palavra por palavra, procuro chegar, devagar, ao lugar de La Loba.
"O silêncio", disse o griot,"só é escuro no começo..."
quinta-feira, 29 de abril de 2010
A Day in The Life
Acordo em algum momento entre as seis e as dez, corro pra aula, saio da aula e vou programar, paro pro almoço e volto a programar, faço uma pausa as seis da tarde quando meu corpo doi, volto pra sala da rede, minha vida e isso, penso em voce, canto uma musica, sinto fome, estou sozinha, estou contigo, estou buscando alguma coisa alem, estou pensando, estou lendo.
terça-feira, 27 de abril de 2010
Eu quero.
Eu quero dizer alguma coisa.
Não sei bem o quê.
Que eu me arrependo dos meus erros?
Que eu não aguentaria o tranco de um curso realmente fodido?
Que eu me sinto indigna de todas as esperanças que eu tive pra mim mesma?
Que eu sinto raiva dos meus erros idiotas do passado?
Não.
Nada disso expressa.
Eu queria é merecer a sua amizade.
Chamar a sua atenção.
Eu queria saber quem você é, sabe?
Às vezes acontece de a gente se sentir muito mal com algo que a gente fez no passado porque nossa visão de mundo muda.
Eu queria ter prestado mais atenção em algumas pessoas.
Você tem algo dentro de você, algo que me chama a atenção.
Eu queria chegar mais perto e olhar o que é.
Eu queria saber no que você pensa quando ninguém está te julgando.
Acho que eu devia estar fazendo EP agora também.
Não sei bem o quê.
Que eu me arrependo dos meus erros?
Que eu não aguentaria o tranco de um curso realmente fodido?
Que eu me sinto indigna de todas as esperanças que eu tive pra mim mesma?
Que eu sinto raiva dos meus erros idiotas do passado?
Não.
Nada disso expressa.
Eu queria é merecer a sua amizade.
Chamar a sua atenção.
Eu queria saber quem você é, sabe?
Às vezes acontece de a gente se sentir muito mal com algo que a gente fez no passado porque nossa visão de mundo muda.
Eu queria ter prestado mais atenção em algumas pessoas.
Você tem algo dentro de você, algo que me chama a atenção.
Eu queria chegar mais perto e olhar o que é.
Eu queria saber no que você pensa quando ninguém está te julgando.
Acho que eu devia estar fazendo EP agora também.
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Poema de Amor para o Meu Melhor Amigo.
Eu nunca escrevi um poema de amor para o Diogo. Isso sempre me incomodou um pouco. Eu escrevi tantos quatorze mil poemas para Yuri, Artur, Charles, Carlos, Miguel, Pedro, Bruno, Luís, Gabi, Bia, Victor, outro Bruno, Camilla, Ana, e provavelmente outros dos quais eu não me lembro... (pensando bem, eu nunca escrevi um poema pro Ugo também).
Eu escrevo sempre tanto, mas o Diogo só esteve em dois poemas meus: um sobre os sonhos (o sonho que eu tive com ele foi o mais direto, o "como a realidade") e um... um que eu escrevi quando eu não queria namorar de jeito nenhum, mas cara, como ele me atraía, à revelia das minhas decisões... O poema é estúpido demais pra postar aqui, neste contesto, mas o refrão dele era "You're just another man".
Então... eu me esforcei pra caramba e consegui escrever isso aqui:
Eu, que derivo por sobre águas fulvas
Me distraindo com lembranças turvas
Retorno à vida ao percorrer tuas curvas
Que a tua pele é qual tirar as luvas
E ao te tocar, eu encontro teus calos
Devo feri-los ou devo poupá-lo?
Verei o fogo atrás desse anteparo
Se eu te tocar, arrancarei o halo?
Isso não parece ser para o Diogo, apesar de eu saber que essa foi a minha idéia original. Eu não sei no que estava pensando quando escrevi isso... (tá, mentira, é óbvio no que eu estava pensando)... Mas eu vou fingir que isso não importa. Eu vou fingir que tudo bem, e terminar o poema, quase um ano depois. Assim:
Mas há tanta ternura em teu sorriso
Que quando eu ouço o timbre do teu riso
Não posso mais conter minha loucura:
De te agarrar com um abraço forte
E devagar, numa pequena morte
Dilacerar-te na fome que cura
...
É isso.
Acho que não é muito sutil, né?
Estou um pouco embaraçada, então vou deixá-los a sós e... Bom, é isso, eu vou embora.
Eu escrevo sempre tanto, mas o Diogo só esteve em dois poemas meus: um sobre os sonhos (o sonho que eu tive com ele foi o mais direto, o "como a realidade") e um... um que eu escrevi quando eu não queria namorar de jeito nenhum, mas cara, como ele me atraía, à revelia das minhas decisões... O poema é estúpido demais pra postar aqui, neste contesto, mas o refrão dele era "You're just another man".
Então... eu me esforcei pra caramba e consegui escrever isso aqui:
Eu, que derivo por sobre águas fulvas
Me distraindo com lembranças turvas
Retorno à vida ao percorrer tuas curvas
Que a tua pele é qual tirar as luvas
E ao te tocar, eu encontro teus calos
Devo feri-los ou devo poupá-lo?
Verei o fogo atrás desse anteparo
Se eu te tocar, arrancarei o halo?
Isso não parece ser para o Diogo, apesar de eu saber que essa foi a minha idéia original. Eu não sei no que estava pensando quando escrevi isso... (tá, mentira, é óbvio no que eu estava pensando)... Mas eu vou fingir que isso não importa. Eu vou fingir que tudo bem, e terminar o poema, quase um ano depois. Assim:
Mas há tanta ternura em teu sorriso
Que quando eu ouço o timbre do teu riso
Não posso mais conter minha loucura:
De te agarrar com um abraço forte
E devagar, numa pequena morte
Dilacerar-te na fome que cura
...
É isso.
Acho que não é muito sutil, né?
Estou um pouco embaraçada, então vou deixá-los a sós e... Bom, é isso, eu vou embora.
Coisas que eu absolutamente não entendo
Este é um post sobre coisas que estào erradas. Coisas com as quais eu discordo. Eu estou querendo falar isto há muito tempo.
Mas pô, gente, sexo não é sobre ficar se vendendo para que a pessoa de quem você gosta (não estou nem falando de amor) sinta prazer. Sexo não é sobre alcançar o preço mais alto no leilão dos corpos. Sexo é o tipo de coisa que só faz sentido quando se conquista junto. É o tipo de prazer que vem do devorar mútuo, do querer engolir o outro por todas as partes do corpo. Como alguém pode querer ser passivo, ser comido?
Abstratamente eu até vejo uma explicação, mas não consigo entender de verdade qual o sentido de se comprazer em se submeter a outra pessoa, de se permitir ser usado; como isso pode ser bom?
Aliás, antes que a discussão comece, quero acrescentar que eu percebo que minha revolta não se estende muito convictamente ao mesmo comportamento por parte dos homens gays. Eu me pergunto se é só o meu feminismo que não me permite aceitar a mulher submissa, enquanto o homem submisso ainda me parece suficientemente viril. Aliás um homem que quer ser dominado ainda é só um homem; uma mulher que quer ser domada me parece menos que uma mulher. Como eu detesto meus preconceitos! Como me causa nojo tudo o que eu penso sobre as diferenças entre os sexos no sexo! Preciso me livrar disso, mas não sei como. Me ajudam?
Mas não quero me livrar da minha repulsa inicial: não acho que as pessoas deveriam ficar se dando por aí como num buffet.
No final do meu segundo namoro eu queria passar uns quatro anos sem namorar porque já tinha passado quase cinco anos tentando administrar esse negócio de gostar de vários caras e só poder ficar com um (aliás não só caras). Eu tinha namorado quase sem pausa pelos quase quatro anos antes e eu entendia muito bem como aquilo funcionava: como namoro era bom, como era bom confiar, como era bom ter ele só pra mim, como na verdade ele nunca era só pra mim, como eu queria outras coisas, mas evitava chegar perto da tentação pra não me queimar demais e acabar cedendo, como a culpa me dilacerava mesmo eu sendo plenamente fiel (por fora), como perto nunca era perto demais mas freqüentemente longe também não era longe demais. Como era incrivelmente doloroso tudo isso, ficar atando o amor a essas coisas tão desnecessárias! Por que a opção não podia ser minha?! Por que a opção de ser fiel não era inteiramente minha?
Quanta coisa a gente faz por mêdo quando ama alguém e acha que tem que seguir um monte de regras só por causa disso. Não entendo esse namoro baseado em regras que supõe-se proteger o amor mas no fundo só o acorrentam. Prefiro esse namoro mais descansado que tenho com o Di: esse que tem poucas regras, na verdade só uma: de ser sincero, de confiar, de falar tudo e de, se um dia não der mais, avisar antes. Nunca trair, não com o coração. Não ter mêdo. É tão fácil não ter ciúmes. É só confiar em si mesmo. Por tanto tempo eu me condenei por nunca conseguir dar aos homens que eu amo a confiança de eu realmente os amo mais que tudo, mas: às vezes é só uma questão de você ser meu melhor amigo. Abra os braços, eu vou te dar tudo o que eu tenho. Eu vou te dar todo o meu coração, mas escuta, não tem só você dentro dele. Eu amo demais. Não patològicamente demais, mas com certeza demais para as suas ridículas convenções sociais, seus mêdos. E distraidamente demais. Hoje (hoje agora) eu não tenho nenhuma culpa, pelo menos não em relação a meu namorado.
Teve um dia (é importante citar) que eu estava num banco com vários amigos e um cara de quem eu gostava demais, desses que fazem seu coração derreter completamente. E eu estava conversando com ele, derretida, e o Diogo chegou e... Olha, naquela semana eu queria nem mais estar com ele, eu achava que tinha passado, que era só uma pequena paixão, mas quando eu o vi, eu entendi tudo, eu pulei para os braços dele e olhei de volta para o cara, mirei "desculpa", naquele dia eu entendi o que eu estava fazendo, o que eu podia ser se eu conseguisse olhar para o lado certo. Eu abracei o Diogo e eu poderia afogá-lo de amor, e eu entendi quão maravilhoso é não ter regras, não ter culpa, saber que eu não ia me distrair e deixar ele de lado porque cada segundo que eu passasse com outro cara ia ser um segundo a menos pra passar com ele, e eu queria todos os meus segundos. Eu sabia que ia ter tempo e que eventualmente eu ia estar numa festa ou numa viagem e que eu ia querer outras coisas, e que talvez acontecesse um dia de eu querer passar uns dias longe dele, mas eu soube naquela hora, com uma alegria que quase me afogou, que dali em diante a minha felicidade era responsabilidade minha, e que eu podia não ter que me obrigar a nada: porque se eu não tivesse mêdo, ele também não teria, e cada segundo em que a gente estivesse separado seria pra viver algo que nos tornaria maiores depois. Eu nunca tinha sentido tanta liberdade, tanta responsabilidade. Eu nunca achei que eu ia me sentir plenamente feliz por me conter, por sacrificar algumas opções boas. Simplesmente saber que os meus motivos para isso não eram idiotas foi... UAU!
