, disse a menina do Comênius. Ou foi a Tainá?
De fato o mundo continua virando... A diferença é que agora eu tenho um pouco mais de consciência da minha posição no globo. Tenho um pouco mais de noção do que acontece comigo. E, de fato, me odeio por isso. Mas não agora. Agora estou mais tranqüila, porque "vai ser, vai ser, vai ter que ser, vai ser, faca amolada".
Dry leaves crushing under my feet.
Não sei muito bem o que dizer. Cara a cara, eu diria tudo o que me vêm à mente (e acho que nos últimos e próximos hojes seria tudo verdade), mas me parece tão insípido falar de tudo tão saboroso por meio de linhas tão virtuais...
Não, não quero lembrar dos sabores. It makes me wanna puke.
It's more complex to be in love with the right guy.
De fato, muitas coisas têm causado em mim repulsa ultimamente. A maior parte das coisas. Não tenho muita vontade de prolongar-me neste assunto. Mas quero dizer: da próxima vez, qualquer motivo valerá a pena. Pena de quê, afinal?
Não tenha dó dos seus sentimentos, Mali, eles servem exatamente para isso.
Farei de meu coração um escravo, um cavalo.
E o mesmo do meu estômago.
Um filósofo (talvez Platão) diria: cavalos brancos e negros. Eu postei sobre isso uma vez. Negro, definitivamente.
Quero explodir, BUM!
Você recolheria os pedaços?
O curioso das cartas de amor é que não importa muito para quem foram mandadas. Quero dizer, às vezes eu tenho dificuldade de entender com quem eu estava falando quando encontroum escrito desse tipo.
Festa, festa, festa. Queria falar com o Ed francamente, mas parece que não nos conhecemos mais. Eu falaria com o Cham, mas no fundo não vejo porque nos falaríamos. Talvez eu pudesse falar com o Bruno ou mesmo o Dalprá — mas sobre o quê? Quero ir a uma festa. Um baile, na verdade, mesmo que bailes não existam mais. Um dia eu terei meu baile, e os rapazes serão cavalheiros, e nós, damas. Quero dançar, virar, rodar e ser rodada, cantar e ser cantada (eu sempre achei razoavelmente divertido o esforço de homens e mulheres de se vender como peixe numa feira durante as festas). Mas principalmente dançar, desvairar, relaxar um pouco.
Queria que o mundo dormisse um pouco para eu poder acordar.
Estou num estado esquisito. Tenho vontade de seguir em frente, mas o que faço agora me importa muito pouco. Ele venceu, mas ainda assim não saberá que venceu. Não sei porque. É, meu coração precisava aprender: a vida não precisa ter sentido, mas precisa ser vivida. Navegar É preciso, não adiante discutir. Portanto, marujo, jogue os remos n'água e para de nhémnhémnhém. Não seja infantil: vá até o infinito. O infinito.
But "something in your eyes
makes me wanna lose myself
makes me wanna lose myself
in your arms"
*suspiro*
I guess I haven't changed at all.
Mais il ai une diferénce: je sais combien je t'aime. Je sais qu'il serais dificile. Je sais comme tu est un piéce de mon coeur... Quel piéce tu est... Eu até mais ou menos sei o que devo saber e fazer...
"And if you knew how I wanted someone to come along
And change my life the way you've done"
Somehow I hoped everithing I said would make sense...
Agora, o que eu posso fazer...
é ir em frente... é ir levando... e deixar rolar com todo o mundo...
o pior de tudo é saber que eu ainda te amo... Eu ainda te amo... A vida não precisa fazer sentido... A vida não faz mesmo muito sentido... Mas talvez... se fizesse... Talvez fosse menos doloroso...
"Hoje pensar em você me faz chorar" - eu mesma, num contexto muito diferente(mas não tanto, se pararmos para pensar...).
palavra por palavra, procuro chegar, devagar, ao lugar de La Loba.
"O silêncio", disse o griot,"só é escuro no começo..."
quinta-feira, 25 de agosto de 2005
quarta-feira, 24 de agosto de 2005
Fome
No momento, não quero sentir mais nada.
Não sei do que posso falar agora.
Não quero falar de amor. Nem sei se amo ou se quero amar. Estou apenas raivosa, desenganada. Mas não quero falar de amor.
Não quero falar de política. Estou pouco me lixando pra porra de redação que eu vou tirar um puto dum D. Não quero falar de leviandades.
Não quero falar da morte, que morte e vida é tudo a mesma coisa. Não quero falar do que sempre falo.
Não quero falar de Evanael, Mara ou Melishkaro. Vocês já devem ter entendido todo o princípio das histórias que vos conto. Chuvas de sangue, destinos trágicos, a coisa toda. Não quero falar de morte.
Não quero falar do passado. O passado me lembra do quão estúpida eu sou, e de como achei que era forte apenas para poder chorar. Não quero falar de suposições erradas, ilusões e desilusões.
Não quero falar de conquistas. Acho que é porque não conquistei nada nos últimos meses. O que conquistei, sinceramente não precisava ter conquistado. Não quero falar do que há além do vazio, não quero abrir os olhos.
Não quero falar de planos. E sonhos não os tenho, nenhum. Não quero falar do que não existe.
Não quero falar da escola. Preciso estudar e isso me tira do sério. Não quero falar de frustrações, do inexorável.
Há qualquer coisa corroendo-me por dentro. Por que dói? Sempre a mesma história idiota. Hoje me sinto bem idiota. O mundo está de ponta-cabeça. Quero atirar-me num rio lamacento. Qualquer coisa que me impeça de existir esta existência fútil amanhã. Quero fugir, ir para uma cidadezinha no interior onde dê pra respirar e, principalmente, ninguém me conheça. Onde eu não tenha motivo pra ser feliz.
Afinal, aparentemente a única coisa capaz de me fazer feliz é ver meus amigos felizes.
Mas não sempre.
Sempre. Idiota. Droga. Raiva. Queria deixar aquele cachorro roer minha mão, que saísse sangue! Perturvador, absolutamente perturbador. Amar, por exemplo, é idiota. Na verdade só para mim e mais umas meias dúzias de céticos. Não sou cética. Apenas, como disse um grande amigo uma vez, eu amo demais, mas não consigo ser feliz com isso.
Mas também, como disse a Cláudia, a felicidade é histórica. Fosse eu inteligente procuraria algo melhor. Destino. Existencialissimamente porém eu escolho meu próprio destino e não há como fugir disso. Existencialismo. Não é difícil lidar com qualquer uma das escolhas, mas, vejam bem, como escolher qual o sentido da vida? A vida não tem sentido, nós é que dizemos o sentido que queremos que ela tenha. Qual destino eu quero perseguir?
Será que quero, como Marwa, viver e morrer na busca por um reencontro no infinito com o amor verdadeiro e o que quer que seja felicidade? Será que quero jogar tudo para o alto e ser feliz apesar dos outros? Será que quero me sacrificar para ver os outros sorrirem? Será que...
Esquece.
Eu não sei muito bem porquê estou chorando. Acho que é essa porra de vida que eu construí com minhas mãos fracas de goleira que deixa a bola entrar mesmo quando acerta a bola. Acho que é essa vida de mentiras. Acho que... não aconteceu nada... nunca... mesmo.
Acho que eu poderia dar uma explicação, se você me perguntasse. Mas seria uma explicação que mudaria a sua vida e a minha, inevitavelmente. Qualquer coisa que mataria o dragão, o príncipe e o lobo mau. Acho que, quando eu choro, é porque penso "droga! fiz de novo".
Mas, afinal, não é a vida apenas a conseqüência de nossas escolhas imbecis?
Qualquer que seja a verdade, eu preferia que....
.
.
.
É, tem razão, não vamos pensar mais nisso.
Não sei do que posso falar agora.
Não quero falar de amor. Nem sei se amo ou se quero amar. Estou apenas raivosa, desenganada. Mas não quero falar de amor.
Não quero falar de política. Estou pouco me lixando pra porra de redação que eu vou tirar um puto dum D. Não quero falar de leviandades.
Não quero falar da morte, que morte e vida é tudo a mesma coisa. Não quero falar do que sempre falo.
Não quero falar de Evanael, Mara ou Melishkaro. Vocês já devem ter entendido todo o princípio das histórias que vos conto. Chuvas de sangue, destinos trágicos, a coisa toda. Não quero falar de morte.
Não quero falar do passado. O passado me lembra do quão estúpida eu sou, e de como achei que era forte apenas para poder chorar. Não quero falar de suposições erradas, ilusões e desilusões.
Não quero falar de conquistas. Acho que é porque não conquistei nada nos últimos meses. O que conquistei, sinceramente não precisava ter conquistado. Não quero falar do que há além do vazio, não quero abrir os olhos.
Não quero falar de planos. E sonhos não os tenho, nenhum. Não quero falar do que não existe.
Não quero falar da escola. Preciso estudar e isso me tira do sério. Não quero falar de frustrações, do inexorável.
Há qualquer coisa corroendo-me por dentro. Por que dói? Sempre a mesma história idiota. Hoje me sinto bem idiota. O mundo está de ponta-cabeça. Quero atirar-me num rio lamacento. Qualquer coisa que me impeça de existir esta existência fútil amanhã. Quero fugir, ir para uma cidadezinha no interior onde dê pra respirar e, principalmente, ninguém me conheça. Onde eu não tenha motivo pra ser feliz.
