Estou me sentindo muito tranqüila, como se um peso imenso tivesse sido tirado das minhas costas. Tudo parece estar entrando nos eixos, de uma forma talvez dolorosa mas pacífica, deixando aquela sensação gostosa e quentinha (ou muito fria e perdida) de fim de temporada de série de TV...
"Os dias vão passando devagar
As coisas encontrando seu lugar
Tudo muda
Menos o que eu sinto por você..."
Meus amigos parecem estar razoavelmente felizes... Dois deles se acasalaram (no sentido de formaram um casal) e outro voltou do hospital... Estar na classe do Luque e da Luda tem sido um inferno (ouvir piadas infames, encheções de saco críticas extremamente repetitivas e conversas séria sobre assuntos que eu não tenho chance nenhuma de eventualmente entender está realmente me irritando), mas a Lori, o Digo e o Dobs têm sido extremamente simpáticos. Tenho a sensação de que estou me aproximando cada vez mais de algumas das meninas, o que me alegra, e não só entre os meus amigos como no colégio em geral. E tenho falado mais com o JP e recebido menos mordidas do Artur, o que é algo positivo.
Além disso, ontem eu e a Clara adotamos um par de bebês-passarinhos! Eles são mto fofos, e parecem ter um ou dois dias de vida. Aparentemente eles ganharam uns nomes como Pequena Neyleen e Guimarães Rosa e Clarice Linspector e Macabéia e Piu... E segundo a Clarinha eles comem bastante e crescem rápido... É engraçado como são barrigudinhos...
Acho que meu grande objetivo durante estes meses próximos será tirar um A em História, em Física e se possível em Português e P.T., além de impedir que as pessoas entendam direito do que estou falando.
De resto, acho que está tudo mais ou menos certo. Acho que simplesmente as coisas têm que dar certo. Acho que nós temos que seguir em frente, sabe? Não havia outra maneira. Está tudo bem, tudo bem (é incrível como isso faz tudo melhor).
"Vamos descobrir o mundo juntos
Quero aprender com o seu pequeno grande coração..."
Acho que hoje eu descobri algo de absolutamente fantástico a respeito da vida, que talvez eu soubesse racionalmente mas em que nunca realmente acreditara. Nem tudo precisa ser concreto para existir. Muitas amizades se sustentam num olhar, numa confiança, num sentimento. Acho que o mundo é uma bruma que se esgarça na distância. Somos gotas d'água, vapores, suspiros. Não adianta firmar a amizade — o mais importante é a marca do outro na nossa existência.
"Não basta o compromisso
Vale mais o coração..."
No fim, somos todos lobos em busca de caça, água, lar e amor. Então não resta nada a dizer. Podemos simplesmente ser o que somos, podemos ser o que sempre fomos. Diante de mim, o futuro se estende escuro e imperscrutável. Estamos numa estranda cujos passos não podemos ver, e a escuridão não diminui. Não tenho outro desejo além de viver intensamente. Os dias passam vagarosos e provavelmente repetitivos, mas não é isso que sinto: sinto que canto as canções que meu coração escreve de repente, sinto que luto a cada dia pela vida e pela beleza. Escrevi algumas dessas canções, mas elas são estranhas demais. O universo se debruça sobre nós. O infinito.
"O que fazes por sonhar
é o mundo que virá
Para ti
Para mim"
Enfim, em frente.
E boa caçada a todos que à Lei da Jângal se agarram.
palavra por palavra, procuro chegar, devagar, ao lugar de La Loba.
"O silêncio", disse o griot,"só é escuro no começo..."
quinta-feira, 29 de setembro de 2005
quarta-feira, 28 de setembro de 2005
...
* O orgulho dos poetas não passa de defesa; a dúvida atormenta até mesmo os melhores; eles necessitam de nosso testemunho para não se desesperarem. (François Mauriac)
* Escrever verso livre é o mesmo que jogar tênis com a rede arriada. (Robert Frost)
* Eu preferia ser vaiado por um bom verso a ser aplaudido por um verso ruim. (Victor Hugo)
* Escrever verso livre é o mesmo que jogar tênis com a rede arriada. (Robert Frost)
* Eu preferia ser vaiado por um bom verso a ser aplaudido por um verso ruim. (Victor Hugo)
domingo, 25 de setembro de 2005
Uma coisa qualquer
Uma coisa qualquer que me move além das estrelas
me carrega para além do mundo e do seu olhar
Não vejo nada, mas sei que se pudesse vê-lo
eu não o amaria menos, nem mais, do que sei amar
Uma coisa qualquer me carrega, me tira do mundo
eu apenas escorrego nestas gotas de luar
Se é lembrança, saudade, presença, distanciamento
não temo nada, nem devo - hei de andar e andar
Uma coisa qualquer me consome, muda meu intento
eu não falo nada, eu deixo ela vir me levar
nuvens e estrelas, dragões e sereias, e a chuva
lá fora tão doce, no escuro, ela cai sem parar
...
Em dias assim chuvosos, não sei em que pensar. Lembranças de outros dias assim chuvosos me invadem, e eu suspiro e vou levando. A vida é linda, eu acho.
