É meio ridículo que eu não queira falar dessas coisas pessoalmente com você mas ainda insista em escrever sobre elas, aqui onde eu sei que você vai ler.
Eu queria conseguir pensar como você, Tássio, e não me lamentar pelos erros que eu cometi quando eu era uma jogadora novata. Mas no meu caso os erros estão aqui, muito próximos para que eu consiga me distanciar deles. Eu ainda sou novata. Então eu tenho que lidar com eles e aprender. Mas acho que a lógica da vida deve ser muito mais difícil de pegar que a do gô. Você talvez tenha visto, naquele dia em que eu tentei aprender a jogar, que em vários momentos em não via saída nenhuma e jogava apenas por intuição. Também na vida faço isso, quando me encontro em situações confusas, sigo lassa as ordens do meu coração, e às vezes é para bem, mas muitas vezes também é para mal. Você não sabe distingüir bem e mal, útil e inútil, certo e errado, mas eu consigo sentir os erros e acertos -- é claro que às vezes temos que provar o fel da vergonha para entender quem somos, o que fizemos, para onde nos dirigimos, qual o próximo passo. A amnésia do futuro é o pior tipo.
Agora algumas coisas estão tão claras, coisas que eu nunca teria imaginado pensar. Eu preciso me tornar mais forte, conseguir olhar as pessoas nos olhos e permitir que a minha própria voz fale, e não apenas a voz de sonho com que eu te conto minhas loucuras e a voz de mêdo com que eu te faço perguntas. Eu preciso falar com a voz de poder que é uma arma na minha lida. Agora eu entendo quantas dores na minha vida foram apenas falta de usar essa voz. Eu tenho que ser forte para poder controlar os demônios. Eu tenho que ter força para poder sobreviver aos seus passos dentro de mim. Eu entendo agora quantas coisas me causaram mais dor do que prazer porque eu não pude segurá-las com as duas mãos. Eu ainda preciso aprender muito. Eu ainda sou muito frágil.
Acho que aqui termina o capítulo que eu quis chamar da Coragem. O próximo trecho será chamado de Força.
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