Sabe, neste blog eu estou sempre convidando vocês a olharem o mundo pelos meus olhos. Então agora vejam isto:
E se não existissem regras, e todas as decisões certas que você tomou fossem plenamente de sua responsabilidade? E se não houvesse uma burocracia pra você xingar, e toda vez que você cometesse um erro você pudesse se prometer acertar da próxima vez?
É assim que eu me sinto com ele. Eu me sinto feliz, e absolutamente confortável, e quando eu venho confessar alguma coisa pra ele, não é porque eu estou tentando ser fiel, mas porque ele é o meu melhor amigo.
Garotas que querem "dar"
Em primeiro lugar, eu tenho que dizer que eu não entendo gente que diz que quer dar pra alguém. Eu entendo falar que quer transar, que quer comer, que quer pegar; até que quer fuder. Mas DAR? Dar o quê, aliás? Toda vez que alguém diz isso, fica parecendo que você considera seu corpo um bem material, um objeto que você oferece e espera que o cara aceite. O pior é quando uma mina diz "eu daria pra ele". Sério mesmo? Você não acha que fica parecendo que você está ali com a buceta nas mãos esperando que o cara te note e venha te provar como num buffet? Você não se sente uma coisa de se comer quando você diz isso? Você não acha que você está só se oferecendo, enquanto deixa para o cara a função de escolher que garota ele acha mais apetitosa? Quando você diz que quer dar pra alguém, você está dizendo que quer se oferecer para o prazer daquela pessoa.Mas pô, gente, sexo não é sobre ficar se vendendo para que a pessoa de quem você gosta (não estou nem falando de amor) sinta prazer. Sexo não é sobre alcançar o preço mais alto no leilão dos corpos. Sexo é o tipo de coisa que só faz sentido quando se conquista junto. É o tipo de prazer que vem do devorar mútuo, do querer engolir o outro por todas as partes do corpo. Como alguém pode querer ser passivo, ser comido?
Abstratamente eu até vejo uma explicação, mas não consigo entender de verdade qual o sentido de se comprazer em se submeter a outra pessoa, de se permitir ser usado; como isso pode ser bom?
Aliás, antes que a discussão comece, quero acrescentar que eu percebo que minha revolta não se estende muito convictamente ao mesmo comportamento por parte dos homens gays. Eu me pergunto se é só o meu feminismo que não me permite aceitar a mulher submissa, enquanto o homem submisso ainda me parece suficientemente viril. Aliás um homem que quer ser dominado ainda é só um homem; uma mulher que quer ser domada me parece menos que uma mulher. Como eu detesto meus preconceitos! Como me causa nojo tudo o que eu penso sobre as diferenças entre os sexos no sexo! Preciso me livrar disso, mas não sei como. Me ajudam?
Mas não quero me livrar da minha repulsa inicial: não acho que as pessoas deveriam ficar se dando por aí como num buffet.
Namoros cheios de ciúmes
A segunda coisa que eu não entendo é esse negócio de namoro. Eu já fiz parte de alguns e mesmo assim não entendi. No final do meu segundo namoro eu tinha chegado à conclusão de que não queria mais namorar. Puta trampo isso de ficar se sacrificando, se contendo, tentando agradar, se submetendo aos prazeres do seu amor. Amor não deveria ser uma aventura a dois? Não deveria ser uma coisa espontânea, que debocha das convenções?No final do meu segundo namoro eu queria passar uns quatro anos sem namorar porque já tinha passado quase cinco anos tentando administrar esse negócio de gostar de vários caras e só poder ficar com um (aliás não só caras). Eu tinha namorado quase sem pausa pelos quase quatro anos antes e eu entendia muito bem como aquilo funcionava: como namoro era bom, como era bom confiar, como era bom ter ele só pra mim, como na verdade ele nunca era só pra mim, como eu queria outras coisas, mas evitava chegar perto da tentação pra não me queimar demais e acabar cedendo, como a culpa me dilacerava mesmo eu sendo plenamente fiel (por fora), como perto nunca era perto demais mas freqüentemente longe também não era longe demais. Como era incrivelmente doloroso tudo isso, ficar atando o amor a essas coisas tão desnecessárias! Por que a opção não podia ser minha?! Por que a opção de ser fiel não era inteiramente minha?
Quanta coisa a gente faz por mêdo quando ama alguém e acha que tem que seguir um monte de regras só por causa disso. Não entendo esse namoro baseado em regras que supõe-se proteger o amor mas no fundo só o acorrentam. Prefiro esse namoro mais descansado que tenho com o Di: esse que tem poucas regras, na verdade só uma: de ser sincero, de confiar, de falar tudo e de, se um dia não der mais, avisar antes. Nunca trair, não com o coração. Não ter mêdo. É tão fácil não ter ciúmes. É só confiar em si mesmo. Por tanto tempo eu me condenei por nunca conseguir dar aos homens que eu amo a confiança de eu realmente os amo mais que tudo, mas: às vezes é só uma questão de você ser meu melhor amigo. Abra os braços, eu vou te dar tudo o que eu tenho. Eu vou te dar todo o meu coração, mas escuta, não tem só você dentro dele. Eu amo demais. Não patològicamente demais, mas com certeza demais para as suas ridículas convenções sociais, seus mêdos. E distraidamente demais. Hoje (hoje agora) eu não tenho nenhuma culpa, pelo menos não em relação a meu namorado.
Teve um dia (é importante citar) que eu estava num banco com vários amigos e um cara de quem eu gostava demais, desses que fazem seu coração derreter completamente. E eu estava conversando com ele, derretida, e o Diogo chegou e... Olha, naquela semana eu queria nem mais estar com ele, eu achava que tinha passado, que era só uma pequena paixão, mas quando eu o vi, eu entendi tudo, eu pulei para os braços dele e olhei de volta para o cara, mirei "desculpa", naquele dia eu entendi o que eu estava fazendo, o que eu podia ser se eu conseguisse olhar para o lado certo. Eu abracei o Diogo e eu poderia afogá-lo de amor, e eu entendi quão maravilhoso é não ter regras, não ter culpa, saber que eu não ia me distrair e deixar ele de lado porque cada segundo que eu passasse com outro cara ia ser um segundo a menos pra passar com ele, e eu queria todos os meus segundos. Eu sabia que ia ter tempo e que eventualmente eu ia estar numa festa ou numa viagem e que eu ia querer outras coisas, e que talvez acontecesse um dia de eu querer passar uns dias longe dele, mas eu soube naquela hora, com uma alegria que quase me afogou, que dali em diante a minha felicidade era responsabilidade minha, e que eu podia não ter que me obrigar a nada: porque se eu não tivesse mêdo, ele também não teria, e cada segundo em que a gente estivesse separado seria pra viver algo que nos tornaria maiores depois. Eu nunca tinha sentido tanta liberdade, tanta responsabilidade. Eu nunca achei que eu ia me sentir plenamente feliz por me conter, por sacrificar algumas opções boas. Simplesmente saber que os meus motivos para isso não eram idiotas foi... UAU!
Sabe, neste blog eu estou sempre convidando vocês a olharem o mundo pelos meus olhos. Então agora vejam isto:
E se não existissem regras, e todas as decisões certas que você tomou fossem plenamente de sua responsabilidade? E se não houvesse uma burocracia pra você xingar, e toda vez que você cometesse um erro você pudesse se prometer acertar da próxima vez?
É assim que eu me sinto com ele. Eu me sinto feliz, e absolutamente confortável, e quando eu venho confessar alguma coisa pra ele, não é porque eu estou tentando ser fiel, mas porque ele é o meu melhor amigo.
sábado, 24 de abril de 2010
Uma Puta Semana Dahora
Se eu olhar com olhos otimistas, foi sim. Pra começar o fim de semana foi incrível! Eu não sentia tanto prazer em wakear fazia muito tempo! E eu rio pra caramba com Friends tb. E é bastante tranqüilo passar um fim de semana em Ibiúna com o Ugo. Até conseguimos encontrar algumas explicações pra gente se dar tão bem. Uma ou duas, talvez não o suficiente.
Depois eu realmente me diverti domingo. Não sabia que tv de madrugada podia ser tão divertido. Eu teria ficado louca sem aquilo. E... Bem, há tanta coisa pra se dizer. Mas eu quero falar só das melhores coisas!
Eu consegui a matrícula em Estrutura de Dados, e, embora eu tenha perdido uma prova dessa matéria, isso me faz instensamente feliz. Não é possível que eu não consiga fazer esses tipo 12 créditos a que me propus. Eu vou dar um jeito. Eu estou mais confiante do que nunca estive.
E já falei de como a festa da Ixa foi o máximo?! A cara dela quando a gente pulou e gritou "Surpresa! Jogo! Êêêê!" Hahahahaha! Conversamos sobre mil coisas e foi tudo muito divertido, eu não me lembrava de como aquele grupo de pessoas podia ser legal (técnicamente, foi a primeira vez que aquela configuração específica de pessoas se reuniu). Eu só queria ter estado com menos sono.
Teve um momento nessa festa em que eu olhei ao redor e percebi o quão intensamente eu amava aquelas pessoas. Não como quando eu me apaixonei por cada uma delas, quando eu passava o dia pensando nelas e pensando em formas de nos aproximarmos. Dessa vez foi aquele amor que só deseja o bem ao próximo, que deseja que possamos rir juntos mais vezes. Eu queria sentir isso por todo mundo. Pra mim é isso que é ter um amigo.
