terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O Carteiro

PS.: como eu não tenho realmente tempo para parar e escrever a continuação daquela história, resolvi enrolar meus leitores com uma coisa que escrevi muito, muito tempo atrás, quando eu tinha longos intervalos entre as aulas da manhã e as da tarde e ficava no CEI escrevendo poemas e prosas absurdas como esta que vocês lerão. Até seman que vem. Um abraço! ass.:mali



Todos os dias, antes do sol nascer, o portão do forte se abria e por ele saía o cavaleiro a galope, sorrindo para as pessoas que acordavam cedo, que não eram muitas, e entregando as cartas de todos os moradores da vila, enquanto recebia encomendas e mensagens para os moradores do campo. A última casa era a de Pedro, que acordava todos os dias muito cedo para habilmente atar a carroça ao cavalo sem que este tivesse de parar seu trote alegre. O cavaleiro então galopava pela estrada de terra que ligava as casas da vila às fazendas, despedindo-se alegremente dos amigos que deixava para trás. Lá chegando, era recebido por muitos fazendeiros que logo ocupavam-se em retirar e colocar encomendas, geralmente mercadoria, da carroça, aproveitando para cumprimentar o alegre cavaleiro, e as crianças tentavam acompanhar o cavalo até a casa de Maria. Lá Maria lhes dava pedaços de bolo, e ao cavaleiro um almoço simples, composto por um sanduíche e um cantil de suco. Sem parar o galope, o cavaleiro libertava-se da carroça e despedia-se das crianças e de Maria e partia para o campo aberto, onde todos os dias galopava alegremente por longas horas, esperançoso de avistar um outro cavaleiro chegando pela estrada que saía da floresta, trazendo notícias, encomendas, presentes e mensagens das terras distantes, sempre alegre e nunca desanimado. Mas o cavaleiro sempre sabia que ele não viria quando o sol estava alto no céu, começando o percurso que o guiava para o oeste, e então saía a galope em direção à casa de Maria, onde recebia um pedaço de bolo e um sorriso, e Pedro sempre estava lá para ajudá-lo com a carroça. E o cavaleiro voltava galopando e trotando por entre as fazendas e os fazendeiros, que recebiam o que lhes era destinado, sorrindo-lhe e despedindo-se. Todos os dias o cavaleiro voltava para a vila já quando estava entardecendo, e lhes entregava cartas e presentes vindos do campo, e já de noite o portão do forte voltava a se abrir, e por ele passava o cavaleiro a galope, que ia então para uma modesta pista coberta, e ali galopava, ininterruptamente, embora homem e cavalo dormissem, durante a noite toda. E quando o mensageiro das terras outras vinha, em dias alegres onde o sol sempre brilhava, os dois galopavam pelo campo aberto até o fim da tarde, e contavam suas histórias, suas piadas; trocavam notícias e risadas, e corriam ao vento, apostando corrida, por horas a fio, sem poderem superar um ao outro. Até que enfim os dois saíam em alegre trote pela vila, entregando suas cartas e presentes, espalhando seus sorrisos e notícias, e já era noite quando o portão de ferro do forte abria-se para sua passagem. E os cavaleiros dirigiam-se à pista ainda trocando idéias, e pela primeira vez em seu dia o mensageiro parava e descansava, observando admirado o companheiro que ainda corria, invencível e inesgotável, para sempre...

3 comentários:

Utak disse...

random...

Bruno K disse...

é um texto que eu apreciaria fazer, mas não tenho capacidade atualmente de fazer algo parecido ao seu.

Bruno K disse...

vejo que faço meu trabalho de semi-vizinho e de carregador de pães com maestria. é bom saber quando se está fazendo bem o trabalho dos outros.