Agora percebo que não disse nada do que queria.
me carrega para além do mundo e do seu olhar
Não vejo nada, mas sei que se pudesse vê-lo
eu não o amaria menos, nem mais, do que sei amar
Uma coisa qualquer me carrega, me tira do mundo
eu apenas escorrego nestas gotas de luar
Se é lembrança, saudade, presença, distanciamento
não temo nada, nem devo - hei de andar e andar
Uma coisa qualquer me consome, muda meu intento
eu não falo nada, eu deixo ela vir me levar
nuvens e estrelas, dragões e sereias, e a chuva
lá fora tão doce, no escuro, ela cai sem parar
...
Em dias assim chuvosos, não sei em que pensar. Lembranças de outros dias assim chuvosos me invadem, e eu suspiro e vou levando. A vida é linda, eu acho.
Agora percebo que não disse nada do que queria.
Odeio computadores. ¬¬
Afinal eu gostaria de corrigir vários erros de posts passados, e terminar um que comecei, mas não consigo entrar na página de posts... ¬¬
como o chão do mar
Há coisas que me deixam triste.
Uma delas é te ver chorando, ou a ponto de chorar. Às vezes eu queria te abraçar, te segurar junto de mim e te proteger de todos os males do mundo. Mas aí, eu acho, eu seria todos os males do teu mundo, e isso seria pior que qualquer outra coisa. Foste tu que me fizeste entender que a dor dos outros é pesada demais para que eu a carregue. A tua dor, especialmente, pesou sobre mim como o enorme e cansado corpo de um cavalo de guerra. Mas um... uma pessoa importante para mim... me disse uma vez que cada um tem que lutar a própria batalha, e não há nada que nós possamos fazer para nos ajudarmos. Afinal, "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".
É por isso, então, que me afasto e te olho de longe, sem saber de fato o que fazer. Tudo o que eu queria era que pudesses tirar do olhar essa escuridão, essa desrazão, esse vazio todo. Existem coisas que fazem o maior dos homens olhar para o chão. Não és o maior dos homens, mas és para mim um gigante de qualquer forma - acho que mesmo os gigantes não sabem o que fazer com a dor...
---
Acho que às vezes, é o vazio inconformado do seu olhar que me derruba no mundo. 25 de março. Você se recusava a ser tão livre nesse aspecto quanto eu, e eu, com raiva e frustração, atravessava a sala e grunhia, por que não pode sorrir de vez em quando?! Não o conheço, o amo e não o compreendo. E quando eles me perguntaram a razão de um meu já-volto agressivo, eu, sem querer chorar, mas em brasa, disse que não entendia porque algumas pessoas têm que ser tão infelizes — e cantei, porque não via opção além de cantar e sorrir, já que estava em festa. E tentei mais uma vez convencê-lo de que não adiantava ficar mal, mas você com suas respostas parecia me desprezar profundamente, naquele momento.
Mas acho que no fundo tinham ambos razão. Não importa o que eu diga ou pense ou diga que penso, o mundo vai continuar sendo o lugar terrível que é. Pessoas passando fome. Pessoas passando frio. Pessoas sem onde cairem mortas. Pessoas que não se consideram gente. Pessoas sem os filhos, sem os irmãos, sem amigos. Pessoas sem amigos. Pessoas sem objetivo na vida. Pessoas destruindo vidas. Pessoas que não se importam. Pessoas que morrem por se importar. Pessoas que não vêem. Pessoas que não vêm. Pessoas que não ouvem. Pessoas que não sabem. Pessoas que não querem entender. Pessoas que não conseguem entender. Pessoas que não conseguem sorrir. Pessoas que não conseguem andar. Pessoas que não vêem o sol. Pessoas que odeiam. Pessoas que se matam. Pessoas que morrem na rua. Pessoas que não podem sair na rua. Pessoas que não podem sair de uma cela. Pessoas que não fizeram nada. Pessoas culpadas. Pessoas convictas. Pessoas inocentes. Pessoas limítrofes. Pessoas azaradas. Pessoas condenadas. Pessoas sem esperança. Pessoas atormentadas. Pessoas incrédulas. Pessoas vazias. Pessoas frias. Pessoas cruéis. Pessoas tristes. Pessoas agressivas. Pessoas rancorosas...
Qual o problema com todas elas? Será que são fadadas a serem infelizes para o resto da vida? Ou será que podem "fazer de suas vidas obras de arte"?
Mais longe vou, mais perto chego
Não chego a lugar algum
e quanto menos sou, mais ser almejo
sem realizar nenhum
dos meus grandes desejos
Eu fico aqui a escrever poemas. Mas de que me vale escrever poemas? Por que eu tive de me fazer poeta?! Não podia ter nascido em mim o amor à matemática (tão simples e linda, a matemática...) ou à física, ou à biologia, ou à psicologia, ou mesmo à filosofia?! Porque tudo o que penso, gosto, quero ou almejo parece de uma indesejável inutulidade para a humanidade? Há coisa mais inútil que a poesia?! Ainda se eu fosse um Pessoa, um Camões, um Drummond, um... (esqueci), ou uma Cecília... Mas realmente não me vale de nada parar meu caminho até a escola para anotar alguns versos antes que eu os esqueça, ainda mais quando estou (como sempre) atrasada. Então por que o faço..?