Então eu fui até a Ixa e a abracei. Eu precisava que ela soubesse que eu gosto dela de verdade de verdade. Que eu queria que ela sentisse de verdade o quanto a gente queria dar de aniversário pra ela a felicidade de ter bons amigos.
Mesmo que semana retrasada eu quisesse xingar e dizer porra larga do meu pé, eu quero sair com outras pessoas de vez em quando, quando eu escolho encontrar essas pessoas eu escolho de verdade. Eu me diverti infinito.
Quinta teve muita coisa boa, eu estava já me sentindo bem pior mas consegui notícias boas que me fizeram pular de alegria, resolvi uns problemas que estavam consumindo toda a minha energia, e além disso o almoço com o Tássio foi legal — eu sempre me surpreendo com as coisas que temos em comum, e as diferenças gritantes do outro lado.
Ele me lembrou de uma outra alegria de escrever: essa que as palavras nos dão quando escolhem trabalhar com a gente para criar algo bonito. Eu lembrei de como eu queria escrever livros infantis e livros de poemas para celebrar a beleza das palavras.
Havia uma árvore incrível em cima de mim.
Também foi um dia de mudança e descoberta.
Finalmente, assistimos Dr. Horrible SingAlong Blog e demos umas risadas. A aula de Estatística, com meu professor gaúcho fantástico, não foi nada ruim também.
— Fatorial de menos-um é que nem gaúcho viado: não existe! Agora deixa eu pegar esse rosa macho... Não é qualquer rosa, não... pra escrever a conclusão...
E outra coisa também: estou começando a me entender com a minha Lôba. Por enquanto só o que consigo é alternar uma agressividade intensa com uma calma quanse depressiva, mas em um ou outro momento eu consigo algo mais... Algo como a Criadora.
Preciso me estender mais nesse assunto.
Quem sabe em outro post.
Depois eu realmente me diverti domingo. Não sabia que tv de madrugada podia ser tão divertido. Eu teria ficado louca sem aquilo. E... Bem, há tanta coisa pra se dizer. Mas eu quero falar só das melhores coisas!
Eu consegui a matrícula em Estrutura de Dados, e, embora eu tenha perdido uma prova dessa matéria, isso me faz instensamente feliz. Não é possível que eu não consiga fazer esses tipo 12 créditos a que me propus. Eu vou dar um jeito. Eu estou mais confiante do que nunca estive.
E já falei de como a festa da Ixa foi o máximo?! A cara dela quando a gente pulou e gritou "Surpresa! Jogo! Êêêê!" Hahahahaha! Conversamos sobre mil coisas e foi tudo muito divertido, eu não me lembrava de como aquele grupo de pessoas podia ser legal (técnicamente, foi a primeira vez que aquela configuração específica de pessoas se reuniu). Eu só queria ter estado com menos sono.
Teve um momento nessa festa em que eu olhei ao redor e percebi o quão intensamente eu amava aquelas pessoas. Não como quando eu me apaixonei por cada uma delas, quando eu passava o dia pensando nelas e pensando em formas de nos aproximarmos. Dessa vez foi aquele amor que só deseja o bem ao próximo, que deseja que possamos rir juntos mais vezes. Eu queria sentir isso por todo mundo. Pra mim é isso que é ter um amigo.
Então eu fui até a Ixa e a abracei. Eu precisava que ela soubesse que eu gosto dela de verdade de verdade. Que eu queria que ela sentisse de verdade o quanto a gente queria dar de aniversário pra ela a felicidade de ter bons amigos.
Mesmo que semana retrasada eu quisesse xingar e dizer porra larga do meu pé, eu quero sair com outras pessoas de vez em quando, quando eu escolho encontrar essas pessoas eu escolho de verdade. Eu me diverti infinito.
Quinta teve muita coisa boa, eu estava já me sentindo bem pior mas consegui notícias boas que me fizeram pular de alegria, resolvi uns problemas que estavam consumindo toda a minha energia, e além disso o almoço com o Tássio foi legal — eu sempre me surpreendo com as coisas que temos em comum, e as diferenças gritantes do outro lado.
Ele me lembrou de uma outra alegria de escrever: essa que as palavras nos dão quando escolhem trabalhar com a gente para criar algo bonito. Eu lembrei de como eu queria escrever livros infantis e livros de poemas para celebrar a beleza das palavras.
Havia uma árvore incrível em cima de mim.
Também foi um dia de mudança e descoberta.
Finalmente, assistimos Dr. Horrible SingAlong Blog e demos umas risadas. A aula de Estatística, com meu professor gaúcho fantástico, não foi nada ruim também.
— Fatorial de menos-um é que nem gaúcho viado: não existe! Agora deixa eu pegar esse rosa macho... Não é qualquer rosa, não... pra escrever a conclusão...
E outra coisa também: estou começando a me entender com a minha Lôba. Por enquanto só o que consigo é alternar uma agressividade intensa com uma calma quanse depressiva, mas em um ou outro momento eu consigo algo mais... Algo como a Criadora.
Preciso me estender mais nesse assunto.
Quem sabe em outro post.
Dormir ou escrever?
Eu quero desabafar, eu acho.
Mas desabafar o quê?
Não estou sofrendo de amor, não estou brigando com ninguém.
Eu sei lá.
Eu queria estar lá fora, bebendo num bar com uns amigos, mas não.
Eu não poderia movimentar tantas peças pra depois ficar me contorcendo num canto, me sentindo enjoada e cansada.
Não sei como não bati o carro (aliás acho que quase bati o carro).
Não sei como me deixaram dirigir.
Olho pras coisas e não entendo nada.
Se pá a vida passa muito depressa e eu me distraio com uma borboleta e quando me dou conta perdi o fio da meada.
Estranho como a vida passa depressa e toda vez que algo novo acontece eu sinto como se cada vez menos fosse a minha vida.
Mas de que me importa de quem é esta vida? Eu estou vivendo, as coisas acontecem, as coisas mudam, é só isso.
Pequenas chaves estão mudando do impossível para o possível, com freqüência.
Algumas coisas mudam de importância.
Qual será a próxima surpresa?
Às vezes eu me surpreendo tanto com uma coisa que acontece que não consigo lembrar direito do que aconteceu a menos que eu pare pra pensar.
A sensação é essa: se isso não aconteceu, então como eu posso ter essas lembranças?
Ou então (depois de um tempo) aquilo vira tão natural que tudo o que acontecia antes parece bizarro.
Você se lembra de mamãe vestindo suas meias? Eu sim. Eu lembro.
Talvez os dias anteriores tenham sido tão bizarros que este dia relativamente normal me pareceu totalmente estranho.
Ou talvez tenha sido um dia estranho mesmo, dada toda a espera, a fome, meu corpo se recusando a fazer o que deveria, o Alex indo com a gente pro CM, o Dr. Horrible, a minha inesperada disposição para romper a sutileza, etc.
Se: e se?
Eu não sei, eu não quero ter mêdo, mas sempre tem alguma coisa.
Eu queria que as coisas de repente estalassem e começassem a fazer sentido.
Tudo parece tão certo e tão errado.
Eu deito na cama e vem aquele monte de dúvidas (que a gente tem quando trabalha como artista)
Talvez hoje tenha sido um dia estranho, ou talvez o dia tenha sido normal e eu tenha me cansado dessa normalidade. Tudo pode ser tão mais inexplicável. Tudo pode desaparecer. É fácil.
Não foi um dia ruim, tive momentos adoráveis, até me diverti. Mas sei lá. Alguns momentos foram mais incríveis que outros, mas alguns foram bem pouco interessantes.
Eu fiz tudo errado? Eu dei valor às coisas erradas? Eu me distraí?
Quem sou eu?
Mas desabafar o quê?
Não estou sofrendo de amor, não estou brigando com ninguém.
Eu sei lá.
Eu queria estar lá fora, bebendo num bar com uns amigos, mas não.
Eu não poderia movimentar tantas peças pra depois ficar me contorcendo num canto, me sentindo enjoada e cansada.
Não sei como não bati o carro (aliás acho que quase bati o carro).
Não sei como me deixaram dirigir.
Olho pras coisas e não entendo nada.
Se pá a vida passa muito depressa e eu me distraio com uma borboleta e quando me dou conta perdi o fio da meada.
Estranho como a vida passa depressa e toda vez que algo novo acontece eu sinto como se cada vez menos fosse a minha vida.
Mas de que me importa de quem é esta vida? Eu estou vivendo, as coisas acontecem, as coisas mudam, é só isso.
Pequenas chaves estão mudando do impossível para o possível, com freqüência.
Algumas coisas mudam de importância.
Qual será a próxima surpresa?
Às vezes eu me surpreendo tanto com uma coisa que acontece que não consigo lembrar direito do que aconteceu a menos que eu pare pra pensar.
A sensação é essa: se isso não aconteceu, então como eu posso ter essas lembranças?
Ou então (depois de um tempo) aquilo vira tão natural que tudo o que acontecia antes parece bizarro.
Você se lembra de mamãe vestindo suas meias? Eu sim. Eu lembro.
Talvez os dias anteriores tenham sido tão bizarros que este dia relativamente normal me pareceu totalmente estranho.
Ou talvez tenha sido um dia estranho mesmo, dada toda a espera, a fome, meu corpo se recusando a fazer o que deveria, o Alex indo com a gente pro CM, o Dr. Horrible, a minha inesperada disposição para romper a sutileza, etc.
Se: e se?
Eu não sei, eu não quero ter mêdo, mas sempre tem alguma coisa.
Eu queria que as coisas de repente estalassem e começassem a fazer sentido.
Tudo parece tão certo e tão errado.
Eu deito na cama e vem aquele monte de dúvidas (que a gente tem quando trabalha como artista)
Talvez hoje tenha sido um dia estranho, ou talvez o dia tenha sido normal e eu tenha me cansado dessa normalidade. Tudo pode ser tão mais inexplicável. Tudo pode desaparecer. É fácil.
Não foi um dia ruim, tive momentos adoráveis, até me diverti. Mas sei lá. Alguns momentos foram mais incríveis que outros, mas alguns foram bem pouco interessantes.
Eu fiz tudo errado? Eu dei valor às coisas erradas? Eu me distraí?
Quem sou eu?
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Isso doeu.
Eu não faço isso só por mim. Eu faço isso porque eu acredito. Pelo menos essa parte de mim não é hipócrita. Eu dei o que tinha que dar, eu pedi o que tinha que pedir. O resto são impossibilidades.
