animalesca sem-noção usando o Alta Vista Translator!!

A garota olhou para a tela do computador, um sorriso fraco resistindo em seus lábios ressequidos. Respirou fundo, esforçando o diafragma cansado, forçando um coração preguiçoso. O peito pesado, não como suas pálpebras, o sono invadindo seu sistema como já lhe era costume. As mãos trabalhavam sem emoção, apertando na velocidade que sua energia ainda permitia as teclas sem vida. Apenas sua mente tentava realmente escapar do torpor que invadia seu corpo. Este que ansiava sofregamente por qualquer coisa desafiante e... ativa. O falso silêncio, a música morta da máquina imóvel, o som perturbante dos automóveis distantes. O tempo passado em vão. A necessidade de força e vida destruía sua vontade, dava-lhe dor de cabeça; sua mente divagava, quando finalmente o fogo aceso sem receio confirmou sua vontade primeira. Rindo, a garota voltou os olhos para o texto desconexo que via à sua frente. Nas primeiras palavras especificamente.
“Sei Shi tenryuu catapimba!” ... Há momentos em que o aleatorismo vence... Sorrindo, ela copiou o parágrafo e pô-lo abaixo do texto agora escrito.

“sei Shi tenryuu catapimba! Fui-me! Recusei tal pedido sem demora, em desespero profundo, e ciente da predita urgência, agonia que me atormentava e eu, em desalento, magoada no imo, âmago, no íntimo, na alma... Mas nada daquilo pôde me dizer qual era a derradeira verdade. E eu via o sangue escorrer por minhas mãos... E eu vi aquela dor... toda...”

Não pela primeira vez, ela se perguntava por que escolhera aquelas palavras, mesmo que inconscientemente. Vieram-lhe à mente sem esforço, pois tudo não passava de uma brincadeira... Mas ela nunca pensara em pedidos... recusados, ainda... em suas histórias. Aliás, pelo texto escrito há tanto tempo, sem razão ou utilidade, apenas para que o tempo passasse mais rápido... Pelo texto ela deduziria que recusara por falta de tempo. Para terminar uma conversa rapidamente.E por que a mágoa profunda? Talvez a razão da urgência e mágoa tivesse interrompido a conversa, que começara sem o importúnio... Não que fosse qualquer coisa decisiva. A verdade permanecia incerta... e provavelmente uma das alternativas colocava-a como culpada. A dor e o sangue.... Mesmo que sob influência de histórias desenhadas, o massacre vinha-lhe logo à mente. Na verdade, ela admitia, escrevera sobre a mágoa “no imo, âmago, no íntimo, no íntimo, na alma”, e a própria palavra “derradeira” em desafio ao programa...
Só então ela percebeu que nunca realmente parara para pensar naquelas palavras. Mas novamente um sorriso se formou em seu rosto, lembrando-a do porquê de o texto ter se tornado tão interessante.... “Translate”, murmurou a garota, procurando o trecho que copiaria a seguir.

“I know Shi tenryuu catapimba! I was myself! I refused such order without delay, in deep desperation, and cliente of the predicted urgency, agony that tormented me and I, in I discourage, magoada in imo, âmago, in the soul, the soul... But nothing of that it could say which age the last truth to me. E I by the blood to drain for my hands... E I saw that pain... all...
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And I drawnd on that warm blood, diying, feeling that all was suddenly wrong, and I flought, fought, thought.... flyied... flied... I dreamd.”

O riso verdadeiro aflorou quando leu aquelas palavras. Por tão ridículas que eram. Nunca esperara que o programa de tradução, por pior que fosse, transformasse tão absurdamente seu texto. Por outro lado, também seu inglês era péssimo, pelas linhas que acrescentara. Ficara a tentar qual seria a palavra certa para o que queria, sem dar sentido ao todo. Pelo que seria quase impossível traduzir de volta para o português. Entratanto, tentou:

“Eu sei Shi tenryuu catapimba! Eu era eu mesma! Eu recusei tal ordem sem demora, em profundo desespero, e cliente(?) da predita urgência, agonia que atormentou-me e eu, desencorajada, magoada em imo, âmago, na alma, a alma... Mas nada de que isso poderia dizer qual...” . Parou. Não fazia sentido. Tentou de outro modo. Inútil tentar manter a pontuação. “Mas, nada disso, isso poderia dizer qual Era, a última verdade para mim. E eu pelo sangue para drenar por minhas....” . Decididamente, não. “E eu pelo sangue a drenar para minhas mãos... E eu vi aqula dor... Tudo...”
“E eu afoguei-me naquele sangue morno, morrendo, sentindo que tudo era de súbito errado, e eu plentei, lutei, pensei... voei... vooei... Eu sonhei.”