Afinal, aparentemente a única coisa capaz de me fazer feliz é ver meus amigos felizes.
Mas não sempre.
Sempre. Idiota. Droga. Raiva. Queria deixar aquele cachorro roer minha mão, que saísse sangue! Perturvador, absolutamente perturbador. Amar, por exemplo, é idiota. Na verdade só para mim e mais umas meias dúzias de céticos. Não sou cética. Apenas, como disse um grande amigo uma vez, eu amo demais, mas não consigo ser feliz com isso.
Mas também, como disse a Cláudia, a felicidade é histórica. Fosse eu inteligente procuraria algo melhor. Destino. Existencialissimamente porém eu escolho meu próprio destino e não há como fugir disso. Existencialismo. Não é difícil lidar com qualquer uma das escolhas, mas, vejam bem, como escolher qual o sentido da vida? A vida não tem sentido, nós é que dizemos o sentido que queremos que ela tenha. Qual destino eu quero perseguir?
Será que quero, como Marwa, viver e morrer na busca por um reencontro no infinito com o amor verdadeiro e o que quer que seja felicidade? Será que quero jogar tudo para o alto e ser feliz apesar dos outros? Será que quero me sacrificar para ver os outros sorrirem? Será que...
Esquece.
Eu não sei muito bem porquê estou chorando. Acho que é essa porra de vida que eu construí com minhas mãos fracas de goleira que deixa a bola entrar mesmo quando acerta a bola. Acho que é essa vida de mentiras. Acho que... não aconteceu nada... nunca... mesmo.
Acho que eu poderia dar uma explicação, se você me perguntasse. Mas seria uma explicação que mudaria a sua vida e a minha, inevitavelmente. Qualquer coisa que mataria o dragão, o príncipe e o lobo mau. Acho que, quando eu choro, é porque penso "droga! fiz de novo".
Mas, afinal, não é a vida apenas a conseqüência de nossas escolhas imbecis?
Qualquer que seja a verdade, eu preferia que....
.
.
.
É, tem razão, não vamos pensar mais nisso.
quinta-feira, 18 de agosto de 2005
Porque escrevo, sou apenas mais uma dentre tantas que não sabe se pensa, conta, fala ou apenas deslija acidentalmente.
Na verdade todos os deslijes são acidentais.
Desde quando sou admin do Pato?
Bom, vamos voltar ao assunto:
Por que escrevo?
Na verdade esse assunto veio meio por acaso. Originalmente o texto não seria sobre este assunto. Mas o escrever em si é uma arte tão sublime que seria pecado não comentar seus sentidos mais profundos e declamá-los, assintosamente, na mais pública das praças.
Não, não! Escrever é atividade manual. Trabalho braçal. Mecânica bruta. É a criação das frases que se faz sublime. O escrever em si é conseqüência.
Mas o que é escrever? Escrever não é o ato de dispôr palavras, contruindo textos? Ou seria isso falar? Ou seria viver? Através de palavras, concretiza-se a vida.
Talvez não. Talvez seja o mundo maior que eu, que nós todos. Escrever é um registro, minha contribuição para o material dos historiadores do futuro. Estes impulsos elétrico que vos mando, naturalmente, serão em algum momento perdidos. Mas não podemos perder a esperança! Quem sabe, no futuro, o mais distante dos meus descendentes venha a concluir algo de fundamental sobre nossa época, nosso mundo e sua própria vida quando reencontrar o caminho destes símbolos arcaicos?
Ou talvez seja apenas um registro para mim mesma. Talvez eu espere que quando eu tiver a idade de meus pais, estes textos cifrados sejam a chave da minha auto-consciência. Talvez através deles eu consiga resolver todos ou meus problemas emocionais.
Ou talvez eu espere que algum dia eu possa mostrá-los para um psicólogo e perguntar ingenuamente: "O que você acha, doutor? É grave?"
Ou talvez (nisso vocês não pensaram), talvez eu esteja escondendo aqui por meio de um código complexo instruções e anotações precisas do meu plano de dominação do mundo — juntamente, é claro, com a receita do Feijão Azul que aprendi no Livro dos Feijões.
Ou talvez eu me divirta muito com meus próprios pensamentos, e goste de ficar lendo o que escrevo de novo e de novo e de novo tentando compreendê-los, assim como repenso mil vezes cada coisa que faço numa tentativa desesperada (aliás, aficiente) de explicar porque fiz todas aquelas besteiras. Até me convencer de que fiz tudo certo.
Acho que vale considerar que imaginar a reação dos meus queridos amigos quando me lerem pode ser também um elemento de diversão e aventura — algo meio fundamental na minha vida. Sempre fico vagamente apreensiva, pensando em como posso mudar nossas vidas com meras palavras. Mudar me traz uma fascinação terrível.
. . .
Mas acho que nenhuma dessas respostas satisfaz. De fato o mais importante é que eu acho divertido escrever. Gosto de todas as etapas do processo. Gosto de sentir o poder oculto nestes tipos eletrônicos, o qual me permite a comunicação através da rede.
Ouso dizer que escrever para vocês é como tocar para uma cidade de anjos, cujos ouvidos sensíveis compreendem a sutilezas dos quartos e oitavos de notas, e cujas mentes incorruptas não podem extirpar da malodia nenhum mal, nenhuma heresia, por não serem capazes de adivinhar tal vilania; a cidade de santos que dança serenamente a cada ruído melódico que a natureza emite em sua completude.
Mas a cidade dos anjos está em silêncio. Eles não podem falar, pois é muito fresca a lembrança do caído. Eles não vão continuar sua lembrança. Ele deve ser esquecido e enterrado, junto com todos os mortos e perdidos que a cidade possa ter um dia visto tombar.
Evanael. O orgulho de Evanathea. A águia dos olhos dourados, cujo coração era pura bravura e paixão. Cuja paz consistia na perfeição. Evanael. O mais humano dos anjos, cuja sede de conhecer não se saciava com as maravilhas da utopia — para quem a cidade perfeita não era o suficiente. "Eu quero o mundo", dissera ele antes de partir.
"Você tem o mundo, Evanael", responderam os sábios: "O mundo de Evanathea, a verdadeira cidade dos sonhos!"
Mas não adiantou. O que o rapaz queria era a única coisa que ele jamais poderia ter. "Eu não quero sonhos", ele dissera aos sábios; "eu quero a realidade".
Mas o que é real, o que é real??? Viajando por um mundo de demônios, Evan descobre que mesmo fora da cidade dos anjos é impossível encontrar a realidade em sua essência. O mundo que se lhe apresenta é apenas de aparências. Mesmo nas Lápides de Pellasith o anjo encontra apenas dúvidas e mistérios. Antes que possa ouvir o dobrar dos sinos, Evan parte em busca da inocência e da paternidade. Um rapaz muito jovem o atrai com suas mãos cobertas de sangue. Então ele retorna a Pellasith, e as badaladas revelam a ele o sincero e o verdadeiro. Mas seria a verdade a realidade?
Acho que Evan morre antes de cumprir seu objetivo. Mas não acho que ele teria alcançado o moksha se tivesse continuado vivo. Para todos os efeitos, ele ainda é o anjo mau, o anjo pecador. E qual o pecado de Evan?
Desde quando sou admin do Pato?
Bom, vamos voltar ao assunto:
Por que escrevo?
Na verdade esse assunto veio meio por acaso. Originalmente o texto não seria sobre este assunto. Mas o escrever em si é uma arte tão sublime que seria pecado não comentar seus sentidos mais profundos e declamá-los, assintosamente, na mais pública das praças.
Não, não! Escrever é atividade manual. Trabalho braçal. Mecânica bruta. É a criação das frases que se faz sublime. O escrever em si é conseqüência.
Mas o que é escrever? Escrever não é o ato de dispôr palavras, contruindo textos? Ou seria isso falar? Ou seria viver? Através de palavras, concretiza-se a vida.
Talvez não. Talvez seja o mundo maior que eu, que nós todos. Escrever é um registro, minha contribuição para o material dos historiadores do futuro. Estes impulsos elétrico que vos mando, naturalmente, serão em algum momento perdidos. Mas não podemos perder a esperança! Quem sabe, no futuro, o mais distante dos meus descendentes venha a concluir algo de fundamental sobre nossa época, nosso mundo e sua própria vida quando reencontrar o caminho destes símbolos arcaicos?
Ou talvez seja apenas um registro para mim mesma. Talvez eu espere que quando eu tiver a idade de meus pais, estes textos cifrados sejam a chave da minha auto-consciência. Talvez através deles eu consiga resolver todos ou meus problemas emocionais.
Ou talvez eu espere que algum dia eu possa mostrá-los para um psicólogo e perguntar ingenuamente: "O que você acha, doutor? É grave?"
Ou talvez (nisso vocês não pensaram), talvez eu esteja escondendo aqui por meio de um código complexo instruções e anotações precisas do meu plano de dominação do mundo — juntamente, é claro, com a receita do Feijão Azul que aprendi no Livro dos Feijões.
Ou talvez eu me divirta muito com meus próprios pensamentos, e goste de ficar lendo o que escrevo de novo e de novo e de novo tentando compreendê-los, assim como repenso mil vezes cada coisa que faço numa tentativa desesperada (aliás, aficiente) de explicar porque fiz todas aquelas besteiras. Até me convencer de que fiz tudo certo.
