quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Olho

Sempre tão calmo. Por que é sempre tão calmo?

Eu levantei e dei voltas pelo seu quarto, enlouquecida, querendo destruir tudo, querendo fazer você entender. Você não entendeu. Você nunca chegou a realmente entender. Você perguntou o que eu estava fazendo, e eu disse, nada, eu queria era saber o que você não estava fazendo, e por quê.

É sempre tão calmo.

Você se aninha em mim, eu me aninho em você, um ou dois ou três gatos se aninham em nós, entre nós, por cima e ao redor de nós, e nós somos um ninho.

Tomar café na grama.
Subir em árvore.
Tomar sol.
Cozinhar.
Amar.

Tem tanta coisa linda no nosso mundo, mas o que eu queria mesmo era botar fogo em tudo. Botar fogo em tudo! Deixar tudo queimar, fazer tudo arder, a começar por você!

Esses seus olhos sempre tão calmos, eu quero fazê-los sorrir de verdade, eu quero vê-los se arregalando de mêdo, se contraindo de fogo, enlouquecendo. E entretanto eu odeio ouvir dor na sua voz. Mas...

como me enerva ouvir na sua voz essa paz!

Um comentário:

Diogo disse...

De onde vem seu desejo de trazer o caos às pessoas que ama?