sábado, 18 de dezembro de 2010

Rascunhos

"Não faça rascunhos. Leve cada desenho a sério." - Peçanha


Sabe, eu tenho dois rascunhos quase permanente no meu blog, além de um rascunho rotativo de Histórias Sem Fim. São começos de histórias que eu queria escrever, que começaram muito naturalmente, mas que eu não consigo continuar! É tão difícil continuar. Particularmente esta sobre o Lay, o Anjo do Relâmpago (é a primeira vez que o chamo assim, em português), é difícil porque eu comecei querendo escrever com leveza e beleza, mas a vida do Lay não é bonita, e eu não consigo dar o passo do lirismo para a narrativa. Acho narrativas muito difíceis, me dou muito melhor com as descrições. Bem, acho que nunca serei um contador de histórias como o Garth Nix, mas talvez eu possa almejar um pouco do fascínio do Tolkien... Enfim, vou publicar esse rascunho para vocês terem uma idéia do que estou falando.


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Na cidade de Raéa tudo era tão bonito! As praças estavam cobertas de lírios e as torres dos palácios se erguiam claras e majestosas em direção ao céu azul e límpido lá em cima. Em Raéa nunca chovia, nunca ficava nublado, talvez porque a cidade estava acima da maioria das nuvens, no topo dos picos fantásticos que o povo comum chamava de Heaven. É claro que o nome original do lugar era Haven, mas quem discordaria do nome que o povo dava, quer dizer, haveria um lugar mais próximo de se chamar de Céu? Os enormes pássaros de Raéa se agitavam e cantavam para despertar a cidade. Os habitantes de Raéa, como qualquer povo de boa fé, venerava a Quemi, o Pássaro das Cores, e a Quehy, a Fênix de Luz. Exemplares jovens das duas espécies saltitavam aqui e ali, colorindo e iluminando o ar em que dançavam; mas o pássaro mais presente da cidade era o que eles chamavam de Alma dos Ventos, uma ave imponente que parecia nunca parar de crescer e que viajava distância inacreditáveis para fazer seu ninho nas torres dos palácios. E, como era bem cedo, os parapeitos das janelas estavam apinhados de Almas das Manhãs, os menores pássaros de Raéa (ainda um pouco maiores que um sabiá de peito laranja), que tinham penas macias como as plumas de um bebê e que se reuniam no nascer do sol para se aquecer, conversar com seus irmãos em trinados baixos e graves e entoar adoráveis cantigas de acordar. Não havia melhor forma de acordar que o amanhecer de Raéa! O sol entrava por todas as janelas e fazia brilhar as torres imaculadamente brancas. As casas baixas, feitas de blocos mais rudes das pedras claras das montanhas, estavam cobertas de flores delicadas que se abriam ao toque do sol. Cada porta, esculpida na mais nobre madeira jovem que crescia timidamente abaixo das nuvens, se abria, e cada janela, apenas para deixar o vento entrar. Logo todos estariam despertos, e a cidade estaria cantando com o prazer de um novo dia. Era por essas manhãs que Lyserh vivia. Ele adorava saltar para a rua e sentir o ar correndo por sua pele enquanto abrandava a queda. O azul do céu e o branco brilhante das casas e das flores o preenchia , como o calor do sol. Ele cumprimentava os pássaros ao caminhar pela praça. Era sua vez de ser feliz. Era tudo o que tinha na vida.
Neste dia, Ly também estava feliz porque ia conseguir uma coisa a mais, uma coisa a mais a que se agarrar nos momentos em que a luz parecia distante. Ele não tinha a menor dúvida de que a partir de então ele seria feliz! Ali, em Raéa, onde cada dia era perfeito, ali ele ia encontrar seu lugar do lado direito de Deus. Era impossível parar de sorrir. Ali ele ia encontrar aquilo que daria sentido à sua vida.
Ele atravessou mais algumas praças cobertas de lírios, e algumas ruas estreitas e floridas, saltitando de pedra em pedra e cantarolando para acompanhar as Almas. Antigamente ele costumava pensar com freqüência em como seria, depois da morte, é claro, ser um pássaro e passar seus dias planando e chilreando por aí; mas hoje esse pensamento sequer lhe ocorreu -- a vida parecia tão bela assim do jeito que estava! Era difícil pensar em coisas tristes ou mesmo coisas imperfeitas neste dia alegre.



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Minha idéia é contar como Lyserh entrou para a força de elite dos Anjos. É muito importante para a história que ele entre nela. Na verdade é essa a fundação do personagem. Mas eu não consigo fazer acontecer.

Um comentário:

Cacau =^.^= disse...

Tão estou trava com minhas hsitórias, então não sei o segredo para continuar.
Mas o que está aqi é muito bom, e pode levar o quão longe você quiser. =D