Acho que vale considerar que imaginar a reação dos meus queridos amigos quando me lerem pode ser também um elemento de diversão e aventura — algo meio fundamental na minha vida. Sempre fico vagamente apreensiva, pensando em como posso mudar nossas vidas com meras palavras. Mudar me traz uma fascinação terrível.
. . .
Mas acho que nenhuma dessas respostas satisfaz. De fato o mais importante é que eu acho divertido escrever. Gosto de todas as etapas do processo. Gosto de sentir o poder oculto nestes tipos eletrônicos, o qual me permite a comunicação através da rede.
Ouso dizer que escrever para vocês é como tocar para uma cidade de anjos, cujos ouvidos sensíveis compreendem a sutilezas dos quartos e oitavos de notas, e cujas mentes incorruptas não podem extirpar da malodia nenhum mal, nenhuma heresia, por não serem capazes de adivinhar tal vilania; a cidade de santos que dança serenamente a cada ruído melódico que a natureza emite em sua completude.
Mas a cidade dos anjos está em silêncio. Eles não podem falar, pois é muito fresca a lembrança do caído. Eles não vão continuar sua lembrança. Ele deve ser esquecido e enterrado, junto com todos os mortos e perdidos que a cidade possa ter um dia visto tombar.
Evanael. O orgulho de Evanathea. A águia dos olhos dourados, cujo coração era pura bravura e paixão. Cuja paz consistia na perfeição. Evanael. O mais humano dos anjos, cuja sede de conhecer não se saciava com as maravilhas da utopia — para quem a cidade perfeita não era o suficiente. "Eu quero o mundo", dissera ele antes de partir.
"Você tem o mundo, Evanael", responderam os sábios: "O mundo de Evanathea, a verdadeira cidade dos sonhos!"
Mas não adiantou. O que o rapaz queria era a única coisa que ele jamais poderia ter. "Eu não quero sonhos", ele dissera aos sábios; "eu quero a realidade".
Mas o que é real, o que é real??? Viajando por um mundo de demônios, Evan descobre que mesmo fora da cidade dos anjos é impossível encontrar a realidade em sua essência. O mundo que se lhe apresenta é apenas de aparências. Mesmo nas Lápides de Pellasith o anjo encontra apenas dúvidas e mistérios. Antes que possa ouvir o dobrar dos sinos, Evan parte em busca da inocência e da paternidade. Um rapaz muito jovem o atrai com suas mãos cobertas de sangue. Então ele retorna a Pellasith, e as badaladas revelam a ele o sincero e o verdadeiro. Mas seria a verdade a realidade?
Acho que Evan morre antes de cumprir seu objetivo. Mas não acho que ele teria alcançado o moksha se tivesse continuado vivo. Para todos os efeitos, ele ainda é o anjo mau, o anjo pecador. E qual o pecado de Evan?
domingo, 14 de agosto de 2005
"Never look back"
As pessoas vivem dizendo coisas assim, "Não chore pelo leite derramado", "Seguir em frente sem olhar para trás", "Águas passadas não voltam mais". Pois é, não voltam. Ainda assim, perdemos tempo e energia procurando coisas pelas quais nos apaixonamos quando éramos crianças. Por exemplo, quando eu era criança inventei histórias demais. Tantas, que nenhuma delas era lá muito interessante. Na verdade, até que eram bem legais. Mas aos poucos eu fui me dando conta de que elas eram impublicáveis, pois só falavam de mim, da minha vida, e de como eu queria que ela fosse. A Louba Zaty nada mais é do que uma projeção de como às vezes eu queria que minha vida fosse. O interessante é que em certo momento a Louba torna-se cansada e amargurada por todo o sangue derramado e todo o horror que presenciou ou do qual tomou parte. Talvez fosse uma espécie de consolo, como um dizer: se você vivesse assim, seria infeliz também. Mesmo assim, eu sonhava com Ziget, terra da liberdade, onde eu podia tudo, e tudo era um sonho infantil. Sempre que me refugiava lá, o planeta inteiro me recebia amorosamente, como uma velha companheira que há muito não voltasse para casa. Acho que era essa toda a idéia. Por isso várias vezes eu deixei Ziget, para retornar anos mais tarde. Acho que de quando em quando eu fazia um amigo no mundo real, que fazia a voda um pouco menos terrível. Agora, porém, estou matando essa criança, e abandonando a Velha Floresta, onde procuramos cristais e em cujos rios nos banhamos tranqüilamente, mais uma vez.
Hoje, estou assassinando sonhos infantis. Estou quebrando minha coleção de espadas, e é com dor no coração que vejo-as se desfazendo em pó. Sentirei falta de Ziget, dos gigantes azuis, das casas na floresta ou na montanha, daquele gosto de sangue. Mas são águas passadas. Não há nada à minha frente, mas morro se olhar para trás. Hoje, mato uma criança. Hoje, não sou mais quem fui. Quero superar minha incapacidade de deixar para trás quem me amou mais do que eu sabia amar. Quem, aliás, me fez notar o quanto eu não sabia amar. Estou iniciando uma guerra contra um sentimento ao qual não posso me apegar. Estou apagando-o. Oficialmente, vou lutar por ir além do que sempre fui. Vou dar um significado aos meus desenhos. Vou escrever minhas histórias, mas não aquelas que não posso publicar. Não quero mais fazer fics. Não quero mais chorar. Vou devolver o demônio ao seu inferno. Acho que pela primeira vez quero fazer um amigo, de verdade. Sem enganar a ninguém, nem a mim mesma.
- O que não significa que Aragorn Scorpes vai mudar de nome. Espero que não haja copyright sobre o nome. -
Uma reportagem na VEJA dizia que as mulheres são capazes de reviver intensamente suas experiências emotivas, enquanto os homens se esquecem das coisas rapidamente. Acho que está certo. Metade da minha dor consiste em reviver aqueles momentos passados e saber que eles pertencem ao passado, que o que estamos vivendo agora não inclua o que já vivemos. Eu queria poder viver tudo de novo: me apaixonar de novo, te conquistar de novo, o primeiro abraço, o primeiro eu-te-amo, o primeiro beijo. Lembro do que senti, de quão mais doce pareceu o aroma do mundo naquele momento. O quão perdida me senti, por saber estar abraçando um coração, e ao mesmo tempo lacerando outro. O quanto, entretanto, me pareceu certo mesmo assim. É difícil deixar algumas lembranças para trás. É difícil não ficar pensando nelas, pensar em como as coisas poderiam ter sido diferentes. Mas isso não só não leva a nada, como também machuca.
Por isso, hoje estou deixando o passado para trás. Combinei comigo e com o O'Boy viver no presente, o tempo presente, os homens presentes, e deixar o passado e o futuro com os outros tempos desinteressantes do sistema, como a eternidade e o nunca.
"O passado e o futuro são fúteis."
Hoje, estou assassinando sonhos infantis. Estou quebrando minha coleção de espadas, e é com dor no coração que vejo-as se desfazendo em pó. Sentirei falta de Ziget, dos gigantes azuis, das casas na floresta ou na montanha, daquele gosto de sangue. Mas são águas passadas. Não há nada à minha frente, mas morro se olhar para trás. Hoje, mato uma criança. Hoje, não sou mais quem fui. Quero superar minha incapacidade de deixar para trás quem me amou mais do que eu sabia amar. Quem, aliás, me fez notar o quanto eu não sabia amar. Estou iniciando uma guerra contra um sentimento ao qual não posso me apegar. Estou apagando-o. Oficialmente, vou lutar por ir além do que sempre fui. Vou dar um significado aos meus desenhos. Vou escrever minhas histórias, mas não aquelas que não posso publicar. Não quero mais fazer fics. Não quero mais chorar. Vou devolver o demônio ao seu inferno. Acho que pela primeira vez quero fazer um amigo, de verdade. Sem enganar a ninguém, nem a mim mesma.
- O que não significa que Aragorn Scorpes vai mudar de nome. Espero que não haja copyright sobre o nome. -
Uma reportagem na VEJA dizia que as mulheres são capazes de reviver intensamente suas experiências emotivas, enquanto os homens se esquecem das coisas rapidamente. Acho que está certo. Metade da minha dor consiste em reviver aqueles momentos passados e saber que eles pertencem ao passado, que o que estamos vivendo agora não inclua o que já vivemos. Eu queria poder viver tudo de novo: me apaixonar de novo, te conquistar de novo, o primeiro abraço, o primeiro eu-te-amo, o primeiro beijo. Lembro do que senti, de quão mais doce pareceu o aroma do mundo naquele momento. O quão perdida me senti, por saber estar abraçando um coração, e ao mesmo tempo lacerando outro. O quanto, entretanto, me pareceu certo mesmo assim. É difícil deixar algumas lembranças para trás. É difícil não ficar pensando nelas, pensar em como as coisas poderiam ter sido diferentes. Mas isso não só não leva a nada, como também machuca.
Por isso, hoje estou deixando o passado para trás. Combinei comigo e com o O'Boy viver no presente, o tempo presente, os homens presentes, e deixar o passado e o futuro com os outros tempos desinteressantes do sistema, como a eternidade e o nunca.
"O passado e o futuro são fúteis."
Why Hearts Shouldn't Twirl
Sexta, na festa da Clara, tudo o que eu queria era estar feliz e ter idéias boas e falar coisas inteligentes e ser divertida, mas nisso fracassei tremendamente. Não havia definição melhor para Tristeza. Queria me jogar num poço, adormecer para sempre. Não foram as pessoas, realmente. As pessoas com quem eu estava eram legais, carinhosas, inteligentes, bonitas, e eu as adoro.