Acho que eu sempre terei a esperança de que a sobrevivência não seja o mais importante. Além do mais, por que eu deveria achar queir a atendimentos para bem refazer uma pá de redações para tentar tirar um B em vez de um D é mais útil que escrever um poema para o meu amigo tentando fazê-lo entender por que eu queria protegê-lo, ou escrever uma canção que tenta dizer que a vida vale a pena se vivida intensamente. Ou simplesmente um poema triste tentando desbafar ou me fazer parecer feliz por comparação. Ou simplesmente... tentar alegrar as pessoas, sabe? Falar bobagens como "Im Rum Lifeh?", "Qual é a sua demência?", "Você já olhou pra cima hoje?", "São precisos muitos coelhinhos para isso..." ou "Here's a llama There's a llama And another little llama Fuzzy llama Funny llama Llama llama duck"...
Preciso-me ir, inutilmente mas com boas intenções. Llama heil!
And good hunting all who keep the jungle law.
Uma delas é te ver chorando, ou a ponto de chorar. Às vezes eu queria te abraçar, te segurar junto de mim e te proteger de todos os males do mundo. Mas aí, eu acho, eu seria todos os males do teu mundo, e isso seria pior que qualquer outra coisa. Foste tu que me fizeste entender que a dor dos outros é pesada demais para que eu a carregue. A tua dor, especialmente, pesou sobre mim como o enorme e cansado corpo de um cavalo de guerra. Mas um... uma pessoa importante para mim... me disse uma vez que cada um tem que lutar a própria batalha, e não há nada que nós possamos fazer para nos ajudarmos. Afinal, "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".
É por isso, então, que me afasto e te olho de longe, sem saber de fato o que fazer. Tudo o que eu queria era que pudesses tirar do olhar essa escuridão, essa desrazão, esse vazio todo. Existem coisas que fazem o maior dos homens olhar para o chão. Não és o maior dos homens, mas és para mim um gigante de qualquer forma - acho que mesmo os gigantes não sabem o que fazer com a dor...
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Acho que às vezes, é o vazio inconformado do seu olhar que me derruba no mundo. 25 de março. Você se recusava a ser tão livre nesse aspecto quanto eu, e eu, com raiva e frustração, atravessava a sala e grunhia, por que não pode sorrir de vez em quando?! Não o conheço, o amo e não o compreendo. E quando eles me perguntaram a razão de um meu já-volto agressivo, eu, sem querer chorar, mas em brasa, disse que não entendia porque algumas pessoas têm que ser tão infelizes — e cantei, porque não via opção além de cantar e sorrir, já que estava em festa. E tentei mais uma vez convencê-lo de que não adiantava ficar mal, mas você com suas respostas parecia me desprezar profundamente, naquele momento.
Mas acho que no fundo tinham ambos razão. Não importa o que eu diga ou pense ou diga que penso, o mundo vai continuar sendo o lugar terrível que é. Pessoas passando fome. Pessoas passando frio. Pessoas sem onde cairem mortas. Pessoas que não se consideram gente. Pessoas sem os filhos, sem os irmãos, sem amigos. Pessoas sem amigos. Pessoas sem objetivo na vida. Pessoas destruindo vidas. Pessoas que não se importam. Pessoas que morrem por se importar. Pessoas que não vêem. Pessoas que não vêm. Pessoas que não ouvem. Pessoas que não sabem. Pessoas que não querem entender. Pessoas que não conseguem entender. Pessoas que não conseguem sorrir. Pessoas que não conseguem andar. Pessoas que não vêem o sol. Pessoas que odeiam. Pessoas que se matam. Pessoas que morrem na rua. Pessoas que não podem sair na rua. Pessoas que não podem sair de uma cela. Pessoas que não fizeram nada. Pessoas culpadas. Pessoas convictas. Pessoas inocentes. Pessoas limítrofes. Pessoas azaradas. Pessoas condenadas. Pessoas sem esperança. Pessoas atormentadas. Pessoas incrédulas. Pessoas vazias. Pessoas frias. Pessoas cruéis. Pessoas tristes. Pessoas agressivas. Pessoas rancorosas...
Qual o problema com todas elas? Será que são fadadas a serem infelizes para o resto da vida? Ou será que podem "fazer de suas vidas obras de arte"?
Mais longe vou, mais perto chego
Não chego a lugar algum
e quanto menos sou, mais ser almejo
sem realizar nenhum
dos meus grandes desejos
Eu fico aqui a escrever poemas. Mas de que me vale escrever poemas? Por que eu tive de me fazer poeta?! Não podia ter nascido em mim o amor à matemática (tão simples e linda, a matemática...) ou à física, ou à biologia, ou à psicologia, ou mesmo à filosofia?! Porque tudo o que penso, gosto, quero ou almejo parece de uma indesejável inutulidade para a humanidade? Há coisa mais inútil que a poesia?! Ainda se eu fosse um Pessoa, um Camões, um Drummond, um... (esqueci), ou uma Cecília... Mas realmente não me vale de nada parar meu caminho até a escola para anotar alguns versos antes que eu os esqueça, ainda mais quando estou (como sempre) atrasada. Então por que o faço..?
