Entre teses.
Ele me olhava de fora do barco que afundava. Ele me chamava. Ele perenemente me chamava e eu olhava e pensava e tudo o que não conseguia era sentir a força do olhar dele olhando de fora do barco, chamando, me chamando. Eu o olhava nadando nas ondas que o meu tempo criara, meu tempo de mar Temperamental, e eu fiz movimentos vazios na tentativa de agarrá-lo daquele mar furioso. Em verdade pulei no mar para salvá-lo, ou para que ele me salvasse antes que o barco afundando me afogasse, antes que nossos sonhos fossem consumidos pelo tempo que nos olhava cada vez mais longe. Infelizmente, o vento subjetivo das idéias, que carrega os acontecimentos em suas correntes como folhas despredidas de uma árvore, jogou-o entre os passarinhos e a mim entre os bichos-folhas, e em nossos universos diferentes nossas mãos tocaram-se com delicadeza. As palavras de um feriam os ouvidos do outro, e calamo-nos, a olhar as águas. Lentamente o silêncio tornou-se nossa única forma de expressão.
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