Acho que foi toda essa situação, sabe? Essa situação confusa de transformar uma relação que havia se transformado desesperadamente em algo íntimo e secreto em algo anterior ao que era há alguns anos, já. Reverter uma amizade. Ou criar uma. Criar uma amizade em moldes que eu nunca usei. Estou tentando resolver asse situação há alguns meses, mas tudo fica sempre um pouco difícil, sabe? Sorrir, brincar, lutar, finjir que nada aconteceu. E, no fundo, quando estou sozinha, não conseguir parar de pensar nisso. Na verdade, hoje vejo que nem tentei. E não foi só porque não via realmente o objetivo. Acho que era porque não tinha caído a ficha, eu não tinha me dado conta de que tudo o que fizemos não só é irreversível, como é passado. Estamos numa nova era, agora. Uma era em que a liberdade se define por estranhos, incoesos desafios.
Ocorreu-me que o grande mal era eu não parar de pensar nele. Afinal, se ele havia me superado, o que é que me impedia de superá-lo? Ainda mais considerando que foi minha opção não estarmos juntos? Isso estava errado, confuso, não devia ser assim. Criar histórias, "apenas minha imaginação fértil", era divertido, sim, mas eu estava apenas brincando com fatos surreais, apenas distorcendo a realidade, distorcendo meus próprios sentimentos. Acho que eu achava que podia fantasiar com tudo o que me fosse proibido para pseudo-saciar-me, me impedindo de quebrar minhas próprias regras. Deus... Como pude ser tão hipócrita?
Lentamente, minha compreensão das coisas mudou: comecei a compreender que certos estímulos levam-me a inventar histórias sobre um tema que me interesse (e que ultimamente tem sido relacionamentos amorosos), que automaticamente minha mente evoca personagens para representar a peça. Isso tudo seria razoavelmente legal, se os personagens não fossem corruptelas de pessoas reais da minha vida. E se isso não fosse uma forma desleal de afastar-me da realidade. E se ele não fosse um dos personagens.
Afinal, essas histórias não eram apenas uma inocente e desesperada fuga da realidade. Eram uma forma de encarar a realidade - pôr à prova meus sentimentos - porém sem compromisso e sem sonseqüências. Uma forma de entender a realidade, sem permitir que ela me entendesse. O pior lado disso, eu diria, é que essa exposição de sentimentos a todo tido de situação hipotética faz com que o coração (aqui símbolo do conjunto de sentimentos e amores de um ser humano) se atenha a sentimentos incoerentes com a realidade não-hipotética.
"So you can't go on creating those stories because, as you already know, stories like those make you heart twirl. And you have said it yourself: twirling is not the kind of thing that hearts should do. Twirling is what the planets do and what twisters do. But hearts shouldn't twirl - unless, of course, you're dancing. Hearts must be somewhat steady" - I told myself. And I believed it alright.
Naquele momento, voltando do colégio num sábado à tarde, fiz uma promessa a mim mesma (e ao O'Boy): não mais eu criaria histórias nas quais eu e pessoas da minha vida real fossem personagens. Não mais brincaria com meus sentimentos. Não mais testaria em pensamentos várias opções. Se quiser testar uma possibilidade, como decidi, tenho de estar preparada para as conseqüências. Tenho que pagar para ver.
Na verdade, me proibi de criar histórias de caráter pessoal, mas seguir essa regra está sendo extremamente difícil. Várias vezes já me peguei criando um começo de história sobre qquer coisa. Mas como o importante não é o começo (um mero pensamento), mas o desenvolvimento da história, não me preocupo muito. Além disso, pretendo reverter meu potencial narrativo para ficção - até comecei um caderno novo para anotações a respeito de quatro mundos diferentes: HatsW, Ziget(pré-história), Nimeran e a Terra na versão de Arflack (com estes dois últimos não estou muito confiante...). Acho que pode dar certo. Pode dar certo.
Agora posso esquecer tudo... *suspirando de alívio*
"Amanhã farei grandes coisas."
Acho que foi toda essa situação, sabe? Essa situação confusa de transformar uma relação que havia se transformado desesperadamente em algo íntimo e secreto em algo anterior ao que era há alguns anos, já. Reverter uma amizade. Ou criar uma. Criar uma amizade em moldes que eu nunca usei. Estou tentando resolver asse situação há alguns meses, mas tudo fica sempre um pouco difícil, sabe? Sorrir, brincar, lutar, finjir que nada aconteceu. E, no fundo, quando estou sozinha, não conseguir parar de pensar nisso. Na verdade, hoje vejo que nem tentei. E não foi só porque não via realmente o objetivo. Acho que era porque não tinha caído a ficha, eu não tinha me dado conta de que tudo o que fizemos não só é irreversível, como é passado. Estamos numa nova era, agora. Uma era em que a liberdade se define por estranhos, incoesos desafios.
Ocorreu-me que o grande mal era eu não parar de pensar nele. Afinal, se ele havia me superado, o que é que me impedia de superá-lo? Ainda mais considerando que foi minha opção não estarmos juntos? Isso estava errado, confuso, não devia ser assim. Criar histórias, "apenas minha imaginação fértil", era divertido, sim, mas eu estava apenas brincando com fatos surreais, apenas distorcendo a realidade, distorcendo meus próprios sentimentos. Acho que eu achava que podia fantasiar com tudo o que me fosse proibido para pseudo-saciar-me, me impedindo de quebrar minhas próprias regras. Deus... Como pude ser tão hipócrita?
Lentamente, minha compreensão das coisas mudou: comecei a compreender que certos estímulos levam-me a inventar histórias sobre um tema que me interesse (e que ultimamente tem sido relacionamentos amorosos), que automaticamente minha mente evoca personagens para representar a peça. Isso tudo seria razoavelmente legal, se os personagens não fossem corruptelas de pessoas reais da minha vida. E se isso não fosse uma forma desleal de afastar-me da realidade. E se ele não fosse um dos personagens.
Afinal, essas histórias não eram apenas uma inocente e desesperada fuga da realidade. Eram uma forma de encarar a realidade - pôr à prova meus sentimentos - porém sem compromisso e sem sonseqüências. Uma forma de entender a realidade, sem permitir que ela me entendesse. O pior lado disso, eu diria, é que essa exposição de sentimentos a todo tido de situação hipotética faz com que o coração (aqui símbolo do conjunto de sentimentos e amores de um ser humano) se atenha a sentimentos incoerentes com a realidade não-hipotética.
"So you can't go on creating those stories because, as you already know, stories like those make you heart twirl. And you have said it yourself: twirling is not the kind of thing that hearts should do. Twirling is what the planets do and what twisters do. But hearts shouldn't twirl - unless, of course, you're dancing. Hearts must be somewhat steady" - I told myself. And I believed it alright.
Naquele momento, voltando do colégio num sábado à tarde, fiz uma promessa a mim mesma (e ao O'Boy): não mais eu criaria histórias nas quais eu e pessoas da minha vida real fossem personagens. Não mais brincaria com meus sentimentos. Não mais testaria em pensamentos várias opções. Se quiser testar uma possibilidade, como decidi, tenho de estar preparada para as conseqüências. Tenho que pagar para ver.
Na verdade, me proibi de criar histórias de caráter pessoal, mas seguir essa regra está sendo extremamente difícil. Várias vezes já me peguei criando um começo de história sobre qquer coisa. Mas como o importante não é o começo (um mero pensamento), mas o desenvolvimento da história, não me preocupo muito. Além disso, pretendo reverter meu potencial narrativo para ficção - até comecei um caderno novo para anotações a respeito de quatro mundos diferentes: HatsW, Ziget(pré-história), Nimeran e a Terra na versão de Arflack (com estes dois últimos não estou muito confiante...). Acho que pode dar certo. Pode dar certo.
Agora posso esquecer tudo... *suspirando de alívio*
"Amanhã farei grandes coisas."
"Eu fui sempre assim."
Ontem foi um dia estranho. Acordei cansada, queria dormir a manhã inteira (mais ou menos como fiz hoje), tomei banho e café e logo o Marco e o Dan me chamaram para trabalhar (guardar coisas no forro). Uma hora depois, ainda mais cansada, fui para a escola com vontade de não ser ninguém. Lembranças de todo tipo passavam por minha mente, e quando lembro de alguma coisa realmente eu vivo ela outra vez. Lentamente, meu desejo de ir em frente diminuia. Eu não queria fazer aquela prova idiota, não queria falar com ninguém, o dia inteiro. Fantasiava, historiava fugir por um dia para o Jardim da Luz, encostar-me numa árvore e passar a tarde desenhando. Voltar antes do sol se pôr, almoçar na lanchonete da Pinacoteca. Ficar desenhando, desenhando... Lentamente, minha vontade de seguir com a minha vida ia morrendo, acabando. Mas meu anseio pela vida, não. Queria ainda existir, tinha um pouco de fé, ainda! Cheguei no colégio. Andando despreocupada até cruzei com o JP, a Paulinha, a Gabi. Nem um cumprimento: passei reto. Eles não me viram, e eu não precisava de que me vissem. Foi como se não os conhecesse, como se fossem apenas colegas de escola, como tantos outros por quem passo sem cumprimentar. Não me interessava por amigos. Minha vida estava vazia. Tinha perdido a fé em mim. Não que não acreditasse em mim, que não me achasse capaz - simplesmente não gostava da mim, queria ser mais divertida, mais inusitada, mais surpreendente. Queria ser engraçada como o Charles e a Clara. Também queria ser misteriosa. Queria despertar curiosidade. Queria dar prazer, diversão, certeza. Estava tudo errado. Não queria mais ser eu mesma. Não queria mais ser sincera. Não queria mais finjir que eu era especial simplesmente por ser eu mesma. Queia ser especial de verdade. Queria poder entender porque meus amigos gostam de mim. Queria ser legal, eu acho. Queria fazer amigos. Queria me superar. Queria parar de imaginar cenas de lutas toda vez que me distraía.