Tecnicamente seria algo assim. Mas ela sabia o quão inútil era tentar traduzir um jogo de palavras como esse. As palavras ainda chamavam sua atenção de modo estranho. Era... A Idade parecia de suma importância para a compreensão do trecho. A última verdade seria uma Era. Algo que permanecia incógnita. “E eu pelo sangue a drenar para minhas mãos...”. Ela admirava a frase, fascinada. Não havia o que pensar ou explicar ou não entender sobre aquela frase. Parecia óbvia. Perfeita, quando considerada a mudança súbita de cenário.
Para afirmar que ela era ela mesma, a pessoa deveria ter experimentado não sê-la, ou outros já não eram os mesmos... Agora, em vez de saber que havia razão para pressa, parecia tirar proveito da situação, mesmo que ela ainda representasse uma agonia. Dessa vez, porém, a pessoa perdera a coragem para avançar, talvez por sua mágoa, talvez para a razão de sua mágoa. Então, tentava afastar a indecisão e tomar coragem, pois render-se à mágoa revelaria a última verdade... a Era. A última verdade restante no mundo não poderia ser exposta, pois então acabaria se tornando mentira como todas as outras antes dela.
A garota sorriu, orglhosa. Gostava de perceber o quanto era capaz de formular e resolver. Mas algo a perturbava. “E I, by the blood to drain for my hands...”. Adicionara uma vírgula, e a frase era outra. “...em nome do sangue que drena para minhas mãos... eu vi aquela dor...”. Fazia algum sentido. Assim, não vira por si, mas por algo mais. Um princípio. Um motivo. De quem era o sangue que suas mãos recolhiam? Por que o sangue entrava em suas veias.? Seria não o primeiro.? Mas... Voltou a olhar a frase original. “E I saw that pain...”. O ‘E’ destruía facilmente sua idéia.
“E eu pelo sangue a drenar para minhas mãos”. Talvez visse-se no sangue – eu estava pelo sangue... –, talvez fosse seu próprio reflexo. De fato, o que mais intrigava era o “a drenar para minhas mãos”. A palavra ‘para’ poderia ser ‘destino’ ou ‘motivo’. No primeiro caso, o sangue pareceria entrar em suas mãos. Mas e no segundo? Certamente seria para o bem das mãos, mas por quê?
Destruiu a linha de pensamento. Talvez, ao invés de ‘reflexo’, ela sentisse sua própria existência em cada célula de seu sangue, que agora drenavam para suas mãos por suas veias. Como seria de se esperar em um ser humano normal, vivo e com mãos. A frase serviria para reforçar a idéia de que a pessoa viu e sentiu aquela dor toda... Com cada uma das ‘eus’ em seu sangue. O mesmo sangue onde ela se afogou. Afogou-se, realmente, em mágoa, dor, desespero. Em seus próprios pensamentos, errados, contraditórios, que a engoliam e a matavam mais eficientemente... Um milhão de vozes gritando tudo o que ela não quereria ouvir. Ao mesmo tempo ela lutou e pensou, e lutou contra seus pensamentos, e contra tudo.... E voou...para bem longe...já que tudo era errado e doloroso, ela simplesmente voou numa fuga... Num sonho. Ou acordando de um pesadelo.?

A garota respirou fundo, observando o relógio. 3:09 da madrugada. Um pouco tarde. Mesmo assim, ela respirou fundo e observou o próximo trecho a ser copiado. Não, ela não ousaria destruir um trecho bom como aquele por causa do sono. Melhor deixar para depois...

[escrito durante o segundo semestre de 2002... Nossa, quanto tempo!]


Meu... muuuuuuito sem noção... Quem entender, me explica!
Beijos, raneriiy! See ya!

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