quinta-feira, 17 de maio de 2007

Memoirs, etc.

Sobre coisas nas quais há muito eu não pensava...



I want to buy you flowers...
It's such a shame you're a boy...


Remember this song? Remember how I sang it day after day thinking, oh, boy, You were so sweet... and I was in love... and how my heart couldn't understand what the fuck I was doing; do you remeber the endless poems you, dear, you never had the chance to read? And everything rolled on from then... How blue eyes became green and later on green eyes faded into blue ones; and how in the end they were only eyes, eyes full of hope and despair, eyes waiting for someone to buy them flower, though I must confess I wonder If you will like my flowers, and eyes hoping that I'd never stop bringing them flowers, though, you know, inside my heart I was, you know, beyond the point of no return...

Eu estava pensando em como as coisas mudam, mas continuam as mesmas. A Arlenice disse (não?), "mudar para não mudar". Eu não sei por que continuo trazendo aquele assunto à tona. Acho que desta vez eu tinha um objetivo, mas o esqueci.
A questão é que a Chris se voluntariou para digitar textos meus, e eu fiquei pensando, e resolvi escolher uma das minhas agendas para que ela digitasse, e claro que isso trouxe à tona uma porção de coisas...

Uma delas é o recorrente pensamento do testamento. Não sei por que penso nisso com tanta freqüência (de fato havia passado vários meses sem pensar nisso até esses dias) mas às vezes me pego imaginando o que eu escreveria no meu testamento. Tenho muita vontade de escrever um testamento, mas não muita coragem. Acho que é como a coisa na psicanálise, de ir pro interior, de publicar um livro, de escrever mais sobre as minhas histórias, de falar sobre as Soules — me admiro e me valorizo pelo que eu faria se me permitisse tais possibilidades, mas não tenho coragem de fazê-lo. E Acho que mamãe, papai, irmãozinho e irmãzinha têm uma parcela de culpa pelo sentimento de vergonha. Quero dizer, eles poderiam ter me achado menos ridícula quando eu ainda tinha a cara de ser eu mesma. Segundo Jung (e isto está escrito bem errado na minha agenda do ano passado), "todos nós nascemos originais e morremos cópias" (De alguma forma na agenda está escrito que nascemos "iguais". E morremos cópias.), e eu percebo isso se aplicar em mim ferozmente. Tenho um mêdo tremendo de ser eu mesma. E sei que vocês são assim também. Supondo que somos um pouco parecidos, vocês também têm mêdo de que os outros descubram seus vícios secretos, suas vontades proibidas, e que aquilo que os deleita nem sempre é menos terrível do que o absolutamente inaceitável segundo a nossa moral. O pior de tudo talvez seja aquilo que não fere a ninguém, e que inclusive produz bons resultados, mas que necessariamente nos coloca na categoria dos "esquisitos" (lembrei agora do que o Pedro disse — as aspas são apenas um arrepio do texto). Eu estava pensando em abolir a Categoria dos Esquisitos (talvez apenas para me ver fora dela), mas talvez eu nem tenha esse poder. Como protesto, então, vou assumir minha Esquisitice e falar abertamente das minhas características Esquisitas. Mas acho que posso deixar o andar-ao-redor-da-piscina (que é apenas uma especificidade do andar-ao-redor-das-coisas, que por sua vez é subdivisão do andar-em-percursos-fechados, conseqüência do andar-desatento em caminhos-previsíveis) para outra vez. Voltemos à questão do Testamento.

A questão do testamento é a seguinte: eu fico pensando para quem eu devo deixar minhas coisas. Às vezes eu penso sobre aquelas coisas que só tem significado para mim, e penso que eu poderia pedir que fossem devolvidas à natureza quando eu morresse (como aquelas deku-nuts ou aquela pedra na qual eu pintei água...), outras vezes eu penso em coisas menos simbólicas, mas que eu amo, como brinquedos, adornos, bichos de pelúcia (sobre estes, me peguei pensando outro dia que aquele cachorrinho cinza de olhos azuis iria para o Diogo... digamos que os dois têm uma história juntos :þþþþ); e desta vez estava pensando nos textos... que é mesmo o mais importante. E pensei uma série de pensamentos.
O primeiro pensamento foi: eu deixaria tudo para a Chris. Ela saberia o que fazer, ela daria o devido valor a cada coisa, ela que sempre acreditou em mim, que sempre me deu tanto valor, mesmo quando eu não achava que merecia. Ela saberia dar valor àqueles inúmeros, intermináveis papéis (mesmo assim, sinto que muita coisa se perderia. eu sou uma pessoa confusa, diga-se de passagem).
Meu segundo pensamento foi: não, eu deveria deixar todos os escritos, e os direitos legais sobre os escritos, com a Chris e o Bruno. A Chris porque eu gosto dela, e o Bruno porque me conhece melhor. O Bruno teria alguma habilidade para entender o que lesse, mesmo sem conhecer tudo. Ele teria algum poder de discernimento. E, com alguma sorte, ele não misturaria tudo.
Depois, pensei: acho que, se eu morresse amanhã, eu gostaria que tudo o que eu produzi fosse avaliado por uma comissão composta por Bruno, Chris, Talita e Charles. Acho que eles poderiam determinar o destino de cada coisa, se soubessem que eu realmente quereria isso. E, como a arte na verdade é mais que literatura, e é indissociável, essa comissão avaliaria também o que fazer dos desenhos, das pinturas, e até dos bonecos de massinha (não que eles importem muito — estão na categoria adornos...). E eu acho que nesse caso eu gostaria que a Clarinha também participasse dessa comissão. Não sei bem porquê. Apenas parece adequado.

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