Acho que eu estava triste. Sim, eu estava triste, é óbvio.
Acabei cumprimentando o Yuri e o Dobay, mais por dever do que por qualquer outra coisa. "Que foi?", perguntou o Yuri, e acho que eu repondi que não era nada, que... *suspiro*. E mesmo depois da prova eu continuava triste, apenas triste, apenas Malikath. Queria a solidão, o desapego de todas as coisas vivas. Ou talvez um abraço de árvore. Ou chorar. Tudo parecia inútil.
Ficava lembrando do Evan e do Lay (os anjos que matei em uma de minhas histórias) e pensando em quão desesperador seria encontrá-los de novo e de novo perdê-los, pois o tempo e a distância impediriam que encontrassem-se em liberdade, e que pudessem amar livremente. Essa história é bastante emblemática: hoje vejo que matei os dois lindos anjos porque, apesar de tudo, não sou loba de verdade, e também porque não consegui decidir qual dos dois deveria viver. Uma loba teria deixado que lutassem até a morte, e festejado a vida do vencedor. E se tivesse verdadeiramente feito a escolha, teria protegido o escolhido com garras e dentes. Quando criei essa história, ainda não tinha realmente me apaixonado por ninguém (ou seja: foi antes do colegial), mas ainda assim...
E aí, no caminho de volta para casa, fui me dando conta de que eu não estava infeliz, eu era infeliz. Passava os dias assim, remoendo dores e perdas, a maior parte conseqüência de opções conscientes. Ficava assim divagando sobre a vida sem muita vontade de vivê-la. Ficava chorando por não conseguir ser diferente, por não querer pagar o preço por ser diferente. De repente me vi extremamente perdida, desiludida, desenganada, e não compreendi. Me perguntava como e quando ficara assim, o que havia em mim e em minha vida que me fazia tão triste, tão só, tão desgarrada. Tantava entender minha prórpia solidão e desalento e não conseguia. Me perguntava quando deixara de ser uma menina feliz. Quando que meu sorriso deixara de ser verdadeiro. E de repente compreendi. A verdade dançou aos meus olhos e foi mais terrível do que eu pensava. Mas ela estava lá, era só agarrá-la, e eu não tinha nada a perder. Então, percebi:
Eu sempre fui assim.
Inegavelmente é verdade: me lembro de mim aos cinco anos absolutamente solitária, comendo sozinha no recreio, e os meninos roubando meus brinquedos e jogando-os no telhado... Me lembro de passear sozinha ao redor dos campos e das árvores do colégio por todos os oito anos do Ensino Fundamental. Me lembro de sentar para escrever, em noites de 1999, porque meus pensamentos em enxurrada não me deixavam esquecer tudo e dormir. Me lembro de confessar para mim mesma declarações de ódio a mim mesma, à minha mãe, à minha irmã (aliás, eu cheguei a escrever isso, e depois rasguei, pois gostava demais de minha irmã, a admirava demais e a amava demais para realmente acreditar no que escrevi), ao mundo. Me lembro que "amigos são as pessoas de quem eu ando ao redor no recreio". Me lembro que eu não tinha amigos. Me lembro de ficar feliz quando alguém falava comigo, porque não costumava achar que alguém quereria falar comigo. Me lembro de tremer ao falar qualquer coisa em classe, o que, aliás, faço até hoje. Me lembro de chorar, absolutamente sozinha, de saudades dos meus amigos do pré, na terceira série. Me lembro de pensar em fugir de casa um sem-número de vezes. Me lembro de não conseguir parar de chorar. Me lembro de me odiar por não conseguir mudar. Me lembro de ter raiva de todos por não me fazer compreender. Me lembro de não deixar ninguém chegar perto, de me irritar quando alguém falava comigo.
Acho que essa é uma das razões pelas quais eu decidi mudar minha vida. Decidi que não vou mais me esconder do mundo quando tiver raiva dele. Vou lutar contra ele, como o Yoh luta contra o calor. Não quero mais ser passiva. Não quero mais imaginar que digo coisas às pessoas em vez de realmente dizê-las. Quero viver a vida real, fazê-la valer. Quero lutar para que a vida seja como ela deve ser.
"E quando o dia de amanhã vier, caçaremos para o dia de amanhã."
Acho que eu estava triste. Sim, eu estava triste, é óbvio.
Acabei cumprimentando o Yuri e o Dobay, mais por dever do que por qualquer outra coisa. "Que foi?", perguntou o Yuri, e acho que eu repondi que não era nada, que... *suspiro*. E mesmo depois da prova eu continuava triste, apenas triste, apenas Malikath. Queria a solidão, o desapego de todas as coisas vivas. Ou talvez um abraço de árvore. Ou chorar. Tudo parecia inútil.
Ficava lembrando do Evan e do Lay (os anjos que matei em uma de minhas histórias) e pensando em quão desesperador seria encontrá-los de novo e de novo perdê-los, pois o tempo e a distância impediriam que encontrassem-se em liberdade, e que pudessem amar livremente. Essa história é bastante emblemática: hoje vejo que matei os dois lindos anjos porque, apesar de tudo, não sou loba de verdade, e também porque não consegui decidir qual dos dois deveria viver. Uma loba teria deixado que lutassem até a morte, e festejado a vida do vencedor. E se tivesse verdadeiramente feito a escolha, teria protegido o escolhido com garras e dentes. Quando criei essa história, ainda não tinha realmente me apaixonado por ninguém (ou seja: foi antes do colegial), mas ainda assim...
E aí, no caminho de volta para casa, fui me dando conta de que eu não estava infeliz, eu era infeliz. Passava os dias assim, remoendo dores e perdas, a maior parte conseqüência de opções conscientes. Ficava assim divagando sobre a vida sem muita vontade de vivê-la. Ficava chorando por não conseguir ser diferente, por não querer pagar o preço por ser diferente. De repente me vi extremamente perdida, desiludida, desenganada, e não compreendi. Me perguntava como e quando ficara assim, o que havia em mim e em minha vida que me fazia tão triste, tão só, tão desgarrada. Tantava entender minha prórpia solidão e desalento e não conseguia. Me perguntava quando deixara de ser uma menina feliz. Quando que meu sorriso deixara de ser verdadeiro. E de repente compreendi. A verdade dançou aos meus olhos e foi mais terrível do que eu pensava. Mas ela estava lá, era só agarrá-la, e eu não tinha nada a perder. Então, percebi:
Eu sempre fui assim.
Inegavelmente é verdade: me lembro de mim aos cinco anos absolutamente solitária, comendo sozinha no recreio, e os meninos roubando meus brinquedos e jogando-os no telhado... Me lembro de passear sozinha ao redor dos campos e das árvores do colégio por todos os oito anos do Ensino Fundamental. Me lembro de sentar para escrever, em noites de 1999, porque meus pensamentos em enxurrada não me deixavam esquecer tudo e dormir. Me lembro de confessar para mim mesma declarações de ódio a mim mesma, à minha mãe, à minha irmã (aliás, eu cheguei a escrever isso, e depois rasguei, pois gostava demais de minha irmã, a admirava demais e a amava demais para realmente acreditar no que escrevi), ao mundo. Me lembro que "amigos são as pessoas de quem eu ando ao redor no recreio". Me lembro que eu não tinha amigos. Me lembro de ficar feliz quando alguém falava comigo, porque não costumava achar que alguém quereria falar comigo. Me lembro de tremer ao falar qualquer coisa em classe, o que, aliás, faço até hoje. Me lembro de chorar, absolutamente sozinha, de saudades dos meus amigos do pré, na terceira série. Me lembro de pensar em fugir de casa um sem-número de vezes. Me lembro de não conseguir parar de chorar. Me lembro de me odiar por não conseguir mudar. Me lembro de ter raiva de todos por não me fazer compreender. Me lembro de não deixar ninguém chegar perto, de me irritar quando alguém falava comigo.
Acho que essa é uma das razões pelas quais eu decidi mudar minha vida. Decidi que não vou mais me esconder do mundo quando tiver raiva dele. Vou lutar contra ele, como o Yoh luta contra o calor. Não quero mais ser passiva. Não quero mais imaginar que digo coisas às pessoas em vez de realmente dizê-las. Quero viver a vida real, fazê-la valer. Quero lutar para que a vida seja como ela deve ser.
"E quando o dia de amanhã vier, caçaremos para o dia de amanhã."
A Respeito da minha Crueldade
Basicamente, eu estou escrevendo esta coisa à uma da manhã por-que (tá bom, eu vou deixar este hífen aí pq achei curiosa a colocação dele...) acho que este texto é razoavelmente importante para a compreensão da mudança que se deu em mim para que eu pudesse chegar às conclusões expressas nos textos seguintes (que aliás são meio repetitivos, espero que você não se importe...)
