segunda-feira, 31 de maio de 2004

Só para constar:


Difícil ser funcionário
nesta segunda feira
Eu te telefono, Carlos
pedindo conselho.

Não é lá fora o dia
que me deixa assim:
cinemas, avenidas,
e outros não fazeres.

É a dor das coisas
O luto desta mesa.
É o regimento proibindo
assovios, versos, flores.

Eu nunca imaginara
tanta roupa preta.
Tampouco essas palavras,
funcionárias, sem amor.

Carlos, há uma máquina
que nunca escreve cartas.
Há uma garrafa de tinta
que nunca bebeu álcool.

E os arquivos, Carlos?
AS caixas de papéis
Túmulos para todos
os tamanhos do meu corpo.

Eu não me sinto correto
de gravata de cor
E na cabeça uma moça
em forma de lembrança.

Eu não encontro a palavra
que diga a estes móveis
Se os pudesse encarar
Fazer seu nojo o meu

Carlos, dessa náusea,
como tirar a flor?
Eu te telefono, Calos,
pedindo conselho.

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