Alguns sonhos morrem antes de voar.
Quando o Jesus perguntou se eu trocaria minha vida pela de outra pessoa eu pensei "Sim! Eu poderia ser tão mais feliz se eu fosse outra pessoa!"; mas então eu pensei melhor e pensei que não. Isso é errado. Eu poderia talvez ser mais feliz, mas eu não quero ser feliz, eu quero ser eu. Se eu não for eu, ninguém mais será. Ninguém vai escrever meus livros, ninguém vai entoar meus uivos. Ninguém vai tocar minhas ávores e brincar com meu gato como eu brinco. Ninguém vai terminar os meus poemas. Ninguém vai se emocionar quando lê o nome de Raksha, ninguém vai abraçar os meus amigos exatamente da mesma forma que eu. Eu não faço isso pelo prazer, eu faço pela liberdade.
Eu quero saber qual é a essência da vida, e eu sei que não é abaixar a cabeça; eu sei que existe mais entre o tudo e o nada do que o que podemos ver quando ficamos parados. Eu...
Eu admito que sem sempre quero dizer o que digo. Mas minha alma está aqui; eu me esforço ao máximo para dizer o que me vai pela alma.
Eu não posso sempre ser boa, mas eu me esforço muito para retribuir a confiança que algumas pessoas têm em mim. Eu me esforço para estar à altura das pessoas que esperam algo de mim.
Eu também faço isso com uma paixão de explorador. Eu quero singrar os mares, conhecer novos povos. Estou disposta a largar algumas coisas por causa disso.
Mas, é claro: não estou disposta a abrir mão de amar.
É tudo uma questão de olhada no mundo.
Alguns sonhos morrem antes de voar.
Quando o Jesus perguntou se eu trocaria minha vida pela de outra pessoa eu pensei "Sim! Eu poderia ser tão mais feliz se eu fosse outra pessoa!"; mas então eu pensei melhor e pensei que não. Isso é errado. Eu poderia talvez ser mais feliz, mas eu não quero ser feliz, eu quero ser eu. Se eu não for eu, ninguém mais será. Ninguém vai escrever meus livros, ninguém vai entoar meus uivos. Ninguém vai tocar minhas ávores e brincar com meu gato como eu brinco. Ninguém vai terminar os meus poemas. Ninguém vai se emocionar quando lê o nome de Raksha, ninguém vai abraçar os meus amigos exatamente da mesma forma que eu. Eu não faço isso pelo prazer, eu faço pela liberdade.
Eu quero saber qual é a essência da vida, e eu sei que não é abaixar a cabeça; eu sei que existe mais entre o tudo e o nada do que o que podemos ver quando ficamos parados. Eu...
Eu admito que sem sempre quero dizer o que digo. Mas minha alma está aqui; eu me esforço ao máximo para dizer o que me vai pela alma.
Eu não posso sempre ser boa, mas eu me esforço muito para retribuir a confiança que algumas pessoas têm em mim. Eu me esforço para estar à altura das pessoas que esperam algo de mim.
Eu também faço isso com uma paixão de explorador. Eu quero singrar os mares, conhecer novos povos. Estou disposta a largar algumas coisas por causa disso.
Mas, é claro: não estou disposta a abrir mão de amar.
É tudo uma questão de olhada no mundo.
terça-feira, 20 de abril de 2010
Livro Um: Fera
"I was a wolfness in those dead days
and I thought only of mates and preys"
Eu não sei se é muito decente eu falar sobre o que aconteceu comigo nos últimos dias. Eu poderia guardar tudo pra mim, me contentar em escrever num diário, e quem sabe daqui a cinqüenta anos confessar para meus filhos que um dia eu me tornei uma fera...
É claro que eu não vou fazer isso. Eu nunca fiz. Pra mim, minha imagem pública não é tão importante quanto a comunicação. Mamãe talvez dissesse que eu poderia falar dessas coisas com meus amigos mais íntimos, mas será que eu teria coragem? Meus amigos mais íntimos são tão íntimos assim? Hell, há coisas que eu não consigo contar para pessoa alguma, não sem muito muito esforço. Ultimamente não tenho contado tudo nem ao Di, que era meu melhor amigo. É que há coisas dentro de mim que me deixam meio nervosa. Bom, ao assunto:
Descobri muitas coisas novas sobre mim estes dias. Por exemplo, descobri que eu não sou racional. Nada do que faço é derivado de uma conclusão racional. O máximo de racionalidade que eu consigo manter é: já que meus instintos estão pedindo tão intensamente por isso, o mais sensato é obedecer. Eu preciso de emoções, de intuições, para me dizer para onde ir. O pensamento define apenas o como.
Descobri também que eu posso ser outra coisa. Uma coisa que sente com os dentes, não com os olhos. Uma coisa que quer com os dentes, não com o estômago. Uma coisa que vê através de cheiros, que não vê céu, só carne. Uma coisa que tem olhos voltados para a frente para melhor perseguir a presa.
É incrível como de repente todas as coisas perderam a importância. Eu esqueci a prova de terça, eu esqueci o EP pra semana que vem. Eu esqueci a matéria que eu queria fazer e até a necessidade de subir em árvores — essa sim é a parte mais assustadora.
No domingo eu ainda conseguia querer desesperadamente velejar. No domingo à noite, nem o vento importava.
Eu fui uma lôba por quatro dias
Mordi o silêncio e cacei sozinha
Larguei minha mente e o meu dever
Meu celular também sempre escreve "quero te ter". Eu não escrevi nada nesses dias que não quisesse dizer quero te ter. Eu mordi o ar e engoli saliva tentando conter minha fome. Eu arreganhei os dentes quando você se aproximou... Eu rosnei, num anúncio, quando soube que te teria.
I was a wolfness again one day
I felt alive when I scented "prey"
My preys were trying to hunt me too...
But I'm no kill — I'm not for you
Este texto parece louco, mas não tão louco quanto eu me senti! Eu era uma fera! A god of old! They spoke of me, all tales told! Eu que me preocupo tanto com o céu e o chão, eu andei de cabeça erguida, sempre olhando e procurando, sempre à caça.
My claws were keen to cut
My teeth were keen to kill
And all the creatures great and small
Were subject to my will
Eu te assustei quando rosnei pra você? É o que eu me pergunto? Minhas lembranças estão um pouco confusa, porque toda a minha mente estava concentrada em um ponto só. Eu nunca soube que seria obcessiva. Eu me assustei com a minha fúria. Como todos os meus pensamentos continham as palavras Caça, Fome, Corpo, Dentes. Ah, é, estou falando sobre Sexo. É claro que é só por isso que eu não deveria estar escrevendo isto aqui. Não é educado falar tão abertamente sobre sexo. Mas como não falar?
As outras coisas da vida foram perdendo gradativamente a impôrtância. Primeiro desapareceu tudo o que era inteiramente intelectual, como os estudos. Em Ibiúna eu já estava plenamente dedicada às emoções físicas: ousei mais do que nunca no wakeboard e senti arrepios de alegria quando me agachei na prancha e pus a mão na água que passava rápida ao meu redor. Dirigi a lancha como um homem dirigindo um carro foda. Senti o peso da moto embaixo de mim. Bebi uma cuba livre e me assustei com o gosto do álcool, subitamente muito consciente do quanto eu precisava me controlar. Dancei. Sequer me incomodei com as insinuações dos mais velhos sobre nós. Eu estava cedendo cada vez mais aos instintos, e a qualquer momento qualquer coisa podia ser verdade. Olhando pra trás, é incrível como eu estava me comportando bem.
Quando cheguei em casa a consciência da minha obcessão já era dolorosa. Aquilo tinha me afligido a semana inteira, mas de repente era uma necessidade. Eu precisava sair, eu precisava de ar puro. Meus pensamentos não eram sobre isso, meus pensamentos maquinavam armadilhas, procuravam a melhor forma de te atrair, de te enganar, de te aprisionar entre minhas garras. Eu precisava de algo que me distraísse, de risadas, de álcool, de pessoas. Duas forças lutaram dentro de mim: uma queria amigos, e outra queria presas.
Segunda foi ainda pior porque eu encontrei pessoas com as quais eu queria construir uma amizade. Eu estava me sentindo mal, talvez de fome, de sono (eu não conseguira dormir mais de cinco horas), da consciência de que teria que usar aparelho por um tempo, e principalmente da fúria que ainda queimava, faminta, dentro de mim. O mundo parecia tão frio! Quase não ouvi a aula, tão concentrada que estava em me manter longe do homem ao meu lado. A pior parte de mim não conseguia apreciar a vida se não estivesse caçando. Me impressionei com meus comentários mau-humorados; fugi no meio da segunda aula, fui encontrar o Bruno. No fundo, eu ia pedir ajuda pra ele. Mas não sei se não seria só uma ajuda na minha caçada.
Foi uma noite boa, eu acho, que acabou muito cedo. Se... (...)
Então na terça eu tive um lampejo de lucidez e lembrei do Diogo. Não, eu não tinha esquecido do meu namorado. Eu só tinha esquecido, como acontece com freqüência, de como ele me faz bem. Aquilo estava indo longe demais e eu precisava de um pouco de paz. Eu precisava conseguir lembrar das minhas prioridades. Então eu (...) o encontrei no CM e o abracei forte. Sempre me surpreendo com o efeito dele sobre mim. Senti a febre baixar, senti a fome se acalmando conforme eu o apertava, me encolhia no abraço dele, me deixava proteger. Lembrei das coisas que eu tinha esquecido, começando pelo amor. Eu precisava dele. O abraço de qualquer outro homem (eu acho) me deixaria apenas mais faminta. O beijo de qualquer outro homem apenas atiçaria minha voracidade. O abraço dele me deixou lúcida. O beijo dele começou a me saciar. Eu pedi pra ele me obrigar a ir embora ou eu não iria nunca.
A pessoa que eu poderia ser se eu decidisse ficar solteira me fascina e me assusta. Uma parte muito grande me mim se deliciou com todos os meus pensamentos e ações lupinas. Quando eu me afastei do Diogo, senti um alívio tremendo por poder controlar que tipo de coisa eu ia fazer. Por poder achar as árvores bonitas, por poder me interessar pelos meus estudos. No final do dia, eu me assustei com tudo o que eu tinha protelado quando minha mente estava voltada para a caça. Mas também senti falta: o poder que amanava dos meus impulsos... Mesmo a ferocidade que eu desenvolvera...
