sábado, 8 de setembro de 2012

O Instante Seguinte

Eu devia ter dito "não".
Seria a resposta razoável, a opção sensata, responsável.
Amanhã de manhã haverão conseqüências. Eu me arrependerei. Eu devia ter dito "não".
Mas como?
Você perguntou, perguntou porque não era nada óbvio, porque meus sinais seriam emocionais e apenas com palavras eu poderia falar racionalmente; mas eu devia ter me antecipado, eu deveria ter visto os seus sinais e dito antes, "por favor, não", eu deveria ter dito não faça isso, por mais que meus olhos peçam por favor; não faça isso, por mais que meu corpo exija e se impaciente, não faça isso, porque meu corpo está errado, meu corpo não entende as conseqüências, meu corpo é incapaz de dizer "não".
Eu devia ter dito "não", mas como, com meu corpo gritando "sim"? Mas como, contra todos os sinais do meu corpo? Eu devia ter dito "não", para manter as aparências e evitar as conseqüências das minha ações, eu devia ter dito não e te obrigado a escolher respeitar minha renúncia, eu devia ter dito não para aprender algo novo sobre você. Mas como dizer "não" quando tudo o que eu quero é poder dizer sempre "sim", quando tudo o que eu quero é não precisar manter as aparências, quando o que eu quero mais é que todos descubram, mais cedo ou agora, que não tenho mêdo nenhum das conseqüências, que posso viver a vida sem me arrepender?
Não. É isto que eu quero, isto agora, e não há nenhum motivo pelo qual todos devêssemos dizer não. E eu disse "sim". Sim. Sim. Sim, porra. Amanhã eu vou me olhar no espelho e ser forçada a me lembrar de que eu sou uma pessoa que diz "sim".

Um comentário:

allophiliac disse...
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