O negócio é o seguinte: eu sempre achei minha relação com o Yuri meio esquisita, primeiro porque, quando fomos amigos, eu não considerava ele nada próximo de um amigo, segundo porque, quando eu me declarei para ele e ele deu uma resposta idiota (e eu não conseguia dizer em voz alta que ele era idiota nem para mim mesma...), eu decidi que ele seria só um amigo e ele decidiu que seria meu namorado, e terceiro porque nós começamos a namorar quando eu finalmente conseguia dizer em voz alta que ele tinha sido idiota e quando eu ainda estava com muita raiva dele, apesar de amá-lo. E imagino que do lado dele da história ajam outras tantas esquisitices.
Acho que isso é um dos tijolos de sustentação do que vou explicar mais adiante. Outro é ainda mais confuso: envolve, para começar, uma idéia antiga de que uma pessoa não pode, simplesmente, ter um único amor, ou um único namorado durante sua vida inteira. Às vezes eu acredito nisso, às vezes não, mas de qualquer forma é mais ou menos por isso que eu me sinto meio estranha quando alguém fala que eu e o Yuri estamos casados.
E eu também acho que a estranheza da minha relação com o Cham também teve uma influência em tudo o que aconteceu - mas não vou falar sobre isso, no mínimo por uma questão de respeito a quem não vai ler isto aqui (quite some people).
e então tem Julho. êta mês estranho. Julho foi interessante. Não feliz - na verdade, foi confuso, depois triste, depois vazio, depois surreal, depois infeliz - mas bastante interessante, dado tudo o que aconteceu.
Primeiro, foi a viagem a Campos. Acho que não preciso detalhar nada, vocês já sabem, basicamente, o que aconteceu. Ou podem imaginar. Foi bom, na verdade, em muitos estratos. Gostei de conversar com a Gabi e com o Cham (não juntos) sobre coisas das quais nunca tínhamos realmente falado. Além disso a viagem em si foi ótima, divertida, etc. Eu até descobri que consigo passar dez dias inteiros com o Luque e ainda querer vê-lo no dia seguinte. Mas, realmente, acho que a última coisa de que eu precisava naquela viagem de volta era ouvir aquela maldita música da Dido... Ouvir, finjir que não ouvir por trás da dela a voz dele cantando... Porque ela dizia
"I will go down with this ship
And I won't put my hands up and surrender
There will be no white flag above my door
I'm in love and always will be"
E realmente não era isso que eu queria ouvir... Não no estado em que eu estava, não depois daquele pacto... E mesmo quando minha mente me convenceu de que ele estava mais propenso a jogar a toalha que o eu-lírico dessa música, meus sentimentos, em ebulição, já não permitiam que eu me sentisse feliz com o pacto que fizéramos... Tudo o que um dia parecera infinitamente mais certo que o gosto de sangue daquele demônio ruiu, violentamente.
Quando cheguei em Sampa minha vó estava doente. Meus nervos não aguentavam, eu precisaria de muitos abraços. Mas não fui para casa - quis evitar uma crise de abstinência. No dia seguinte, chorei a dor da minha mãe, que perdera a própria mãe. Muito difícil esquecer aquela viagem e aquela música (releiam o post da ocasião para notar), mas mesmo assim deixei o assunto para trás. Os dias se passaram, vazios.
Durante esses dias que se passaram, não consegui me convencer nenhuma vez de que eu realmente devia estar namorando o Yuri. Pensei em mil argumentos para terminar nosso namoro, yet sempre havia também algum empecilho, como minha noção de que se eu o deixasse não teria como explicar meu retorno, no dia seguinte. Achava que um pedido de perdão não ia nos fazer mais felizes. Minha mãe costumava dizer que não se deve incitar a insegurança. Talvez esse argumento fosse o suficiente para acabar com a discussão, mas os sonhos não ajudaram. O gatodemônio me acordou uma manhã com uma proposta indecente. Olhei ao redor, confusa, o quarto vazio, silencioso. Durante esses dias, não senti amor. Acho até que me desapaixonei.
Ao menos foi isso que contei a mim mesma, e ao Yuri, quando estávamos viajando. Acho que eu fui para a Chácara porque lá parecia haver privacidade o suficiente para que eu pudesse contar a ele que não o amava mais, que não via mais sentido em estarmos juntos. Mas eventualmente não sabia mais o que significava amar. E então tomei consciência do que queria dizer aquela frase da música, "Se para sempre é sempre por um triz"... Só então quis de novo dormir nos teus braços, e disse eu-te-amo.
Depois disso aconteceu um monte de coisas. Como eu disse, os sonhos atrapalham: sonhei com uma carta de amor. De novo fiquei insegura, cheguei à estranha conclusão de que estar com o Yuri era "menos pior" que estar sozinha e que isso era idiota e que eu tinha que enfrentar a liberdade. Por fim, sosseguei. Percebi que estar com ele era simplesmente muito bom, muito tranqüilo, muito acertado, para ser apenas "menos pior" que alguma coisa que aliás não é tão ruim.
Mas cheguei a uma conclusão mais adorável: na verdade, tudo aquilo fora para me convencer de que podia ir embora quando realmente não houvesse mais motivo para continuar. Ficar com ele me assustava porque eu amava-o demais, e parecia estranho amar tanto alguém que eu demorei tanto tempo para perdoar. Além disso, às vezes achava que ia ficar com ele para sempre, e isso não só parecia estranho como vagamente desconfortável, já que ele é meu primeiro namorado (claro que sempre existem minha vó ou os pais da Matsu para dizer que não tem nada de errado com isso). E acho que a idéia de pertencer a alguém sempre me incomodou; tanto que tive ódio do Y-kun quando ele disse "Você é minha", tanto que na verdade eu nunca consegui entregar-me totalmente a nada ou a ninguém.
Por isso tudo estou agora mais tranqüila, e resolvi levar adiante o que começara tanto tempo atrás, e que nunca funcionou direito(eu vou dizer isso de novo várias vezes nos próximos posts... ¬¬''). Me sinto mais livre agora, livre para pensar em outras coisas, livre para ser quem eu quiser. Depois que percebi que eu apenas precisava provar que eu era independente para poder entregar-me ao meu amor (amar é pertencer), sinto-me realmente mais segura. Mas ainda restavam outros problemas a serem resolvidos, os quais serão discutidos em outros posts.
"Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Sou minha mãe e minha filha,
Minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha e não de quem quiser
Sou Deus, tua Deusa, meu amor"
O negócio é o seguinte: eu sempre achei minha relação com o Yuri meio esquisita, primeiro porque, quando fomos amigos, eu não considerava ele nada próximo de um amigo, segundo porque, quando eu me declarei para ele e ele deu uma resposta idiota (e eu não conseguia dizer em voz alta que ele era idiota nem para mim mesma...), eu decidi que ele seria só um amigo e ele decidiu que seria meu namorado, e terceiro porque nós começamos a namorar quando eu finalmente conseguia dizer em voz alta que ele tinha sido idiota e quando eu ainda estava com muita raiva dele, apesar de amá-lo. E imagino que do lado dele da história ajam outras tantas esquisitices.
Acho que isso é um dos tijolos de sustentação do que vou explicar mais adiante. Outro é ainda mais confuso: envolve, para começar, uma idéia antiga de que uma pessoa não pode, simplesmente, ter um único amor, ou um único namorado durante sua vida inteira. Às vezes eu acredito nisso, às vezes não, mas de qualquer forma é mais ou menos por isso que eu me sinto meio estranha quando alguém fala que eu e o Yuri estamos casados.
E eu também acho que a estranheza da minha relação com o Cham também teve uma influência em tudo o que aconteceu - mas não vou falar sobre isso, no mínimo por uma questão de respeito a quem não vai ler isto aqui (quite some people).
e então tem Julho. êta mês estranho. Julho foi interessante. Não feliz - na verdade, foi confuso, depois triste, depois vazio, depois surreal, depois infeliz - mas bastante interessante, dado tudo o que aconteceu.
Primeiro, foi a viagem a Campos. Acho que não preciso detalhar nada, vocês já sabem, basicamente, o que aconteceu. Ou podem imaginar. Foi bom, na verdade, em muitos estratos. Gostei de conversar com a Gabi e com o Cham (não juntos) sobre coisas das quais nunca tínhamos realmente falado. Além disso a viagem em si foi ótima, divertida, etc. Eu até descobri que consigo passar dez dias inteiros com o Luque e ainda querer vê-lo no dia seguinte. Mas, realmente, acho que a última coisa de que eu precisava naquela viagem de volta era ouvir aquela maldita música da Dido... Ouvir, finjir que não ouvir por trás da dela a voz dele cantando... Porque ela dizia
"I will go down with this ship
And I won't put my hands up and surrender
There will be no white flag above my door
I'm in love and always will be"
E realmente não era isso que eu queria ouvir... Não no estado em que eu estava, não depois daquele pacto... E mesmo quando minha mente me convenceu de que ele estava mais propenso a jogar a toalha que o eu-lírico dessa música, meus sentimentos, em ebulição, já não permitiam que eu me sentisse feliz com o pacto que fizéramos... Tudo o que um dia parecera infinitamente mais certo que o gosto de sangue daquele demônio ruiu, violentamente.
