eu devia ter postado isso há bastante tempo... agora tudo soa um pouco... estranho...
Olho pra você, com calma, sem intenção. Observo você. Não tenho nenhum motivo para olhar para você, mas também não tenho nenhum motivo para não olhar, então olho. Você me olha. Desvio o olhar — e o ritmo do meu coração muda ligeiramente. Você me olha, eu desvio o olhar e o ritmo do meu coração muda repentinamente. E eu capitã que afundo com o navio, eu que afundo mesmo fora do navio, lembro e arranco do corpo essa mágoa, eu broto de vento que morre e não chora. Ele me abraçou tão doce e quente, a raiva a dor e todas as outras coisas. Falei tudo o que pensava, gani em protesto contra as lágrimas que me rompiam a seriedade da face. Chorei. Chorei e gritei na minha própria alma, o mesmo urro de todas as vezes em que tive ódio de mim, e com isso o ódio frustrado, de raiva dos outros; um uivo profundo, sincero e selvagem. E mesmo no seu abraço, mesmo no seu castelo, meu rugido destruiu todos os desprazeres e prazeres do passado, meu rugido destruiu tanto o medo quanto a dúvida, meu rugido quebrou teu olhar em pedaços, desfez as paredes, a àgua e todas as coisas, todas mas não a dívida. Depois foi o silêncio. Você me olhou em silêncio. Sustentei o olhar por um instante, e você sorriu, simplesmente. Depois partiu. Eu olhei para as mãos, para o ar, para o chão. Água, pensei. Quem dera, apenas isto, água. Água, dívida e silêncio.
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