quarta-feira, 28 de junho de 2006

A Silent Whisper

A noite como um véu me cobre a mente
O manto, um vulto, um vento, um braço encosta
As mãos vazias choram, olhos tocam
É frio - troco de pele qual serpente
O tempo passa e não chega resposta
Os pensamentos vagos se retocam
Mergulho nesse sussurro silente
Até que a pergunta seja reposta
Espera-se talvez que não ouçamos. Ouvimos tudo. Na noite alta, os olhos são ávidos por ver, a boca seca por querer provar. Ou vimos tudo. Os olhos são claros, mesmo se escuros. As mãos falam com a voz inconfundível do cristal e da madeira. As palavras não são desta língua, e nem os significados correspondem, mas a compreensão é a mesma, se não maior. Quanto maior a compreensão, maior a força contrária a ela. Resiste-se à compreensão. Mesmo assim, ela nos invade, sutil e incorrupta, e mistura-se aos podres de nossa imaginação. Os olhares, tão doces, tornam-se amargos, e a dor transforma-se em desejo. Mas sabemos que inicialmente compreendêramos a verdade das coisas, e isso nos deixa confusos. Fechamos os olhos as bocas e as mãos.
A nossa pele tem cheiro de sangue.
O nosso corpo tem gosto de carne.
A nossa boca tem peso de osso e por isso discerne ouriço de carpa.
O nosso sangue parece com vinho.
A nossa carne é o gatilho do carma.
O nosso osso tem cor de farinha e carrega no bujo o espinho e a farpa.

Eu poderia ser honesta com você, mas não vejo o sentido disso. Vamos, vamos até o fim! Quer vir comigo? Eu ouço quando a voz soa como desafio. Quer vir comigo? É o teu sangue, é a tua carne, que eu ofereço neste sacrifício. Você ri e chora e grita e cora eu nada digo. Você agora é como eu um bicho. Vamos jogar esse jogo então. Dois aqui podem fazer jogo. Vou abrir a porta e esperar que você entre pra brigar comigo. Pra brincar comigo; pra brincar de amigo. Vamos, vamos até que um de nós desista! Quer vir comigo? Você tem todo o risco. A minha aposta é dor e a sua dor. E a minha própria dor e amor e o seu amor. Ouça que a minha voz é puro desafio. Vamos até o fim. Quer vir comigo?

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