Quando cheguei em Sampa minha vó estava doente. Meus nervos não aguentavam, eu precisaria de muitos abraços. Mas não fui para casa - quis evitar uma crise de abstinência. No dia seguinte, chorei a dor da minha mãe, que perdera a própria mãe. Muito difícil esquecer aquela viagem e aquela música (releiam o post da ocasião para notar), mas mesmo assim deixei o assunto para trás. Os dias se passaram, vazios.
Durante esses dias que se passaram, não consegui me convencer nenhuma vez de que eu realmente devia estar namorando o Yuri. Pensei em mil argumentos para terminar nosso namoro, yet sempre havia também algum empecilho, como minha noção de que se eu o deixasse não teria como explicar meu retorno, no dia seguinte. Achava que um pedido de perdão não ia nos fazer mais felizes. Minha mãe costumava dizer que não se deve incitar a insegurança. Talvez esse argumento fosse o suficiente para acabar com a discussão, mas os sonhos não ajudaram. O gatodemônio me acordou uma manhã com uma proposta indecente. Olhei ao redor, confusa, o quarto vazio, silencioso. Durante esses dias, não senti amor. Acho até que me desapaixonei.
Ao menos foi isso que contei a mim mesma, e ao Yuri, quando estávamos viajando. Acho que eu fui para a Chácara porque lá parecia haver privacidade o suficiente para que eu pudesse contar a ele que não o amava mais, que não via mais sentido em estarmos juntos. Mas eventualmente não sabia mais o que significava amar. E então tomei consciência do que queria dizer aquela frase da música, "Se para sempre é sempre por um triz"... Só então quis de novo dormir nos teus braços, e disse eu-te-amo.
Depois disso aconteceu um monte de coisas. Como eu disse, os sonhos atrapalham: sonhei com uma carta de amor. De novo fiquei insegura, cheguei à estranha conclusão de que estar com o Yuri era "menos pior" que estar sozinha e que isso era idiota e que eu tinha que enfrentar a liberdade. Por fim, sosseguei. Percebi que estar com ele era simplesmente muito bom, muito tranqüilo, muito acertado, para ser apenas "menos pior" que alguma coisa que aliás não é tão ruim.
Mas cheguei a uma conclusão mais adorável: na verdade, tudo aquilo fora para me convencer de que podia ir embora quando realmente não houvesse mais motivo para continuar. Ficar com ele me assustava porque eu amava-o demais, e parecia estranho amar tanto alguém que eu demorei tanto tempo para perdoar. Além disso, às vezes achava que ia ficar com ele para sempre, e isso não só parecia estranho como vagamente desconfortável, já que ele é meu primeiro namorado (claro que sempre existem minha vó ou os pais da Matsu para dizer que não tem nada de errado com isso). E acho que a idéia de pertencer a alguém sempre me incomodou; tanto que tive ódio do Y-kun quando ele disse "Você é minha", tanto que na verdade eu nunca consegui entregar-me totalmente a nada ou a ninguém.
Por isso tudo estou agora mais tranqüila, e resolvi levar adiante o que começara tanto tempo atrás, e que nunca funcionou direito(eu vou dizer isso de novo várias vezes nos próximos posts... ¬¬''). Me sinto mais livre agora, livre para pensar em outras coisas, livre para ser quem eu quiser. Depois que percebi que eu apenas precisava provar que eu era independente para poder entregar-me ao meu amor (amar é pertencer), sinto-me realmente mais segura. Mas ainda restavam outros problemas a serem resolvidos, os quais serão discutidos em outros posts.
"Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Sou minha mãe e minha filha,
Minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha e não de quem quiser
Sou Deus, tua Deusa, meu amor"
Assuntos (entre outras coisas)
Bom, um dos vários combinados que fiz comigo mesmo durante o fim de semana foi o de postar uma lista de sobre o que eu realmente preciso falar (ou quero), e então escrever um post para cada assunto.
Mas, antes de começar, eu gostaria de tomar banho. Depois disso, eu devo fazer um comentário a respeito de mais uma pequena mudança no funcionamento do meu raciocínio (i)lógico. *vai tomar banho*
So here's me again.
Como eu ia dizendo, eu percebi uma coisa nova esses dias. Adoro quando eu descubro coisas novas. Na verdade eu descobri algo bem óbvio, que é mais ou menos o seguinte:
Minha mãe, como todas as mães, vive perguntando coisas e dando conselhos (os quais muitas vezes eu fiquei feliz ao seguir), muitos deles do tipo "faça isso", "faça isso antes daquilo", "demonstre isso", "oculte isso", "não faça isso", etc. E eu costumava achar que os conselhos dela, embora às vezes fossem desagradáveis, deveriam estar certos. Mas, de repente, eu me toquei que minha mãe é uma mulher casada, de 46 anos, com três filhos, que trabalha o dia inteiro em vários lugares diferentes, que estudou na Waldorf, e mais um monte de pequeninas coisas que tornam a vida dela extrememante diferente da minha. Daí, meu raciocínio vaguíssimo me levou à percepção de que a maior parte das pessoas que me dão conselhos se baseiam na experiência pessoal, o que faz que talvez o que elas digam simplesmente não funcione comigo (às vezes nem com elas).
Minha conclusão é mais ou menos esta: estou meio de saco cheio de obedecer o bom senso comum; não quero mais esconder nada - quem não quiser saber o que eu penso lá comigo pode simplesmente não ler; o que o senso-comum diz que é óbvio muitas vezes não é óbvio para nós - portanto, como fazer uma análise complicada de tudo o que se ouve é muito dispendioso, na dúvida eu vou simplesmente fazer o que parecer mais legal, e se eu me ferrar me ferrei. Tem que haver alguma vantagem em se estar no começo da vida (além da saúde e das descobertas), né?
Agora, sobre o que eu tinha decidido escrever?
- Por que escrever?
- Why hearts shouldn't twirl, porquê não posso mais criar essas histórias et mon nouveau cahier (que n'importe pas beaucoup pour toi)
- A diferença fundamental entre calcinha-e-sutiã e biquíni (em homenagem à Luda (e ao Charles))
- Eu tenho muitos cadernos
- "Never look back" e a reportagem da veja
- "Eu fui sempre assim" e as definições
- A inflexão do Other e minha paixão por gramática
- Uma breve explicação a respeito da minha crueldade
Enjoy the ride.
Mas, antes de começar, eu gostaria de tomar banho. Depois disso, eu devo fazer um comentário a respeito de mais uma pequena mudança no funcionamento do meu raciocínio (i)lógico. *vai tomar banho*
So here's me again.
Como eu ia dizendo, eu percebi uma coisa nova esses dias. Adoro quando eu descubro coisas novas. Na verdade eu descobri algo bem óbvio, que é mais ou menos o seguinte:
Minha mãe, como todas as mães, vive perguntando coisas e dando conselhos (os quais muitas vezes eu fiquei feliz ao seguir), muitos deles do tipo "faça isso", "faça isso antes daquilo", "demonstre isso", "oculte isso", "não faça isso", etc. E eu costumava achar que os conselhos dela, embora às vezes fossem desagradáveis, deveriam estar certos. Mas, de repente, eu me toquei que minha mãe é uma mulher casada, de 46 anos, com três filhos, que trabalha o dia inteiro em vários lugares diferentes, que estudou na Waldorf, e mais um monte de pequeninas coisas que tornam a vida dela extrememante diferente da minha. Daí, meu raciocínio vaguíssimo me levou à percepção de que a maior parte das pessoas que me dão conselhos se baseiam na experiência pessoal, o que faz que talvez o que elas digam simplesmente não funcione comigo (às vezes nem com elas).
Minha conclusão é mais ou menos esta: estou meio de saco cheio de obedecer o bom senso comum; não quero mais esconder nada - quem não quiser saber o que eu penso lá comigo pode simplesmente não ler; o que o senso-comum diz que é óbvio muitas vezes não é óbvio para nós - portanto, como fazer uma análise complicada de tudo o que se ouve é muito dispendioso, na dúvida eu vou simplesmente fazer o que parecer mais legal, e se eu me ferrar me ferrei. Tem que haver alguma vantagem em se estar no começo da vida (além da saúde e das descobertas), né?
Agora, sobre o que eu tinha decidido escrever?
- Por que escrever?
- Why hearts shouldn't twirl, porquê não posso mais criar essas histórias et mon nouveau cahier (que n'importe pas beaucoup pour toi)
- A diferença fundamental entre calcinha-e-sutiã e biquíni (em homenagem à Luda (e ao Charles))
- Eu tenho muitos cadernos
- "Never look back" e a reportagem da veja
- "Eu fui sempre assim" e as definições
- A inflexão do Other e minha paixão por gramática
- Uma breve explicação a respeito da minha crueldade
Enjoy the ride.
sexta-feira, 5 de agosto de 2005
Tentando encaixar as partes com peças antigas...
Flor da Noite
Pelo que tu clamas
Pelo que tu chamas
Quando te vejo só
e sem saída?
Qual é a verdade insana
Que faz essa força estranha
Que te faz desesperar-te
e a mim em seguida?
Do que que tu reclamas
O que apaga-te a chama
Quê destrói teu pobre
coração só?
Pela luz que o Sol derrama,
Qual a força desumana
Que nos desfaz e nos faz
voltar ao pó?
[9/julho/2003
Pelo que tu clamas
Pelo que tu chamas
Quando te vejo só
e sem saída?
Qual é a verdade insana
Que faz essa força estranha
Que te faz desesperar-te
e a mim em seguida?
