sábado, 31 de julho de 2004

Aloha

Hmm... Isso me lembra:

"Not aloha hello! Aloha good-bye!"

Coisas estranhas que não nos abandonam. Lilo & Stitch. Spirit. Necessário, somente o necessário, o extraordinário é demais... ---- afinal, quem disse essa bobagem?!

Hoje eu estava feliz. Quer dizer, não estou triste, não tenho porque estar triste, até estou contente, mas estou muito cansada para conseguir estar feliz, como estava feliz lá, com eles. A família Bassichetto-Kon é uma graça, sem dúvida. Bando de fofos. Fofos. Fofíssimos. Sei lá. Deixa eu ficar quieta.

Estou algo com frio. Fiquei com frio quando cheguei aqui. Quando cheguei aqui. Não tenho explicação para as frases repetidas: depois da Parede, comecei a reparar nelas também. Mas não tenham a impressão errada -- é fácil ficar com frio quando você não está por perto...

Estava lembrando aquela música que minha vó adaptou para mim quando fiz doze anos:

"Marina, menina Marina, o cabelo cortou
Ficou mais charmosa, mais linda, mas faça o favor
Saiba, menina Marina, que a minha emoção
é ver que mais lindo ainda é o seu coração..."


Eu amo minha vó. Ela é incomparável. ^^

Eu ia editar umas coisas nos posts anteriores, deixar à mostra umas coisas escritar com tinta branca, mas desisti. É que, não vale a pena finjir que não aconteceu, mas meus sentimentos mudaram, talvez, voltaram ao normal. Então agora eu posso voltar a dizer que te amo, gritar Ai shinderu yu! bem alto e ainda sorrir e latir e uivar e -- você não vai me repreender por isso. Você não pode.

Tirar as coisas de perspectiva. Sim, perspectiva, isso muda tudo. Ver tudo embaçado, bagunçado, ver-te, cada pedaço, cada pedacinho de você é o abjeto do meu amor. Tenho uma estranha obcessão por você. Mas, até aí, tenho-a por outros também. Não é isso que te faz diferente.
É que amo-te por inteiro. Tua alma, tua mente, teu corpo, teu coração. Amo-os sem restrição. Cada bobagem imbecil que fazes, cada olhar verde, azul ou multi-cor que dás-me, cada repreensão, pedido ou convite. Amo-te tanto que meu corpo treme de escrever sobre ti. A falta que me fazes a cada segundo. Por outro lado, só o fato de que existes já me faz mais feliz. Ainda assim, sofro por não ter-te aqui, por não ter-te sempre, por não ter-te por inteiro. E cada olhar teu me altera completamente.

"Eu ainda sou um fantasma
Andando perdido na noite
Sou feita de carne e de plasma
(e leucócitos, plaquetas, hemáceas)
Sangue e lágrimas
Eis o que me compõe
Sou feita de nada apurado
Extrato de vazio concentrado
E uma pitada de vácuo
Vento dentro de mim
Chovo nos meus circuitos
Sou ferro velho, material reciclado
Máquina, sim, mas capaz de sentir
Mesmo que com imprecisão
A imprecisão semiconsciente, latente
Do anestesiado
Pressente, mesmo que ausente
Não que saiba o que está a pressentir
Chega a hora e, de repente
Vê a chance partir
Sente não por opção, por dever
Lembrando das malditas lágrimas
Que chorou e sorveu
O gosto salgado não possível de esquecer
Cada vitória me lembra do que tenho a perder
Do que já perdi, o que já sofri
E ainda hei de sofrer
(Na calada da noite, as sombras cobrem um corpo)
Cobrem a mim, que ainda morro
Devorada lentamente, corroída
Por esses pedaços de mar
As lágrimas, malditas lágrimas
Não vêm para me consolar
Mas atacar, acusadoramente
Meu coração as sente
Que culpa têm?
Por mim foram feitas
Mas não as escolhi.
Não importa.
Que razão para a dor
Se não fossem as lágrimas
A indefinidamente prolongá-la
Para o meu prazer e desprazer
De admitir a derrota, admitir
A eterna derrota de uma perdedora
São elas que me impedem de sorrir
São elas que me impedem de viver.
Eu ainda sou a mesma de sempre
Sou um fantasma de máquina
De sentimentos sangüínios
Carne de metal.

21/05/2002"


Nossa, que poema infeliz. Mas era assim que me sentia. De certa forma, ainda sou assim, às vezes, muito às vezes. Eu poderia, e gostaria de pensar que você me salvou dessa vida. Mas, sei lá, 2002 tá tão longe... 2002 remete a Belinky, a Azem, a Belézia, a Pinheiros, e uma porção de outros nomes e histórias chatas... Pinheiros... *sigh* Provavelmente a mais chata de todas... Também remete a complicaçòes e problemas em casa... Brigas... E, no fim, à viagem a Minas, à poesia irrestrita, a aulas divertidas, a... ... ... Vamos parar de falar nesse ano confuso, vai. Eu sei que vocês não estão interessados.
Esse poema nasceu num tempo em que eu comummente me sentia como me sentia antes dessa viagem.... Na verdade, o sentimento de insegurança, de perdição, de 'não saber o quê fazer', o tempo todo, o odiar-se, o odiar meus pais por me fazerem odiar-me e outros bichos, sempre foi muito presente na minha vida. Até esse ano... De uns tempos pra cá, eu tenho sido mais feliz. É difícil não associar esse fato ao ter-te conhecido, sabe?

Como eu ia dizendo, o que eu senti para escrever aqueles posts foi que regredia a um estado que eu odiava -- o de viver sem conseguir sentir orgulho de mim, da minha família, nem de ninguém; apenas ódio, dor, amor, mêdo -- e tão forte e destrutivo foi esse sentimento, que eu quase não quis mais viajar, quase quis ligar p'ro Artur, dizer "Desencana, vou ficar aqui mesmo, ir ver a tal apresentação sobre música modal (que eu nem sei direito o que é), e pensar..." Pensar? Melhor não pensar em nada. Deixar as ações fluirem. Eu me arrependo de muita coisa. Não imagino como seria a vida se eu tivesse feito tudo o que já quis e pude (ou julguei que podia) fazer...

Mas eu fui e em nenhum momento me arrependi de ter ido.

Cansei de escrever. Depois eu lembro o que eu tinha para dizer. Boa noite.

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