sexta-feira, 19 de junho de 2009

Resposta ao texto do Rafael (O Aleph, 18/06/09)

Uma parte de mim quer voltar à velha discussão da mitologia moderna sobre a racionalidade não-humana... Mas outra, a maior parte, está quase completamente comprada por essa idéia de que a racionalidade humana nasce no arbítrio. É uma idéia tão bem acabada por princípio! Porque é da necessidade de se tomar uma decisão que nasce a dúvida e a racionalização da situação e seguinte raciocínio que leva a uma solução (ou a mais dúvidas).

Queria muito saber quais foram as tuas perguntas! Assim talvez pudesse ter uma vaga idéia de a que se refere a última afirmação do artista. Já passei por discussões qie me deixaram completamente convencida, mas apenas por algumas horas, até que eu voltasse a pensar no assunto e não conseguisse lembrar de forma alguma o que me convencera. No meu caso foi perturbador porque até hoje discordo daquela idéia, mas como fui convencida dela por algum tempo me pergunto se não é minha ignorância que me impede de ver que ela está, sim, certa. O esquecimento é um demônio particularmente cruel, não?

Sobre as formas da natureza: não, elas não têm nenhuma relação direta e necessária com a racionalidade humana. Na verdade a maior parte das coisas não está necessariamente relacionada, e ainda assim, na nossa mente, se relaciona. Talvez não seja uma questão de gestalt, porque por exemplo a proporção áurea é uma abstração e um ideal de beleza aparentemente arbitrário que entretanto é encontrado nas conchas de diversos animais. Mas, enquanto não encontramos uma explicação perfeita para a beleza do número fi (que talvez seja justamente a sua presença na natureza), podemos aceitar a forma como nossa racionalidade encontra espelhos de idéias em coisas, enxergando imagens como esquemas e manchas como figuras. O artista olha para todas as formas da natureza, e em muitas delas não vê significado; quando consegue encaixar um pouco de significado em um trecho de uma forma, imediatamente estende o encaixe como pode e propõe a si mesmo o significado possível daquele encaixe. O artista vislumbra uma metáfora e se pergunta: será que é uma metáfora minimamente válida? E, ao pensar nisso, ele relaciona signos, cria novos signos, com novos significados, e assim ele aprende algo sobre o mundo. (ou isso, ou eu tenho que me desvincular um pouco da semiótica...)


PS.: vocês acham que eu estou explicando demais o que eu digo?

Um comentário:

Utak disse...

o texto est;á claro e conciso.
isso é semiótica?