quarta-feira, 19 de setembro de 2012

You Are The Sunset

Eu ainda sinto a tua falta, nos momentos mais absurdos. E às vezes não.

A vida mudou tanto. Antes tudo o que eu fazia eu fazia pensando em ti. Todo texto que eu escrevia, eu escrevia para ti. Mesmo quando eu queria que outros lessem, no fundo o escrever era sempre teu. As palavras, os parágrafos, as vírgulas eram tuas. Minhas palavras eram tuas, meus dedos eram teus. Eu escrevia porque um dia me pediste, eu escrevia porque escreverias também. Faz tanto tempo.

Lembras daquela menina descendo os degraus da escada para o porto? Eu estou correndo, também. Competindo com ninguém. Perdendo, sempre perdendo. Mas a vida é tão linda, e tudo é tão antigo, e cada passo desta corrida me leva para lugares mais inncríveis. Às vezes é ruim, mas com mais freqüência é maravilhoso. As coisas ruins são apenas um retrogosto da delícia. O vento está sempre soprando em mim.

You are the wind, carrying me away through worlds and wonders. You are the words we battled with, the favorite words. You are the lonely traveler, the content bard, the wiseman in the caravanserai. You are the wind, the bird, the vessel, the song.

Eu me dei conta de que não escrevo mais para ti. Escrevo para mim, para os meus, tu foste embora e me deixaste aqui, ou eu te deixei. Eu visito o demônio de ti com freqüência, mas sinto falta não do poeta louco, não do ladino apaixonado, e sim do marinheiro do infinito. Sinto falta de tuas histórias.

Não tenho vontade de voltar. Éramos tão tolos e tão frágeis... Hoje sou mais forte, mais sólida, sou mais como a árvore, como a água, como a terra que nos sustenta. Hoje meus pensamentos são menos negros, e uso menos minhas garras. Mas sou menos como o vento que levanta e gira num redemoinho, menos como as folhas que caem rodopiando das árvores, menos leve... mas mais leve também. Mas como a grama que se deixa balançar, mais como as núvens que mudam de forma. Tudo é mais tranqüilo agora. Só me dói não compartilhar esta tranqüilidade contigo.

A vida mudou tanto! Mas ainda te lembras das histórias que eu contei, e eu ainda quero saber mais sobre as tuas histórias. Conheci tantas outras pessoas, tantas outras histórias, vivi outras aventuras e mudei, mudei muito, me tornei mais feroz e depois mais segura, conquistei outras pessoas, explorei outros mundos... sem ti. Mas durante muito tempo planejei voltar e te contar, do Deus que vive nas pedras à beira-mar, da leõa-princesa que roubou meu coração, das cidades abandonadas, do amor... mas não voltaste, não voltaste e eu também tinha uma raiva guardada contra ti, uma raiva da pessoa idiota que eu era quando fiz todas aquelas promessas... Mas não mais. Eu te perdoei faz tempo, e depois me perdoei também. E parei de me preocupar, e abandonei as promessas. Parei de escrever para ti. E, sem perceber, perdi todas as passagens do meu mundo para o teu.

Mas não te enganes: eu ainda te amo, de um jeito estranho, sem paixão, sem promessas, sem espaço para dor. Ainda és meu bardo favorito. Ainda procuro, sem saber como procurar, as entradas para o castelo nas núvens. Mas estranhamente não sei se o castelo ainda existe. O que existe? O que resiste? Tanto tempo passou, e nunca mais realmente nos falamos. Mas quero que faças parte da minha vida outra vez. Só não sei como fazer isso. Não sei, não sei como começar uma... uma amizade.

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