Acho que eu sempre terei a esperança de que a sobrevivência não seja o mais importante. Além do mais, por que eu deveria achar queir a atendimentos para bem refazer uma pá de redações para tentar tirar um B em vez de um D é mais útil que escrever um poema para o meu amigo tentando fazê-lo entender por que eu queria protegê-lo, ou escrever uma canção que tenta dizer que a vida vale a pena se vivida intensamente. Ou simplesmente um poema triste tentando desbafar ou me fazer parecer feliz por comparação. Ou simplesmente... tentar alegrar as pessoas, sabe? Falar bobagens como "Im Rum Lifeh?", "Qual é a sua demência?", "Você já olhou pra cima hoje?", "São precisos muitos coelhinhos para isso..." ou "Here's a llama There's a llama And another little llama Fuzzy llama Funny llama Llama llama duck"...
Preciso-me ir, inutilmente mas com boas intenções. Llama heil!
And good hunting all who keep the jungle law.
quinta-feira, 22 de setembro de 2005
BUM!
(Só manifestando minha vontade de explodir...)
Apesar de tudo, continuo achando que é possível, talvez até mesmo imprescindível, transmitir a vocês por estíssimas palavras vazias o fingimento da dor que deveras sinto. Não sou precisamente eu que vos falo: tenho nome, mas ainda assim extravaso, sendo maior que o invólucro nominal a que teoricamente caibo.
Se me matares, nem por isso eu morro.
Sou forte sim - irrascível. Mas não vejo como pode ser a força uma virtude. Acho que estou mal-interpretando o que me disseste. Sou forte, sim, como vós; e os fortes são os que mais sofrem.
Sou um resto de qualquer coisa múltipla - a exemplo, aliás, de Deus e de todos os outros seres ultra-mega-fucking-sagrados.
Por um lado sou Cã submissa (o que parece contraditório, e provavelmente é, mas não mais que o meu olhar) que espera o dono à porta da casa, e que o protegerá contra tudo. Esta cadela amorosa há de fazer as vezes de cão-de-guarda e defender meu coração contra o Demônio, mas quem será mais forte? E sou então feliz, mas apenas quando estás comigo, quando te afastas, sinto dor e mêdo de afastar-me. Então, quando me separo de ti, sinto a dor verdadeira da separação, e aos poucos deixo de ser cã, para ser algo mais cruel, contigo e com todos.
Por outro lado sou lôba feroz, Raksha rancorosa incapaz do perdão e do esquecimento. Agarro-me ao que quero ou quis e não largo sem destruir, demoniacamente. Tenho sobretudo ódio do sentimento de submissão e entrega próprio de amor que por meu dono de cã cultivo, e nesse ímpeto de rancor subverto o amor em desprezo, e a amizade em desejo (isso está começando a ficar poêmico) e deliberadamente confundo os sentimentos para que eu possa ceder ao impulso de quebrar tudo e fugir para onde haja um tobogã.
Por outro lado ainda sou qualquer coisa de livre e alegre e serpente, querendo dominar e devorar a todos com carinho e divertidamente, com esperança no futuro e no agora. Assim sou leoa altiva, confiante, senhora de mim e de todos. Não me submeto a nada, pois quando me subjugam já não sou Bagheera, sou fogo puro, queimando com certo vazio.
E agora, vedes, sou Poeta, fingindo coisas que não sinto e sentindo coisas que não finjo, e fingindo principalmente que finjo, a dor que deveras sinto. Tento falar por mim, mas isso é bastante difícil. Vamos em frente, Malikath.
Acho que Fernando Pessoa não sabia muito bem quem ele era. Acho que nenhum de nós é qualquer coisa de fato, ainda mais quando se engana os outros.
Já paraste para pensar que tua essência está, na verdade, nos olhos do outro?
Apesar de tudo, continuo achando que é possível, talvez até mesmo imprescindível, transmitir a vocês por estíssimas palavras vazias o fingimento da dor que deveras sinto. Não sou precisamente eu que vos falo: tenho nome, mas ainda assim extravaso, sendo maior que o invólucro nominal a que teoricamente caibo.
Se me matares, nem por isso eu morro.
Sou forte sim - irrascível. Mas não vejo como pode ser a força uma virtude. Acho que estou mal-interpretando o que me disseste. Sou forte, sim, como vós; e os fortes são os que mais sofrem.
Sou um resto de qualquer coisa múltipla - a exemplo, aliás, de Deus e de todos os outros seres ultra-mega-fucking-sagrados.
Por um lado sou Cã submissa (o que parece contraditório, e provavelmente é, mas não mais que o meu olhar) que espera o dono à porta da casa, e que o protegerá contra tudo. Esta cadela amorosa há de fazer as vezes de cão-de-guarda e defender meu coração contra o Demônio, mas quem será mais forte? E sou então feliz, mas apenas quando estás comigo, quando te afastas, sinto dor e mêdo de afastar-me. Então, quando me separo de ti, sinto a dor verdadeira da separação, e aos poucos deixo de ser cã, para ser algo mais cruel, contigo e com todos.
