sexta-feira, 23 de junho de 2006

De certa forma, uma resposta:

Sabe Mali, apesar do que muitos dizem, eu acho que algumas vezes você é muito impaciente, não acha? Tente curtir o momento, erre o que tiver que errar, caminhe não corra, pois a gente vai estar ao seu lado, e você sabe que a maioria de nós é sedentária, né? Não pense no que foi, mas no que está sendo, só assim você realmente vai conseguir mudar algo, não só em você!!!
Luda | 06.22.06 - 8:12 pm | #

acho que a luda está certa, até certo ponto. Mali cuidado, a pressa é inimiga da perfeição - mas como essa tal coisa não existe, digamos que a pressa é inimiga da felicidade - Acho que voce deveria refletir mais sobre seus atos(não que eu saiba quais são) ou caso você ache que você tem refletido o bastante, reflita menos... Agora, férias, terá muito mais tempo para sair com seus amigos e se distrair. Não apresse os outros, cada um tem seu tempo de evolução. Sinto que você chegou num ponto parecido com o meu - ou talvez mais avançado - no sentido de que percebeu a realidade.
As pessoas demoram ou são rápidas demais, nunca é igual a você.

Eu sei que você está entediada com a vida, então, siga meu conselho: estude mais, faça algo que te de prazer. aproveite. Limpe a piscina, nade. chame alguém pra nadar com você. vá passear com os cachorros no villalobos
arranje um namorado, gaste seu tempo, aproveite a vida. Ajude sua mãe, seu pai, seu irmão. vá ver alguma luta que gostaria de fazer. converse mais com seu primo. ligue para seus amigos antigos... há muito mais coisa a fazer que ver Tv ou jogar jogos bobos no computador
ops, eu sempre falo demais
desculpa... eu talvez tenha fugido um pouco...

tou com sono, olha a hra q eu postei!
um grande beijo!
Utak | 06.23.06 - 3:12 am | #


Sei lá, viu? Eu sou mesmo impaciente. Me irrita a forma como você nunca corre. E digo você de uma forma bastante genérica. Me irrita a sua falta de pressa, me irrita a sua racionalidade, a sua calma perene, a sua verdadeira incapacidade de tomar uma atitude impulsiva. Me irrita esse seu jeito de nunca se irritar com as coisas, e se irritar de repente com algo que deveria ser aceito imediatamente. Me irrita essa sua preguiça, esse seu deixar tudo nas minhas mãos, essa sua descrença nas possibilidades do mundo, e a sua constante espera por uma atitude minha. Me irrita a sua falta de vontade de fazer alguma coisa, seu sedentarismo, a sua insistência em fazer sempre os mesmos programas repetitivos e sem sentido, e tom moroso e sonolento que adquirem todos os seus fins de festa. Me irrita principalmente você nunca perdoar as minhas paixões pela vida. Detesto cada vez que você me faz parecer uma... do que foi que você me chamou? "Puta"? Detesto a forma como você me faz querer dizer "você é muito pior que eu". Detesto esse rebaixamento. Me faz querer nunca mais olhar na sua cara. Mas, de alguma forma, toda vez que eu vou me vestir, tentando encontrar a melhor forma de provar para o mundo que eu tenho um resto de esperança de ser tão humana quanto o resto de vós, eu abro a porta do armário, e você está lá, me encarando, com aquele seu olhar pedante. É nessas horas que eu rosno baixinho — e você se envergonha do meu rosnado — eu te odeio.

Tá muito frio pra nadar. Não só isso como eu estou doente. Em pleno dia de jogo, eu me encolhi num canto da cama amaldiçoando internamente toda essa loucura que a Copa incita nos brasileiros. Eu disse pra você, não disse? O meu dia estava fadado a ser muito ruim. Não dá pra estar doente e desanimada num dia de jogo. Impossível. Na minha mente passaram imagens de inúmeras pessoas tomando canjinha na frente da TV. Na frente da minha TV havia um monte de gente que eu gosto, mas gente com quem não converso. Eu queria meus amigos, mas eles todos estavam ocupados fazendo alguma outra coisa, vendo jogo ou algo assim. Li um gibi inteiro, mais da metade de um livro e uns cinco capítulos de outro. Nessa hora minha irmã veio perguntar se eu não ia assistir o jogo nem comer pastel. Grunhi alguma coisa em resposta, e li mais uns dois capítulos antes de ir comer um pastel e assistir um dois lances. Depois me encolhi na cama da sala e fiquei ali até muito depois do fim do jogo... No fim, o dia não foi tão ruim quanto eu esperava.

É estranho isso. A forma como eu não quero nada além dos meus amigos. É pedir demais? Eu não quero um namorado, por mais deliciosamente bom que namorar seja. Eu não quero um namorado porque antes de um namorado eu quero encontrar um cara que me faça desejar ardentemente um namorado. Eu quero realmente *desejar* alguém. Alguém assim que eu possa devorar com os olhos, assim como eu fazia com você antes de decidir que era doloroso demais sua existência em mim. Eu quero sentir de novo algo tão avassalador quanto aquilo, o que eu senti por aqueles meus simbólicos gatos, anjos, demônios. Mas sinceramente agora não me importa muito o que vai acontecer. No máximo, acho que a gente pode sair algum dia, se for o caso.
Mas, como isto é uma resposta, eu devo dizer que também não quero cães, nem lutas. Tudo isso me irrita profundamente. E me faz me sentir profundamente hipócrita.
Eu queria amar meus cães da mesma forma que antes, queria que eu definisse amor a partir do que eu sinto por eles, mas de verdade eu não sinto mais nada disso. Acho que falta na minha vida grandes emoções. De uma forma ou de outra, quando eu saio pra passear com eles, é mais por benevolência ou responsabilidade do que por qualquer outra coisa. E isso incomoda. Eu queria achar profundamente divertido sair com eles por aí... mas agora só acho difícil e perigoso. Eu queria ainda poder andar com eles soltos, era agradável, embora aflitivo.
Eu não quero lutar: eu não acredito mais nas artes marciais nem nas batalhas, da mesma forma que não acredito mais na psicologia. E digo isso com uma raiva crescente, talvez alguma frustração. Um dos motivos para eu nunca ligar para a tal da psicóloga que minha mãe encontrou é que eu não vejo sentido nenhum nisso.
— Por que você veio aqui?
— Pra você me dizer o que há de errado comigo..?