Eu não sabia que eu tinha isso em mim: essa coisa em mim que age não por amor, mas por fome; não com carinho, mas com fúria. Eu já havia sentido em mim uma fera que está sempre agitada, mas... mas nunca imaginei que ela pudesse ser tão violenta. Não sabia que ia ser tão difícil contê-la. E uma parte de mim, uma parte daquele lado negro de mim, se pergunta se eu deveria ter mesmo me contido. Outra parte acha que eu nem tentei conter, na maior parte do tempo. Que eu só estava com mêdo demais para ceder.
...agora, alguns daqueles meus impulsos me parecem simplesmente idiotas.
Acho que eu devia tentar encontrar uma forma de associar esses meus dois lados. A auto-confiança, objetividade e inteligência da lôba com a temperança, tranqüilidade e abertura da humana? Mas, de alguma forma, eu suspeito que a lôba em mim não aceite ser domada. Eu não sei até que ponto para conseguir sua força eu precisaria... alimentá-la.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Gather weary travellers,
I have a tale to tell: it might just save your lives but only if you listen well, for there before the breakers, and just around the way, there's a sign that says "Beware the beast of pirate's bay"
Well, don't you sail and don't you row
And certainly don't you swim!
For if you are uncarefull you'll end up inside of him
He'll eat you up and spit you out — you better stay away...
Heed the sign that says "Beware
The beast of pirate's bay!"
Well, don't you sail and don't you row
And certainly don't you swim!
For if you are uncarefull you'll end up inside of him
He'll eat you up and spit you out — you better stay away...
Heed the sign that says "Beware
The beast of pirate's bay!"
Quando.
Eram passos escuros
Como se eram sombras
Haviam dentes
Havia dentição
e mordedura
Eram os olhos rubros
Era outra era
Agora
Havia fome vera, engolidora
Quando eu
Não se era então
Dever, devorar
Não se pensava então
O que não se pensa não se come
Comer, mastigar
Era.
Havia riso.
Era tudo muito doce e muito
Preso
Era tudo vôo, mas.
Mas:
Onde não há caça não há presa
Onde não há presa não há terra
Onde não há terra não se explora
Onde não se explora não se.
Tudo vôo só céu.
Acho
Um beijo
Havia presas, sangue dos lábios
Um sonho é como ser tudo
Ter-poder
tudo.
Quando.
Um rosnado de fome
De vitória
De raiva antecipação
Fulva
Ígnea.
"Esta é a minha presa."
Quando:
Próximo
Concienciosamente
Toca
Um...
R
Como se eram sombras
Haviam dentes
Havia dentição
e mordedura
Eram os olhos rubros
Era outra era
Agora
Havia fome vera, engolidora
Quando eu
Não se era então
Dever, devorar
Não se pensava então
O que não se pensa não se come
Comer, mastigar
Era.
Havia riso.
Era tudo muito doce e muito
Preso
Era tudo vôo, mas.
Mas:
Onde não há caça não há presa
Onde não há presa não há terra
Onde não há terra não se explora
Onde não se explora não se.
Tudo vôo só céu.
Acho
Um beijo
Havia presas, sangue dos lábios
Um sonho é como ser tudo
Ter-poder
tudo.
Quando.
Um rosnado de fome
De vitória
De raiva antecipação
Fulva
Ígnea.
"Esta é a minha presa."
Quando:
Próximo
Concienciosamente
Toca
Um...
R
domingo, 18 de abril de 2010
Desejos horrivelmente objetivos
Ontem eu estava conversando com o Ugo sobre como eu basicamente uso minha inteligência a serviço de metas estipuladas pelas minhas emoções e intuições. Inclusive, se eu não consigo sentir qual a opção certa eu tendo a não fazer nenhuma opção. É terrível. Em geral eu faço muita bobagem porque meus desejos são incrivelmente confusos e contraditórios e eu ora vou para um lado, ora para o outro. Ultimamente tenho sofrido de um outro mal:
Meus desejos estão se tornando terrivelmente objetivos. Eles não se contradizem mais, na verdade eles sequer se interagem. Estão virando obcessões, daquelas bem feias. Há coisas nas quais eu não consigo parar de pensar. Coisas e pessoas. E há limitações por todos os lados que não me permitem descobrir como saciar esses desejos, nem como me livrar deles.
Me sinto uma idiota. E uma idiota sem muita dignidade, inclusive. Daqui a pouco vou perder toda a discrição também.
Que merda. Preciso de uns amigos, umas amigas, talvez uma caipirinha, umas risadas.
Meus desejos estão se tornando terrivelmente objetivos. Eles não se contradizem mais, na verdade eles sequer se interagem. Estão virando obcessões, daquelas bem feias. Há coisas nas quais eu não consigo parar de pensar. Coisas e pessoas. E há limitações por todos os lados que não me permitem descobrir como saciar esses desejos, nem como me livrar deles.
Me sinto uma idiota. E uma idiota sem muita dignidade, inclusive. Daqui a pouco vou perder toda a discrição também.
Que merda. Preciso de uns amigos, umas amigas, talvez uma caipirinha, umas risadas.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Estar apaixonado
Lembro de uma vez estar sentada no colo do meu namorado, os braços dele à minha volta, e de olhar o cara por quem eu estava apaixonada bem na minha frente. Lembro de pensar que eu só precisava me esticar um pouco, me mover um nada, eu estenderia a mão e tocaria nele. Apenas tocar nele seria um ato mágico, era como se as coisas dependessem apenas disso, e as peças se encaixariam perfeitamente no momento em que eu tocasse nele e ele olhasse nos meus olhos.
Vocês não podem se lembrar disso, vocês não estavam lá. Mesmo meu namorado na época não estava lá, não, você não fazia parte daquela história, você não sabia o que estava acontecendo, você era uma parte do cenário (talvez ele fosse também), e essa era uma história que só existia para mim. Mas era uma bela história.
Pensando bem, havia alguma coisa entre nós, acho que era uma fogueira; sim, era uma fogueira: lembro de pensar que era só isso, me soltar do abraço do meu amor, atravessar o fogo e chegar até ele. Lembro claramente da sensação que me dava pensar que ele estava tão perto que podia chegar a ele num segundo, antes que ninguém percebesse. A sensação de liberdade.
Sabe aquela cena de desenho animado em que a câmera está em primeira pessoa e essa primeira pessoa estica a mão em direção a algo, então percebe que está fora de alcance e dobra ligeiramente o braço e os dedos? Eu fiz exatamente isso. No instante exato eu desisti do meu plano, engoli minha paixão. Tentei me convencer dos meus ideais nobres, de que eu tinha um namorado e não podia magoá-lo, de que eu não podia traí-lo, etc — na verdade acho que eu só não queria fazer um escândalo. Naquela hora eu já tinha admitido para mim mesma que o queria, que não podia negar isso: já tinha sussurrado para mim mesma o nome dele em voz alta. Acho que pensei no que as pessoas iam pensar: no que meus amigos iam dizer, eles que sempre tinham tanto a acusar. Mas pior ainda foi pensar nos amigos dele, aqueles que eu não conhecia o suficiente pra entender, e talvez... sim, sem dúvida eu tinha mêdo do que ele diria. E se o toque não fosse tão mágico quanto eu imaginava?
Entretanto mesmo se não o toquei naquela hora, mesmo se a dúvida me amarrou ao meu lugar, eu ainda o desejei, mesmo nos braços do meu amor. Eu seguia seus passos, meus olhos como uma sombra. Lembro de passar a manhã toda olhando para ele, na esperança de que ele me desse um sorriso. Lembro com clareza cada sorriso e como toda vez eu achava que isso era um sinal de que ele gostava de mim, para em seguida me repreender por alimentar esperanças. Lembro mais intensamente ainda dos sonhos, e de acordar desapontada por ele não estar mais ali, trabalhando ao meu lado, conversando ou às vezes só me olhando: eu tinha sonhos que eram só uma longa troca de olhares. Eu lembro de fazer um desenho dele, de escrever poemas sobre ele. Eu lembro de como a voz dele me fazia tremer, de como o cheiro dele me deixava completamente inútil. Tudo isso durou apenas uns poucos meses, mas foram muitos dias de doçura flutuante alternada com dúvidas atrozes.
Algumas vezes na minha vida eu me perguntei se eu era uma má pessoa por eu ter ido tão longe na minha fantasia. Talvez eu seja até certo ponto uma felina cujas garras lanham o coração dos homens, mas se eu espalhei muita dor, também espalhei prazer. E acho que aqueles que se sentem capazes de condenar meus pensamentos naquele momento são as que não entendem a beleza inebriante de se estar apaixonado. Quando eu lembro dessas coisas, eu sei que eu sofri muito, e que houve muita dor ao meu redor, mas eu escolho lembrar das coisas boas, daquela leveza que havia em meu coração mesmo quando o remorso, a indecisão e as faltas todas me faziam arrastar os pés no chão, cabisbaixa.
A paixão é uma loucura. A paixão é uma corrente libertadora, pois faz todas as outras coisas parecerem sem importância. Eu lembro de perder aulas e esquecer de fazer trabalhos finais porque não conseguia me concentrar em mais nada. Às vezes era a dor, outras era a euforia que me distraía. Como era bom seguir com os olhos os movimentos dele com os olhos, apenas por ver seu corpo se mexendo! A paixão faz tudo parecer passageiro e sem importância. É muito difícil lembrar das outras coisas da vida quando aquela pessoa está ali, consumindo todos os seus pensamentos. Quando você está triste, sempre espera que ele lhe conforte; quando está feliz, quer dar essa alegria a ele. A vida não precisa de um sentido se você está apaixonado. Até a dor, no auge do sofrimento amoroso, não precisa de razão: tudo faz sentido para quem está apaixonado. As peças fundamentais da minha vida se encaixaram quando o Charles disse: "eu não acho mais que estar apaixonado é uma coisa ruim". Se eu pudesse mostrar a todas as pessoas essa mesma coisa, por mais infinito doloroso que fosse todo o processo, isso me faria sentir que eu ganhei o jogo da vida (...!).