Por outro lado sou lôba feroz, Raksha rancorosa incapaz do perdão e do esquecimento. Agarro-me ao que quero ou quis e não largo sem destruir, demoniacamente. Tenho sobretudo ódio do sentimento de submissão e entrega próprio de amor que por meu dono de cã cultivo, e nesse ímpeto de rancor subverto o amor em desprezo, e a amizade em desejo (isso está começando a ficar poêmico) e deliberadamente confundo os sentimentos para que eu possa ceder ao impulso de quebrar tudo e fugir para onde haja um tobogã.
Por outro lado ainda sou qualquer coisa de livre e alegre e serpente, querendo dominar e devorar a todos com carinho e divertidamente, com esperança no futuro e no agora. Assim sou leoa altiva, confiante, senhora de mim e de todos. Não me submeto a nada, pois quando me subjugam já não sou Bagheera, sou fogo puro, queimando com certo vazio.
E agora, vedes, sou Poeta, fingindo coisas que não sinto e sentindo coisas que não finjo, e fingindo principalmente que finjo, a dor que deveras sinto. Tento falar por mim, mas isso é bastante difícil. Vamos em frente, Malikath.
Acho que Fernando Pessoa não sabia muito bem quem ele era. Acho que nenhum de nós é qualquer coisa de fato, ainda mais quando se engana os outros.
Já paraste para pensar que tua essência está, na verdade, nos olhos do outro?
quarta-feira, 14 de setembro de 2005
Now that made me angry:
Marina C. Salles, your Elfwood ticket #444215 was processed by a moderator.
This is the result:
* Sorry, but some of the items you chose to submit to Elfwood was not accepted by a moderator. We have deleted them from our storage space, and you will recieve a copy of all removed items in a separate email.
Sunset in Curuca has no fantasy/sci-fi element neither in picture nor in its description so it is not suitable for Elfwood. If there is no visible fantasy-sci-fi in the picture you need to use description to explain clearly why is the picture still fantasy. "Incatchable Blue" needs to be cropped so that no sheet border, scanner bed is visible (right and bottom side, possible left as well).Besides every text which is not in english needs to be translated in the description. "One Drop of Blood" needs quality cropping as well, since sheet border is visibe on all 4 sides. "Ride to the Sun" needs scropping on the upper side, besides there is untranslated text in the picture. Either it has to be removed or translated. Same text issue (and maybe cropping on the upper side?) for Wanaifly. Elfwood Ticket #444215 was processed by a moderator at Mon Sep 12 14:35:27 2005
==> curuca.jpg was rejected! Reason: Does not fit in this area.
==> curuca.jpg will be deleted from Elfwood and emailed to: marinacs@uol.com.br.
==> pegaso.jpg was rejected! Reason: Item quality not acceptable.
==> pegaso.jpg will be deleted from Elfwood and emailed to: marinacs@uol.com.br.
==> pegasolobo.jpg was rejected! Reason: Item quality not acceptable.
==> pegasolobo.jpg will be deleted from Elfwood and emailed to: marinacs@uol.com.br.
==> pegazul.jpg was rejected! Reason: Item quality not acceptable.
==> pegazul.jpg will be deleted from Elfwood and emailed to: marinacs@uol.com.br.
==> wanaifly.jpg was rejected! Reason: Other reason...
.
==> wanaifly.jpg will be deleted from Elfwood and emailed to: marinacs@uol.com.br.
A Clara tinha razão: eu devia sair da Elfwood. Que lugar mais cri-cri!
As palavras de uma Talita
"Presa na caverna
Olhando uma fresta
Que luz será essa?
Mostrando um caminho
É como uma seta
Ainda enxugo as lágrimas da noite,
Que esperavam essa luz."
Olhando uma fresta
Que luz será essa?
Mostrando um caminho
É como uma seta
Ainda enxugo as lágrimas da noite,
Que esperavam essa luz."
Talita Larini
Incrível, não é? Como ela se assemelha a mim. Só para constar no registro do meu assombro, um trecho de um poema recentíssimo meu:
"Um veleiro no lago - vários destinos
Numa caverna escura, uma fresta
para uma nesga de luz."
(Me irrita a forma como o blogger não permite
repruduzir a diagramação dos meus poemas...
Grumble grumble...)
repruduzir a diagramação dos meus poemas...
Grumble grumble...)
E repete-se a medonha semelhança:
"Eu sou uma gota d'água, salgada e escondida,
atrás dos olhos de uma mulher sofrida.
Eu sou uma gota d'água, me identifico melhor
como lágrima e cada sofrimento que o coração
passa, ascorro pelo rosto assustado tentando
abafar a dor."
Não preciso, dizer, preciso? Que eu sou um fantasma?
"Eu ainda sou um fantasma
Andando perdido na noite
Sou feita de carne e de plasma
(e leucócitos, plaquetas, hemáceas)
Sangue e lágrimas
Eis o que me compõe"
Talvez... Talvez, eu penso, a grande semelhança esteja na idade. Ela tinha quinze anos quando publicou o livro que tenho em mãos. Eu estou para fazer dezessete, mas já tive quinze, assim como já tive quatorze e, antes disso, uns sete, e me lembro que não é de hoje que o despreparo dos adultos para lidar com a inteligência das crianças e dos adolescentes me dá diversão e desprezo. Não me entendo nesse aspecto...