Não, não, eu não me submeteria a esse tipo de humilhação. Sabe, eu olho pras pessoas e vejo seres humanos, realmente seres humanos e não profissionais. Eu pensaria "mas quem diabos é essa criatura pra me dizer o que é certo e o que é errado?" E afinal eu não consigo ver nada mais rebaixante que precisar da ajuda de outrem para elevar a própria auto-estima. Afinal, não vivemos numa meritocracia? Não são sempre os melhores e os mais dedicados que se dão bem na vida? E evidentemente os mais dedicados devem ter certeza do que estão fazendo, ou jamais conseguiriam se empenhar em tal dedicação. Não consigo imaginar que esses melhores e mais dedicados tenham alguém que os ajude a entender que eles são bons, que eles merecem ser amados e que eles não são aliens. Como eu disse, não há nada mais humilhante do que receber de presente de aniversário um livro de auto-ajuda. A reação automática é a seguinte: você vira para a pessoa que te deu o presente e diz: "Então você acha que eu preciso de ajuda? Você acha que eu não sei me virar sozinha?"; e antes que a pessoa comece a explicar que todas as pessoas precisam de ajuda, e que aceitar ajuda é uma grande virtude ou algo assim, ou que a história é bonitinha, você sai correndo para fora do campo de visão da pessoa, e vai conversar com pessoas normais que te aceitam, se é que elas existem. Afinal, não é mais uma meritocracia. Espera-se que todos aceitem ajuda, e que todos sejam capazes de levantar-se e bradar, depois de algum tempo de tratamento lento e não-agressivo. Mas porque eu quereria me levantar e bradar?
— Por que você veio aqui?
— Me diz você.

Tá eu sei que os psicólogos teoricamente só ajudam os pacientes a se compreender etc etc etc para ajudá-los a tomar decisões com mais clareza etc etc etc para que eles possam acertar mais etc etc etc mesmo que às vezes acertar signifique errar etc etc etc e também para que possam se aceitar mais etc. Mas sinceramente eu não quero me compreender mais. Não é que eu não queira, é que eu não me importo, na verdade. Talvez seja só medo de que alguém me convença de que tudo isso é culpa do meu passado... porque eu realmente nunca achei que fosse, eu nunca pensei nisso e sempre vivi muito bem assim. Eu talvez tenha me retraído um pouco, e acho que essa retração teve conseqüência gravíssimas, que vão muito além do que a causa da retração poderia causar. Talvez eu seja um pouco androfóbica, mas acho que ... bom, na verdade acho que estou chegando a um nível de indiferença que me impede de sentir tudo isso na verdade. Etc. E como disse a Clara inventando o significado das cartas de tarô, eu sou capaz de passar por cima das pessoas e de machucá-las. Acho que acho muito mais fácil aprender "da maneira difícil"...
— Porque você veio aqui?
— Não tenho a menor idéia.

(e espero que depois disso a moça não tentasse me fazer descobrir, porque, no fundo, eu odiaria descobrir que foi porque minha mãe disse que era legal, ou simplesmente por curiosidade — da mesma forma que eu detestaria descobrir que todos estes problemas decorrem... do meu pessado; afinal, o passado não faz uma pessoa!)

...

Como eu disse pra Gabi outro dia, eu tô pouco me lixando pro que o mundo pensa. Não porque eu acho que não importa, ou porque eu acho que estou acima disso, mas simplesmente porque é doloroso demais. Os padrões do mundo são desagradáveis, incômodos, e muitas vezes insalubres. Se eu me preocupar com o que o mundo vai pensar de mim, quando é que eu vou poder ser do jeito que eu quero? E não se iludam - eu ainda quero dar ao mundo o que ele precisar. Mas isso tudo são caprichos, e não necessidades. A forma como eu amarro o casaco nos ombros não determina a criação de um assassino. E eu corto meu cabelos desses jeitos meio masculinos porque sinceramente eles são mais confortáveis do que os outros, e eu me sinto mais bonita também. Eu sei que é esquisto eu precisar parecer um menino pra me sentir bonita, mas um menino é quase sempre mais bonito que uma moleca, já repararam? E sei lá, talvez assim eu me sinta menos obrigada a competir em beleza, feminilidade e vaidade com as outras moçoilas que eu encontro por aí. Eu não tenho saco pra ficar comprando roupa nova. Aliás eu detesto ir comprar roupa, é tão tedioso e demorado... Acho que eu não vou comprar roupa há mais de um ano...

Além do mais, considerando que todas essas pessoas maravilhosas gostam de mim, e que mais de um rapaz simpático, divertido e inteligente (e, na minha opinião, bonito) se apaixonou por mim, deve haver alguma coisa certa no meu jeito de ser. Eu não tenho muita certeza do que é, mas tem que ter.

Ai, ai, eu queria saber do que que eu tenho tanta raiva... ... ...

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