Talvez... talvez tenha havido mais do que o que eu consigo expressar aqui. Eu provavelmente poderia fazer um conjunto de contos água-com-açúcar chamado "Minha histórias de amor". Há tanta doçura para lembrar: os primeiros beijos, uns finais de tarde.. As histórias parecem mais doces quando vistas fora de contexto — acho que meus sentimentos sempre estiveram descontextualizados. Dentro do contexto, elas ficam mais... interessantes, mas aí não funcionariam mais como um livro de contos; talvez como um romance, mas não tão adorável e mais cheio de aporrinhações. É claro que eu prefiro lembrar dos contos: a chuva na pele, o toque das mãos, o amor. Alguns contos são infantis, outros são mais adultos. Alguns englobam apenas um final de tarde, outros se esticam até a manhã seguinte, outros se espalham por semanas de segredo e delícia. Você pode até dizer, se quiser, que quase todos os contos, se se estendessem na história real, acabariam em raiva ou dor. Talvez. Mas quem se importa? Eu estava lá, eu vi, eu chorei também. Hoje eu sinto saudade dos dias bons. Eu penso às vezes nos maus, mas não importa. Mesmo nos nossos piores momentos, havia um sentido ali, se construindo. Espero que aqueles que viveram os outros vários lados das minhas histórias também consigam perceber pelo menos isso: que mesmo nos piores momentos havia um sentido ali. Daqui a cinqüenta anos, eu vou olhar todas as minhas sacanagens e pensar, "ah, que se dane! Pelo menos eu vivi. Pelo menos eu segui meu coração. Pelo menos nós vivemos isso intensamente, da melhor forma que pudemos." Eu quero que mais pessoas no mundo consigam sentir isso também: que mesmo depois do desespero, ainda resta a alegria daquele momento perfeito.
Um momento em que tenho pensado muito ultimamente aconteceu num dia seguinte. Ele, que tinha insistido tanto na casualidade, na falta de amor, aproveitou um momento em que os outros estavam dormindo e me deu um abraço, entre gracejos sarcásticos. Eu não olhei em seus olhos. Eu senti seu cheiro. Eu pensei em tudo o que ele dissera e me lembro de ter pensado que pelo menos aquela frieza toda era falsa. Pelo menos isso. Foi um bom abraço.
Vocês não podem se lembrar disso, vocês não estavam lá. Mesmo meu namorado na época não estava lá, não, você não fazia parte daquela história, você não sabia o que estava acontecendo, você era uma parte do cenário (talvez ele fosse também), e essa era uma história que só existia para mim. Mas era uma bela história.
Pensando bem, havia alguma coisa entre nós, acho que era uma fogueira; sim, era uma fogueira: lembro de pensar que era só isso, me soltar do abraço do meu amor, atravessar o fogo e chegar até ele. Lembro claramente da sensação que me dava pensar que ele estava tão perto que podia chegar a ele num segundo, antes que ninguém percebesse. A sensação de liberdade.
Sabe aquela cena de desenho animado em que a câmera está em primeira pessoa e essa primeira pessoa estica a mão em direção a algo, então percebe que está fora de alcance e dobra ligeiramente o braço e os dedos? Eu fiz exatamente isso. No instante exato eu desisti do meu plano, engoli minha paixão. Tentei me convencer dos meus ideais nobres, de que eu tinha um namorado e não podia magoá-lo, de que eu não podia traí-lo, etc — na verdade acho que eu só não queria fazer um escândalo. Naquela hora eu já tinha admitido para mim mesma que o queria, que não podia negar isso: já tinha sussurrado para mim mesma o nome dele em voz alta. Acho que pensei no que as pessoas iam pensar: no que meus amigos iam dizer, eles que sempre tinham tanto a acusar. Mas pior ainda foi pensar nos amigos dele, aqueles que eu não conhecia o suficiente pra entender, e talvez... sim, sem dúvida eu tinha mêdo do que ele diria. E se o toque não fosse tão mágico quanto eu imaginava?
Entretanto mesmo se não o toquei naquela hora, mesmo se a dúvida me amarrou ao meu lugar, eu ainda o desejei, mesmo nos braços do meu amor. Eu seguia seus passos, meus olhos como uma sombra. Lembro de passar a manhã toda olhando para ele, na esperança de que ele me desse um sorriso. Lembro com clareza cada sorriso e como toda vez eu achava que isso era um sinal de que ele gostava de mim, para em seguida me repreender por alimentar esperanças. Lembro mais intensamente ainda dos sonhos, e de acordar desapontada por ele não estar mais ali, trabalhando ao meu lado, conversando ou às vezes só me olhando: eu tinha sonhos que eram só uma longa troca de olhares. Eu lembro de fazer um desenho dele, de escrever poemas sobre ele. Eu lembro de como a voz dele me fazia tremer, de como o cheiro dele me deixava completamente inútil. Tudo isso durou apenas uns poucos meses, mas foram muitos dias de doçura flutuante alternada com dúvidas atrozes.
Algumas vezes na minha vida eu me perguntei se eu era uma má pessoa por eu ter ido tão longe na minha fantasia. Talvez eu seja até certo ponto uma felina cujas garras lanham o coração dos homens, mas se eu espalhei muita dor, também espalhei prazer. E acho que aqueles que se sentem capazes de condenar meus pensamentos naquele momento são as que não entendem a beleza inebriante de se estar apaixonado. Quando eu lembro dessas coisas, eu sei que eu sofri muito, e que houve muita dor ao meu redor, mas eu escolho lembrar das coisas boas, daquela leveza que havia em meu coração mesmo quando o remorso, a indecisão e as faltas todas me faziam arrastar os pés no chão, cabisbaixa.
A paixão é uma loucura. A paixão é uma corrente libertadora, pois faz todas as outras coisas parecerem sem importância. Eu lembro de perder aulas e esquecer de fazer trabalhos finais porque não conseguia me concentrar em mais nada. Às vezes era a dor, outras era a euforia que me distraía. Como era bom seguir com os olhos os movimentos dele com os olhos, apenas por ver seu corpo se mexendo! A paixão faz tudo parecer passageiro e sem importância. É muito difícil lembrar das outras coisas da vida quando aquela pessoa está ali, consumindo todos os seus pensamentos. Quando você está triste, sempre espera que ele lhe conforte; quando está feliz, quer dar essa alegria a ele. A vida não precisa de um sentido se você está apaixonado. Até a dor, no auge do sofrimento amoroso, não precisa de razão: tudo faz sentido para quem está apaixonado. As peças fundamentais da minha vida se encaixaram quando o Charles disse: "eu não acho mais que estar apaixonado é uma coisa ruim". Se eu pudesse mostrar a todas as pessoas essa mesma coisa, por mais infinito doloroso que fosse todo o processo, isso me faria sentir que eu ganhei o jogo da vida (...!).
Talvez... talvez tenha havido mais do que o que eu consigo expressar aqui. Eu provavelmente poderia fazer um conjunto de contos água-com-açúcar chamado "Minha histórias de amor". Há tanta doçura para lembrar: os primeiros beijos, uns finais de tarde.. As histórias parecem mais doces quando vistas fora de contexto — acho que meus sentimentos sempre estiveram descontextualizados. Dentro do contexto, elas ficam mais... interessantes, mas aí não funcionariam mais como um livro de contos; talvez como um romance, mas não tão adorável e mais cheio de aporrinhações. É claro que eu prefiro lembrar dos contos: a chuva na pele, o toque das mãos, o amor. Alguns contos são infantis, outros são mais adultos. Alguns englobam apenas um final de tarde, outros se esticam até a manhã seguinte, outros se espalham por semanas de segredo e delícia. Você pode até dizer, se quiser, que quase todos os contos, se se estendessem na história real, acabariam em raiva ou dor. Talvez. Mas quem se importa? Eu estava lá, eu vi, eu chorei também. Hoje eu sinto saudade dos dias bons. Eu penso às vezes nos maus, mas não importa. Mesmo nos nossos piores momentos, havia um sentido ali, se construindo. Espero que aqueles que viveram os outros vários lados das minhas histórias também consigam perceber pelo menos isso: que mesmo nos piores momentos havia um sentido ali. Daqui a cinqüenta anos, eu vou olhar todas as minhas sacanagens e pensar, "ah, que se dane! Pelo menos eu vivi. Pelo menos eu segui meu coração. Pelo menos nós vivemos isso intensamente, da melhor forma que pudemos." Eu quero que mais pessoas no mundo consigam sentir isso também: que mesmo depois do desespero, ainda resta a alegria daquele momento perfeito.
Um momento em que tenho pensado muito ultimamente aconteceu num dia seguinte. Ele, que tinha insistido tanto na casualidade, na falta de amor, aproveitou um momento em que os outros estavam dormindo e me deu um abraço, entre gracejos sarcásticos. Eu não olhei em seus olhos. Eu senti seu cheiro. Eu pensei em tudo o que ele dissera e me lembro de ter pensado que pelo menos aquela frieza toda era falsa. Pelo menos isso. Foi um bom abraço.
terça-feira, 13 de abril de 2010
Contatos no Blogger
Este foi um fim de semana muito divertido. Encontrei gente de quem eu sentia saudades. Tive conversas interessantes. Queria que mais fins de semana fossem assim. Bem, talvez não todos, porque tive pouquíssimo tempo com a família, e tive que dividir esse tempo com alguns amigos, que me pareceram insatisfeitos com a situação. Mas vou falar sbre isso depois.
Uma coisa que eu achei engraçado foi a curiosidade recíproca de vocês dois. Na sexta encontrei o Rafael e ele me perguntou algumas vezes quem era esse tal de Peçanha Leitão, e no sábado o Márcio perguntou, com praticamente o mesmo tom de voz, quem era essa tal de Rafael F. Estando aqui no nosso ponto de encontro comum, me sinto meio ridícula. É ridícula toda a apresentação de conhecidos; me sinto numa festa formal. Mas é interessante, socialmente, eu acho. E de forma alguma inútil.