Essa menina, Talita, deve saber quão sombria é a infância - quão terrível. Crescer não é coisa para criança. E adolescer? Apaixonar-se???
Metade do livro fala apenas do amor, do coração partido, esses lugares-comuns. Mas uma dor tão profunda, tão absurda e esperada, que dói no coração dos outros, dos nossos. As pessoas mais densas que conheci tinham entre treze e dezessete anos...
Ela reacendeu em mim o desejo do começo do ano, o de escrever um livro de poemas. Não falta material - falta tempo. Numa pesquisa rápida pela pasta de Poemas no computador encontro pelo menos 120 poemas digitados. E eu nunca conseguiria delegar as primeiras etapas do processo a outrem, pois só na digitação corrijo, altero e completo muitos dos meus poemas. Agora mesmo, digitando um pedacinho de A Devil (meu mais novo poema parcelado), troquei um "'till he sees I bleed" por um "before I bleed". Uma mudança pequena, é verdade, mas que para mim faz diferença. Também a capiltalização e a pontuação faz diferença.
Acho, porém, que aquela menina não se assemelha a mim nesse ponto. Minha alma de gramática foi se amuando e enraivecendo com as incontáveis distorções de tempos verbais e sujeitos e objetos e minha alma de parnasianista foi se enfurecendo com o que podia ser tanto prosa quanto poetria e ficava num pseudo-meio termo mas ao mesmo tempo que execrável era delicioso desde que não se lesse tudo de uma vez assim devagarzinho saboreando cada frase tudo ficava muito, muito gostoso...
Vou colocar uns poemas meus para acalmar os (meus) ãnimos antes que eu volte a falar de demônios de dentro da gente. Aleatoriamente; o último da lista, vai:
Onde está você?
Onde está, você?
Você que foge, some sem dizer
Você que escolhe a hora de viver
e vive sem falar
e fala sem matar
e sem morrer.
Onde está você?
Aonde vai, você?
Você que escapa, acaba, abarca o ser
Você que engana, emana, ama saber
e esquece que é alguém
e sonha em ir além
e se perder.
[6/9/2005]
e o primeiro:
A chuva cai lá fora
e cada gota que cai
Me lembra a toda hora
que a gente não sai
da vida
que a gente não perde
a trilha
que a gente não cai
da linha
e a gente encontra
saída
a gente jamais
se ilha
a gente nem
desalinha
pra ser feliz...
[para yuri - 17/12/2004]
domingo, 11 de setembro de 2005
Mundos Fantásticos - II
Qual é o pecado de Evanael?
Então, então. Dor e inveja. A própria incompreensão. Tentei mergulhar em outro mundo, um mundo de sonhos, mas a incompreensão me seguiu até lá. E o mistério. E a impossibilidade.
Raios! Realmente eu não consigo me fazer rir, e isso me irrita.
Então, em algum momento, tentei me tornar um deles, um destes que fazem rir quase sem pereceber que tentam. Tentei desenhar - sempre quis desenhar, assim, sempre, e não só às vezes. Então mostrei-lhe meus desenhos, e não ter quase nada novo para mostrar me deu raiva e inveja. Começava a compreender que eu não tinha jeito para os quadrinhos, mas refutava, enraivecida, a idéia.
Não sei qual o meu lugar no mundo, no sistema.
Não ia chorar. Na hora, estava muito feliz - ele queria ser meu amigo! Então ele propôs que eu desenhasse o mistério, e eu aceitei a proposta desafiadora. Só longe dali compreendi o que sentira. O não poder "mostrar o que fiz". Mas "toda pérola tem seu dia de ostracismo", disse Leminsky, e eu perguntei à Mama o que ela achava. Ela disse algo que me fez rir, não do algo, mas de sua possível (e imaginária) reação. Ao fazer o desenho, entretanto, fui aos poucos desvendando a dimensão do problema: a vida é apenas mistério -- todo o resto não é vida. Que mistério pretenderiam Mara, Lyserg, Evan, Aracron, Jolyn, Idle, Akira, Shïr e Bérual desvendar em Pellasith? A vida, meus amiguinhos, é apenas, apenas mistério.
Corta.
Outro dia.
Em que olhava abismada para o mapa e tentava não ver a irrefutável semalhança daquele mundo com este. Estaria eu, então, apenas a reproduzir num mundo mais improvável a existência detse? Por isso então a vida havia de ser terrível, e a verdade, inalcansável! "Madame Bovary c'est moi", há dito Flaubert um dia. Direi eu "Mikai Hwimiktei c'est moi", e temo que seja verdade a verdade. A narradora dessa triste história é também a mãe de seus falíveis filhos, e de seus incompletos mestres e inimigos. Principalmente, é a tutora de seus mortais e letais pretendentes. Matar é a forma mais dura de morrer. "A fome dos outros, sabe?", disse o Hoederer conciliador "também não é fácil de se agüentar."
E aí Ziget --- Ziget.
