Pensando bem, eu não vou voltar.
Eu não quero voltar. Eu só vejo fogo lá atrás.
Eu quero queimar tudo.
Eu não quero tentar reacender velhas amizades, eu não quero me basear em nada do que já foi. Eu quero cortar minhas raízes, e esquecer o passado.
Pensando bem, eu nunca vou me encontrar. Eu sou um pássaro que já voou, um inverno que passou, uma estrela que morreu, uma peça que saiu de cartaz.
Eu não quero guardar nada do meu passado. Eu quero enterrar cada caderno, cada carta de amor. Eu não quero sequer me lembrar dos sonhos, das risadas. Eu quero cortar o pecíolo e me largar no vento.
Eu quero perder a idade, perder o mêdo de envelhecer, perder o arrependimento, perder o compromisso. Eu quero perder a dor, perder a traição. Eu quero perder a culpa de ter abandonado.
Parece que quando a gente resolve um problema, a gente praticamente esquece que ele existia. Então eu quero esquecer de tudo. Eventualmente, tudo desaparece.
Eu quero me libertar da vida que eu tive até aqui. Esquecer que estou presa a ela, esquecer o dever que tenho para com ela. Eu quero recomeçar.
Acho que quem em sou agora não bate com a visão de mundo que eu tinha antes. Não bate com quem eu era, no que eu acreditava. Eu quero fechar os olhos e parar de tentar entender.
2 comentários:
Não sei se é o certo, mas também, qual a diferença entre o certo e o errado?
Se é isso que quer fazer (como fiz), confio em ti e boto fé. Não conte com minha ajuda (por que você não precisa), mas saiba que estou aqui se quiser.
"He felt his whole life turn, like a river suddenly reversing the direction of its flow, suddenly running uphill."
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