Eu não soube descrever os dois, como eu saberia descrever minha pequena blogcomunidade? Este é o Yuri, fomos inseparáveis no colegial e agora que nos falamos menos só consigo entender o que ele fala se for com as emoções. Este é o Ugo, nos conhecemos desde que ele (ok, e eu) era um pirralho e nos tornamos algo como irmãos nos últimos tempos, mas eu ainda tenho dificuldade pra entender o que ele pensa, apesar de que vale a pena discutir com ele. Este é o Bruno, um dos meus amigos mais próximos, ele é genial, imprevisível e freqüentemente muito engraçado, mas está sempre tendendo para pensamentos sérios e negros demais. Este é o Márcio,... você precisa conversar com ele pra saber, é claro; ele faz mais coisas do que me parece possível, insere ora gracejos ora discussões sociológicas em tudo e obviamente dá muito valor ao seu senso estético. Este é o Dobz, ele é um mistério pra mim, mas é um bom amigo, é inteligente pacas e tudo o que ele se dá ao trabalho de publicar é interessante. Esta é Talita, ela é minha irmã, alguns dos meus amigos têm um pouco de mêdo dela, ela defende ferrenhamente suas convicções quando não está em dúvida, e é a pessoa com quem tenho mais em comum. Este é o Charles, vivi coisas incríveis com ele desde que nos conhecemos há uns sete anos, ele é às vezes meu escritor favorito, na última vez em que o entendi ele perseguia sonhos como Liberdade, Conhecimento, Verdade, Amor, mas não temos nos falado tanto assim. Esta é a Denise, ela gosta de leituras incrivelmente poéticas, mistura poesia e realidade, e foi uma das que foi uma girlfriend pra mim quando eu estava realmente precisando, sem que ela soubesse. Este é o Laerte: eu não o conheço, na verdade, e também não entendo as tiras dele.
Eu escrevi isso tudo e não tenho vontade de apagar mas ainda me sinto meio ridícula. O que são as pessoas. Como descrevê-las? Eu poderia passar horas falando sobre cada pessoa, cada lembrança que tenho dela, cada opinião que tenho sobre ela, cada coisa que ela criou e que já saiu de suas mãos. No final, eu acabo respondendo coisas vagas como "Ah, ele é meu amigo... nos conhecemos em tal lugar, em tal ano... ele faz tal curso e gosta de tal coisa... e tal..." É bastante frustrante. Você sabe que é uma mentira, mas não pode evitar. Como dizer a verdade, sem dizer mais que o necessário? Como fazer a verdade caber em algumas palavras? Isso entra naquela discussão sobre se poderiam haver Nomes Verdadeiros para as pessoas. O que é mais importante? Com certeza não fiz o melhor que pude com essas descrições. Talvez meus amigos inclusive se sintam diminuídos. Mas como explicar, em poucas linhas, como o Yuri mudou minha visão do mundo, do amar, da música, da poesia, da Verdade? Como explicar em claras palavras minha complexa opinião sobre a personalidade do Márcio, que já passou por tantos extremos contrários? Como ser sucinto e sutil, quando se fala de coisas que tem a ver com a alma, de coisas que se eu páro para pensar eu dificilmente entendo, como a amizade, como o gostar? Como descrever uma pessoa, se não se consegue compreender nem questionar o que ela está fazendo ao seu lado? Qualquer descrição puramente objetiva que eu fizesse seria idiota, e provavelmente deixaria de lado o melhor e o mais importante. Por outro lado, uma descrição verdadeira seria pessoal demais, e por isso mesmo seria, sob outro ponto de vista, uma inverdade.
Por outro lado, se eu fosse explicar porque eu leio o que vocês escrevem, provavelmente os fatores pessoais teriam tanta importância quanto os que se aplicariam a outras pessoas. Acho que me interessar pelo que você se interessa em publicar está relacionado com me interessar por quem você é, por que toda escrita é de si para o papel e porque todo leitor quando lê, lê a si mesmo (eu percebo claramente os pontos fracos dessa argumentação, mas não quero entrar neles. mó pregui)
Uma coisa que eu achei engraçado foi a curiosidade recíproca de vocês dois. Na sexta encontrei o Rafael e ele me perguntou algumas vezes quem era esse tal de Peçanha Leitão, e no sábado o Márcio perguntou, com praticamente o mesmo tom de voz, quem era essa tal de Rafael F. Estando aqui no nosso ponto de encontro comum, me sinto meio ridícula. É ridícula toda a apresentação de conhecidos; me sinto numa festa formal. Mas é interessante, socialmente, eu acho. E de forma alguma inútil.
Eu não soube descrever os dois, como eu saberia descrever minha pequena blogcomunidade? Este é o Yuri, fomos inseparáveis no colegial e agora que nos falamos menos só consigo entender o que ele fala se for com as emoções. Este é o Ugo, nos conhecemos desde que ele (ok, e eu) era um pirralho e nos tornamos algo como irmãos nos últimos tempos, mas eu ainda tenho dificuldade pra entender o que ele pensa, apesar de que vale a pena discutir com ele. Este é o Bruno, um dos meus amigos mais próximos, ele é genial, imprevisível e freqüentemente muito engraçado, mas está sempre tendendo para pensamentos sérios e negros demais. Este é o Márcio,... você precisa conversar com ele pra saber, é claro; ele faz mais coisas do que me parece possível, insere ora gracejos ora discussões sociológicas em tudo e obviamente dá muito valor ao seu senso estético. Este é o Dobz, ele é um mistério pra mim, mas é um bom amigo, é inteligente pacas e tudo o que ele se dá ao trabalho de publicar é interessante. Esta é Talita, ela é minha irmã, alguns dos meus amigos têm um pouco de mêdo dela, ela defende ferrenhamente suas convicções quando não está em dúvida, e é a pessoa com quem tenho mais em comum. Este é o Charles, vivi coisas incríveis com ele desde que nos conhecemos há uns sete anos, ele é às vezes meu escritor favorito, na última vez em que o entendi ele perseguia sonhos como Liberdade, Conhecimento, Verdade, Amor, mas não temos nos falado tanto assim. Esta é a Denise, ela gosta de leituras incrivelmente poéticas, mistura poesia e realidade, e foi uma das que foi uma girlfriend pra mim quando eu estava realmente precisando, sem que ela soubesse. Este é o Laerte: eu não o conheço, na verdade, e também não entendo as tiras dele.
Eu escrevi isso tudo e não tenho vontade de apagar mas ainda me sinto meio ridícula. O que são as pessoas. Como descrevê-las? Eu poderia passar horas falando sobre cada pessoa, cada lembrança que tenho dela, cada opinião que tenho sobre ela, cada coisa que ela criou e que já saiu de suas mãos. No final, eu acabo respondendo coisas vagas como "Ah, ele é meu amigo... nos conhecemos em tal lugar, em tal ano... ele faz tal curso e gosta de tal coisa... e tal..." É bastante frustrante. Você sabe que é uma mentira, mas não pode evitar. Como dizer a verdade, sem dizer mais que o necessário? Como fazer a verdade caber em algumas palavras? Isso entra naquela discussão sobre se poderiam haver Nomes Verdadeiros para as pessoas. O que é mais importante? Com certeza não fiz o melhor que pude com essas descrições. Talvez meus amigos inclusive se sintam diminuídos. Mas como explicar, em poucas linhas, como o Yuri mudou minha visão do mundo, do amar, da música, da poesia, da Verdade? Como explicar em claras palavras minha complexa opinião sobre a personalidade do Márcio, que já passou por tantos extremos contrários? Como ser sucinto e sutil, quando se fala de coisas que tem a ver com a alma, de coisas que se eu páro para pensar eu dificilmente entendo, como a amizade, como o gostar? Como descrever uma pessoa, se não se consegue compreender nem questionar o que ela está fazendo ao seu lado? Qualquer descrição puramente objetiva que eu fizesse seria idiota, e provavelmente deixaria de lado o melhor e o mais importante. Por outro lado, uma descrição verdadeira seria pessoal demais, e por isso mesmo seria, sob outro ponto de vista, uma inverdade.
Por outro lado, se eu fosse explicar porque eu leio o que vocês escrevem, provavelmente os fatores pessoais teriam tanta importância quanto os que se aplicariam a outras pessoas. Acho que me interessar pelo que você se interessa em publicar está relacionado com me interessar por quem você é, por que toda escrita é de si para o papel e porque todo leitor quando lê, lê a si mesmo (eu percebo claramente os pontos fracos dessa argumentação, mas não quero entrar neles. mó pregui)
domingo, 11 de abril de 2010
Designer
Hoje eu li o blog da minha irmã e resolvi deixar um comentário. É meio engraçado como mesmo que não nos encontremos ou conversemos tanto assim sinto que nós duas estamos sempre em sincronia. Vivemos coisas diferentes, tomamos decisões diferentes, mas eu quase sempre me identifico muito com o que ela pensa. É meio difícil isso de estar tão próxima de alguém que tem uma vida diferente. Acho que é difícil não querer às vezes estar na pele dela. É claro que sinto esse tipo de coisa em relação a todas as pessoas que admiro, mas é mais freqüente neste caso.
Bom, quando eu fui deixar o comentário eu comecei a chorar. Assim, lágrimas começaram a correr pelo meu rosto, o que eu poderia fazer. O que eu queria dizer era bem simples: eu queria sentir isso também. Eu sinto às vezes. Esse prazer de ser designer. Depois me sinto mal por isso. Porque não. Não mesmo.
O Gil, monitor de computação no Design, fez arquitetura e depois virou programador e agora é designer de software. Eu queria fazer isso. Essa formação que permite que você seja qualquer coisa. Eu quero ser qualquer coisa. Eu quero poder escolher. Deixar a vida me levar, seguir as correntes dos impulsos. Ter sempre em mente o projeto, as pessoas, perseguir a solução.
Eu sinto dor porque eu odeio o curso que eu tentei fazer pra entrar nesse caminho-não-caminho. Eu sofri lá. Eu chorei. Eu não quero mais pensar nisso, a Ixa disse "larga o design e põe uma pedra em cima", eu quero pôr uma pedra em cima e não pensar nisso, dói demais. Não quero lembrar do quanto isso me machuca. Dos piores anos da minha vida, ou pelo menos da última década. Da minha fraqueza. De todas as frustrações, os fracassos, os trabalhos que eu queria jogar no lixo ao invés de entregar, das apresentações que me fizeram me encolher de vergonha. Da inveja. De como se eu tivesse feito outra coisa eu talvez já estivesse me formando, de como eu vou demorar vários anos pra chegar perto de me formar. De como eu falhei em quase todas as matérias de projeto. Botar uma pedra em cima. Disso tudo eu não quero lembrar.