Qualquer outra pessoa seria a corrupção de Ziget. Ziget não é propriamente um mundo: talvez seja mais próprio ajuntá-lo aos sentimentos, com os quais partilha a inconstância, ou aos ideais, que partilham com ele a distância. Por mais que tenha regras e caminhos, ainda é, de forma fascinante, imapeável na realidade - pois que em seus domínios afloram mapas de todo tipo e de todo lugar sobre sua superfície. O planeta de Ziget é tão uncroiable quanto o do Pequeno Príncipe, e por isso mesmo afirmo que existe: tão absurdo quanto os sonhos e as utopias, é assim implausível demais para unir-se à matéria morfa que compoem os cenários deste mundo e do próximo. Se existisse em outro mundo, eu diria que era o mesmo que não existisse, mas não é assim que acontece: Ziget é por demais livre para prender-se a um mundo; seus absurdos normalizados permitem que ele se prenda como um parasita emtre os dois mundos, e os todos, desafiando meu senso de realidade. Mas não repetem os sábios que tudo é possível? Precisamente por ser possível, Ziget teima em existir, tornando-se fraco e distante, mas perene. Perene.
Então, então. Dor e inveja. A própria incompreensão. Tentei mergulhar em outro mundo, um mundo de sonhos, mas a incompreensão me seguiu até lá. E o mistério. E a impossibilidade.
Raios! Realmente eu não consigo me fazer rir, e isso me irrita.
Então, em algum momento, tentei me tornar um deles, um destes que fazem rir quase sem pereceber que tentam. Tentei desenhar - sempre quis desenhar, assim, sempre, e não só às vezes. Então mostrei-lhe meus desenhos, e não ter quase nada novo para mostrar me deu raiva e inveja. Começava a compreender que eu não tinha jeito para os quadrinhos, mas refutava, enraivecida, a idéia.
Não sei qual o meu lugar no mundo, no sistema.
Não ia chorar. Na hora, estava muito feliz - ele queria ser meu amigo! Então ele propôs que eu desenhasse o mistério, e eu aceitei a proposta desafiadora. Só longe dali compreendi o que sentira. O não poder "mostrar o que fiz". Mas "toda pérola tem seu dia de ostracismo", disse Leminsky, e eu perguntei à Mama o que ela achava. Ela disse algo que me fez rir, não do algo, mas de sua possível (e imaginária) reação. Ao fazer o desenho, entretanto, fui aos poucos desvendando a dimensão do problema: a vida é apenas mistério -- todo o resto não é vida. Que mistério pretenderiam Mara, Lyserg, Evan, Aracron, Jolyn, Idle, Akira, Shïr e Bérual desvendar em Pellasith? A vida, meus amiguinhos, é apenas, apenas mistério.
Corta.
Outro dia.
Em que olhava abismada para o mapa e tentava não ver a irrefutável semalhança daquele mundo com este. Estaria eu, então, apenas a reproduzir num mundo mais improvável a existência detse? Por isso então a vida havia de ser terrível, e a verdade, inalcansável! "Madame Bovary c'est moi", há dito Flaubert um dia. Direi eu "Mikai Hwimiktei c'est moi", e temo que seja verdade a verdade. A narradora dessa triste história é também a mãe de seus falíveis filhos, e de seus incompletos mestres e inimigos. Principalmente, é a tutora de seus mortais e letais pretendentes. Matar é a forma mais dura de morrer. "A fome dos outros, sabe?", disse o Hoederer conciliador "também não é fácil de se agüentar."
E aí Ziget --- Ziget.
Qualquer outra pessoa seria a corrupção de Ziget. Ziget não é propriamente um mundo: talvez seja mais próprio ajuntá-lo aos sentimentos, com os quais partilha a inconstância, ou aos ideais, que partilham com ele a distância. Por mais que tenha regras e caminhos, ainda é, de forma fascinante, imapeável na realidade - pois que em seus domínios afloram mapas de todo tipo e de todo lugar sobre sua superfície. O planeta de Ziget é tão uncroiable quanto o do Pequeno Príncipe, e por isso mesmo afirmo que existe: tão absurdo quanto os sonhos e as utopias, é assim implausível demais para unir-se à matéria morfa que compoem os cenários deste mundo e do próximo. Se existisse em outro mundo, eu diria que era o mesmo que não existisse, mas não é assim que acontece: Ziget é por demais livre para prender-se a um mundo; seus absurdos normalizados permitem que ele se prenda como um parasita emtre os dois mundos, e os todos, desafiando meu senso de realidade. Mas não repetem os sábios que tudo é possível? Precisamente por ser possível, Ziget teima em existir, tornando-se fraco e distante, mas perene. Perene.
quinta-feira, 8 de setembro de 2005
Mundos Fantásticos
"É engraçado que quando você pensa em escrever ficção, sempre pensa em magia e dragões e fantasia... Nunca pensa em ficção realista, tem que ser sempre algo fantástico" - Regina Saracenni, mais ou menos
Que é, afinal, que nos leva a criar tantos mundos e tantas perguntas?
Contendo umas lágrimas.
Eu estava pensando, pensando muito. Na verdade, estava lendo Shaman King.
E não achem que venho postar apenas porque são estes pensamentos tristes. Apenas desta vez eu sabia o que vinha dizer.