Do que que tu reclamas
O que apaga-te a chama
Quê destrói teu pobre
coração só?
Pela luz que o Sol derrama,
Qual a força desumana
Que nos desfaz e nos faz
voltar ao pó?
[9/julho/2003
Eu não nasci para ser olhadaQuando abri os olhos, nada vi
na grande escuridão que me envolvia
A terra sob mim, tão dura e fria
foi em longo tempo tudo o que senti
pois de repente nada mais havia
na grande perdição que me cercava
e tudo aquilo o que eu tanto amara
me abandonara na noite vazia.
Mas eis que nesse nada a luz surgiu
As minhas mãos, marrons, foi colorindo
e vermelhos meus olhos que choravam.
E o mundo, novo, vívido, se abriu
e a quase nada a luz foi reduzindo
a escuridão que minhas mãos guardavam.
[setembro/2004]
mas para ser vista
e não enxergada.
Eu não nasci para ser descrita
mas para ser questionada
e não compreendida.
Eu não nasci para fazer as coisas simples
pois é muito fácil fazê-las complicadas
Eu não nasci para amar e ser amada
ou para declamar poemas, cantar passarinho
Poemas, poesia sim, mas que coração agüenta esse furacão enlouquecido?
É tão mais fácil jogar tudo para o alto
Eu não existo para amar uma só pessoa,
e não, eu não sei fazer escolhas.
Eu não sei me compreender
espero que entendas:
Eu não vivi um dia para ter certezas
mas para ser dúvida pura, eternamente.
[31/5/2004]
Ou, lobo, cantaria a noite,
ou, lobo, correria a luz
do dia sobre seu flanco peludo
das tochas sobre seu torso feridos
o mundo sobre seus ombros ranindo.
A cor da lua era um sonho de prata
a iluminar uma noite vazia
o canto eterno percorre a sombra da mata
mas, lobo, não esquece da alegria.
Ah, lobo, não esquece do passado
que jorra dos vasos a vida passando sola
em que fostes um bêbe sem medo de nada
em que fostes uma criança revolta
Ah, lobo, olha-te à tua volta!
Há lobos correndo em tua escolta
tão precioso que não sabes ser para eles
embora para ti sejas apenas tolo.
Correi da lua o cântico das ondas
num sonho prateado a noite escorre
por pedras e valetas e raízes e vales
e planaltos e planícies que a terra molda
e no descampado enfim o lobo sorre
a beleza do mundo que o engloba
sorrindo porque a vida ainda não cabe
nas correias que o atam à própria morte.
Sorri num único e só ponto obscuro
em que sonho e verdade são sempre iguais;
não há beleza que escape ao seu fogo impuro
ao seu sangue negro escorrendo no mundo escuro.
[26/11/03]
segunda-feira, 1 de agosto de 2005
Hoje os patos estão gritando como porcos
Eu não preciso fazer sentido, preciso?
Hoje eu quero chorar, chorar.
Quero me esconder
e que ninguém me ache.
Vocês não imaginam.
Vocês não sabem o que eu estou sentindo
Espero, pelo menos, que não saibam.
Talvez seja só sono. Talvez não.
Talvez seja só cansaço e a compreensão muito lenta de todas as coisas.
Dói muito. Dói tanto que parece que nunca mais vai doer. Que parece que não dói nada.
Antes fosse apenas saudade. Saudade uma, singular. Saudade da mãe, da cã, do irmão, da amiga. Saudade da cozinha, da cama. Saudade da bananeira, do regato, da onda qebrando na areia. Antes fosse, aliás, antes foi.
Antes, digo outra vez. Antes não é agora.
E agora dói como uma picada assaz muito profunda. Assim no peito. Um fuzilamento a céu aberto. Açoite. Sangue. Mêdo.
Mêdo em oposição a medo, de Medina.
Sinto saudades do mundo como uma vez o vi. Tinha umas asas, uma carranca bonita, velame de fios de couro. E o amor era o que o cão sentia por seu dono e vice-versa. Ninguém ligava para as calças do PatoDonald. As palavras não mudavam abruptamente de significado. Nenhum livro se dizia "o segundo mais lido, depois da Bíblia". Árabe era nacionalidade. Judaísmo era uma religião. Schwazenegger era um robô ou um grávido. Mel Gibson era o MadMax. Etc.
Sinto saudades das histórias, das brincadeiras, dos abraços. Dos amigos que involuntariamente perdi, dos amigos que desisti de manter. Dos amigos que momentaneamente ganhei. Dos amigos que ganhei. Dos amigos que já eram meus. Dos amigos que pensei ter reencontrado. Dos que não vêm mais aqui. Dos que não conseguem mais falar comigo...
Sinto saudades dos primos, dos amigos dos primos, dos jogos, das bobagens. Sinto saudades das histórias que vovó contava, das noites contando piada, dos filmes antigos, loucos e imbecis. As fantasias. O Mágico de Oz. O Pique-bandeira no Berro D'água, verdadeiro jogo de estratégia. Os cavalos. Os cachorros. Os gatos. As mãos.
Fosse apenas saudade, eu não falaria nada.
Acho que não é assim, só.
Tanta coisa aconteceu nessas férias. Tanta coisa mudou... Na verdade, tanta coisa mudou, que quando chego na escola e as pessoas me cumprimentam como se julho não acontecera, me dá um estranho mal-estar, um incômodo profundo, de inconformismo, de desrazão - afinal, como ignorar que eu agora já não sou quem era? Desculpe, não me leve a mal, apenas não fale comigo como se me conhecesse há anos. Eu não existo há tanto tempo assim.
Tenho vontade de dizer às pessoas que não sou mais eu. Que digam aos outros que morri. Me sinto encurralada, presa a tudo, perdida. Tenho vontade de ir embora.
Tenho vontade de fugir deste mundo que acha que me conhece. Porque, do que aconteceu, não vos posso contar a outra metade. Acho que vou voltar ao postulado. No fim, acho que nada daquilo foi verdadeiro.
Tenho medo de dizer mais.
Ademais, te amo. Não posso dizer mais nada.
Quando chegar o amanhã, finge que não me conheces. Talvez traga algum bem...
Hoje eu quero chorar, chorar.
Quero me esconder
e que ninguém me ache.
Vocês não imaginam.
Vocês não sabem o que eu estou sentindo
Espero, pelo menos, que não saibam.
Talvez seja só sono. Talvez não.
Talvez seja só cansaço e a compreensão muito lenta de todas as coisas.
Dói muito. Dói tanto que parece que nunca mais vai doer. Que parece que não dói nada.
Antes fosse apenas saudade. Saudade uma, singular. Saudade da mãe, da cã, do irmão, da amiga. Saudade da cozinha, da cama. Saudade da bananeira, do regato, da onda qebrando na areia. Antes fosse, aliás, antes foi.
Antes, digo outra vez. Antes não é agora.
E agora dói como uma picada assaz muito profunda. Assim no peito. Um fuzilamento a céu aberto. Açoite. Sangue. Mêdo.
Mêdo em oposição a medo, de Medina.
Sinto saudades do mundo como uma vez o vi. Tinha umas asas, uma carranca bonita, velame de fios de couro. E o amor era o que o cão sentia por seu dono e vice-versa. Ninguém ligava para as calças do PatoDonald. As palavras não mudavam abruptamente de significado. Nenhum livro se dizia "o segundo mais lido, depois da Bíblia". Árabe era nacionalidade. Judaísmo era uma religião. Schwazenegger era um robô ou um grávido. Mel Gibson era o MadMax. Etc.
Sinto saudades das histórias, das brincadeiras, dos abraços. Dos amigos que involuntariamente perdi, dos amigos que desisti de manter. Dos amigos que momentaneamente ganhei. Dos amigos que ganhei. Dos amigos que já eram meus. Dos amigos que pensei ter reencontrado. Dos que não vêm mais aqui. Dos que não conseguem mais falar comigo...
Sinto saudades dos primos, dos amigos dos primos, dos jogos, das bobagens. Sinto saudades das histórias que vovó contava, das noites contando piada, dos filmes antigos, loucos e imbecis. As fantasias. O Mágico de Oz. O Pique-bandeira no Berro D'água, verdadeiro jogo de estratégia. Os cavalos. Os cachorros. Os gatos. As mãos.
Fosse apenas saudade, eu não falaria nada.
Acho que não é assim, só.
Tanta coisa aconteceu nessas férias. Tanta coisa mudou... Na verdade, tanta coisa mudou, que quando chego na escola e as pessoas me cumprimentam como se julho não acontecera, me dá um estranho mal-estar, um incômodo profundo, de inconformismo, de desrazão - afinal, como ignorar que eu agora já não sou quem era? Desculpe, não me leve a mal, apenas não fale comigo como se me conhecesse há anos. Eu não existo há tanto tempo assim.
Tenho vontade de dizer às pessoas que não sou mais eu. Que digam aos outros que morri. Me sinto encurralada, presa a tudo, perdida. Tenho vontade de ir embora.
Tenho vontade de fugir deste mundo que acha que me conhece. Porque, do que aconteceu, não vos posso contar a outra metade. Acho que vou voltar ao postulado. No fim, acho que nada daquilo foi verdadeiro.
Tenho medo de dizer mais.
Ademais, te amo. Não posso dizer mais nada.
Quando chegar o amanhã, finge que não me conheces. Talvez traga algum bem...
Assinar:
Postagens (Atom)