quinta-feira, 10 de março de 2011

Silêncio

I still have it somewhere.

Ainda tenho em algum lugar aquele velho caderno de lembranças. Mas está escuro aqui.

Seus olhos brilharam na escuridão, dois faróis amarelos refletindo os faróis do carro.

I still have it somewhere.

Ossos de gato debaixo da terra, com cada vez menos carne em volta.

Ou isto: duas crianças num galho de árvore, a sede da Sociedade, chamada de Spectri.

Às vezes me pego pensando naquela garota numa cama flutuando no mar. Não consigo lembrar de onde vem essa referência da cama, mas lembro da garota, da música, das ondas pintadas com lápis de cor. Lembro dos seus olhos, de vinho, de uma peça que não me tocou, de um desenho, etc, lembro de você. E entretanto nada de ti conheço.

Às vezes me ocorrem grandes desapontamentos. Mas é só a expectativa, sabe? Às vezes conheço gentes incríveis e rapidamente perco a oportunidade de ter melhores amigos. Às vezes dói, às vezes não, às vezes mais ou menos. Às vezes vivemos um romance intenso, às vezes tudo não passa de um sonho, cartas trocadas mas nunca nem um beijo. Às vezes não lembro sequer de ter tocado suas mãos.

Acho que vai chegar o dia. Acho que temos que ser paciente. Acho que se eu me encontrasse, diria pra mim mesma: cut the crap.

But I still have it here somewhere.

Eu abri os ouvidos e tentei ouvir, mas aos poucos suas palavras param de fazer sentido. Acontece tanto! Às vezes são meses pensando que nos entenderemos perfeitamente, e depois nada mais parece se juntar. Você queria me mudar? Todas as vezes em que eu quis mudar alguém, acabei ferindo a mim mesma. As pessoas mudam, mas não faz sentido querer mudá-las.

Mas você, ainda consigo imaginar que poderíamos conversar um dia. Mas não sei se saberíamos ser amigos. Não sei... não sei.

Por um lado, sinto que é cada vez mais difícil manter as pessoas interessantes por perto. Manter as pessoas que não já são parte do bando por perto.

But surely it is still here, and we can still find it?

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