quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Ei!!!

Hoje eu entrei no Casa de Algodão e descobri que o cara misterioso havia feito um comentário que comentava o meu comentário. Aquele comentário me deixou extremamente embaraçada! Que direito tinha ele de comentar tão abrintemente meu comentário? Se eu comento, e você comenta o que eu comento, então você me comenta. Você me come; você come meu comentário. Você me engole. Eu viro matéria prima, e você, o argilista. Eu viro títere. Eu viro massa amorfa. Eu deixo de ser gente para virar personagem. No final, como sempre, tudo vira literatura e música.

/* NOTA: Será que as pessoas se sentem assim massaamorfa quando eu falosobre elas neste blog? */

Acho que me senti tão usada e falada porque de fato aquele comentário que eu tinha escrito tinha sido especialmente emotivo. Acho que eu estava de TPM == hormônios causando e meio emocionada por estar saindo do estágio do qual eu gostava e de qualquer forma os escritos, aliás, os pensamentos do Bruno de modo geral sempre me revoltam. E quando as pessoas usam suas emoções pra construir seu argumento você naturalmente se sente usado, ou invadido. Afinal:

Como é possível que alguém se aproprie das minhas emoções? Se alguém se apropria delas, elas deixam de ser minhas. Mas que sentido têm minhas emoções se elas não são pessoalmente minhas? Isso quer dizer que elas não são pessoais — então, minhas emoções são gerais, são só um indício de que eu sou como todos os outros, não são um indício da minha individualidade! Você usa minhas emoções que são criadas pelo meu próprio âmago e prova que elas são a argila da população! O que tenho de mais íntimo é o que compõe igualmente toda a humanidade! Então, eu não sou eu por causa das minhas emoções. Então, se não sou o que sinto, o que sou eu? Sou o que penso? Sou como vejo? Sou o ver-através-dos-olhos? Mais que isso, se as emoções não são minhas, então nossa amizade, que é um sentimento tanto quanto uma relação, também não é minha. Então, eu não sou eu — porque não posso ser eu se não sou minhas amizades. Então eu inteira sou personagem, sou massa morfa, sou tipo. Isso é violento porque me descaracteriza. Você me descaracteriza toda vez que me compreende? Perceber o que estou sentindo é roubar de mim o sentimento? Viver em conjunto, então, que só é possível pela compreensão mútua das emoções, viver em conjunto é uma destruição sistemática da individualidade? Não, não é isso ainda. Minha revolta é porque quem falou de mim não me conhece (não importa se a pessoa real conhece; quem falou de mim era um personagem), e se não me conhece não compreende minhas emoções. Eu sou tipo porque sou a partir da fala de quem só conhece de mim o tipo. Se você não me conhece, se não me emociona, vê em mim as emoções listadas na sua compreensão vaga e sistêmica do rol das emoções humanas. As emoções humanas da sua lista servem para compôr a sua compreensão sistêmica dos humanos, são o barro ou a massa da sua concepção do humano, mas não são para absorver a compreensão das pessoas com quem você convive, as pessoas que você ama, as pessoas que são através das suas emoções. Assim através de você eu sou só uma concepção genérica do humano. Toda vez que um desconhecido fala do meu eu real, que só é conhecível através do contato real, ou melhor, toda vez que alguém me descreve a partir da generalização, eu me torno essa coisa barro, tipo, rosto inexpressivo do desconhecido sem rosto, elemento da massa.

Todas as pessoas têm uma individualidade, cuja complexidade esperamos que seja não-indexável. Toda vez que falamos sobre o desconhecido, estamos desconhecendo ele.

E desconhecer uma pessoa é perder a oportunidade de conhecê-la. A princípio. Porque também é, sempre, uma espécie de contato, capaz de criar novas interações.

3 comentários:

Night Dew disse...

Mas, não se pode compartilhar das emoções? Ela precisa ter sido roubada tão drasticamente a ponto de se tornar este estupro intelectual? Share the wealth!
Palavras são presentes, você pode não aceitá-los. Aceitarias doces de estranhos? Podem te fazer mal... (ambos) Mas aceite esse meu presente como se fosse uma flor, e a cultive sua curiosidade!
PS: não sou um(a) estranho(a), sou só estranho(a)!

Marcio Zamboni disse...

E quando alguém simplesmente reduz toda a sua complexidade individual a "zambesta", o que você faz?

:P

Ozzer Seimsisk disse...

No caso do "zambesta" foi uma agressão deliberada em resposta às agressões anteriores (e igualmente amigável)