Entre outras coisas...
Quero compreender Tolkien, que foi como eu, e Lewis, mas também os vivos, como o Oda, o Shirow, o Watsuki, o Samura e o Takei... E também os brasileiros, até mesmo o Lobato e o Pedro e aqueles todos que vocês já sabem. E até (pasmem) meus amigos, até O Bruno, e o Charles, e o MADS (que aliás não mais conheço), e eu mesma. Principalmente eu mesma. E a dor disso tudo. E os mapas. Os mapas...
Por que fiz aquele mapa? acho que foi por inveja. Inveja não do Tolkien, do Lewis, do Pratchet ou dos outros vencedores. Inveja dos aprendizes como eu. Ninguém tem inveja dos mestres... Eu apenas queria ser como eles, pô. Como ele, o cara dos mapas. Dos personagens. Que cobra.
Mas talvez - apenas talvez - tenha sido uma tentativa de fazer um mundo mais detalhado, como o é a terra média. Eu já contei que existe um lugar chamado Dúnedain em algum lugar das ilhas do Mar Oriente? Significa Deserto de Cinzas... Ah, sei lá... então...
Então eu estava desenhando, pelo mesmo motivo anterior, mas mais feliz; desenhando o Aragorne Scorpes e o Jolyn atravessando o Üdain no lombo de um bicho esquisito. E o Charles disse "você não pode fazer isso: o Christopher Tolkien não vai deixar" e talvez ele até tenha razão, mas quem se importa... E eu percebi que eu não me importo muito mesmo, em parte porque eu estou acostumada à idéia de não poder publicar o que eu escrevo, por ter sido discípula de Narizinho e da Emília, e não dos mestres da criação de mundos... Também porque muito do que inventei são Soules, que não podem ser livrinhadas... Mas Marwla... Milkath... Eu até queria fazer um livro. Desde o início da loucura de Mara até a maturidade de Aragorne Scorpes. Mas, se eu não puder publicá-lo, bom, tanto faz. O Hatsw não é Ziget. Evanael não é Bérull. Eu vou sobreviver.
Mas existe outro motivo para eu nunca conseguir criar as histórias de fato... E não é só porque o biólogo gelf Derin Merk nasceu em Bale, ou porque a procissão de escravos ruma para Mecca. Minha procupação é mais abrangente.
...
Vocês, por exemplo, não devem ter reparado em como aquele mapa se assemelha ao nosso mapa-múndi.
Que é, afinal, que nos leva a criar tantos mundos e tantas perguntas?
Contendo umas lágrimas.
Eu estava pensando, pensando muito. Na verdade, estava lendo Shaman King.
E não achem que venho postar apenas porque são estes pensamentos tristes. Apenas desta vez eu sabia o que vinha dizer.
Entre outras coisas...
Quero compreender Tolkien, que foi como eu, e Lewis, mas também os vivos, como o Oda, o Shirow, o Watsuki, o Samura e o Takei... E também os brasileiros, até mesmo o Lobato e o Pedro e aqueles todos que vocês já sabem. E até (pasmem) meus amigos, até O Bruno, e o Charles, e o MADS (que aliás não mais conheço), e eu mesma. Principalmente eu mesma. E a dor disso tudo. E os mapas. Os mapas...
Por que fiz aquele mapa? acho que foi por inveja. Inveja não do Tolkien, do Lewis, do Pratchet ou dos outros vencedores. Inveja dos aprendizes como eu. Ninguém tem inveja dos mestres... Eu apenas queria ser como eles, pô. Como ele, o cara dos mapas. Dos personagens. Que cobra.
Mas talvez - apenas talvez - tenha sido uma tentativa de fazer um mundo mais detalhado, como o é a terra média. Eu já contei que existe um lugar chamado Dúnedain em algum lugar das ilhas do Mar Oriente? Significa Deserto de Cinzas... Ah, sei lá... então...
Então eu estava desenhando, pelo mesmo motivo anterior, mas mais feliz; desenhando o Aragorne Scorpes e o Jolyn atravessando o Üdain no lombo de um bicho esquisito. E o Charles disse "você não pode fazer isso: o Christopher Tolkien não vai deixar" e talvez ele até tenha razão, mas quem se importa... E eu percebi que eu não me importo muito mesmo, em parte porque eu estou acostumada à idéia de não poder publicar o que eu escrevo, por ter sido discípula de Narizinho e da Emília, e não dos mestres da criação de mundos... Também porque muito do que inventei são Soules, que não podem ser livrinhadas... Mas Marwla... Milkath... Eu até queria fazer um livro. Desde o início da loucura de Mara até a maturidade de Aragorne Scorpes. Mas, se eu não puder publicá-lo, bom, tanto faz. O Hatsw não é Ziget. Evanael não é Bérull. Eu vou sobreviver.
Mas existe outro motivo para eu nunca conseguir criar as histórias de fato... E não é só porque o biólogo gelf Derin Merk nasceu em Bale, ou porque a procissão de escravos ruma para Mecca. Minha procupação é mais abrangente.
...
Vocês, por exemplo, não devem ter reparado em como aquele mapa se assemelha ao nosso mapa-múndi.
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