sábado, 13 de junho de 2009

Naturalmente, outro texto egocêntrico e emo.

Eu tenho mêdo de não ser forte o suficiente, Di. Eu tenho mêdo de não conseguir chegar no final do semestre. Eu sei que é mentira que tudo sempre dá certo no final, a menos que a gente se recuse a reconhecer que é o final até que alguma coisa dê certo. Eu não quero saber nada disso. Eu quero não ter mêdo de nada, eu quero não saber nenhuma das coisas que deixam a gente com mêdo, eu quero achar que eu posso ser mais forte que todo mundo, eu quero ter poderes. Eu tenho mêdo de ser uma pessoa muito fraca ao lado de uma pessoa muito forte. Eu estou cansada de ouvir gente me rebaixando, me insultando, estou cansada de ouvir que eu sou relapsa, que eu sou irresponsável, que eu sou preguiçosa, sim, eu sei que eu fui idiota e infantil nos últimos dois anos, mas agora eu quero ser mais forte, e é tão difícil quando todo mundo fica me lembrando das minhas derrotas, porra! Sim, eu sei, eu não conheço nada de música, eu vivi embaixo de uma pedra, eu quero jogar uma pedra em quem me diz isso, eu sei que eu sou ignorante, eu sei que a única coisa que eu sei direito é amar, e falar talvez, e que a maior parte das coisas que me importam importam só pra mim, e que ninguém deveria ter o direito de formar minha opinião a respeito de mim mesma, mas é tão difícil acreditar nisso quando tudo o que eu tenho são as pessoas, quando no fundo eu joguei fora meus mundos inventados pra ter alguma chance no mundo real, eu sacrifiquei tanta coisa para poder viver com as pessoas reais, e parece que o mundo cobra que eu sacrifique ainda mais, que eu sacrifique tudo, meus sonhos, meus ideais, minha personalidade, o que eu mais detesto é gente como o Ugo dizendo que nada dá certo se eu for tão idealista quanto eu sou, e eu tenho vontades de abrir a cabeça dele com uma pedra, e é muito difícil lidar com eu ter muita raiva de um meu melhor amigo, sabe? Eu estou cansada de ouvir que eu sou uma pessoa incrível mas que eu preciso ser menos eu pra poder ser feliz. Eu não quero isso, eu quero seguir em frente, eu quero vencer, porque eu tenho aquela característa dos Sims "loser", eu sempre fui ruim em quase tudo em que os termos vitória e derrota se aplicam, eu cresci perdendo todas as partidas de todos os jogos, menos quando eu tinha muita sorte, e muitas vezes meu irmão jogava mal de propósito para eu ganhar, mas eu desenvolvi essa indiferença em relação à vitória, eu não quero ser o centro do universo, e eu queria criar um personagem de RPG cujo objetivo de vida fosse ajudar as pessoas, ele teria habilidades diversas mas não seria especialmente bom em nada, não teria exatamente uma postura política, não teria tendência, ele só ajudaria quem estivesse perto dele, e embora eu tenha sim uma moral acho que foi o mais próximo de um personagem que me representasse que eu consegui chegar. Eu não quero mais ser a protagonista, eu só quero ser parte de uma boa história, mas eu quero ser respeitável, e eu sei que pra ser respeitável você tem que ter algumas vitórias, por isso eu quero sim ser forte (e eu ainda tenho resquícios da eu Lôba de antes, que não tem mêdo de nada, diz sempre a verdade e tem poder potencialmente ilimitado) e sim eu sou competitiva nos jogos nos quais eu tenho um mínimo de habilidade (quer dizer, Smash), mas eu prezo mais o estilo que o poder, eu nunca me divirto realmente se eu ganhar demais, eu me acostumei a pensar em mim como uma pessoa que não tem talento pra nada (especialmente depois que eu descobri que eu não desenho nem escrevo tão bem assim - porque eram essas habilidades que as pessoas viam em mim quando eu era pequena). Às vezes eu penso que eu devia fazer como o Ugo e dizer foda-se pra tudo isso e passar a dizer que eu sou foda em tudo e que eu sou o máximo mesmo nas coisas que eu nem sei fazer até que eu me torne realmente bom naquilo, mas me irrita tanto quando o Ugo faz isso! Eu não quero ser uma pessoa agressiva, eu quero ser uma pessoa gentil. As pessoas que eu mais admiro hoje em dia são o Bruno, o Jesus, o SuperFlautas, que são pessoas gentis que nunca pisam nos outros. Eu tenho vontade de proteger o Bruno quando todo mundo pisa nele e ele detesta isso mas continua sendo legal com todo mundo. Eu não sei se eu sei ainda do que eu estou falando. O que eu estou falando é que o meu ideal de pessoa não é mais o Wolverine super forte, super selvagem e super fodão, e sim (oh fuck não temos personagens em comum pra isto) um Usopp, o cara que não é super foda mas fica lá até o fim, seguindo seus princípios, ajudando seus amigos, lutando no meio de coisas feitas para pessoas bem mais fortes que eles. Do que eu estou falando? Eu não sei, aliás, eu não vou mandar mais este e-mail pra você, eu vou, sei lá, publicar no blog, porque isso não tem mais a ver com você, tem a ver com outras coisas, coisas que não são tão importantes, coisas que talvez sejam apenas conflitos internos entre o que eu já fui, o que pensei ser, o que me disseram que eu era e o que eu talvez seja.

2 comentários:

Charles Bosworth disse...

Não entendo sua crise.
Ou porque você dependa tanto dos outros para tê-la.

Utak disse...

Meus métodos são discutíveis, mas são medidas paleativas, até eu me ajustar no meu mundo mesmo. Eu não quero também sacrificar um monte de coisas(tais como a vagabundisse) pra viver no mundo, e acho isso muito chato, mas pra conquistar meu sonho, eu vou ter que largar a vagabundice e começar a estudar de verdade. Pra conquistar meu sonho, eu tenho que ser forte, bonito, gostoso, sábio e superior ao velho Ugo fraco, bobo, sensível e exposto. Não queria ter sido obrigado a tomar essas posições, mas eu saturei, físicamente. Minha pele estourou, e se eu não fizesse nada, eu viraria uma bola de cancer de pele. Você tem sorte que seus comportamentos afetam pouco seu corpo, ou sao menos indiretos, mas qualquer deslize, minha pele se irrita e se machuca. Meu corpo quer criar medidas para me defender, o seu ainda não. Não que isso justifique nada, mas acho que ser idealista funciona, mas não adianta ser apenas isso. Aderir funções novas como trazer as coisas para a realidade, é uma capacidade necessária à sobrevivência, ou à sanidade. Não sabia que você estava odiando alguma coisa em mim. Se soubesse... teria pensado melhor antes de ser, sua opinião certamente importa pra mim, você sabe disso. Eu não suportei manter minhas feridas expostas ao mundo, até por que, na psicologia, eu não posso deixar minhas feridas expostas, ou as pessoas apertam elas. Por que lá, as pessoas sabem fazer isso, e podem. Elas estão lá pra isso. Não posso ser terapeuta e deixar-me tão aberto quanto eu era (ainda sou), pois isso interfere absurdos no resultado do tratamento. Acho válido considerar o que as pessoas pensam, mas é sempre bom lembrar umas vontades interiores, suas egoístas. Ser egoísta faz parte do mundo.
Também acho válido lembrar que, se você abrir rpas pessoas, elas vao machucar. Algumas pessoas tem como objetivo no mundo superar as outras, e elas vao fazer isso, custe o que custar. Eu tive que aprender a me defender, não sei como seria pra você.