Mas uma parte de mim, a que se recusa a desistir, não quer esquecer. Eu quero lembrar de cada dor, de cada derrota, e me obrigar a ser mais forte por cada uma delas. E cada sonho: eu quero nunca esquecer minha paixão pelo design finlandês, nunca esquecer que ano passado eu tinha planos incríveis para um tcc, e nunca esquecer do que eu aprendi. Principalmente, a conclusão de que design é tudo. Design é o que faz sentido. Design é projeto. É o que separa os homens dos animais. O que quer que seja que eu faça no futuro, provavelmente vai ser um tipo de design, ou vai estar totalmente envolto em design.
Me incomoda muito que eu não esteja mais num curso voltado para o projeto. Que eu saiba que aquele não é o meu lugar. Que eu queira mais da vida que ser forçada a fazer tudo o que eu não sei. Me incomoda que eu tenha falhado nesse aspecto.
Mas quem sabe? Talvez um dia eu possa voltar, menos frágil, menos despreparada, e terminar aquele projeto que comecei.
Bom, quando eu fui deixar o comentário eu comecei a chorar. Assim, lágrimas começaram a correr pelo meu rosto, o que eu poderia fazer. O que eu queria dizer era bem simples: eu queria sentir isso também. Eu sinto às vezes. Esse prazer de ser designer. Depois me sinto mal por isso. Porque não. Não mesmo.
O Gil, monitor de computação no Design, fez arquitetura e depois virou programador e agora é designer de software. Eu queria fazer isso. Essa formação que permite que você seja qualquer coisa. Eu quero ser qualquer coisa. Eu quero poder escolher. Deixar a vida me levar, seguir as correntes dos impulsos. Ter sempre em mente o projeto, as pessoas, perseguir a solução.
Eu sinto dor porque eu odeio o curso que eu tentei fazer pra entrar nesse caminho-não-caminho. Eu sofri lá. Eu chorei. Eu não quero mais pensar nisso, a Ixa disse "larga o design e põe uma pedra em cima", eu quero pôr uma pedra em cima e não pensar nisso, dói demais. Não quero lembrar do quanto isso me machuca. Dos piores anos da minha vida, ou pelo menos da última década. Da minha fraqueza. De todas as frustrações, os fracassos, os trabalhos que eu queria jogar no lixo ao invés de entregar, das apresentações que me fizeram me encolher de vergonha. Da inveja. De como se eu tivesse feito outra coisa eu talvez já estivesse me formando, de como eu vou demorar vários anos pra chegar perto de me formar. De como eu falhei em quase todas as matérias de projeto. Botar uma pedra em cima. Disso tudo eu não quero lembrar.
Mas uma parte de mim, a que se recusa a desistir, não quer esquecer. Eu quero lembrar de cada dor, de cada derrota, e me obrigar a ser mais forte por cada uma delas. E cada sonho: eu quero nunca esquecer minha paixão pelo design finlandês, nunca esquecer que ano passado eu tinha planos incríveis para um tcc, e nunca esquecer do que eu aprendi. Principalmente, a conclusão de que design é tudo. Design é o que faz sentido. Design é projeto. É o que separa os homens dos animais. O que quer que seja que eu faça no futuro, provavelmente vai ser um tipo de design, ou vai estar totalmente envolto em design.
Me incomoda muito que eu não esteja mais num curso voltado para o projeto. Que eu saiba que aquele não é o meu lugar. Que eu queira mais da vida que ser forçada a fazer tudo o que eu não sei. Me incomoda que eu tenha falhado nesse aspecto.
Mas quem sabe? Talvez um dia eu possa voltar, menos frágil, menos despreparada, e terminar aquele projeto que comecei.
terça-feira, 6 de abril de 2010
Ovo de Páscoa
CHOCOLATE AO LEITE EM FORMA DE OVO COM
RECHEIO DE GANACHE DE CHOCOLATE AO LEITE
BELGA E RECHEIO DE GANACHE AMARGO BELGA
RECHEADO COM CHOCOLATE AO LEITE
EM FORMA DE BOMBOM COM RECHEIO
AO LEITE BELGA E AMARGO BELGA
RECHEIO DE GANACHE DE CHOCOLATE AO LEITE
BELGA E RECHEIO DE GANACHE AMARGO BELGA
RECHEADO COM CHOCOLATE AO LEITE
EM FORMA DE BOMBOM COM RECHEIO
AO LEITE BELGA E AMARGO BELGA
Juro que é isso que está escrito na caixa do meu ovo de páscoa. Eu tiraria uma foto se pudesse. Não sei se é poesia concreta ou se é um daqueles exercícios de gramática: ponha a pontuação e as vírgulas.
Cada vez mais acho que as pessoas entenderam errado como funciona essa história de se comunicar através da linguagem...
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Ir?
A característica que mais me assusta em minha família é esse mêdo constante de ir em frente, de terminar, de mudar. Adoramos comer coisas, mas nunca chegamos a ver o fim delas. Nunca concluímos nada. Na verdade muitas vezes nem embarcamos nos nossos projetos. Projetos, projetos, execuções à parte, a casa está vez mais afogada neles. Tanta coisa pra fazer.
(olha, meu firefox est´a corrigindo meu texto em português de portugal)
Eu tenho essa projeto de um dia me formar no segundo grau. É um projeto que me dá muito mêdo. Tudo o que eu faço na faculdade eu faço com o coração na mão. Cada pequeno requerimento. Às vezes eu choro, de raiva ou de mêdo. Eu brigo com meus amigos, com meu namorado, é sempre assim. O que me irrita neles é que eles não estão nervosos com essas coisas que me fazem passar mal. Às vezes eu me encolho num corredor escuro e rezo pra ninguém passar por lá, pra ninguém ver a minha miséria. Eu não pertenço a lugar nenhum, eu não pertenço a ninguém. Não peço a ninguém que me adore, só peço que não me odeie. Quer dizer, menos os meus amigos. Meus amigos eu quero que me amem.
No momento meu mêdo maior (está finalmente se tornando maior do que o mêdo de ser uma incompetente nata) é o de estar indo na direção errada. Eu digo pra todo mundo que quero ir estudar computação, programação corre nas minhas veias, quase nada é tão lindo quanto um código limpo e otimizado ou um circuito impresso bem projetado, eu imagino coisas, minha imaginação é tão bela! Porém...
Porém é claro que há mais lindo, há em todas as partes. Por mais que eu me emocione com a idéia de um projeto moderno, bem século 21, integrar a vida da gente com a tecnologia, transformar o universo numa coisa só, ainda assim não é o que mais me emociona.
Você sabe o que mais me emociona.
A textura das árvores ("abraça a árvore", eles riem)
O barulho das ondas quebrando nas pedras ("tome cuidado", eles pedem)
Às vezes me vêm essa convicção súbita de estar na face de Deus, sabe? Quando ouço ou vejo ou cheiro uma coisa, uma magia que existe nas coisas que existem desde sempre e ainda assim surgiram neste instante (como as ondas)
Entretanto me ocorre que a computação também nunca será mais importante que um cheiro de homem, e isso não me incomoda (estou divagando...)
Me aflige que isso seja o que eu amo, o que me empolga, mas que não seja importante. Será que eu posso mesmo entrar em encontro com as pessoas apenas afinando-as ao mundo contemporâneo? E será que isso importa tanto quanto saber que São Paulo é habitada por cobras? Será que eu terei tanto prazer em aprender qualquer coisa como eu tenho em observar as capivaras do Pinheiros? Será que qualquer emoção que a faculdade me ofereça será tão forte quanto o desejo que eu tenho de protegê-las?
É isso que me aflige quando eu deixo minha mente vagar... Porque eu sei que se eu mergulhar em outra coisa agora, vai ter que ser pra valer. E eu sei que vai ser terrível, horrível, nervoso, se eu me desapaixonar.
É como correr de olhos fechados!
(olha, meu firefox est´a corrigindo meu texto em português de portugal)
Eu tenho essa projeto de um dia me formar no segundo grau. É um projeto que me dá muito mêdo. Tudo o que eu faço na faculdade eu faço com o coração na mão. Cada pequeno requerimento. Às vezes eu choro, de raiva ou de mêdo. Eu brigo com meus amigos, com meu namorado, é sempre assim. O que me irrita neles é que eles não estão nervosos com essas coisas que me fazem passar mal. Às vezes eu me encolho num corredor escuro e rezo pra ninguém passar por lá, pra ninguém ver a minha miséria. Eu não pertenço a lugar nenhum, eu não pertenço a ninguém. Não peço a ninguém que me adore, só peço que não me odeie. Quer dizer, menos os meus amigos. Meus amigos eu quero que me amem.
No momento meu mêdo maior (está finalmente se tornando maior do que o mêdo de ser uma incompetente nata) é o de estar indo na direção errada. Eu digo pra todo mundo que quero ir estudar computação, programação corre nas minhas veias, quase nada é tão lindo quanto um código limpo e otimizado ou um circuito impresso bem projetado, eu imagino coisas, minha imaginação é tão bela! Porém...
Porém é claro que há mais lindo, há em todas as partes. Por mais que eu me emocione com a idéia de um projeto moderno, bem século 21, integrar a vida da gente com a tecnologia, transformar o universo numa coisa só, ainda assim não é o que mais me emociona.
Você sabe o que mais me emociona.
A textura das árvores ("abraça a árvore", eles riem)
O barulho das ondas quebrando nas pedras ("tome cuidado", eles pedem)
Às vezes me vêm essa convicção súbita de estar na face de Deus, sabe? Quando ouço ou vejo ou cheiro uma coisa, uma magia que existe nas coisas que existem desde sempre e ainda assim surgiram neste instante (como as ondas)
Entretanto me ocorre que a computação também nunca será mais importante que um cheiro de homem, e isso não me incomoda (estou divagando...)
Me aflige que isso seja o que eu amo, o que me empolga, mas que não seja importante. Será que eu posso mesmo entrar em encontro com as pessoas apenas afinando-as ao mundo contemporâneo? E será que isso importa tanto quanto saber que São Paulo é habitada por cobras? Será que eu terei tanto prazer em aprender qualquer coisa como eu tenho em observar as capivaras do Pinheiros? Será que qualquer emoção que a faculdade me ofereça será tão forte quanto o desejo que eu tenho de protegê-las?
É isso que me aflige quando eu deixo minha mente vagar... Porque eu sei que se eu mergulhar em outra coisa agora, vai ter que ser pra valer. E eu sei que vai ser terrível, horrível, nervoso, se eu me desapaixonar.
É como correr de olhos fechados!
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