terça-feira, 20 de junho de 2006

Sonhos

Eu tive um sonho estranho... Tudo era tão feliz... Eu podia ir viajar... Você sorria sem parar... Todos se falavam... O sol brilhava... As árvores pareciam cantar... A comida da cantina era boa...

Eu sonhei com você. Eu preferia nunca mais sonhar com você, mas é claro que é você que está lá sempre, por trás dos meus pensamentos, envolto numa bruma de raiva e amor e frustração constante... Não que não tenha sido um sonho bom, sempre são, e sempre dá aquela sensação gostosa de dever cumprido, de problemas resolvidos, de objetivos alcançados, mas aí, quando eu acordo, olho ao redor e penso de novo: "saco. só mais um sonho." E lá fora os problemas todos continuam atazanando, insolúveis... Eu não queria sonhar com você, com vocês todos, não queria sentir tudo o que sinto por vocês, não queria precisar de vocês dessa forma. Queria, sabe? que fôssemos amigos e que estivéssemos lá uns para os outros... Mas mas mas... *suspiro*

Sei lá viu... Esse sonho hoje me fez perceber o quanto é preciso abandonar para entregar-se. Eu não abdiquei o suficiente, na verdade. Mas ainda acho que poderíamos ter tido mais, sabe? De alguma forma... Mas de alguma forma os abraços quentes são e serão sempre sufocantes. Eu preciso às vezes de um abraço frio assim, de quem não quer mais nada, pra que eu sinta que ainda posso um pouco sobre mim. Eu não quero seu carinho, seu colo, seu beijo. Você é secundário. Mas eu te amo mesmo assim. E eu vou fingir que o seu amor basta pra mim... (porque eu preciso disso) ...Mas só por um instante.

Sei lá, eu... eu acho que eu preciso muito entender... eu acho que não é suficiente pensar... acho que... acho que eu só quero brincar com você... ou ouvir você rir... eu acho que estou um pouco só... ou um pouco desatenta... acho que não sei o que fazer... estou cansada... cansada disso tudo... de ter que fazer meu papel... e fingir uma porção de coisas... e da fome e dos caminhos longos e da luz do sol que irrita meus olhos quase tanto quanto a luz do computador... e da frustração diária de lembrar disso tudo e de ter que ser uma porção de coisas e de acordar todos os dias sem nenhuma perspectiva e jogar todos aqueles jogos horríveis e ver todos aqueles seriados fragmentados e comerciais fragmentados e até o jantar é fragmentado e meus ossos estalam e eu penso que diabos... cansada de entrar nos mesmos blogs nunca atualizados e pensar "aposto que não tem nenhum post porque ele está fazendo algo mais interessante"... e passar um tempo inominável lendo, cochilando, olhando as árvores no banco da praça, inventando formas novas de comer a mesma comida, de entreter os mesmos amigos que parecem querer estar sempre presos nos mesmos velhos assuntos... de perceber a mudança muito lenta de todas as coisas e só suspirar e me sentir impotente perante as forças superiores dos horários e das sensações... sei lá... talvez eu devesse ir visitar meus amigos mais vezes... se é que isso é possível... e às vezes, como uma cereja no topo do sorvete, eu me sinto tão parecida com você... e depois me sinto tào diferente... e eu não quero ser igual nem diferente... eu não quero provar nada, porque nem tem o que provar... não, eu só quero alguma coisa pra fazer... eu só quero descansar meus olhos por um instante, debaixo das àrvores verdes contra o azul do céu... quem sabe descansar também as pernas no banco macio da praça...

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